A qualidade do ar foi classificada como ‘perigosa’, última na escala do painel de monitoramento internacional.
Nos últimos dias, o Amazonas tem sido afetado por uma intensa fumaça que cobre grande parte do Estado. O acentuado desmatamento provocado por ações humanas é o motivo principal que ocasiona as queimadas que tem gerado essa fumaça.
Na última quarta-feira (11), Manaus, capital amazonense, foi considerada o segundo pior lugar do mundo para se respirar, ficando atrás apenas do condado de Siskiyou, nos Estados Unidos.
A qualidade do ar foi classificada como ‘perigosa’, última na escala do painel de monitoramento internacional World’s Air Polution (que reúne dados acerca da qualidade do ar ao redor do planeta), como os dados do Sistema Eletrônico de Vigilância Ambiental (Selva), desenvolvido por pesquisadores da Universidade do Estado do Amazonas (UEA).
Ao todo são seis classificações na escala: Bom; Moderado; Prejudicial para grupos sensíveis (pessoas com predisposição à doenças respiratórias); Insalubre; Muito insalubre; e por fim, Perigoso.
Cuidados com a saúde
Ao Portal Amazônia, o pneumologista David Luniere explicou que existem vários problemas que podem estar ocorrendo a quem se expõe de maneira prolongada à fumaça das queimadas.
“Semelhante a uma pessoa que fuma e se expõe a essa fumaça, nós também estamos nos expondo a isso. É como se todos nós fossemos tabagistas passivos, inalando essa fumaça. Isso, à curto prazo, pode levar à tosse, secura na garganta ou irritação, sensação de falta de ar ou desconforto torácico e em algumas pessoas pode ocasionar inclusive sangramento nasal, piora nos espirros e ressecamento de mucosas. Na questão dos olhos, pode ocasionar lacrimejamento, vermelhidão e coceira”,
alertou.
À longo prazo, em um contato mais frequente e agudo com a fumaça, há relatos de bronquite aguda, que seria o caso de dor e um maior desconforto torácico, além da falta de ar e tosse intensa, que pode ser seca ou secretiva.
Ele ainda relatou que crianças e idosos são mais propensos aos impactos provocados pela fumaça, por serem grupos mais sensíveis.
“É muito importante que as pessoas entendam que se elas já tiver doenças respiratórias, forem asmáticas ou tiverem um enfisema pulmonar e que já faça uso de medicação, ela precisa se tornar mais conservadora na saúde respiratória dela, tendendo a evitar a exposição a essa fumaça”,
destacou.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), as diretrizes Globais para a qualidade do ar mudaram no ano passado e com relação ao material particulado gerado pela poluição que é respirado pelas pessoas, a média diária não pode passar de 25 μg/m³. Mas esse valor foi ultrapassado – e muito – nos últimos dias. Acompanhe aqui.
No interior
As fumaças impactam também outras cidades além da capital do Estado. Em Autazes, por exemplo, distante 111 quilômetros da capital amazonense, a servidora pública Sonayra Alcântara relata como tem sido a vida dos moradores do município:
“Autazes tem sido castigada pela fumaça. São praticamente dois meses sem poder respirar ar puro. Quando chega às 18h a fumaça começa tomar conta das ruas, o que torna as noites terríveis. Pessoas que costumavam praticar exercícios físicos em uma das principais avenidas de Autazes, já não fazem mais, devido ao ‘fumaceiro’ que se instala na cidade inteira”,
relata a moradora.
De acordo com a Superintendência do Ibama no Amazonas, a fumaça vem majoritariamente dos municípios de Careiro e Autazes. Sonayra comenta que, mesmo com um decreto municipal que prevê multa e prisão para esse tipo de infração ambiental, os infratores não temem as punições.
“Estamos vivenciando dias difíceis, para nós adultos, para as crianças e idosos. E dia 11 de outubro foi a pior manhã de todos os tempos, a cidade ficou totalmente encoberta pela fumaça, algumas escolas liberaram as crianças, pois o ar estava muito insalubre, olhos ardendo, falta de ar, cansaço devido toda essa situação. Espero que as pessoas tomem consciência do mal que estão causando à população”,
desabafa.
Busca por informações
A ‘onda de fumaça’ tem sido bastante pesquisada e teve um aumento repentino no número de buscas em sites de pesquisa, como o Google Trends, plataforma da Google que mostra os mais populares termos buscados recentemente.