De acordo com Paulo Artaxo, uma das grandes conquistas do ano foi a proteção dos povos originários, o que resultou na criação de um Ministério próprio.
Um fato é consenso entre os especialistas em meio ambiente: não existe discussão sobre mudanças climáticas que não envolva o Brasil, até porque o País pode sofrer grandes impactos ou oferecer grandes soluções para o clima em função da geografia, da disponibilidade de água e da Amazônia.
O Brasil chega ao final de 2023 com a moral renovada, com a redução do desmatamento em 22% e a previsão de nova queda de emissão de gases no novo ano. O professor Paulo Artaxo, do Instituto de Física, coordenador do Centro de Estudos Amazônia Sustentável, especialista em meio ambiente e mudanças climáticas, explica alguns desses avanços em 2023.
Entre as emissões de gases do efeito estufa no Brasil, o desmatamento da Amazônia corresponde a 51%, um tema que, no Congresso nacional, encontra como entrave a bancada do agronegócio. Recursos do Fundo Amazônia vão ser usados para combater o crime organizado na região. O garimpo ilegal, que polui e contamina rios e peixes, é outro ponto negativo que está sendo combatido. Uma das grandes conquistas do ano de 2023 em relação ao meio ambiente, segundo Artaxo, foi a proteção dos povos originários, com a criação de um Ministério próprio.
O Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG) mostra que a destruição dos biomas brasileiros, classificados no relatório como “mudanças de uso da terra”, é a maior responsável pela liberação dos gases que aceleram as mudanças climáticas, tendo sido responsável, em 2022, por 48% do total, ou seja, pela emissão de mais de 1 bilhão de toneladas brutas de gás carbônico equivalente (CO2e). A questão energética ainda é um dos pontos negativos do atual governo, pois, apesar do grande potencial para o uso de energia eólica e solar, o País ainda é dependente do uso de petróleo.
Expectativas para 2024
Os eventos climáticos explodiram no ano de 2023 e cabe ao governo acender o alerta vermelho e enfrentar as dificuldades que estão por vir. A mudança climática, em função do aquecimento global, exige novas estruturas políticas para a redução de emissões de gases.
No ranking global, o Brasil aparece em 6º lugar como poluidor do clima, com cerca de 3% das emissões totais. As primeiras posições são ocupadas por China, Estados Unidos, Índia, Rússia e Indonésia, segundo dados mais recentes compilados pela iniciativa Climate Watch do World Resources Institute (WRI).
*O conteúdo foi originalmente publicado pelo Jornal da USP, escrito por Sandra Capomaccio