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Sexta, 03 Mai 2024

6 curiosidades da fauna e flora da UFAM que você não conhecia

Jacar-Coroa

Uma equipe de 23 autores/pesquisadores lançou o livro 'Fauna e Flora do Campus da Universidade Federal do Amazonas: a maior biodiversidade urbana do Brasil', no dia 15 de março de 2023. Foram seis anos de pesquisa com o objetivo de apresentar à sociedade toda a biodiversidade do campus universitário, considerada a maior em território urbano do país.

O livro, ricamente ilustrado com mais de 300 imagens das principais espécies de animais e plantas presentes no território da Universidade, contém capítulos exclusivos para ressaltar a importância de se preservar e conservar as riquezas ecológicas da área. 

E, como forma de incentivar essa preservação, conheça seis das mais distintas espécies que você não esperaria encontrar em um campus universitário:

Sauim-de-coleira 

Foto: Diogo Lagroteria/ICMBIO

Símbolo da cidade de Manaus, o sauim-de-coleira é um dos animais mais sociáveis da universidade, ao menos com os outros membros de sua espécie. Afinal, o pequeno animal vive em grupos compostos de dois a 13 indivíduos. Segundo o biólogo Felipe Nascimento, egresso da UFAM:

"O sauim é um ótimo dispersor de sementes, pois ao consumir frutos, o ácido presente em seu trato digestório [após defecar] facilita a germinação e o crescimento de plantas". 

Apesar de sua importância ambiental, infelizmente o sauim-de-coleira está ameaçado de extinção, principalmente por sua área de ocorrência ser muito próxima aos municípios de Manaus, Rio Preto da Eva e Itacoatiara  - sendo a região mais urbanizada do Estado, causa direta da possiblidade de extinção.

De acordo com o biólogo, esse fator ressalta ainda mais a importância da conservação ambiental da área do campus da universidade. Segundo o livro que compila as espécies da universidade, ainda existem cerca de 22 grupos nos arredores da UFAM.

Jacaré-Coroa

Foto: Reprodução/Acervo Manaus Selvagem

Pertencente ao grupo dos répteis, o Jacaré Coroa é outro dos animais que se pode encontrar próximo aos igarapés da UFAM, pois, explica o biólogo, diferente de outras espécies que não costumam ocupar igarapés de floresta, esse réptil vive nas cabeceiras (nascentes), no interior das florestas . Justamente por conta deste comportamento, esses jacarés raramente tomam sol. Quanto a origem de seu nome, o pesquisador afirma: "Quando filhote, esta espécie possui uma mancha amarelada bem aparente em sua cabeça, fazendo parecer que ele utiliza uma coroa".

Apesar de não ocorrer com frequência, o jacaré-coroa pode ser visto em áreas "comuns" do campus. A recomendação de Nascimento, neste caso, é de chamar os seguranças da universidade, que possuem o contato de órgãos ou profissionais competentes pela realocação do animal .

Outra informação interessante a respeito da espécie, segundo o biólogo, é sua interação com os cupins. Segundo ele: "Eles fazem seus ninhos próximo a cupinzeiros para se aproveitar do calor produzido naquele ambiente. Mantendo, assim, a temperatura em um nível que permita o desenvolvimento dos filhotes".

Esquilo (quatipuru) 

Quatipuru passeia pelo MUSA. Foto: Vanessa Gama/MUSA

O esquilo presente no Amazonas é descrito no livro como um "pequeno roedor arborícola que consome frutos e sementes". Os animais ágeis e considerados por muito como "fofos", constroem seus ninhos utilizando cascas de árvore que raspam dos troncos. 

Infelizmente, ainda segundo informações contidas no livro, seus grupos estão desaparecendo dos arredores das construções em decorrência do "ataque constante de gatos". 

Planta  carnívora aquática (Utricularia foliosa L.)

Foto: Maria Anete Leite Rubim/ Fauna e Flora do Campus da Universidade Federal do Amazonas: a maior biodiversidade urbana do Brasil

Diferente do que é visto na ficção, esta planta carnívora, que pode ser encontrada nos igarapés no interior da universidade, não tem a capacidade de devorar uma pessoa. Na realidade, explica Edinbergh Caldas de Oliveira, professor titular do Instituto de Ciências Biológicas da UFAM e um dos organizadores do livro:  

"Esta planta, apesar de realizar fotossíntese, precisa se alimentar de pequenos organismos aquáticos [muitas vezes microscópicos] para complementar sua dieta".

O professor ainda pontua uma função ecológica importante dessa espécie: liberar oxigênio na água, por meio da fotossíntese.

Pequeno bagre que se camufla

Rara captura fotográfica do bagre que se camufla durante o dia. Foto: Edinbergh C. de Oliveira/ Fauna e Flora do Campus da Universidade Federal do Amazonas: a maior biodiversidade urbana do Brasil

Imagine observar as águas de um igarapé, focando-se na parte rasa, a procura de espécies de peixe para catalogar, mas observando apenas folhas. Repentinamente, uma dessas folhas se move, após o cair da noite, revelando-se como um pequeno bagre de cerca de 10 centímetros. 

Encontrar essa pequena criatura que habita os igarapés da universidade pode ser uma grande sorte na vida de um pesquisador. De acordo com Edinbergh de Oliveira, é uma espécie rara de ser capturada.

"Principalmente por permanecer inativa durante o dia. A última vez que consegui tirar uma fotografia do bagre foi no ano de 2003, às 22 horas", 

comenta o professor.

Além disso, o pesquisador revela se preocupar com o fato de o peixe não ter sido observado por tanto tempo, pois, por ser um bioindicador  da "qualidade das águas", a espécie pode ter sido extinta, localmente, de alguns igarapés do campus da UFAM por conta da ação humana. 

Ainda assim, Edinbergh afirma preferir acreditar que esse peixe continua apenas bem escondido.

Embaúba

Foto: Francisco T. M./"Fauna e Flora do Campus da Universidade Federal do Amazonas: a maior biodiversidade urbana do Brasil"

A Embaúba desempenha diversas funções para o ecossistema da região do campus. "Essa espécie de planta tem inúmeras utilidades para a sucessão ecológica [processo de mudanças graduais em uma comunidade ecossistêmica, no qual as plantas voltam a ocupar o espaço de uma área desmatada, por exemplo], para a alimentação das preguiças do campus e como casa para espécies de formigas", afirma Edinbergh.

A planta tem ainda propriedades medicinais e é de um importante grupo chamado de pioneiras. Ainda de acordo com o professor, este grupo é um dos primeiros a ocupar áreas anteriormente desmatadas, por conta de sua resistência a ambientes difíceis.

Sobre o livro 

O livro  'Fauna e Flora do Campus da Universidade Federal do Amazonas: a maior biodiversidade urbana do Brasil' já está disponível para download, gratuitamente, no site oficial da universidade ou no link que pode ser acessado aqui.

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