Conhecido também por Sauim-de-Manaus, sua distribuição geográfica é muito restrita.
Ele é pequeno, pesa cerca de 500 gramas, tem uma calda longa, tem unhas e garras ao invés de dedos. Se alimenta de insetos, ovos e filhotes de aves, frutos, néctar de flores e goma de árvores. Vivem em grupos de dois a 13 indivíduos da mesma família. A espécie está ameaçada de extinção e é o símbolo da cidade de Manaus: o sauim-de-coleira (Saguinus bicolor).
Conhecido também por Sauim-de-Manaus, o primata é o único calitriquídeo na região de Manaus. Segundo o professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Marcelo Gordo, o pequeno animal e sua distribuição geográfica é muito restrita.
“A espécie é encontrada em parte dos municípios de Manaus, Rio Preto da Eva e Itacoatiara, no Amazonas. A causa dessa distribuição geográfica restrita ainda é desconhecida, mas provavelmente tem relação com as mudanças ambientais e climáticas durante o último milhão de anos, além de interações com outras espécies que devem ter provocado seu isolamento nessa região. E os estudos sobre a distribuição geográfica, área de ocupação, estimativas populacionais e modelagens baseadas em dados atuais e passados demonstram que a espécie está diminuindo, e pode ser classificada dentro da lista de espécies ameaçadas”, conta o professor.
Atualmente, segundo levantamento do professor Marcelo Gordo e do Instituto Chico Mendes (ICMBio), são 30 mil exemplares dos Sauins-de-coleira em Manaus. E a sobrevivência dos filhotes na floresta é um dos problemas que levam à extinção.
“Dentro do grupo apenas a fêmea dominante reproduz, dando à luz de um a dois filhotes por cria, eventualmente acontecendo duas crias por ano. A gestação dura cerca de quatro meses. A grande dificuldade é por conta de garantir a sobrevivência dos pequenos”, disse.
Além da ocupação do espaço dos primatas pelo homem, com a derrubada da floresta, e dos cães e gatos, outra espécie que tem ameaçado o sauim-de-coleira é o sagui-de-mãos-douradas, um outro mico que é o predador natural do animal, e compete entre si em busca de território e alimentação.
Ações de Preservação
Em 2016, a Prefeitura de Manaus e o Governo do Amazonas foram notificados pelo Ministério Público Federal para desenvolveram ações de proteção à espécie, como por exemplo, aumentar o rigor no licenciamento de obras e construções que afetem os fragmentos de florestas que ainda restam em Manaus.
Em 2018, foi anunciado pela Prefeitura de Manaus, a criação de uma unidade de conservação com a finalidade de proteção do primata. Está prevista uma área de mil hectares, compreendida entre o Corredor Ecológico do Mindu, Parque estadual Sumaúma e a Reserva Ducke, na zona norte. Delimitados pelo igarapé do Geladinho e do Goiabinha, além de áreas verdes em conjuntos residenciais ao longo do percurso, que formarão um corredor para que o sauim-de-coleira possa circular livremente entre os fragmentos de florestas de Manaus.
Além da ação de criação da Área de Proteção para o animal, o professor Marcelo, ressalta que outras atitudes precisam ser tomadas podem ajudar a manter a espécie longe da extinção.
“A principal seria a criação de Unidades de Conservação com área suficiente para garantir populações viáveis, depois viriam ações como criar corredores ecológicos para conectar fragmentos florestais, ajustar a fiação elétrica para evitar choques, colocar passagens de fauna e redutores de velocidade em locais onde eles atravessam ruas, avenidas e estradas, além de continuar as pesquisas para entender assuntos diversos, como possíveis doenças que podem acometer os exemplares de sauim. Outra medida importantíssima é o plantio de árvores (preferencialmente nativas) em quintais, jardins, calçadas, praças, parques e áreas verdes”, conta.
Pesquisa sobre a espécie
A universidade do Estado do Amazonas (UEA), assim como a Universidade Federal do Amazonas (Ufam), possui grupos que estudam o sauim-de-coleira, e a partir das pesquisas realizadas sinalizam possibilidades para contornar a extinção do primata.
Um dos projetos, é o Primatas (PPUEA), da UEA, que, coordenado pela professora doutora Luciane Lopes desenvolve atividades em conjunto com acadêmicos dos cursos de Biologia, Geografia, Letras e Matemática, no Parque do Mindu, no Museu da Amazônia (Musa) e no Zoológico do Cigs, todos em Manaus.
O projeto atua nas escolas públicas com educação ambiental e de conscientização sobre a espécie, através de atividades lúdicas.
Curiosidades
Eulerson Xavier é acadêmico do curso de Biologia da UEA, e faz parte do Projeto Primatas. Ele conta que os sauins-de-coleira são cheios de curiosidades, e uma delas é que são comandados por fêmeas.
“Eles são comandados por uma fêmea e somente ela reproduz. A reprodução das demais fêmeas é totalmente reprimida. Eles foram grupos familiares e não existe concorrência interna, no entanto, quando encontram outros grupos há brigas, por serem territorialistas. São também poligâmicos. Quando nasce um filhote, todo o grupo tem cuidar dele, e os mais velhos são os modelos dos mais novos. Outra curiosidade são as vocalizações. Eles emitem sons diferentes quando chamam outros membros, para avisar os outros de algo errado, fazem caretas e mostram os dentes quando se sentem ameaçados”, conta o universitário.
Locais para ver o sauim-de-coleira
Há alguns locais públicos, como o Bosque da Ciência, no Inpa, o Parque Municipal do Mindu, o MUSA, e o Parque Estadual Sumaúma, em que os animais podem ser avistados mais facilmente.