Comunidades indígenas do Xingu usam tecnologia para proteger território de atividades ilegais

A entrada de pessoas para praticar crimes ambientais prejudica a região como um todo, porque os indígenas dependem da natureza para se alimentar, além de incentivar a destruição ambiental dos biomas.

Na vastidão da região do Xingu, 16 povos indígenas têm desempenhado um papel crucial na preservação não apenas de suas culturas, mas também da biodiversidade de seu território. Para proteger o território de atividades ilegais de invasores, eles precisam contar com tecnologias para auxiliar na vigilância. Considerando isso, o Programa REM MT apoiou a compra de equipamentos, como: drone, gerador e rádio para otimizar o monitoramento.

No baixo Xingu, duas etnias – Kawaiweté e Yudjá – já fazem a vigilância da região de forma autônoma. Entretanto, o local tem vários braços de rios, que desaguam no Rio Xingu. E são nesses pontos que invasores procuram passar para adentrar nos territórios, praticando pesca, caça e extração de madeira ilegal.

Fogueiras acesas durante os rituais de preparação para o Quarup. Foto: Sitah

“O coordenador do projeto Infraestrutura dos pólos Regionais, proteção territorial e alternativas econômicas do Território Indígena do Xingu (TIX), Douglas Pereira, explica que esses locais também dividem território com fazendas. “Muitas vezes esses rios são o ponto, o meio de acesso onde os infratores entram, de barco pra retirar madeira, lasca, pra pescar, pra caçar, fazer alguma atividade ilegal dentro da terra indígena, porque é mais fácil descer de barco no rio, não tem estradas nessas regiões”,

explica.

A entrada dessas pessoas para praticar crimes ambientais prejudica a região do Xingu como um todo, porque os indígenas dependem da natureza para se alimentar, além de incentivar a destruição ambiental dos biomas.

“Por isso é tão importante a existência de bases de vigilância. “Eles sabem da importância de ter o rio seguro, porque o peixe é o alimento, de ter a floresta em pé, porque a gente precisa da floresta para construir casa, de buscar remédio e de ter os animais que eles caçam. Então, eles entendem a importância disso, de ter essas áreas preservadas e seguras”,

relata Douglas.

Pesca com rede em lagoa sagrada. Foto: Sitah

Bases de vigilância bem equipadas 

Douglas explica ainda que por ser região de mata, as equipes de vigilância precisam montar os acampamentos quando vão fazer as rondas. Pois, muitas vezes, quando observam uma atividade ilegal em algum ponto, podem demorar dias para retornar até às aldeias. 

O coordenador detalha a importância de ter uma base de vigilância bem equipada, com energia e equipamentos de comunicação.

“Com o drone, isso otimiza e melhora a vigilância, porque consegue cobrir uma área maior. Com o treinamento de geoprocessamento, você consegue identificar onde você está, até mesmo para fazer as denúncias. Então, ter um notebook, um rádio facilita, às vezes, você está lá no rio a dois dias de distância da comunidade e lá você se depara com um conflito. Como você avisa sua comunidade, se não tem internet, rádio? No mínimo com um rádio, você consegue avisar a comunidade e as instituições responsáveis”,

exemplifica.

Além do drone, foi adquirido um motor de popa, notebook, barco de alumínio, gerador e rádio. Uma reunião foi realizada para definir os responsáveis dos equipamentos, assim como o local para construção das bases de vigilância.

Segundo a profissional sênior do Subprograma Territórios Indígenas (STI), Paula Vanucci, a importância de fortalecer as ações de gestão ambiental e territorial nos territórios indígenas está preconizada na Política Nacional de Gestão Ambiental e Territorial de Terras Indígenas – PNGATI, instituída em 2012.

O REM MT, por meio do STI, busca fortalecer o apoio aos povos, para assegurar melhores condições de vida, garantindo a manutenção de seus territórios, culturas e a rica biodiversidade que os indígenas salvaguardam e preservam. 

Num contexto de mudanças climáticas radicais, como estamos vivendo, as populações indígenas são os verdadeiros guardiões desse patrimônio ambiental, que beneficia a toda humanidade. Nesse sentido, apoiar ações que instrumentalizem essas populações, para o monitoramento e a vigilância de seus territórios, é um benefício não apenas para as populações diretamente envolvidas, mas a todos nós que usufruímos dessa proteção”,

pontua. 

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