As novas perspectivas e os desafios promissores para a cafeicultura no Amazonas

O cenário é promissor com diversas potencialidades, mas também apresenta desafios para fortalecer essa cadeia produtiva

A cafeicultura no Amazonas está se estruturando com a adoção de tecnologias baseadas no cultivo de café clonal, com a recuperação de áreas desmatadas para inseri-las no sistema produtivo, abrindo oportunidades para geração de renda na agricultura familiar. O cenário é promissor com diversas potencialidades, mas também apresenta desafios para fortalecer essa cadeia produtiva no estado.

O chefe-geral da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) na Amazônia Ocidental, Everton Cordeiro, destacou a importância das parcerias para o avanço da cafeicultura no Amazonas. Durante 10 anos, foram vários projetos sendo executados no estado, tanto projetos de pesquisa, a maioria financiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), envolvendo instituições como Embrapa, Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Instituto Federal do Amazonas (Ifam), Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (Idam), Secretaria de Estado de Produção Rural (Sepror), assim também como projetos de transferência de tecnologia e de ações para levar os resultados das pesquisas a técnicos e produtores, como cursos de capacitação, Dias de Campo, além de ações de assistência técnica. Essas ações também tem recebido participação e apoio de associações de produtores, prefeituras, organizações não governamentais e empresas privadas.

Foto: Divulgação

O pesquisador da Embrapa Café, Marcelo Curitiba, que participa desse trabalho no estado, desde o início, ainda por meio da Embrapa Rondônia, conta que ao longo do processo de validação, os clones se mostraram bem adaptados às condições do estado e bastante produtivos, e o governo do estado e a iniciativa privada vem possibilitando a multiplicação de mudas desses clones e novos agricultores passaram a começaram a ter acesso a mudas e entrar na atividade. “E esse processo que começou lá em 2013, 2014, vem ganhando força aqui no Amazonas, e está se mostrando uma alternativa de renda para os produtores”, destaca o pesquisador Curitiba, acrescentando que a proposta dessa cafeicultura, que tem a perspectiva de sustentabilidade e valorização da agricultura familiar, visa fixar as famílias no campo e preservar a floresta. “Porque quando você tem uma cultura que traz renda, ela diminui a pressão sobre a floresta, diminui a pressão de problemas sociais”, complementa , citando que estão sendo implantadas novas áreas e que devem entrar em produção em breve. “Nos próximos anos a gente acredita que essa produção vai aumentar e o grande detalhe é que nós estamos investindo, incentivando a produção de cafés de qualidade, cafés especiais para atender tanto o mercado interno quanto o mercado externo, pensando no diferencial do café produzido no bioma Amazônia”, afirma o pesquisador. Os Robustas Amazônicos se caracterizam por sabor e aroma diferenciados e de alta qualidade. No evento, o professor da Ufam, Fábio Medeiros Ferreira, apresentou os resultados da “Avaliação de Cultivares de Cafeeiros Robustas Amazônicos nas Condições de Clima e Solo do Amazonas”; mostrando que é possível produzir com altas produtividades e qualidade.

A coordenadora do projeto Prioritário do Café, a engenheira agrônoma do Idam, Ana Cecília Lobato, cita que atualmente 12 municípios do estado fazem parte do Projeto Prioritário, entretanto a cultura do café está se expandindo além destes, para várias regiões do estado. Por meio de parceira com a Sepror e a Agência de Desenvolvimento Sustentável (ADS), o Idam entregou, em 2022 e 2023, 45.000 mudas de café no kit agricultor familiar dos clones de Robustas Amazônicos, alcançando aproximadamente 1.500 famílias. Através de um levantamento feito em parceria com a Conab, foi possível constatar que existe um crescente aumento no plantio do café Robustas Amazônicos no Amazonas. Atualmente são mais de 130 hectares de café em formação no estado do Amazonas, totalizando aproximadamente 675 hectares de café plantados em todo o estado.

O pesquisador da Embrapa Amazônia Ocidental, Edson Barcelos, explica que o café é uma espécie perene que fixa gás carbônico, e que o cultivo está sendo incentivado para utilizar e recuperar as áreas desmatadas, “para a agricultura familiar produzir café de qualidade e com sustentabilidade, gerando trabalho e renda para a nossa população do interior do estado”, reforça. Sobre os produtores que já entraram em produção, ele destaca que “os produtores tem alcançado produtividades excelentes, acima de seis sacos por hectare de café já seco, isso significa uma renda de 80 mil reais por hectare, e uma das coisas mais relevante é que esses cafés são cultivados por agricultores familiares e em áreas já desmatadas há muito tempo, ou seja, não estamos provocando novos desmatamentos”, afirma.

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