Conheça a história por trás dos nomes de dez principais avenidas da capital amazonense

O nome da principal via de ligação ao Centro de Manaus é em homenagem ao ex-senador, ex-governador e militar Antônio Constantino Nery. Nasceu em 1859 no Amazonas e faleceu em 1926 em Belém do Pará.

Com mais de 2,2 milhões de habitantes, segundo projeção do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Manaus é a maior capital em população da Amazônia. Em meio à floresta é destino turístico certo, principalmente pela lógica imaginária da flora, fauna e biodiversidade da região. Os problemas são de cidade grande e as dificuldades, de uma metrópole.

Dividida entre as zonas Norte, Leste, Sul, Centro-Sul, Oeste, Centro-Oeste, Norte e a Rural, a capital manauara tem uma área de mais de 11 milhões de metros quadrados. E avenidas que já não compartam o aumento populacional dos últimos anos. O principal modal de transporte público são os ônibus e mesmo com promessas de monotrilho, a capital segue com aproximadamente 1.300 ônibus ativos que se somam à frota de 597.656 veículos da cidade, de acordo com dados do Departamento Estadual de Trânsito do Amazonas (Detran-AM).

Trânsito em Manaus, avenida Torquato Tapajós. (Foto:Divulgação/CMM)

Nos deslocamentos diários, por vezes, não nos damos conta dos nomes das avenidas pelas quais passamos e todas elas contam um pouco da história da cidade. Nesses 351 anos, a equipe do Portal Amazônia pesquisou e selecionou dez avenidas importantes de Manaus e apresenta quem são os homenageados. Confira:

Avenida Torquato Tapajós

Torquato Tapajós. (Foto:Divulgação/IGHA)

O nome da principal avenida de entrada e saída de Manaus é uma homenagem a um dos engenheiros que a projetou: Torquato Xavier Monteiro Tapajós. Nasceu no dia 3 de dezembro de 1853, em Manaus. Filho do empresário e coronel da Guarda Nacional Francisco Antônio Monteiro Tapajós e Benedita Rosa Monteiro Tapajós.

Formado em Engenharia Civil pela antiga Escola Central, depois Escola Politécnica do Rio de Janeiro, Torquato também foi reconhecido pelos grandes projetos desenvolvidos sobre esgotos das cidades de Niterói, Belém e São Paulo. Além de engenheiro, foi poeta e teatrólogo. Faleceu no dia 12 de novembro de 1897, no Rio de Janeiro.

Parte da obra de Torquato pode ser encontrado na Biblioteca Digital de Literatura de Países Lusófonos. Projeto da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Avenida Noel Nutels

Avenida que liga a zona Norte à zona Leste, em Manaus, traz o nome de Noel Nutels. Um russo que cresceu no interior do Estado de Alagoas e seguiu os estudos em Garanhuns, no Pernambuco. Médico por formação, seus interesses estavam voltados à saúde pública, especializando-se como sanitarista e tisiologista.

Passou por São Paulo e pelo Rio de Janeiro onde aperfeiçoou-se no combate à malária. A partir da admissão como médico da Fundação Brasil Central, em 1943, e na participação da Expedição Roncador-Xingu (1946), ao lado dos Irmãos Villas-Bôas, Noel Nutels tornou-se incansável amigo dos índios brasileiros, dedicando-se à preservação do patrimônio físico e cultural das populações indígenas.

Foi casado com Elisa Trachtenberg com quem teve dois filhos, Salomão e Berta. Faleceu no Rio de Janeiro, em 10 de fevereiro de 1973.

Avenida Governador José Lindoso

Se estivesse vivo, o ex-governador do Amazonas, José Bernardino Lindoso, completaria 100 anos em 2020. Nascido em Manicoré, interior do Amazonas, foi casado com Amine Daou Lindoso, com quem teve sete filhos.

Ocupou cargos de diretor técnico da mesma secretaria e de delegado regional do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) e do Serviço Social do Comércio (Sesc). Em 1950, iniciou a atuação como professor de economia política da Faculdade de Direito do Amazonas.

Iniciou sua vida política em 1962, elegendo-se suplente de deputado federal. Em 1974, foi eleito senador pelo Amazonas. Em janeiro de 1979, assumiu o governo.

Lindoso faleceu no dia 25 de janeiro de 1993 em Brasília.

José Lindoso. (Foto:Divulgação)

Avenida Nilton Lins

Nilton Costa Lins nasceu no dia 6 de dezembro de 1940, em Manaus. Estudou no Instituto de Educação do Amazonas (IEA) e no Colégio Estadual D. Pedro II, onde concluiu o Ensino Médio. É professor e teve formação em Administração e Direito, foi pioneiro na geração de oportunidades por meio da rede particular no Amazonas. Destacou-se como docente no Departamento de Administração da Faculdade de Estudos Sociais da Universidade Federal do Amazonas (FES/Ufam).

Casado com Maria Alice Vilela, com quem teve quatro filhos, Gisélle, Nilton Júnior, Michelle e Emanuelle. Visionário e sonhador, em 1986 inaugurou o Colégio Anglo-Americano, situado na Rua Marquês de Monte Alegre, 1400 – Parque das Laranjeiras e em 1988 iniciou, no mesmo local, as Faculdades Nilton Lins.

Avenida Eduardo Ribeiro

Eduardo Ribeiro. (Foto:Divulgação)

Eduardo Gonçalves Ribeiro dá nome a uma das principais avenidas do centro comercial da capital amazonense. Nasceu no dia 18 de setembro de 1862 em São Luís, no Maranhão. Não há registro certo de sua chegada à Manaus, mas desde sua juventude foi apelidado de pensador, pois era militante republicano e editou o Jornal O Pensador, que trazia ideias pró-república.

Conta-se que Eduardo chegou a ser tenente, quando foi convidado pelo primeiro governador provisório da República do Amazonas, para integrar o alto-comando do estado. Posteriormente, Eduardo assumiu o governo. Tomou posse no dia 2 de novembro de 1890 e foi afastado do cargo em 4 de abril do ano seguinte, sendo transferido para o Rio de Janeiro.

Em 1892 volta ao Amazonas e foi o responsável por iniciar as obras do Teatro Amazonas, a Construção do Reservatório do Mocó, a Ponte de Ferro, da então Rua 7 de setembro, e também do Palácio da Justiça.


Eduardo Ribeiro morreu em Manaus em circunstâncias não esclarecidas. Foi encontrado em 14 de outubro de 1900 sentado no chão da sua casa, de pijamas, enforcado. Na residência encontravam-se apenas policiais designados para sua tropa particular, afinal, o maranhense era deputado e presidente da Assembleia. O inquérito foi encerrado e a polícia classificou a morte como suicídio, mas acredita-se que o ex-governador possa ter sido envenenado.

Avenida Djalma Batista

Djalma da Cunha Batista é um médico e escritor acreano. Nasceu no dia 20 de fevereiro de 1916, em Tarauacá, no Acre e foi casado com Gilda Lomongi Batista. Na adolescência veio para Manaus, onde cursou o secundário no Colégio Dom Bosco e posteriormente, concluiu Medicina na Faculdade da Bahia.

Em 1939, retorna à Manaus, onde fez carreira de médico e posteriormente de escritor. Foi presidente da Academia Amazonense de Letras. Além disso, também foi vice-presidente do Conselho Estadual de Cultura e diretor do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA).

Faleceu em Manaus, no dia 20 de agosto de 1979, aos 63 anos de idade.

Avenida Constantino Nery

O nome da principal via de ligação ao Centro de Manaus é em homenagem ao ex-senador, ex-governador e militar Antônio Constantino Nery. Nasceu em 1859, alguns historiadores dizem em Coari, interior do Amazonas, outros em Manaus.

Durante sua administração, em pleno período áureo da borracha, de início a importantes obras para o Amazonas, como a Biblioteca Pública e a Cada de Detenção de Manaus (Raimundo Vidal Pessoa). E como continuidade da avenida Epaminondas, construiu e inaugurou, em 1906, a avenida que hoje leva o seu nome, mas que já foi chamada também de João Coelho e Olavo Bilac.

Constantino foi casado com Sebastiana Nery, com quem teve filhos e faleceu no dia 19 de setembro de 1926, em Belém do Pará.

Avenida Constantino Nery. (Foto:Divulgação/PMM)

Avenida André Araújo

Acesso da zona Centro Sul para a Leste, a avenida leva o nome de André Vidal de Araújo, que nasceu no dia 15 de outubro de 1899, em Goiana, Pernambuco. Ao se mudar para Manaus, estudou nas escolas Ateneu Amazonense, São Sebastião, Santana Néri e Rangel, Ginásio Amazonense e na Escola de Comércio Sólon de Lucena. É formado pela Faculdade de Direito do Amazonas, estudou também pedagogia, psicologia e filosofia.

Foi promotor, juiz de direito, juiz preparados, procurador, desembargador na capital e interior do Amazonas. Em 1950 foi eleito deputado federal, exerceu mandato por anos, alternando com a vida acadêmica. Foi jornalista e passou por vários jornais e revistas.

Casado com Milburges Bezerra de Araújo, com quem teve seis filhos. Faleceu em Manaus no dia 11 de março de 1975.

Avenida Álvaro Maia

Conectando a zona Centro-Sul à Centro-Oeste, o nome da avenida é um reconhecimento ao amazonense Álvaro Botelho Maia, que nasceu no município de Humaitá, interior do Estado, no dia 19 de fevereiro de 1893. Alfabetizado, veio para Manaus e passou pelo Instituto Amazonense e colégios Cinco de Setembro, Santana Néri e Pedro II. Formando em Direito, trabalhou intensamente com o jornalismo, fundando, inclusive o jornal A Imprensa.

Já envolvido na política e por uma reviravolta no governo, Álvaro Maia foi empossado interventor no Amazonas. Em 1935 foi eleito senador e, em seguida, governador do Amazonas pela Assembleia Constituinte estadual. Optando por este último cargo, tomou posse no dia 19 de fevereiro. Anos depois retornou ao governo.

Em outubro de 1950, apoiado pela coligação do PSD com o Partido Democrata Cristão (PDC), foi eleito para o governo do Amazonas e para o Senado em 1966 na legenda da Aliança Renovadora Nacional (Arena), iniciando o novo mandato em fevereiro de 1967.

Casado com Amasiles Cavalcanti Maia, Álvaro Maia faleceu em Manaus no dia 4 de maio de 1969 e deixou um acervo com várias obras como romances e poesias.

Avenida Leonardo Malcher

Uma avenida importante do que liga o Centro de Manaus ao bairro da Cachoeirinha. Seu nome é inspirado no engenheiro Leonardo Antônio Malcher, que foi contratado para construir o prédio da Prefeitura de Manaus e também da Igreja de São Sebastião. Foi prefeito da capital amazonense em 1981.

Não se sabe ao certo a data da morte de Malcher, mas historiadores contam que ele foi preso após organizar uma deposição de governo do Amazonas instituindo uma Junta Provisória para receber o governador seguinte. Não deu certo, e ele junto com amigos foram recebidos com agressão, presos e deportados do Estado. 

Avenida Leonardo Malcher. (Foto:Reprodução/Google)

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