Seca começa a impactar navegação no interior do Amazonas

Embarcações grandes já não estão conseguindo chegar aos municípios de Benjamin Constant e Atalaia do Norte, localizados no Alto Solimões.

A navegação na região do Alto Solimões já está sofrendo os impactos da seca deste ano, que pode ser ainda mais severa do que a estiagem histórica de 2023. Com a rápida descida das águas, as embarcações de grande porte não estão mais conseguindo chegar até os municípios de Benjamin Constant e Atalaia do Norte, no Amazonas. “Situação difícil agora”, destaca canoeiro.

O Rio Solimões, que banha esses municípios, continua baixando na região da Tríplice Fronteira – Brasil, Colômbia e Peru. Do dia 1° a 19 de julho, o nível do rio desceu 1,70 metro. Na sexta-feira 19 de julho, a cota do Solimões chegou a 5,11 metros.

Em Benjamim Constant, por exemplo, a estiagem já mudou o cenário da região conhecida como Ponta da Ilha do Aramaçá. No local, o nível da água já encontra-se tão baixo que é possível caminhar onde antes estava o rio Solimões.

Para evitar que as embarcações fiquem encalhadas na região, os navegadores tem evitado passar pela área, que era usada como rota de acesso tanto a Benjamin Constant quanto ao município de Atalaia do Norte.

A inviabilidade de navegação prejudica também o abastecimentos dos comércios nos noves municípios da região do Alto Solimões. Mercadorias que são levadas em barcos saídos de Manaus estão ficando presas no porto de Tabatinga.

Para evitar o desabastecimento nos dois municípios, os comerciantes têm fretado canoas. Entre as mercadorias, estão produtos que compõem a cesta básica, como arroz, açúcar, ovo e frango.

No início deste mês, o Governo do Amazonas decretou situação de emergência por causa da estiagem em vinte municípios do interior do estado. Sete cidades são da região do Alto Solimões.

Ações voltadas para abastecimento de água potável, insumos e medicamentos para a saúde, produção rural, logística para a manutenção do funcionamento da rede estadual de educação e ajuda humanitária são os principais focos do cronograma de atividades do plano de contingência do governo do estado para atender as localidades.

O que já se sabe sobre a seca? 

Em 2023, um estudo realizado pela realizado pelo World Weather Attribution (WWA) apontou que as mudanças climáticas foram as principais responsáveis para a seca histórica no Amazonas.

A seca no Norte também ameaça o restante do país, uma vez que a falta de água na maior bacia hidrográfica do mundo colabora diretamente para o aumento das queimadas no Pantanal.

Segundo especialistas, no ano passado a seca teve forte influência do fenômeno El Niño. Já este ano, outro fenômeno deve influenciar o período de estiagem: o La Niña.

Os efeitos dos dois fenômenos são opostos. Enquanto o El Niño provoca seca na Região Norte e chuvas intensas no Sul do Brasil, o La Niña traz chuvas intensas para o Norte e o Nordeste e estiagem na região Sul. No entanto, o La Niña deve entrar em cena apenas no mês de setembro.

*Por Rôney Elias, da Rede Amazônica AM

Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

Licenciamento para exploração de petróleo no Amapá: MPF orienta adoção de medidas ao Ibama e à Petrobras

Recomendações são embasadas em pareceres técnicos de peritos do MPF, nas exigências técnicas do Ibama e na legislação aplicável.

Leia também

Publicidade