Pesquisadora explica que as chuvas frequentes fornecem irrigação natural, garantindo suprimento constante de água para as plantas, crucial para o crescimento saudável das frutas.
As frutas são fontes de nutrientes importantes para o bom funcionamento do corpo humano. Consumir uma variedade desse alimento, rico em vitaminas, sais minerais e antioxidantes, é uma ótima opção para quem deseja aumentar a resistência a doenças e fortalecer o sistema imunológico. Na Amazônia, muitas frutíferas originárias da região entram em safra durante o período mais chuvoso, conhecido como “inverno amazônico“. Alguns fatores contribuem para isso ocorra, como explica a professora Antônia Bronze, doutora em Ciências Agrárias, e que atua na área de Fruticultura Tropical e Olericultura da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra).
Segundo ela, as chuvas frequentes fornecem irrigação natural, garantindo suprimento constante de água para as plantas, crucial para o crescimento saudável dos frutos. E as altas temperaturas proporcionadas pelo clima tropical associado ao período chuvoso são favoráveis ao desenvolvimento desse alimento, pois aceleram o processo de maturação e promovem a produção de frutas mais suculentas.
“Outro fator é que o solo úmido e fértil na região amazônica fornece os nutrientes necessários para o desenvolvimento robusto das frutas. Muitas espécies de frutas na Amazônia desenvolveram adaptações específicas para prosperar em condições chuvosas, como raízes adaptadas a solos alagados e mecanismos para atrair polinizadores mesmo em períodos chuvosos. Todos esses elementos combinados formam um ambiente propício para o ciclo de vida dessas frutas, permitindo que prosperem”,
diz.
Segundo a professora, estamos no período ideal para a safra da pupunha (Bactris gasipaes); bacuri (Platonia insignis); araçá-boi (Eugenia stipitata); bacaba (Oenocarpus bacaba); castanha do Pará (Bertholletia excelsa); camu-camu (Myrciaria dúbia); cupuaçu (Theobroma grandiflorum); pequiá (Caryocar villosum); muruci (Byrsonima crassifólia); tucumã (Astrocaryum vulgare); bacupari (Garcinia gardneriana) e o uxi (Endopleura uchi).
“Todas essas frutas compartilham a característica de serem frutas tropicais, ricas em nutrientes e adaptadas ao clima úmido da região amazônica”, diz.
Muito apreciadas pelos paraenses, essas frutas regionais apresentam especificidade e características distintas em termos de cor, sabor, textura e aroma. Umas são mais doces, outras mais ácidas, com muitas ou poucas fibras e são frequentemente utilizadas na culinária local para a produção de sucos, sorvetes, doces e outros pratos deliciosos.
Segundo Antônia Bronze, as frutas características da região amazônica oferecem uma diversidade de benefícios nutricionais devido à uma composição única. Uma das preferidas desse período é a pupunha, muito apreciada em um cafezinho da tarde e que possui uma boa fonte de carboidratos, fibras e minerais como potássio e fósforo, fornecendo energia e contribuindo para a saúde óssea.
“Já o cupuaçu é uma excelente fonte de vitaminas B1, B2 e B3, além de minerais como cálcio e selênio, contribuindo para a saúde do sistema nervoso e muscular. O bacuri é rico em vitamina A, vitamina C e ácidos graxos insaturados, o que pode beneficiar a saúde da pele, dos olhos e do sistema imunológico”, explica.
Para quem cultiva essas plantas, é importante ficar alerta para as dificuldades que podem prejudicar a produção, como pragas, dificuldade de transporte da produção e maturação irregular. “Para lidar com esses desafios, os produtores adotam práticas agrícolas específicas, como o manejo integrado de pragas e doenças, sistemas de drenagem eficientes, técnicas de conservação do solo e planejamento cuidadoso da colheita. Além disso, a pesquisa contínua e o desenvolvimento de variedades resistentes ao clima local são fundamentais para garantir a sustentabilidade da produção de frutas durante o período chuvoso na região amazônica”, diz.
Importância cultural, histórica e econômica
Independente da safra e do período do ano, frutas como o cupuaçu, buriti e o açaí têm valor cultural e histórico para as comunidades indígenas e tradicionais que habitam a região. “Essas frutas têm sido objeto de estudos científicos que destacam seus benefícios nutricionais e medicinais, incluindo propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias e nutricionais. O açaí, por exemplo, é conhecido por seu alto teor de antioxidantes e ácidos graxos essenciais, tornando-se um superalimento popular em todo o mundo”, explica a professora.
As frutas da região amazônica têm despertado interesse devido ao potencial comercial e os benefícios para a saúde. “Essa crescente demanda tem impulsionado esforços de cultivo sustentável e práticas de comércio justo para garantir a preservação ambiental e o bem-estar das comunidades produtoras. As frutas desempenham um papel significativo na economia local, gerando empregos e oportunidades de negócios para as comunidades que cultivam, processam e comercializam esses produtos”, diz a professora, que também destaca que as frutas amazônicas refletem a riqueza cultural e gastronômica da região.
“Esses fatores destacam a importância das frutas da região amazônica não apenas como fontes de alimento e nutrição, mas também como símbolos culturais, econômicos e ambientais significativos”,
finaliza.