O nível do Rio Acre em Brasiléia, no Acre, chegou a 73 centímetros na manhã do dia 22 e teve o menor índice já registrado na história da cidade pelo terceiro dia seguido. De acordo com a Defesa Civil Municipal, o manancial começou a semana chegando a 75 centímetros na segunda-feira (19) e se manteve na marca até a terça (20). Na quarta (21), mais uma cota mínima histórica, com o rio em 74 centímetros, índice superado nesta quinta.
A situação atual, que preocupa as autoridades por conta do risco de desabastecimento, contrasta com o que foi vivenciado pelos moradores em fevereiro deste ano, quando o Rio Acre alcançou a maior marca de sua história na cidade: 15,58 metros. Na época, cerca de 80% do município ficou inundado.
O coordenador da Defesa Civil, tenente Sandro Cordeiro, informou que já solicitou ajuda do governo federal através da Secretaria Nacional de Defesa Civil. A cidade também está na lista das que tiveram a situação de emergência reconhecida por conta da estiagem.
De acordo com o tenente, o apoio deve chegar em breve por meio de caminhões-pipa e caixas de 5 mil litros em comunidades da zona rural que já enfrentam problemas no abastecimento de água. Caso o cenário de redução do nível se mantenha, a distribuição também pode ser afetada na parte urbana de Brasiléia.
“A bomba de captação que se encontra aqui às margens do Rio Acre, nesse momento, está com o fluxo de água normal. Como ela é flutuante, eles [Saneacre] ficam elevando, de certa forma, ficam monitorando e trocando de local. Quando ela já tá com um pouco de dificuldade em captar, eles trocam de local, encontram locais mais fundos fazem essa captação de forma que nesse momento a gente não tá com esse tipo de problema ainda em Brasiléia [na zona urbana]. Mas a tendência é que em breve vamos começar a ter um pouco de problemas em relação a isso, porque continua baixando. Então, realmente é uma situação um pouco preocupante para nós aqui em Brasiléia”, declarou o coordenador.
Maior enchente da história
Brasiléia é mais um município que passa por seca recorde após registrar enchente histórica no início de 2024. No dia 28 de fevereiro, o nível do Rio Acre iniciou com 15,56 metros no município. No decorrer do dia, o manancial aumentou mais dois centímetros.
Com isso, superou a marca registrada em 2015 em Brasiléia, de 15,55 metros, naquela que ficou conhecida como a pior cheia da história da cidade, quando as águas do manancial cobriram 100% da área urbana do local.
Na época, quase 4 mil pessoas estavam desabrigadas ou desalojadas, segundo a prefeitura do município. Os moradores de Brasiléia e de Epitaciolândia, cidade vizinha, faziam filas para aguardar as embarcações que faziam o transporte de moradores para várias atividades. Naquela ocasião, 16 abrigos haviam sido montados para receber a população desabrigada.
No bairro Leonardo Barbosa, que chegou a ficar isolado do lado brasileiro, uma cratera se formou. A área, porém, não sofreu rompimento definitivo do território nacional.
*Por Victor Lebre e Aline Nascimento, da Rede Amazônica AC