Projeto de conservação de crocodilianos em Rondônia comemora 20 anos

Para celebrar, estudos científicos foram publicados na revista Reptiles & Amphibians. Projeto é o único na região a praticar o manejo de jacarés com fins socioeconômicos.

Foto: Marcos Coutinho/RAN ICMBio

A Reserva Extrativista (Resex) Lago do Cuniã, localizada em Rondônia, celebra duas décadas de atuação como referência em conservação e manejo sustentável de crocodilianos na Amazônia. Para marcar a data, o projeto, único na região a praticar o manejo de jacarés das espécies Melanosuchus niger (jacaré-açu) e Caiman crocodilus (jacaretinga), com fins socioeconômicos, publicou dois artigos científicos na revista Reptiles & Amphibians, trazendo contribuições inéditas sobre a ecologia de nidificação e o desenvolvimento embrionário do jacaré-açu. 

Desde 2004, o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Répteis e Anfíbios (RAN/ICMBio), em parceria com a NGI Cuniã-Jacundá e sob a coordenação do pesquisador Dr. Marcos Eduardo Coutinho, conduz o Plano de Pesquisa e Monitoramento das Populações Naturais de Crocodilianos na Resex.

A iniciativa conta com a colaboração de instituições como a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Liverpool John Moores University (Reino Unido), além da participação de pesquisadores locais e das comunidades extrativistas da reserva. 

Leia também: Centenas de jacarés atraem curiosos e ajudam projeto de turismo comunitário em reserva de Rondônia

Novos avanços científicos 

Os dois artigos publicados em 2024 representam marcos importantes para a conservação dos crocodilianos. O primeiro estudo analisou o desenvolvimento embrionário dos jacarés-açus, identificando variações no crescimento e na massa dos embriões entre diferentes ninhos, além de desvios em eventos morfológicos em relação a estudos anteriores realizados na mesma reserva. 

Já o segundo artigo explorou a ecologia térmica dos ninhos e os trade-offs entre o tamanho das ninhadas e as dimensões dos ovos. Os pesquisadores observaram que ninhadas maiores tendem a gerar ovos e filhotes menores, indicando uma relação inversa que pode impactar diretamente a sobrevivência das espécies. Esses achados oferecem percepções fundamentais para aprimorar o manejo sustentável e garantir a viabilidade das populações a longo prazo. 

Monitoramento Contínuo 

Ao longo da estação reprodutiva de 2024, entre setembro e dezembro, a pesquisa continuou com o uso de dataloggers para monitorar as variações de temperatura dos ninhos e do ar durante o período de incubação. Paralelamente, estudos de abundância e distribuição completaram uma série histórica de 20 anos de dados sobre as populações de jacarés na reserva. 

Esse monitoramento de longo prazo tem sido essencial para compreender as dinâmicas populacionais e ajustar as estratégias de manejo. A colaboração das comunidades locais, que integram o projeto desde o início, também é um diferencial, fortalecendo a conexão entre ciência, conservação e práticas tradicionais. 

Os dois artigos publicados são de livre acesso e estão disponíveis para leitura online: 

  • Nesting ecology of Black Caimans (Melanosuchus niger): Leia aqui 
  • Intraspecific variation in embryonic development: Leia aqui 

*Com informações do ICMBio

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