Qual o perfil das comunidades que vivem no entorno da região da Foz do Rio Amazonas, que abrange o arquipélago de Marajó, estado do Pará, passa pelo litoral do Amapá e pode alcançar a Guiana? E qual o tamanho da biodiversidade daquelas águas difusas e sua importância para os diversos ecossistemas que dela se nutrem? E o potencial energético de suas águas, profundezas e subsolo, é dimensionável e explorável? Esses foram alguns dos apontamentos feitos no seminário ‘A Foz do Amazonas – Pesquisas, Conservação e Futuro’, que aconteceu em Belém (PA) nesta quinta-feira (23).
A foz em questão é o fim da linha do rio mais extenso do mundo. É quando o Amazonas desemboca no Oceano Atlântico depois de percorrer 7 mil quilômetros. E ali despeja um volume estimado em 300 milhões de litros de águas doce, capaz de se esparramar por cerca de 200 quilômetros mar adentro e formar uma das bacias mais ricas e cobiçadas em termos de biodiversidade e potencial energético.
A ponto de formar pelo menos três correntes de divergentes opiniões, inclusive, entre autoridades brasileiras. Uma parte que defende que a capacidade de ampliação energética do país ali submersa não pode ser desperdiçada. Outra que se posiciona em sentido oposto, sob o argumento do alto risco socioambiental embutido numa eventual exploração. E uma terceira que defende o aprofundamento das pesquisas para que se possa formar uma certeza em torno de uma decisão.
De acordo com o diretor do Museu Emílio Goeldi, Nilson Gabas Jr., o calor da polêmica estimula setores da comunidade científica a retomar a criação de um centro de pesquisas sobre a foz do Rio Amazonas. “Esse certamente será um dos assuntos que a gente vai tratar, mas o seminário será muito mais do que isso”, diz Gabas Jr.
Segundo ele, a discussão tem o apoio de pessoas representativas da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA-USP).
O evento foi transmitido pelo canal do Museu Goeldi no YouTube. O museu é ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
*Com informações da Agência do Governo