Foto: Neusa Hamada/Acervo pessoal
Mais de 11,3 mil insetos aquáticos foram identificados durante pesquisa científica realizada em 20 igarapés com mata ripária preservada na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Uatumã, em São Sebastião do Uatumã, no Amazonas.
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A pesquisa foi apoiada pelo Governo do Amazonas, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), e desenvolvida por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).
A coordenação foi feita pela doutora em Entomologia, Neusa Hamada, a pesquisa ‘Potencial dos insetos aquáticos em atividades de ecoturismo na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Uatumã – Amazonas’ foi realizada no âmbito do Programa Biodiversa Fapeam CT&I – para Ambiência e Biodiversidade no Estado do Amazonas – Ano I, Edital nº 007/2021, e teve com objetivo avaliar a biodiversidade taxonômica e genética de insetos aquáticos na RDS do Uatumã.
Para realizar o estudo, os pesquisadores utilizaram uma variedade de equipamentos de campo e laboratório para a coleta e análise. No campo, foram utilizadas redes entomológicas para capturar libélulas, armadilhas do tipo Malaise e Pensilvânia para insetos voadores, além de peneiras metálicas para triagem de organismos aquáticos.

Já para entender a relação entre os insetos e o ambiente foram utilizados equipamentos multiparâmetros para medir variáveis como pH, condutividade elétrica, oxigênio dissolvido e temperatura da água. No laboratório, a equipe utilizou microscópios estereoscópicos para identificação taxonômica e câmeras acopladas para registro fotográfico. Além de kits de extração de DNA, que foram essenciais para o estudo morfológico, genético e ecológico dos invertebrados.
Ao todo, a pesquisa identificou 11.302 invertebrados aquáticos, distribuídos em 12 ordens, com destaque para Diptera (82%), Trichoptera (9%) e Odonata. Novas espécies foram registradas, incluindo representantes dos gêneros: Chimarra e Macronema (Trichoptera) e Campsurus (Ephemeroptera).
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Impactos sociais
O projeto buscou gerar impactos sociais ao aproximar ciência, educação e conservação das comunidades da RDS do Uatumã. Um dos principais legados foi a capacitação de moradores da reserva por meio de oficinas práticas sobre coleta e identificação de insetos aquáticos, especialmente libélulas, incentivando o conhecimento local e a valorização da biodiversidade regional.
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Além disso, foram realizadas atividades em escolas da região, envolvendo crianças e adolescentes em palestras, jogos e materiais didáticos ilustrados.
Os pesquisadores também realizaram a produção e distribuição de livros paradidáticos e guias de campo acessíveis, fortalecendo a educação ambiental e oferecendo ferramentas para professores e moradores.
“Foi possível conceder bolsas a estudantes e profissionais de diferentes níveis de formação, contribuindo para a permanência de profissionais qualificados na área de biodiversidade e conservação. Os recursos também permitiram a produção de material para atividades de popularização, como livros e cartilhas”, comentou Neusa Hamada sobre o apoio da Fapeam.
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Projetos de iniciação científica
O projeto também teve forte impacto na formação acadêmica: contribuiu para dissertações, teses e projetos de iniciação científica, além de bases de dados globais sobre biodiversidade de insetos aquáticos e a visibilidade da fauna amazônica em publicações internacionais.
A pesquisa se conecta com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), contribuindo especialmente para os ODS 4 (Educação de Qualidade), 13 (Ação contra a Mudança Global do Clima), 14 (Vida na Água) e 15 (Vida Terrestre).
*Com informações da Fapeam
