Onça-pintada. Foto: Adriano Gambarini
No Dia Internacional da Onça-Pintada (29/11), o Onçafari, organização não governamental que atua na conservação da biodiversidade brasileira através da proteção de áreas naturais, destaca a importância da conservação da espécie e de iniciativas pioneiras no Brasil de reintrodução e monitoramento.
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A onça-pintada, o maior felino das Américas e predador de topo de cadeia, é considerada uma espécie guarda-chuva, exigindo extensas áreas de vegetação nativa, água limpa e variedade de presas para sobreviver, o que torna sua proteção fundamental e um bioindicador da saúde dos ecossistemas. Distribuída originalmente do sul dos Estados Unidos até a Argentina, a espécie ainda está presente em quase todo o território brasileiro, que abriga cerca de 50% da população global.

No Brasil, seu status de ameaça varia: a espécie é classificada como vulnerável no Pantanal e na Amazônia – ainda assim os biomas com as maiores concentrações da espécie; em perigo no Cerrado, com queda populacional superior a 50% nos últimos 25 anos; criticamente ameaçada na Mata Atlântica e Caatinga; e já está extinta no Pampa. Referência da IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza na sigla em inglês).
Diante desse cenário, o trabalho do Onçafari, organização não governamental que atua na conservação da biodiversidade brasileira através da proteção de áreas naturais, se destaca ao longo de seus 14 anos.

“Nossa atuação começou a partir do ecoturismo no Pantanal, com o desenvolvimento da técnica de habituação de animais no Brasil, inspirada nos safáris do continente africano. Nosso trabalho se expandiu para outros biomas e frentes de atuação, com estudos científicos, aquisição e gestão de áreas protegidas para a formação de corredores ecológicos, frente anti-incêndios, monitoramento e reintrodução de animais na natureza. O pioneirismo é um dos valores do Onçafari, que se tornou a primeira organização no mundo a realizar, com sucesso, a reintrodução de onças-pintadas na vida selvagem”, explica Mario Haberfeld, fundador e CEO do Onçafari.
“Temos muito trabalho a fazer para a conservação da onça-pintada e do meio ambiente, mas também é importante celebrar nossas conquistas ao longo dos 14 anos de atuação do Onçafari, com desenvolvimento de processos, parceria com os órgãos ambientais e estudos científicos”, afirma Haberfeld.
Reintrodução e monitoramento na Amazônia
Em 2016, o Onçafari, em parceria com o NEX (Brasília), recebeu duas irmãs da espécie onça-pintada com apenas poucos dias de vida, Pandora e Vivara. Foram acolhidas pela equipe do NEX até junho de 2018, quando foram transferidas com o auxílio da Força Aérea Brasileira (FAB) para o recinto de reintrodução do Onçafari na Amazônia, localizado na Pousada Thaimaçu, em Jacareacanga, no Pará.
Nesse recinto de aproximadamente 15.000m², as duas irmãs passaram pelos mesmos processos desenvolvidos pelo Onçafari com Isa e Fera no Pantanal. Após 12 meses de muita observação comportamental e treinamento para a caça, Pandora e Vivara foram soltas na Reserva do Cachimbo, área extremamente preservada pertencente à FAB (Força Aérea Brasileira).

Em 2024 o Onçafari realizou sua primeira reintrodução de uma onça-pintada macho na Amazônia. Xamã, resgatado em agosto de 2022 com cerca de oito meses em uma área de desmatamento e incêndio em Sinop (MT), passou por um período inicial de recuperação na Universidade Federal de Mato Grosso antes de ser transferido para o mesmo recinto pelo qual passaram Pandora e Vivara, na Amazônia.
Após dois anos de cuidados e adaptação, o felino, que aumentou seu peso de 20 kg para 56 kg, foi solto em outubro de 2024 na mesma região da soltura de Pandora e Vivara, área de dois milhões de hectares no sul do Pará. Com o apoio técnico e financeiro da Proteção Animal Mundial, Xamã foi mantido no recinto de reintrodução na Amazônia seguindo os mesmos processos para desenvolver plenamente suas habilidades de caça e com contato restrito com humanos, essenciais para a sobrevivência.

Segundo Leonardo Sartorello, coordenador de reintrodução do Onçafari, o acompanhamento é crucial para avaliar a capacidade de caça e sobrevivência do animal, especialmente sendo um macho, que enfrenta desafios maiores na disputa por território. Dados do colar de monitoramento avaliados em março de 2025 permitem entender como tem sido o retorno de Xamã à vida livre. Uma curiosidade sobre sua movimentação é que ele evita fortemente áreas abertas e de plantação, com deslocamento feito somente em áreas de mata fechada. O monitoramento identificou que desde a soltura ele já cobriu uma área de aproximadamente 13 mil hectares.
Jaguar Parade Belém
O Onçafari é uma das instituições beneficiadas pelo leilão beneficente das esculturas da Jaguar Parade, exposição criada pela Artery – Produtora Cultural que promove arte, cultura e sustentabilidade com a proposta de ampliar o alcance da mensagem global em defesa da biodiversidade.
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A edição atual, realizada durante a COP30, reúne 52 esculturas de onças-pintadas expostas em ruas e pontos estratégicos de Belém, reforçando a mensagem de conservação da Amazônia ao longo da conferência climática.
*Com informação do Onçafari
