Nova espécie de peixe-elétrico é registrada no Amazonas: Microsternarchus javieri

Microsternarchus javieri n. sp. foi encontrado na bacia do rio Negro. Os dados foram publicados no Volume 55 da revista científica Acta Amazonica, do Inpa.

Nova espécie de peixe-elétrico: Microsternarchus javieri n. sp. Foto: Reprodução/Acta Amazonica

Uma nova espécie de hipopomídeo, Microsternarchus javieri n. sp. , foi encontrada em riachos de savana inundados do Rio Branco e em riachos de terra firme nas porções média e baixa da bacia do Rio Negro, no Amazonas. Um hipopomídeo faz parte família de peixes da ordem Gymnotiformes, popularmente conhecidos como peixes-faca, tuviras, sarapós, ituís e poraquês (os peixes-elétricos).

Os dados foram publicados no Volume 55 da revista científica Acta Amazonica, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA).

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A família de peixes elétricos Hypopomidae (hipopomídeo) é um grupo monofilético com seis gêneros: Akawaio, Brachyhypopomus, Hypopomus, Procerusternarchus, Racenisia e Microsternarchus.

De acordo com o resumo do estudo ‘Microsternarchus javieri, nova espécie de peixe elétrico (Gymnotiformes: Hypopomidae, Microsternarchini) da bacia do Rio Negro, Amazonas, Brasil‘, foi realizada uma comparação da nova espécie com Microsternarchus bilineatus do Rio San Bartolo, Venezuela, e Microsternarchus brevis da porção superior do Rio Negro.

“Descrevemos uma das linhagens indicadas por Maia e Alves Gomes (2012) – linhagem C, das serras média e baixa do Rio Negro – como uma nova espécie, comparando suas características morfométricas, caracteres anatômicos, sequências genéticas e parâmetros de descarga de órgãos elétricos (EOD) com aqueles de seus congêneres M. bilineatus e M. brevis”, informam os pesquisadores.

Distribuição geográfica de espécimes de Microsternarchus javieri n. sp. em 47 pontos de coleta (círculos e triângulos) ao longo de riachos de terra firme da bacia do rio Branco, estado de Roraima, e da bacia do rio Negro, estado do Amazonas, no Brasil. Localidade-tipo indicada em vermelho. Os círculos brancos referem-se aos 15 pontos de localização dos espécimes incluídos na análise morfológica. O detalhe (retângulo vermelho) mostra uma vista mais próxima do Arquipélago de Anavilhanas. Imagem: Reprodução/Acta Amazonica

Para isso, foram examinados: morfometria, caracteres anatômicos, distâncias de código de barras de DNA para o gene COI (subunidade I da citocromo C oxidase) e parâmetros de descarga elétrica de órgãos (EOD).

Desta forma, afirmam os pesquisadores na publicação, “a descrição de M. javieri n. sp. aumenta para cinco o número de espécies no gênero”. “Diagnosticamos M. javieri n. sp. com base na variação da altura máxima do corpo, diâmetro do olho, número de vértebras caudais, número de raios da nadadeira anal e formato da maxila”, detalham.

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De acordo com o estudo, M. javieri n. sp. foi coletado em riachos de terra firme na bacia do rio Negro até o município de Santa Isabel (AM) e em savanas de escudo inundado na bacia do rio Branco (RR): “esses peixes habitam riachos bem oxigenados com correntes lentas e, portanto, não estão presentes no canal principal do rio. Durante o dia, quando em repouso, eles têm uma preferência de microhabitat por áreas rasas na estação seca, com grande abundância de folhas mortas, raízes abundantes, serapilheira, cobertura vegetal e raízes emaranhadas”.

Detalhamento do peixe-elétrico. Foto: Reprodução/Acta Amazonica

O nome ‘javieri‘ foi dado em homenagem ao pesquisador Javier Maldonado Ocampo, “cuja pesquisa sobre gimnotiformes, sistemática e conservação contribuiu significativamente para a nossa compreensão da ictiofauna neotropical”, explicam os autores do estudo.

Com nossa descrição aqui, o gênero Microsternarchus passa a compreender cinco espécies:

  • M. bilineatus (Fernández-Yépez, 1968),
  • M. brevis (Cox Fernandes, Nogueira, Williston, Alves-Gomes, 2015)
  • M. longicaudatus (Sousa, Wosiacki, Muriel-Cunha, Prudente, Sousa, Peixoto, 2024),
  • M. schonmanni (Cox Fernandes, Keeffe, Escamilla Pinilla, 2024),
  • M. javieri (Cox Fernandes, Escamilla Pinilla, Alves-Gomes, 2025).

Confira o artigo completo (em inglês):

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