Maior produtor de cacau do Brasil, Pará trabalha na proteção do território contra a praga Monilíase; entenda

O  potencial de estrago na cultura do cacau e do cupuaçu é enorme, de 70% a 100 % da produção, respectivamente, em propriedades onde não há controle da doença.

Regiões produtoras de cacau no Pará, que mantém a liderança nacional dessa cultura, vêm recebendo atenção especial do governo do Estado, por meio da Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (Adepará). O fortalecimento das ações, que inclui o monitoramento de propriedades, levantamento de detecção de pragas, vigilância do trânsito agropecuário e educação fitossanitária, é decisivo para evitar a introdução no território paraense da Monilíase, doença causada por fungo, facilmente disseminada e que pode impactar a produção de cacau e cupuaçu.

Foto: Pedro Guerreiro/Agência Pará

Os danos provocados pela Monilíase, atestam estudos, são a podridão dos frutos de cacau e do cupuaçuzeiro, e ainda de demais espécies dos gêneros Theobroma e Herrania. O potencial de estrago na cultura do cacau e do cupuaçu é enorme, de 70% a 100 % da produção, respectivamente, em propriedades onde não há controle da doença. 

Apesar de a Monilíase ainda continuar com o status fitossanitário de praga quarentenária ausente no Brasil, a vigilância se mantém rotineira, por se tratar da melhor alternativa para conter a entrada do fungo. 

O trabalho é realizado em parceria com o setor agrícola e com as prefeituras de 38 municípios, especialmente aqueles ao longo da Transamazônica (Rodovia BR-230), no oeste do Pará, a maior região produtora.

Avanços 

Foto: Pedro Guerreiro/Agência Pará

Em 2023, fiscais agropecuários da Adepará fizeram 809 inspeções e cadastraram 1.271 propriedades. No município de Medicilândia, o maior produtor de amêndoas do Estado, a Adepará realizou 68 inspeções. Este ano, a meta é intensificar as ações e realizar 900 levantamentos de detecção.

De acordo com a diretora de Defesa e Inspeção Vegetal da Adepará, Lucionila Pimentel, o monitoramento das propriedades assegura que o Pará não registra casos da doença. 

“A intensificação destas atividades nos aproximou do produtor, que agora já está mais consciente sobre os impactos da doença. Hoje, já ultrapassamos 1.000 unidades produtivas cadastradas na Adepará, garantindo maior eficácia na prevenção, pois mapeamos onde ficam localizadas as áreas produtoras, e temos como agir de imediato em caso de suspeita da praga”, 

informou a diretora.

Foto: Pedro Guerreiro/Agência Pará

Plano de Prevenção  

Mesmo com a praga ausente do território paraense, Adepará e Secretaria Federal de Agricultura (SFA/PA), do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), elaboraram o Plano Estadual de Prevenção, Supressão e Erradicação da Monilíase, que segue as diretrizes da Portaria Mapa n° 467/2022.

O objetivo é desenvolver ações fitossanitárias para prevenção da doença, priorizando a sensibilização das comunidades para o risco que o fungo representa à economia do Estado. O Plano será desenvolvido nos períodos de safra, que no caso do cupuaçu ocorre de março a julho, e do cacau de outubro a dezembro.

Na primeira etapa o trabalho será com as diretorias das escolas selecionadas, a fim de obter permissão para atuar no ambiente escolar. Na segunda etapa serão realizadas palestras educativas, concurso de redação e melhores cartazes sobre a Prevenção da Monilíase do Cacaueiro no Pará, juntamente com atividades lúdicas, distribuição de material educativo e reprodução de vídeos institucionais.

Municípios inspecionados:

Região da Transamazônica – Jacareacanga, Trairão, Itaituba, Rurópolis, Placas, Uruará, Medicilândia, Brasil Novo, Altamira, Vitória do Xingu, Senador José Porfírio, Anapu, Pacajá e Novo Repartimento.

Região Oeste – Santarém, Belterra, Mojuí dos Campos, Monte Alegre, Juruti, Faro, Terra Santa, Óbidos e Oriximiná.

Região do Baixo Tocantins – Baião, Mocajuba, Cametá, Igarapé-Miri, Abaetetuba, Acará, Concórdia do Pará, Limoeiro do Ajuru, Oeiras do Pará e Tomé-Açu.

Região Sul – Ourilândia do Norte, Tucumã, São Félix do Xingu, Piçarra, São Geraldo do Araguaia e Conceição do Araguaia.

Produção

O Pará é o maior produtor de cacau do Brasil. É responsável pelo volume anual de 152 mil toneladas de amêndoas. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), estima-se em 30 mil os estabelecimentos produtores de cacau, a maioria de cunho familiar. 

Do total produzido, 70% são comercializados para a Bahia. A atividade gera cerca de 320 mil postos de trabalho, diretos e indiretos, em toda a cadeia produtiva.

Monilíase: causas e consequências 

Doença que ataca os frutos do cacaueiro (Theobroma cacao), do cupuaçuzeiro (Theobroma grandiflorum) e de outras plantas do gênero Theobroma em qualquer fase de desenvolvimento. Causada pelo fungo Moniliophthora roreri, é facilmente disseminada pelo vento e por materiais contaminados, como plantas, roupas, sementes e embalagens. A praga ocasiona a perda de até 100% da produção. Caso a praga afete as regiões cacaueiras do Estado, são estimadas perdas de R$ 1,5 bilhão em receita direta nas vendas das amêndoas, além do aumento do desemprego, no campo e na zona urbana.

O Pará também é o principal produtor nacional de cupuaçu, cultura que pode ter prejuízos igualmente enormes, tanto econômica como socialmente. Na Amazônia brasileira, a cultura do cupuaçu é feita prioritariamente por pequenos e micro produtores, de forma sistematizada em pequenos plantios ou em regime de subsistência, representado por um pequeno número de plantas em quintais ou pequenas chácaras.

Em geral, os produtores da fruta são famílias com poder aquisitivo baixo e, muitas vezes, próximas à faixa da linha da pobreza. Como já verificado em outros países de ocorrência da praga, a perda provocada pela Monilíase em frutos de cupuaçu é mais severa que a observada no cacau. A falta de fontes de resistência conhecida à doença, dentro das variedades comerciais de cupuaçuzeiro, contribui para que as perdas provocadas pela praga se aproximem dos 100% dos frutos.

A Adepará está presente nos 144 municípios paraenses e mantém uma Ouvidoria para esclarecer dúvidas. No site da Agência estão disponíveis os contatos dos escritórios regionais. O número para contato é (91) 99392-4264. 

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