Estudo mapeia população de guaribas na floresta do Amapá; risco de extinção é avaliado

O estudo é realizado por um pesquisador da Unifap desde 2016. Foram identificados primatas na região metropolitana, quilombos e em ilhas próximas à margem do Rio Amazonas.

As guaribas são uma espécie de primata comum na Amazônia. Foto: Beatriz Innocente/Acervo pessoal

Desde 2016, o professor Renato Richard Hilário, da Universidade Federal do Amapá (Unifap), lidera um estudo que mapeia a população de guaribas na floresta do Estado. A pesquisa busca entender os fatores que colocam a espécie em risco de extinção.

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O estudo está na terceira fase e envolve seis pesquisadores orientados por Hilário. Eles identificaram grupos da espécie guariba-preta, conhecida como guariba-de-mãos-ruivas (Alouatta belzebul).

A equipe se divide na floresta e usa os gritos dos guaribas para localizar os animais. A vocalização é tão forte que pode ser ouvida a até um quilômetro de distância. A direção do som é identificada com ajuda de uma bússola.

“Nos posicionamos em pontos estratégicos da mata e ouvimos os gritos. Registramos o horário de início e fim da vocalização. Assim, conseguimos saber se dois pesquisadores estão ouvindo o mesmo grupo”, explicou o professor.

Na primeira fase do estudo, o objetivo foi identificar as áreas onde os guaribas vivem e entender por que ocupam algumas regiões e outras não.

Ainda na primeira fase, o foco foi na região conhecida como Savana. Os pesquisadores encontraram entre 1 e 15 grupos de guaribas pretas em 19 áreas de Macapá e Santana.

Estudo mapeia população de guaribas na floresta do Amapá; risco de extinção é avaliado
A localização dos primatas para o estudo é identificada pela vocalização. Fotos: Manuella Cid-Harguindey, Roginey Silva e Joilquerson Sousa

De acordo com Hilário, a quantidade de grupos é baixa e não garante a sobrevivência da espécie na floresta amazônica, o que indica risco de extinção. Entre as áreas mapeadas estão os quilombos do Curiaú, Igarapé do Lago e do Rosa.

O mapeamento ajuda a entender quais ambientes os guaribas preferem e como eles são afetados pela caça, principal ameaça à espécie.

“Os dados mostram que os guaribas escolhem certos tipos de ambiente. A presença humana, principalmente por causa da caça, afeta diretamente esses animais. Eles estão entre os mais caçados da região”, disse o pesquisador.

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Depois da Savana, os pesquisadores passaram a estudar as áreas de várzea, que incluem as margens do Rio Amazonas no Amapá e ilhas do Pará.

“Queremos entender melhor o risco de extinção da espécie com base na estimativa populacional. Isso também nos dá uma referência para acompanhar mudanças futuras na região”, explicou Hilário.

Fases do estudo:

  1. Identificar áreas de floresta com presença da guariba preta e analisar o ambiente;
  2. Visitar locais já conhecidos para contar os grupos de guaribas;
  3. Estudar as florestas de várzea, nas margens do Rio Amazonas e nas ilhas da foz.

Principais ameaças:

  • Desmatamento e perda da vegetação nativa;
  • Expansão urbana e agrícola;
  • Caça ilegal;
  • Baixa reprodução e isolamento dos grupos.

Esses primatas são essenciais para o equilíbrio das florestas, pois ajudam na dispersão de sementes e na biodiversidade. A proteção da espécie depende de ações de conservação, fiscalização e educação ambiental.

*Por Mariana Ferreira, da Rede Amazônica AP

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