Espécies-chave: conheça as guardiãs silenciosas dos ecossistemas da Amazônia

Anta, espécie-chave. Foto: Daniel de Granville

Você já ouviu falar nas espécies-chave? Elas são como peças fundamentais de um quebra-cabeça ecológico. Sem elas, todo o equilíbrio dos ecossistemas pode desmoronar. Segundo a professora e pesquisadora Dra. Ana Cristina Mendes de Oliveira, do Laboratório de Ecologia e Zoologia de Vertebrados da Universidade Federal do Pará (UFPA), essas espécies exercem papéis cruciais no ambiente em que vivem, influenciando diretamente a sobrevivência de outros organismos.

📲 Confira o canal do Portal Amazônia no WhatsApp 

“Se uma espécie-chave for extinta, mesmo que localmente, o impacto no ecossistema pode ser enorme”, alerta a pesquisadora. Isso ocorre porque muitas dessas espécies estão envolvidas em processos ecológicos essenciais, como dispersão de sementes, polinização e controle populacional de outras espécies.

Abelha é considerada espécie-chave. Foto: Kemilla Sarmento Rebelo/Acervo pessoal

Apesar de algumas funções ecológicas poderem ser desempenhadas por diferentes espécies, o que chamamos de redundância ecológica, as espécies-chave se destacam por atuarem em diversos processos simultaneamente ou por interagirem com uma grande variedade de outros seres vivos.

Leia também: Abelhas da Amazônia têm potencial para aumentar a produção de frutos de açaí

Essas espécies, portanto, são consideradas estratégicas para a conservação ambiental. “Quando você cria estratégias de conservação para espécies identificadas como chave, você pode favorecer várias outras espécies juntas”, explica Ana Cristina.

Exemplo na floresta

Na Amazônia, um dos exemplos mais emblemáticos de espécie-chave é a anta (Tapirus terrestris), carinhosamente apelidada de ‘jardineira da floresta’. Esse grande mamífero atua como dispersor de sementes, as espalhando por grandes áreas e contribuindo significativamente para a recuperação das florestas, especialmente em áreas degradadas.

Entre as espécies-chave destacada pela pesquisadora estão as Antas. Foto: Reprodução/Gabriel Marchi

Saiba mais: Jardineira das florestas: Saiba a importância da anta, o maior mamífero terrestre da América do Sul

“Mas ela não está sozinha nesse papel de guardiã do equilíbrio ecológico. A onça-pintada, predadora de topo de cadeia, também é considerada uma espécie-chave por manter o controle populacional de suas presas, equilibrando as relações tróficas do ecossistema em grandes territórios. Da mesma forma, a conservação de habitats tanto de onças quanto de primatas frugívoros, que são animais arborícolas, colaboram tanto com a preservação de espécies vegetais dispensadas por eles, quanto com outras espécies da fauna que usufruem dos mesmos habitats das onças e dos macacos”, destacou a pesquisadora.

Leia também: Saiba mais sobre as antas

Estratégias

A identificação e o monitoramento de espécies-chave têm se tornado ferramentas valiosas na formulação de estratégias de conservação, especialmente em biomas ricos e complexos como a Amazônia. Proteger essas espécies é, portanto, proteger o funcionamento completo de um ecossistema.

Ao Portal Amazônia, Ana Cristina, destacou que “conservar as espécies-chave é, muitas vezes, conservar toda uma rede de organismos que dependem dela”. Por isso, ao pensarmos em medidas para proteger o meio ambiente, é essencial olhar com atenção para essas espécies silenciosas, mas essenciais, que sustentam a saúde dos nossos ecossistemas.

Leia também: Estudo amazonense avalia incrementos na produção de mel em cultivos de guaraná e camu-camu

Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

Onça-pintada nas telas: seis produções para conhecer o maior felino das Américas

Da ficção ao realismo selvagem, essas produções revelam diferentes faces desse animal emblemático: feroz, misterioso, ameaçado — e essencial ao equilíbrio ecológico.

Leia também

Publicidade