Recentemente, um homem de 46 anos morreu afogado em um rio em Rondônia e a principal suspeita é que o afogamento aconteceu depois de um choque de peixe-elétrico.
Durante a época da estiagem na região amazônica é comum que histórias sobre acidentes com peixes-elétricos aumentem. Com a seca dos rios e lagos, o aparecimento do peixe, popularmente conhecido como ‘poraquê‘, deixa muitos banhistas apreensivos.
Recentemente, um homem de 46 anos morreu afogado no rio São Domingos, em um distrito de Costa Marques, em Rondônia, e a principal suspeita é que o afogamento aconteceu depois de um choque de peixe-elétrico.
Para entender se de fato, o choque de um peixe elétrico pode matar um ser humano, especialistas que explicam detalhes sobre essa espécie.
O que é um peixe-elétrico?
O peixe-elétrico, mas também chamado de ‘poraquê’ em muitos Estados da Amazônia, é a maior espécie de peixe-elétrico e a mais comum na região. Segundo o biólogo Flávio Terassini, ele pode chegar a 2,5 metros de comprimento.
Quanto de descarga elétrica ele produz e por quê?
O poraquê é o único que produz descargas elétricas fortes, usadas para caça e defesa. Segundo Terassini, a voltagem produzida por ele pode chegar a 600 volts. Ele explica que o peixe só irá atacar uma pessoa caso se sinta ameaçado e se a pessoa invadir o espaço dele.
“Essa é uma estratégia inclusive, que ele usa pra caçar outros peixes e também se defender de predadores como a sucuri, onça, jacarés que tentam predar o peixe elétrico”, explica.
Saiba mais: Poraquê é capaz de emitir uma descarga elétrica 8 vezes maior do que uma tomada, entenda:
Há chances de uma pessoa morrer após levar um choque de poraquê?
De acordo com o biólogo, caso a pessoa esteja completamente dentro da água no momento do choque, é possível que a musculatura seja afetada, o que causa paralisia e pode ocasionar um afogamento.
“A eletricidade é dissipada pela água, atingindo a pessoa que tem a sua musculatura afetada. Essa descarga elétrica vai dar um uma estática nas pernas, nos membros inferiores e superiores e a pessoa começa afundar, porque ela não consegue nadar”,
explica Flávio.
A doutora coordenadora do Laboratório de Ictiologia e Pesca da Universidade Federal de Rondônia (UNIR), Carolina Doria, concorda que a descarga de peixe em si não mata, mas vários fatores contribuem.
“Tem vários fatores que contribuem para que a pessoa morra e o local é um deles, como em lugares lodosos [lamacentos], mas o que mata é essa soma de fatores. É necessário alertar, senão daqui a pouco o pessoal tá aí matando o poraquê”, alerta.
*Por Mateus Santos, do g1 Rondônia