Esse grupo de peixes são conhecidos pela capacidade de gerar e detectar campos elétricos no ambiente em que ocorrem.
Os peixes-elétricos são um grupo da ictiofauna (fauna de peixes) pertencente a Ordem Gymnotiformes. Esse grupo de peixes são conhecidos pela capacidade de gerar e detectar campos elétricos no ambiente em que ocorrem, sendo que essas características são utilizadas na comunicação, detecção de presas, defesa, reprodução e até mesmo para auxiliar a movimentação desses animais na ausência de luz.
Algumas espécies são conhecidas popularmente como tuvira, sarapó (Foto 1), ituí (Foto 2) e o famoso poraquê (Foto 3).
Com relação a diversidade do grupo, atualmente existem mais de 250 espécies desses peixes capazes de produzir eletricidade naturalmente, inclusive duas descritas recentemente (Link para a mateira no final do texto). O grupo apresenta ampla distribuição geográfica, se estendendo desde o Rio Salado (La Plata) na Argentina, até o Rio San Nicolas, no Sul do México, porém é na região Amazônica que está concentrada a maior parte da diversidade de espécies de peixes-elétricos, cerca de 80% da riqueza de espécies descritas.
Os peixes-elétricos são facilmente diferenciados dos demais grupos de peixes que ocorrem na região devido à combinação de algumas características físicas (morfológicas) únicas, que incluem corpo alongado e comprimido (achatado) lateralmente (lembra uma enguia), nadadeira anal extremamente longa e ausência de nadadeiras dorsal e pélvicas e claro, pela capacidade de produzirem eletricidade (Foto 4). Por sinal, vocês sabem como esses animais são capazes de produzir a eletricidade? Não? Eu explico, ou melhor a evolução explica.
Esses peixes possuem um órgão especializado, o órgão elétrico, que é formado por células que se diferenciaram a partir dos músculos durante sua evolução, os eletrócitos. Assim como os nossos músculos geram eletricidade ao se contraírem, pela entrada e saída de íons de suas células (Estão lembrando das aulas de ciências na escola?), cada eletrócito também se carrega e descarrega o tempo todo.
Cada vez que os eletrócitos são estimulados por um comando que vem do cérebro, eles produzem uma pequena descarga elétrica. Como o órgão elétrico é formado por milhares de eletrócitos que se descarregam ao mesmo tempo, um peixe-elétrico grande, como é o caso do poraquê, que pode chegar a mais de 2 metros de comprimento, pode gerar até 860 volts numa única descarga. Todas as outras espécies produzem descargas elétricas mais fracas, que podem variar de 1 a 5 volts. Apesar da descarga elétrica forte que os poraquês produzem, ela não é letal para o ser humano devido a baixa amperagem (corrente elétrica). Mas ninguém aí vai me inventar de meter a mão em um poraquê para checar, não é mesmo?
Espero que tenham gostado do texto de hoje! Abraços de sucuri pra vocês e até ao próximo animal incrível da nossa exuberante Amazônia!
Para saber mais:
Sobre as novas espécies descritas:
https://portalamazonia.com/noticias/pesquisadores-identificam-mais-duas-especies-de-peixe-eletrico-na-amazonia
Artigo científico:
https://www.nature.com/articles/s41467-019-11690-z