Estados da Amazônia Legal apresentam projetos na COP30; confira algumas propostas

Além da captação de recursos, os governos estaduais da Amazônia Legall esperam firmar parcerias internacionais com agências multilaterais e investidores privados, para garantir a continuidade das ações após a COP30.

Foto: Ricardo Stuckert/PR

Os estados que compõem a Amazônia Legal estão reunindo esforços para levar à COP30 uma série de projetos voltados à conservação ambiental, à bioeconomia e à governança territorial. A conferência, marcada para ocorrer em Belém, no Pará, até o dia 21, assume protagonismo na agenda climática global.

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Diferentes iniciativas regionais visam mostrar como a floresta amazônica pode contribuir para os objetivos globais de mitigação e adaptação às mudanças do clima.

Esses projetos fazem parte de um esforço de articulação entre governos estaduais, sociedade civil e instituições de pesquisa, com foco em soluções de base territorial.

As propostas estão programadas para serem apresentadas formalmente no decorrer da COP30, no âmbito da chamada “Action Agenda” (Agenda de Ação) do Brasil, com vistas à captação de financiamento internacional e reconhecimento global.

Estratégia articulada dos estados amazônicos

O Consórcio Interestadual da Amazônia Legal lançou sua estratégia unificada para a COP30, definindo eixos prioritários como uso da terra, sistemas alimentares, mineração sustentável, adaptação climática, financiamento verde, transição energética, conservação ambiental e justiça climática.

Os estados participantes — Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins — assumem que a floresta amazônica cumpre uma função ecológica global essencial, mas também pode se tornar um vetor de desenvolvimento local sustentável.

Leia também: Mudanças climáticas ameaçam biomas brasileiros e destacam papel do ecoturismo na COP 30

A mobilização inclui fóruns de participação social em cada estado, além da integração com órgãos federais e municipais, para sistematizar contribuições de comunidades tradicionais, indígenas e setor privado.

Entre os instrumentos preparados está um documento de prioridades, que busca traduzir as demandas regionais em compromissos concretos a serem discutidos na COP 30, destacando as particularidades e potencialidades de cada território amazônico.

Projetos de uso da terra e regularização fundiária

Um dos principais projetos que estará no centro da agenda amazônica é o programa Caminhos Verdes, voltado à regularização fundiária na Amazônia Legal. O investimento previsto é de aproximadamente R$ 146 milhões, destinado à titulação de cerca de 13 mil famílias.

Outra iniciativa de destaque envolve a recuperação de áreas degradadas e a criação de florestas produtivas em assentamentos de reforma agrária. Estima-se que 80 assentamentos estejam envolvidos, beneficiando 6 mil famílias e promovendo a restauração de mais de 4 mil hectares.

Essas ações buscam compatibilizar a produção econômica com a conservação da floresta, fortalecendo atividades sustentáveis e diminuindo a pressão sobre áreas de desmatamento.

Na COP30, os estados pretendem apresentar esses projetos como exemplos de políticas públicas que conciliam desenvolvimento rural, regularização territorial e combate ao desmatamento ilegal.

Carbono, bioeconomia e mercados sustentáveis

Outro foco importante das apresentações é o desenvolvimento de projetos de carbono e bioeconomia. Nos estados do Acre e Rondônia, técnicos estão estruturando um guia de boas práticas para orientar a criação de projetos de carbono com transparência e qualidade, voltados ao mercado internacional.

Além disso, o Fundo de Bioeconomia da Amazônia, operado em parceria com organismos multilaterais, deve ser um dos destaques na COP30. Esse fundo busca canalizar investimentos privados para cadeias de valor sustentáveis, apoiando produtos da sociobiodiversidade e cadeias extrativistas.

Os projetos também visam valorizar o conhecimento tradicional das populações indígenas e ribeirinhas, integrando saberes locais com ciência e tecnologia. A expectativa é que as propostas contribuam para gerar emprego e renda sem comprometer os ecossistemas amazônicos.

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Ciência, adaptação e monitoramento climático

A região amazônica também será palco de apresentações científicas sobre projetos de monitoramento climático e adaptação. Um dos exemplos é o AmazonFACE, instalado nas proximidades de Manaus (AM), que simula as condições atmosféricas futuras da floresta para compreender como o ecossistema responderá ao aumento da concentração de gás carbônico.

Além da pesquisa científica, ações ligadas à adaptação, governança territorial e fortalecimento comunitário fazem parte da agenda amazônica. Essas iniciativas incluem programas de capacitação para comunidades locais, incentivo à agricultura de baixo impacto e sistemas de alerta contra eventos climáticos extremos.

Na COP30, os estados pretendem demonstrar que a Amazônia é também um espaço de inovação e aprendizado climático, oferecendo dados e experiências práticas para o enfrentamento das mudanças do clima.

Os resultados científicos desses programas darão suporte técnico aos projetos que serão apresentados, fortalecendo a posição da Amazônia Legal nas negociações internacionais.

COP30 EM BELÉM
Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Expectativas para a COP30

Os estados da Amazônia Legal chegam à COP30 com três grandes objetivos:

  • ampliar a visibilidade internacional das suas iniciativas,
  • captar recursos para financiar projetos sustentáveis
  • e integrar suas ações à agenda global de conservação e adaptação climática.

A “Action Agenda” brasileira para a COP30 destaca eixos como transição energética, florestas, biodiversidade, agricultura sustentável e sistemas alimentares. Os projetos da Amazônia Legal serão apresentados dentro desses eixos, reforçando o papel da região como protagonista das soluções climáticas.

Além da captação de recursos, os governos estaduais esperam firmar parcerias internacionais com agências multilaterais e investidores privados, para garantir a continuidade das ações.

Com isso, a Amazônia Legal se prepara para ocupar um papel central na COP 30, apresentando uma carteira de projetos que une governança ambiental, inovação científica e economia sustentável, contribuindo diretamente para as metas climáticas globais.

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