Imagem: Public Domain Pictures
A atmosfera terrestre é uma mistura complexa de gases que sustenta a vida e regula o clima do planeta. Entre seus componentes está o dióxido de carbono (CO₂), uma molécula fundamental para processos naturais, como a fotossíntese, mas que também se tornou um dos principais responsáveis pelas mudanças climáticas em curso.
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A concentração desse gás varia naturalmente ao longo dos ciclos geológicos, mas desde a Revolução Industrial o aumento foi acelerado pelo uso intensivo de combustíveis fósseis e pela destruição de florestas. Esse acúmulo altera o balanço energético da Terra, intensificando o chamado ‘efeito estufa’.
O CO₂, mesmo presente em menor quantidade na atmosfera em comparação ao nitrogênio e ao oxigênio, exerce um papel desproporcional em relação à sua abundância. Ele absorve parte da radiação infravermelha emitida pela superfície terrestre, dificultando que o calor escape para o espaço. Esse mecanismo, em excesso, é o que provoca o aquecimento global.
Especialistas afirma que entender como o CO₂ funciona na atmosfera é essencial para compreender a relação entre as atividades humanas, o clima e a preservação ambiental. Pesquisas mostram que além das emissões de origem humana, os ecossistemas naturais também participam desse equilíbrio, atuando como fontes e sumidouros de carbono.
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O papel do CO₂ na composição da atmosfera
A atmosfera é composta majoritariamente por nitrogênio (78%) e oxigênio (21%). Os demais gases representam cerca de 1% do total, e entre eles está o dióxido de carbono.
“Destaco a proporção padrão da atmosfera: 78% de nitrogênio, 21% de oxigénio e 1% de outros gases como argônio, CO₂ e vapor de água. Tem gente que pensa que tem que ter mais e mais oxigênio, mas também não é assim”, explica o bioquímico Rodrigo Colares ao Portal Amazônia.
Essa distribuição garante condições adequadas para os processos vitais e para a manutenção do clima em equilíbrio. Por isso, alterações na quantidade de CO₂, ainda que pequenas, podem levar à mudanças significativas na temperatura global e na dinâmica dos ecossistemas.
Os cientistas utilizam registros de gelo, sedimentos marinhos e medições atmosféricas para acompanhar a evolução das concentrações desse gás. E os dados mostram que os níveis atuais ultrapassaram as variações naturais observadas em centenas de milhares de anos.
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O efeito estufa e o acúmulo de CO₂
Como dito anteriormente, o CO₂ é um dos principais gases responsáveis pelo ‘efeito estufa’, processo natural que mantém a Terra aquecida o suficiente para sustentar a vida. Sem ele, a temperatura média do planeta seria muito mais baixa. No entanto, quando as concentrações aumentam além do equilíbrio natural, o calor retido se torna excessivo.
“O acúmulo de CO₂ é como ter uma casa sem janelas: podemos até não sentir logo o ar mais pesado, mas não há para onde abrir e ventilar. Desde a Revolução Industrial, a humanidade elevou esse gás muito além do equilíbrio natural da atmosfera — que depende de proporções estáveis de nitrogênio, oxigênio e carbono. A solução passa por proteger os grandes sumidouros, como oceanos e florestas tropicais, enquanto investimos em energias de baixo carbono, da nuclear à solar, e em eficiência no dia a dia, de edifícios bem ventilados a produção mais limpa. É um desafio global, mas cada escolha local conta”, destacou Rodrigo Colares.

Segundo o bioquímico, os sumidouros de carbono desempenham papel essencial nesse processo. Oceanos, solos e florestas tropicais absorvem parte significativa do CO₂ emitido, ajudando a reduzir os impactos do aquecimento. Entretanto, o desmatamento e a degradação ambiental limitam a capacidade desses ecossistemas de cumprir essa função.
O excesso de CO₂ também pode alterar a química dos oceanos, causando acidificação marinha, que afeta corais, moluscos e outras espécies sensíveis às mudanças de pH. Isso demonstra como o acúmulo do gás na atmosfera não se restringe apenas ao clima, mas afeta toda a teia de vida do planeta.
O ciclo natural do carbono envolve trocas contínuas entre atmosfera, biosfera, oceanos e litosfera. A respiração dos seres vivos, os processos de decomposição e as atividades vulcânicas liberam naturalmente CO₂. Já a fotossíntese das plantas e a absorção pelos oceanos retiram parte dele do ar.
Assim, o que preocupa os cientistas é a interferência humana nesse ciclo. A queima de carvão, petróleo e gás natural adiciona grandes quantidades de carbono em curto espaço de tempo. Além disso, o desmatamento elimina áreas que funcionariam como filtros, reduzindo a capacidade de absorção.
Esse desequilíbrio pressiona os sistemas naturais, que não conseguem compensar o ritmo das emissões. Por isso, estratégias de mitigação e adaptação climática vêm sendo discutidas globalmente, desde acordos internacionais até iniciativas locais de manejo florestal e eficiência energética.
A importância de compreender o funcionamento do CO₂
O entendimento sobre o funcionamento do CO₂ na atmosfera vai além da ciência climática. Ele envolve saúde pública, agricultura, economia e segurança alimentar. As alterações no clima já impactam regimes de chuva, produção agrícola e a ocorrência de eventos extremos, como secas e enchentes.
Estudos como o do The Intergovernmental Panel On Climate Change (IPCC) indicam que manter o aquecimento global dentro de limites seguros exige reduzir drasticamente as emissões até meados do século. Isso inclui a substituição progressiva de fontes fósseis por energias renováveis, além de mudanças no consumo e no padrão de produção industrial.
“O conhecimento científico sobre o CO₂, portanto, se traduz em ferramenta essencial para guiar políticas públicas e decisões coletivas. A atmosfera, embora invisível no dia a dia, reflete diretamente cada escolha feita pelas sociedades humanas”, conclui Colares.
