Foto: Reprodução/ICV
Um total de 3,1 milhões de hectares foi queimado em 2024 em Mato Grosso somente no mês de setembro. A área corresponde a 10 vezes o território de Cuiabá, capital do estado. A informação é do Monitor de Áreas Atingidas pelo Fogo, iniciativa lançada pelo Instituto Centro de Vida (ICV).
Isso significa que a cada dia uma média de 100 mil hectares foi destruído pelo fogo. De acordo com o coordenador do Núcleo de Inteligência Territorial do ICV, Vinícius Silgueiro, existem evidências de que o fogo é utilizado em associação a práticas agropecuárias e ao desmatamento.
“Os dados apontam que praticamente metade das áreas atingidas foi em áreas de floresta e em áreas recentemente desmatadas. Ao mesmo tempo, 60% das áreas queimadas estão em imóveis rurais com uso agropecuário. Já é bastante consolidado o conhecimento de que nessa época do ano a origem do fogo tem ação humana”, explicou.
Em 2024, até 30 de setembro, Mato Grosso teve um total de 6,8 milhões de hectares atingidos pelo fogo. A área equivale à 7,6% da área total do estado e corresponde a um aumento de 269% nas queimadas em relação ao mesmo período do ano passado.
Cáceres, no Pantanal mato-grossense, foi o município mais atingido pelas chamas e teve 423,2 mil hectares degradados. Em seguida, aparece Peixoto de Azevedo, na Amazônia, com 226,5 mil hectares destruídos.
Diferente de 2020, quando o Pantanal foi o bioma que proporcionalmente mais sofreu com as queimadas, em 2024 o Cerrado e a Amazônia foram mais destruídos pelo fogo e representam 49% e 42% das áreas atingidas, respectivamente.
Setembro é o mês mais crítico por conta do auge do período da seca, em que a umidade relativa do ar abaixa e as temperaturas aumentam. Os ventos fortes também fazem com que o fogo se propague rapidamente. Para Silgueiro, em 2024 o processo foi mais intenso ainda por conta das mudanças climáticas.
“É preciso a consciência de toda sociedade e dos governos de que esse cenário chegou para ficar. A realidade da degradação e do desmatamento acumulado tem acarretado em menos chuva e disponibilidade hídrica, o que representa secas mais severas e, consequentemente, mais incêndios”.
Monitor de Áreas Atingidas pelo Fogo
Os dados do monitor são obtidos por meio de uma plataforma da NASA chamada Amazon Fire Dashboard. As informações são cruzadas com os dados específicos de Mato Grosso, o que possibilita identificar os biomas, municípios, categorias fundiárias e tipos de áreas afetadas pelo fogo no estado.
“Essas informações são importantes para a sociedade e governos direcionarem esforços para a prevenção e combate ao fogo, bem como apoiar a recuperação das áreas e comunidades afetadas”, finalizou Silgueiro.
*Com informações do ICV