Amazonas é rota de mercúrio ilegal e tem áreas com alto risco de contaminação, aponta estudo

O estudo destaca que as populações indígenas e ribeirinhas estão entre as mais afetadas pela contaminação por mercúrio, com níveis alarmantes de exposição.

Relatório da ABIN revela rotas no Brasil. Foto: Reprodução/Acervo Polícia Federal

O Amazonas está entre os principais pontos de entrada de mercúrio contrabandeado na América do Sul, segundo relatório divulgado na última semana pela Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA).

O documento revela que o estado é atravessado por rotas clandestinas que ligam países vizinhos, como Peru e Colômbia, ao interior do Brasil, abastecendo garimpos ilegais com o metal pesado usado na extração de ouro.

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De acordo com o relatório ‘Mercúrio na Amazônia: redes criminosas transnacionais, vulnerabilidade socioambiental e desafios para a governança’, o oeste do estado é uma das áreas mais vulneráveis à contaminação por mercúrio, especialmente ao longo da calha do Rio Solimões, onde há intensa atividade garimpeira. O estudo também aponta conexões entre o departamento de Loreto, no Peru, e áreas de garimpo ilegal no Amazonas.

mpf recomenda combate uso de mercúrio Foto Divulgação Ibama
Amostras de água para análise de contaminação em estudo realizado em 2025. Leia AQUI. Foto: Divulgação/Ibama

Leia também: Amazônia: a geografia do garimpo

Consequência do mercúrio ilegal

As populações indígenas e ribeirinhas estão entre as mais afetadas pela contaminação, com níveis alarmantes de exposição. Entre os Yanomami, que vivem no Norte do estado, a média registrada foi de 3,78 µg/g.

“No Brasil, não há mineração de mercúrio ou jazidas do metal economicamente viáveis, de modo que todo mercúrio utilizado localmente é trazido, de forma legal ou ilegal, a partir de outros países. Estima-se que quase todo mercúrio destinado aos garimpos ilegais brasileiros seja adquirido por contrabando”, cita um trecho do relatório.

Conforme o levantamento, a principal forma de exposição é o consumo de peixes contaminados. O relatório alerta que comunidades tradicionais em todas as sub-bacias analisadas estão em risco alto ou extremamente alto de intoxicação.

Grupo Rede Amazônica questionou a Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM) para saber quais ações estão sendo adotadas para combater a entrada de mercúrio ilegal no estado, mas até a atualização mais recente desta reportagem não obteve resposta.

*Por Lucas Macedo, da Rede Amazônica AM

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