Praça, rua e ponto de ônibus: Theatro Fúria leva arte para quem vai ao trabalho em Cuiabá

Espectadores serão surpreendidos com performances em locais de passagem, sem que tenham suas rotinas alteradas. A ideia é que assistam as intervenções de onde estiverem.

Rompendo a bolha do circuito das artes restrito a centros culturais e formatos clássicos de apresentações, com espectadores ou plateia ocupando lugares exclusivos, o Theatro Fúria aposta em uma nova abordagem. Em Cuiabá (MT), entre os dias 14 e 19 de fevereiro, realizará o projeto Trilogia dos Cabos, em uma iniciativa pela democratização do acesso à arte.

Nesse processo, espectadores serão surpreendidos com performances em locais de passagem, sem que tenham suas rotinas alteradas. A ideia é que assistam de onde estiverem. Para preservar a surpresa, os locais só serão divulgados às vésperas das intervenções, mas a direção artística adianta que acontecerão em uma estação de transporte público, em uma rua movimentada da cidade e uma praça.

As performances, respectivamente, serão ‘Horário comercial’, ‘A justiça dos poderes a mim conferidos’ e ‘Nó sapiens’. O projeto foi selecionado no edital Funarte Circulação das Artes – Edição Centro-Oeste e conta com apoio da Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer (Secel-MT).

Foto: Divulgação

Trata-se de um convite ao debate de temas variados, como padrões impostos por formadores de opinião ou que estimulem a reflexão sobre o trabalho, suas motivações e sobre como trabalhadores e estudantes, como se sentem em relação à carga-horária, também do tempo de vida que destinamos a ele e, por fim, o foco é a justiça – ou a ausência dela.

Segundo a produtora executiva, Carolina Argenta, o público são pessoas que estejam seguindo – ou voltando – de seus trabalhos e estudantes. “As intervenções da Trilogia dos Cabos ao certo despertarão emoções especiais, ‘desanestesiando’ os sentidos, por vezes adormecidos pela rotina maçante. Queremos privilegiar o cidadão que enfrenta uma rotina atribulada, incluí-los em ações artísticas com as quais não são contemplados, seja pela falta de oferta, seja pela impossibilidade de frequentar centros culturais. Estamos focados na máxima ‘o artista vai onde o povo está'”, comenta.

Candidatos e candidatas a mergulhar nessa experiência podem se juntar ao Theatro Fúria. Nos dias 14 e 15 será realizada uma preparação para a série de apresentações, por meio da Oficina Furiosa Prospecção Performativa, na Casa Cuiabana, das 18h às 21h. Dá para fazer a inscrição pelo site www.theatrofuria.com. Gratuita, tem carga horária de oito horas.

Responsável por ministrar a oficina, Péricles Anarckos, explica que a Trilogia dos Cabos é resultado prático das pesquisas que o grupo vem realizando sobre artes visuais no campo da performatividade. E assim, se abrem ao compartilhamento da experiência, com outros artistas interessados na temática. 

“O projeto de intercâmbio e de difusão performativa Trilogia dos Cabos é uma oportunidade preciosa de se promover o aprimoramento profissional dos envolvidos na oficina de intercâmbio artístico. Muitos projetos do Theatro Fúria focam na realização de intervenções em espaços não convencionais”, explica Péricles.

De outro lado, avalia que os artistas envolvidos aperfeiçoarão suas empatias mutuamente por meio dessa rara oportunidade de ir ao encontro do público, em locais onde a arte é fato inusitado.

Integram ainda o projeto o performer Caio Ribeiro, a fotógrafa Juliana Queiroz, a film maker Ana Carolina de Mello e o designer Fred Gustavos. 

Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

Arte rupestre amazônica: ciência que chega junto das pessoas e vira moda

Os estudos realizados em Monte Alegre, no Pará, pela arqueóloga Edithe Pereira, já originaram exposições, cartilhas, vídeos, sinalização municipal, aquarelas, história em quadrinhos e mais,

Leia também

Publicidade