Maranhão leva à COP30 modelo inédito que alia mulheres, terra e floresta

O governador Carlos Brandão destacou que o Maranhão transformou a regularização fundiária em instrumento de inclusão e sustentabilidade

Foto: Reprodução/Embrapa

O governo do Maranhão apresentou na Conferência do Clima (COP30), em Belém (PA), uma experiência inédita que une titulação de terras, igualdade de gênero e preservação da floresta.

O programa Terra para Elas, coordenado pelo Instituto de Colonização e Terras do Maranhão (Iterma) e pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Naturais (Sema), foi reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) e apoiado financeiramente pelo Governo do Canadá, consolidando o estado como referência em governança fundiária e inovação social na Amazônia.

📲 Confira o canal do Portal Amazônia no WhatsApp

Açaizais nativos do Maranhão
Açaizais nativos do Maranhão. Foto: Reprodução/Embrapa

Durante o painel, o governador Carlos Brandão destacou que o Maranhão transformou a regularização fundiária em instrumento de inclusão e sustentabilidade.

“Desde o início do nosso governo, elegemos a regularização fundiária como prioridade. Só através do título da terra o produtor, a agricultora ou a comunidade tradicional têm segurança jurídica para viver e produzir. Quando a mulher recebe o título, ela se torna guardiã da floresta”, afirmou.

Inclusão e segurança jurídica

O Terra para Elas é o primeiro projeto da América Latina voltado à titulação de terras de mulheres quilombolas e agricultoras familiares, integrando renda, preservação e autonomia.

O governador destacou o impacto direto da política: “Em três anos, passamos de 500 para 10 mil títulos de terra por ano. Já distribuímos 18 mil e seguimos avançando para garantir paz no campo e dignidade às famílias rurais”.

O secretário Pedro Chagas ressaltou que a estratégia ambiental e fundiária do Maranhão caminha lado a lado. “O Iterma entrega o título, o Cadastro Ambiental Rural (CAR) e a segurança jurídica da terra, abrindo caminho para crédito e sustentabilidade. Não dá para fazer gestão ambiental sem saber quem é o dono daquele pedaço de chão”, afirmou.

🌱💻 Saiba mais sobre a COP30 aqui

Monitoramento por satélite

O presidente do Iterma, Anderson Ferreira, explicou que o programa inova ao adotar monitoramento com imagens de satélite e inteligência artificial.

“O Estado reconhece a área, entrega o título e, durante dez anos, fará o acompanhamento remoto do uso da terra. Assim, garantimos que o beneficiário cumpra o papel social e ambiental do território”, disse.

O sistema permitirá rastrear o uso da terra e corrigir irregularidades sem necessidade de visitas a campo, reduzindo custos e aumentando a precisão da política pública. Para Brandão, o modelo mostra que “é possível conservar a floresta e gerar renda ao mesmo tempo, com responsabilidade e tecnologia”.

Parcerias e reconhecimento internacional

A Coordenadora-Residente das Nações Unidas no Brasil, Silvia Rucks, afirmou que o programa simboliza o avanço da justiça climática.

“Quando uma mulher recebe um título de terra, toda a comunidade se fortalece. Terra para Elas mostra que apostar no protagonismo feminino é criar caminhos sustentáveis que duram além de qualquer ciclo político”, destacou.

Leia também: Mulheres são protagonistas do extrativismo na Amazônia

Roça sustentável do Maranhão. Foto: Divulgação

O embaixador do Canadá no Brasil, Emmanuel Kamarianakis, anunciou nova contribuição ao fundo que financia a iniciativa. “O Canadá reconhece o esforço do Maranhão em se reconciliar com comunidades historicamente excluídas. Este é um passo concreto para romper ciclos de pobreza e exclusão, protegendo florestas e fortalecendo o desenvolvimento sustentável”, afirmou.

A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) também participou do painel, ressaltando a importância de políticas que combinem segurança alimentar, bioeconomia e regularização fundiária, citando o Maranhão como exemplo de que é possível concretizar essas iniciativas.

Referência na Amazônia

O secretário-executivo do Consórcio Interestadual da Amazônia Legal, Marcelo Brito, ressaltou o caráter pioneiro da experiência maranhense.

Projeto de babaçu realizado com mulheres no Maranhão. Foto: Divulgação

“Este projeto une inclusão social, equidade de gênero e bioeconomia. Quando o estado decide fazer justiça social, o que se diz às comunidades é: vocês não precisam mais se esconder — sua sobrevivência está garantida por direito e por lei”, afirmou.

Encerrando a apresentação, o governador Brandão destacou o reconhecimento internacional conquistado pelo estado. “O Maranhão está mostrando ao mundo que bons projetos atraem bons investimentos. Nossa missão é fazer bem feito, com seriedade e resultados. Assim, garantimos futuro para o povo e para a floresta”, concluiu.

*Com informações da Secom MA

Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

Comissão de Direitos Humanos aprova criação da Política Nacional de Segurança dos Povos Indígenas

A proposta reafirma competências de vários órgãos de Estado relacionadas ao combate à violência contra os povos indígenas.

Leia também

Publicidade