Semana Farroupilha: tradição é lembrada em Vilhena

Cidade é a “mais gaúcha” de Rondônia

Quando o assunto são as “coisas” do Sul, Compadre Osvaldinho é autoridade. Pioneiro dos pioneiros do CTG (Centro de Tradições Gaúchas) na cidade, este “gaúcho de Santa Catarina” chegou a Vilhena em 1973, trazendo na guaiaca muitos sonhos, entre os quais o de suscitar a cultura sulista, permeada por motivos campestres e uma farta conotação de nostalgia.

Antes mesmo que o CTG fosse criado, oficialmente, o radialista Osvaldo de Mattos, nome verdadeiro do Compadre, já emprestava sua própria chácara para praticar os folguedos gaúchos. “Durante uns três anos minha propriedade serviu para mantermos vivas as tradições, só depois que surgiu a possibilidade de criarmos o CTG, em 1977, numa área que era sertão”, recorda.

O lendário cantor Teixeirinha, ícone do Rio Grande, em Vilhena na década de 1980 – Foto: Acervo pessoal

A fundação do clube envolveu sete egressos do Sul. Além de Osvaldinho, estavam: Albino Wobeto, Mário Wobeto, Elói Wedland, Bruno Carlotto, Riozo Hatori (curiosamente, este descendia de japoneses) e João Andrade Castilhos. As famílias de todos também contribuíram para que as coisas acontecessem. E assim surgiu o CTG “Sinuelo do Norte”, um símbolo da cultura dominante no município amazônico.

“Vilhena era e ainda continua sendo a cidade mais gaúcha de Rondônia”, orgulha-se Compadre Osvaldinho, que já foi até garoto propaganda em campanhas do governo destacando a diversidade populacional do Estado.

Durante esse tempo desde a inauguração do CTG, os fandangos (bailes tradicionalistas), as declamações de poemas, a mesa farta de churrasco, as missas crioulas, o esmero dos trajes e, claro, ao som da gaita e do sotaque carregado são –para os seus converses– sinônimo de felicidade e orgulho da história dos pampas.

Os que cultuam as tradições veem isso como uma filosofia de vida. E Osvaldinho lembra que “ser gaúcho é também respeitar as diferenças, já que nós gaúchos somos uma mistura de negros, indígenas e europeus”. Segundo ele, as festas gaúchas são possibilidades de encontros em clima de absoluta concórdia e amizade. “São eventos familiares, de pessoas que se gostam e entendem o porquê de estarem reunidas”.

Com seu inseparável chimarrão, Compadre Osvaldinho vai falando, sem parar, da importância de se cultuar os valores imateriais. E mais: ele atrela seus preceitos até à pujança econômica de Vilhena, que tem o segundo melhor IDH (índice de desenvolvimento humano) de Rondônia.

“Os vastos campos de soja e de milho, a criação de bovinos, as boas escolas e tudo de bom que esta cidade possui tem em sua alma o jeito de ser do povo gaúcho, que é ousado, caprichoso e empreendedor”. 

Osvaldinho e seu inseparável chimarrão – Foto: Acervo pessoal

Dia do gaúcho: 20 de setembro

O mês de setembro é especial para todos os gaúchos que ainda vivem nos pagos ou se debandaram para outras querências deste Brasil afora. Neste mês comemora-se aniversário da maior revolução armada que o País já viveu.

No dia 20 de setembro de 1835, em Porto Alegre, começava a Guerra dos Farrapos, também conhecida como a Revolução Farroupilha, com os republicanos (Maragatos) fazendo uma emboscada para os conservadores (Chimangos).

O Rio Grande, nesta época, mais do que o habitual, se veste de cultura e predomina nas ruas o lenço encarnado, vermelho, cor dos Maragatos que na teoria foram os vencedores. Mas, segundo os gaúchos de hoje, a confusão nunca teve fim e nem vencedor.

Em Vilhena, o Dia do Gaúcho era, até bem pouco tempo atrás, um momento de confraternização e casa cheia no CTG. Após a pandemia do coronavírus, as coisas mudaram um pouco. Mas a data não passou em branco: teve churrasco no último fim de semana no clube ao som do vanerão e muitas histórias que lembraram o momento magno desse povo que também forma a rondonidade. Barbaridade! 

Sobre o autor

Às ordens em minhas redes sociais e no e-mail: julioolivar@hotmail.com . Todas às segundas-feiras no ar na Rádio CBN Amazônia às 13h20.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

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