Estrada de Ferro Madeira-Mamoré. Foto: Divulgação
No dia 5 de maio, uma equipe técnica da Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF) deu início a mais uma fase dos procedimentos de vistoria e confecção de relatório para a viabilidade da reativação da lendária Locomotiva 18, pertencente ao complexo histórico da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, em Porto Velho.
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Considerado como um sonho de todos os porto-velhenses, a reativação da EFMM se tornou uma realidade, isso conforme a constatação do diretor-presidente da ABPF, Marlon Ilg, que é engenheiro mecânico especializado em termodinâmica.
A presença ativa da ABPF no complexo da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré foi uma mobilização que partiu da Prefeitura de Porto Velho, que pretende tornar possível para o resgate da Locomotiva 18 como patrimônio que faz parte direta da construção e evolução da capital rondoniense.
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De acordo com Marlon, a situação estrutural constatada na Locomotiva 18 é razoável, fator que garante a sua recuperação em um breve período, a exemplo de outras ferrovias que estão sob os cuidados da ABPF.
“Há um mês fizemos uma avaliação da condição da caldeira, hoje estamos fazendo uma inspeção mais criteriosa da parte rodante, que são as rodas, as molas, fazendo com que seja garantida a segurança operacional. Apresentaremos um relatório final indicando à Prefeitura o que precisa ser feito. O retorno da locomotiva é possível sim!”, destacou Marlon Ilg.
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Estudos da ABPF
Representantes da Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF), estiveram em Porto Velho no mês e abril, com o objetivo de realizar estudos de viabilidade técnica visando a restauração e reativação da Locomotiva 18.

A reunião contou com a participação do diretor da Associação Brasileira de Preservação Ferroviária/Campinas-SP, Márlon Ilg, e também do membro diretor, James Ilg. Os representantes puderam ver de perto a Locomotiva 18, que atualmente está no Complexo Madeira-Mamoré.
Vale destacar que a missão ABPF é promover o resgate e a conservação do patrimônio histórico ferroviário brasileiro, disponibilizando os bens à visitação pública, desde que a conservação do bem não seja colocada em risco.
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Do abandono ao retorno
Um acervo histórico que remonta a construção do estado de Rondônia, a Estrada de Ferro Madeira-Mamoré se tornou sinônimo de abandono por décadas, porém, desde o início de 2025, tem sido acompanhado pela Prefeitura de Porto Velho, através do trabalho desenvolvido pela Secretaria Municipal de Indústria, Comércio, Turismo e Trabalho (Semdestur).

De acordo com o secretário Paulo Moraes, o primeiro grande passo foi a reativação da lendária Litorina, que atualmente está à disposição da população de Porto Velho, sendo que, agora, o apito da locomotiva em funcionamento é a próxima meta de realização.
“A nossa Litorina está 100% funcionando aqui no complexo e agora o nosso sonho é ouvir de novo o apito do trem. Tenho certeza de que o prefeito Léo Moraes vai seguir firme nesse propósito, tudo na vontade de Deus”, relatou o secretário Paulo Moraes Júnior.
O relatório e o plano de ação deverão ser apresentados em reunião promovida entre a Prefeitura de Porto Velho e a ABPF.
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Estrada de Ferro Madeira-Mamoré

A Estrada de Ferro Madeira Mamoré foi inaugurada pela primeira vez em 1° de agosto de 1912. A construção da ferrovia fazia parte do tratado de Petrópolis selado com a Bolívia, em 1903, após a compra de território boliviano pelo Brasil, com o intuito de facilitar o transporte da borracha para o Oceano Atlântico. O ‘combinado’ no tratado era construir a ferrovia Madeira Mamoré em um prazo de quatro anos.
Após ser inaugurada, a EFMM deu lucro durante dois anos. Depois entrou em declínio devido à queda vertiginosa da participação brasileira no mercado da borracha. Isso porque a concorrência asiática oferecia um produto de qualidade e de mais fácil extração, afetando assim a exportação brasileira.

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Com 54 anos acumulando prejuízos, o ex-presidente do Brasil Humberto de Alencar Castelo Branco determinou a erradicação da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré sendo substituída por uma rodovia.
Em 1972, a Ferrovia foi totalmente assumida pelo governo federal e desativada. Já em 2007, o monumento foi parcialmente tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (Iphan).
*Com informações da Prefeitura de Porto Velho e g1 Rondônia