Vilhena: da Casa de Rondon aos dias atuais

Cidade comemora 45 anos. Iniciada com um posto telegráfico, cresce mais do que o próprio Brasil.

No início do século 20 Vilhena já tinha moradores fora do ambiente indígena. Eram os seringueiros. Quando o posto telegráfico “Álvaro Vilhena” foi implantado, em 1910, os habitantes dos seringais participaram da festa, com direito a arrasta-pé à moda nordestina. A maioria das famílias dos chamados “soldados da borracha” veio do Nordeste brasileiro e promoveu as primeiras ocupações “não-índias” de Rondônia.

O posto telegráfico funcionou, oficialmente, de 1915 a 1968. Durante muitos anos foi o ponto de referência do cerrado e a área de transição amazônica que dominavam a região. Pelo local passaram, além do (então) coronel Cândido Rondon, cientistas do relevo de Edgard Roquette-Pinto, o homem que inventou a palavra Rondônia; e Claude Lévi-Strauss, estudioso dos modos de viver e da cultura indígena neste planalto, autor do livro “Tristes trópicos”.

Tendo como patrono o engenheiro Álvaro Vilhena, o telégrafo implantado pela Comissão Rondon acabou por determinar a oficialização da escolha de Vilhena como nome da cidade. Vilhena tem uma avenida e uma escola pública chamadas Marechal Rondon, enquanto que a avenida principal, Major Amarante (Emanuel Silvestre do Amarante), homenageia o genro do marechal.

Vilhena atual: cidade polo do sul de Rondônia. Foto: Jeú Valentim

Até 1960 Vilhena se resumia à Casa de Rondon, alguns seringais distantes e aldeamentos indígenas — principalmente do tronco nambiquara. Naquele ano vieram muitos trabalhadores da construtora Camargo Corrêa. Então, foi aberta a rodovia BR-29 (atual 364) e o campo de aviação com a presença da Força Aérea Brasileira, ambos inaugurados pelo (então) presidente Juscelino Kubitscheck. Foi o início da onda migratório que povoou rapidamente a região. Em 1969 Vilhena já era elevada à condição de distrito de Porto Velho e, oito anos depois, em 23 de novembro, chegou à sua plenitude, tornando-se município independente.

“A solenidade de instalação do município foi arrebatadora. Esfuziante, contagiante. A alegria dos moradores de Vilhena estava no ar”, relembra Amadeu Machado. O advogado atuava como diretor jurídico da Prefeitura de Porto Velho e presidiu a comissão que organizou as instalações dos cinco municípios ao longo da BR-364, naquela semana: Vilhena, Pimenta Bueno, Cacoal, Ji-Paraná e Ariquemes.

O primeiro prefeito de Vilhena nomeado pelo governador do Território Federal de Rondônia, coronel Humberto Guedes, e que assumiu naquele dia de 1977, em meio a muitas comemorações e festejos. O indicado foi o mineiro de 42 anos de idade, Renato Coutinho dos Santos, que era pecuarista e dono de hotel no centro da vila.

Indígena e a Casa de Rondon, ao fundo, na década de 1930. Foto: Luiz de Castro Faria

Vilhena cresceu rápido. Os índices de densidade demográfica estão acima do país. O Brasil avançou desde o início do atual milênio, em 2001, cerca de 21% . No mesmo período, o crescimento de Vilhena foi de 42,15%.

A cidade chega aos 45 anos com cerca de 104 mil habitantes, segundo o IBGE, fora a população flutuante. É a quarta maior cidade e apresenta o segundo melhor índice de desenvolvimento humano de Rondônia, compondo a lista dos 25% dos municípios mais ricos do país. Embora tenha uma área imensa de mais de 11 mil km quadrados, com muitos bairros rurais distribuídos em seus seis distritos, mais de 92% da população moram no perímetro urbano.

É cidade-universitária, com campus da UNIR, do Instituto Federal e várias faculdades particulares. Também é referência nas área do comércio, do agronegócio, de prestação de serviços, de transportes, de órgãos públicos e outras, atraindo grande fluxo de pessoas de várias cidades de Rondônia e do Mato Grosso. Está localizada a apenas 14 km da divisa com o estado vizinho na BR-364 e fica equidistante 700 km de Porto Velho (RO) e Cuiabá (MT).

Renato Coutinho, o primeiro prefeito no antigo Palácio dos Parecis. Foto: Arquivo pessoal

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