Sorvete de jambo? Sorveteria de Manaus produz sabor que resgata memórias da infância

A ideia nasceu das lembranças de infância da fundadora e sócia do negócio, Isabella Keller, que cresceu rodeada por jambeiros.

Sorvete de jambo é edição limitada. Foto: Reprodução/Cacau cupuaçu

O sabor adocicado, levemente ácido e extremamente nostálgico do jambo (Syzygium malaccense) agora pode ser apreciado de uma maneira inusitada e refrescante: em forma de sorvete. A inovação é da sorveteria manauara ‘Cacau Cupuaçu’, que tem como proposta transformar frutas amazônicas — muitas vezes esquecidas nas grandes vitrines — em verdadeiras experiências gastronômicas.

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A ideia nasceu das lembranças de infância da fundadora e sócia do negócio, Isabella Keller, que cresceu rodeada por jambeiros.

“Na minha época, era uma fruta muito presente. Sempre tinha jambo quando eu era criança. Hoje nem tanto, mas eu amo essa fruta e, sempre que tem, eu produzo”, conta Isabella.

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Você já comeu jambo? Foto: Reprodução/Rede Amazônica

Segundo Isabella, o sorvete de jambo foi um verdadeiro “sucesso-relâmpago”. De janeiro a maio, quando as frutas já estão desenvolvidas, acontece a colheita. Com a safra curta, a produção durou apenas uma semana.

“Eu dependo da natureza para fabricar esse sorvete. A fruta tem uma janela muito curta de colheita e nem sempre chega até nós em quantidade suficiente”, explica.

Foto: Divulgação

O jambo, originário da Ásia e trazido ao Brasil há séculos, se adapta muito bem ao clima quente e úmido da Amazônia. Sua colheita acontece entre janeiro e maio, e, fora desse período, encontrá-lo é tarefa quase impossível. Por isso, Isabella reforça que o sabor entra no cardápio como uma edição limitada, quase como um presente da estação para os clientes mais atentos.

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Mas não é só o jambo que aparece nas vitrines do empreendimento. A sorveteria se destaca por oferecer sabores que vão muito além do comum, principalmente pensados em mostrar o potencial amazônico.

“As inspirações vêm de muitos lugares: das frutas daqui, de viagens, de sobremesas que provo, ou até de outras sorveterias pelo Brasil e pelo mundo”, revela a empresária.

Entre os sabores inusitados que já passaram por lá, estão misturas como graviola com hibisco, além de apostas em frutas menos conhecidas, como siriguela, trazida de fora do estado, sempre com produção limitada.

Sorvete destaca doçura do jambo. Foto: Divulgação

Frutos que dão trabalho

Segundo Isabella, os desafios são grandes, principalmente quando o assunto são as frutas da região. “A produção depende muito da safra. Às vezes a fruta dura meses, às vezes semanas. E, quando não dá, precisamos nos adaptar, reformular receitas ou até mesmo pausar aquele sabor”, explica.

Quanto ao jambeiro, que cresce até 20 metros de altura, sua capacidade é de produzir aproximadamente 85 quilos de frutos, que são ricos em Vitaminas A, B1 e B2, além de ferro, fósforo e cálcio. Além disso, até mesmo as flores de jambo são Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC). Através do tratamento correto, as flores de jambo podem ser apreciadas para fins alimentícios, incorporadas como chá ou até mesmo doces.

No entanto, alguns sabores conseguem se manter quase o ano inteiro, especialmente os de base láctea, como caramelo e chocolate, que não sofrem as variações sazonais das frutas.

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Ciência e os sabores da Amazônia

O processo de criação dos sorvetes não é simples. Isabella revela que, antes de colocar um sabor na vitrine, faz uma verdadeira imersão na fruta, seja regional ou exportada.

“Pesquiso artigos científicos, estudo as características físico-químicas do ingrediente para criar uma receita que preserve o sabor, a textura e a qualidade. É um trabalho que exige muita dedicação”, conclui.

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