Foto: Reprodução/Instagram @cozinhabocadamata
Há décadas, a fome é uma grande questão social a ser levada em consideração na criação de projetos de políticas públicas. No Brasil, entre 2021 e 2023, a insegurança alimentar severa caiu de 8,5% para 6,6%, o que corresponde a uma redução de 18,3 milhões para 14,3 milhões de brasileiros. Os dados são da edição de 2024 do Relatório das Nações Unidas sobre o Estado da Insegurança Alimentar Mundial (SOFI 2024).
No Amazonas, o último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou que, em 2023, a fome afeta 437 mil pessoas, o que corresponde a 9,1% dos domicílios do estado. O Amazonas foi o segundo estado com o maior percentual de domicílios em situação de insegurança alimentar grave, atrás apenas do Pará.
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Visando o potencial alimentício da região amazônica, que possui uma diversidade de Plantas Alimentícias Não-Convencionais (PANC), surge, em 2021, um projeto de cozinha solidária, para alimentar moradores do Parque das Tribos, localizado em Manaus, considerado o maior bairro indígena do Brasil.
O ‘Cozinha Boca da Mata’, idealizado pela Renata Peixe-Boi, da etnia dos Mura, surgiu durante a segunda onda de Covid-19 no Amazonas, em meados de 2021.
“O projeto Cozinha Boca Da Mata consiste numa cozinha solidária em que servimos jantares para as pessoas da comunidade [Parque das Tribos], ele funciona quinzenalmente, mas dependemos dos insumos”, explicou Joimara Brito Pedrosa, uma das colaboradoras do projeto e indígena da etnia Kokama.
A cozinha solidária tem parceria com o Instituto Acariquara e com o Gastromotiva, ambas organizações sem fins lucrativos (ONGs), que estimulam projetos econômico-sociais para a conservação da biodiversidade através das comunidades tradicionais.
“Acreditamos que a comida é base forte da nossa cultura, é uma fonte de saberes que nos conecta ao nosso modo de vida. Já faz um tempo que estamos buscando outras formas de continuar nosso trabalho e ampliar nossas ações fincadas nas nossas raízes”, pontuou Renata, a idealizadora.
O projeto tem o enfoque de produzir comida regional para as populações indígenas. Além de pratos saudáveis e nutritivos, o “Boca da Mata” também utiliza PANC na produção das refeições dos moradores do Parque das Tribos.
“O limite de marmita por pessoa é sete ou oito, mas a gente sabe que tem famílias que são dez, porque tem muitos filhos, então tem gente que chega a levar dez marmitas. O nosso público é aqui, no Parque das Tribos, mas todo mundo vem, recebe sua marmita e todos são bem-vindos. Cada entrega são 300, 350 marmitas, no mês chegamos a distribuir cerca de 700 marmitas”, complementou Joimara.
A principal forma de divulgação do projeto é pelo instagram: @cozinhabocadamata e pelo @renatinhapeixeboi.