Foto: Diego Gurgel/Secom AC
Maria Paulino da Silva é a personificação do potencial acreano em produção agrícola e, recentemente, seu desempenho como meliponicultora foi destaque na oitava edição do Concurso Nacional de Méis de Abelhas Nativas, no Rio de Janeiro. A produtora rural do Ramal Belo Jardim III conquistou o 3º lugar na categoria de méis refrigerados.
O concurso promovido pela Associação de Meliponicultores do Rio de Janeiro (Ame-Rio) atraiu produtores de todo o país, com o objetivo de selecionar méis de excelência, tendo como referência critérios sensoriais de melhor percepção da agradabilidade e encantamento à vista dos padrões organolépticos do mel in natura, fresco e recém coletado de abelhas nativas.
O corpo de jurados foi composto por pesquisadores e chefs de alta gastronomia como Mônika Barth, pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz); e Jèrôme Dardillac, chef executivo do Hotel Fairmont Copacabana. Os méis foram avaliados com base em parâmetros como persistência, aroma, intensidade e sabor.
A avaliação foi feita no Bondinho do Pão de Açúcar em ambiente reservado e de maneira independente. De acordo com a tabela de referência do concurso, méis que alcançam entre 300 e 200 pontos são considerados excelentes, raros ou extraordinários. O mel de Maria Paulina obteve uma pontuação de 257,5, destacando-se pela sua qualidade e sabor único.
Produzindo com amor e sustentabilidade
Segundo a Associação Brasileira de Estudo das Abelhas, o Brasil conta com aproximadamente 250 espécies de abelhas pertencentes à tribo Meliponini, chamadas popularmente de abelhas sem ferrão. Muitas dessas espécies são possíveis de serem avistadas no meliponário Amor Agarradinho, gerido por Maria Paulino e seu marido, Clodoaldo Brandão.
O trabalho do casal diretamente com o cultivo de mel está presente na vida conjunta mais tempo do que eles conseguem quantificar. Com orgulho da sua premiada produção, Maria exalta:
“Estou muito feliz com esse reconhecimento. Fui incentivada a participar da competição pelos técnicos da Seagri e fiquei surpreendida com esse resultado final. É muita satisfação”.
Outro dado que os produtores não conseguem contar é a quantidade de caixas de produção de mel cultivado, mas a dedicação com cada universo de abelhas é visível ao observar o trabalho de ambos. Em suas culturas, Maria Paulino e Clodoaldo contam com o cultivo de diversas espécies de abelhas, como uruçu, boca de renda, abelha-limão, caga-fogo e entre outras.
Realizando o trabalho direto de extração do mel das caixas de cultura, Clodoaldo Brandão rememora seus primeiros contatos com a produção rural, na companhia de seu avô, um seringueiro que lhe ensinou muito do conhecimento que pratica diariamente.
O produtor rural destaca a necessidade de se produzir de maneira consciente e sustentável: “Meu projeto de vida é divulgar o bem que o mel faz pra gente, além da importância de preservar as abelhas. Essa natureza é uma benção de Deus e temos que preservá-la, convivendo em harmonia”.
A produção do casal acreano pode ser classificada como apicultura e meliponicultura. Ambas as práticas tratam da criação de abelhas e a produção de mel e seus derivados, mas as duas são distintas. Enquanto a apicultura refere-se à criação de abelhas com ferrão, principalmente para a produção de mel, própolis, pólen, cera de abelha e geleia real, a meliponicultura se utiliza da abelha sem ferrão.
Fortalecendo a colmeia
O trabalho de Maria reflete um esforço coletivo de valorização da meliponicultura no estado. A Secretaria de Estado de Agricultura (Seagri) desempenha um papel essencial no fortalecimento da cadeia produtiva do mel no Acre. Suas iniciativas beneficiam 211 apicultores e meliponicultores, incluindo produtores rurais, extrativistas e comunidades indígenas.
Entre as principais ações estão capacitações, oficinas, intercâmbios técnicos, participação em eventos, fomento ao manejo sustentável e apoio logístico. A engenheira florestal Zandra Pilar atua na Seagri como técnica da cadeia produtiva do mel e defende que tais ações destacam a integração entre desenvolvimento econômico e conservação ambiental, fortalecendo a apicultura e promovendo a sustentabilidade no Acre.
O titular da Seagri, José Luis Tchê, destaca: “Agradeço a visão do governador Gladson Cameli em nos dar a oportunidade de gerir uma secretaria tão importante no fortalecimento da agricultura e no desenvolvimento econômico de muitas famílias. Parabenizo a Maria por esse belo reconhecimento que eleva o nosso Acre”.
Quanto ao pleno desenvolvimento da cultura de mel, o titular da pasta diz: “Assim como estamos avançando com a cafeicultura, queremos ir além com a produção de mel, utilizando das tecnologias e do nosso conhecimento técnico, evoluindo sempre. Queremos nossos supermercados cada vez mais equipados com produtos legitimamente acreanos, com a população se alimentando bem e com o desenvolvimento econômico fluindo”.
Além da Secretaria de Agricultura, os meliponicultores do Acre são fortalecidos pelo Programa REM (Redd Early Movers) Acre, com o fortalecimento da cadeia produtiva do mel, por meio de capacitações em boas práticas de produção e armazenamento para um produto de qualidade, beneficiando diretamente 389 pessoas.
Exclusivamente com a associação em que Maria faz parte, o projeto alcançou 60 homens e mulheres, os ajudando com a criação de uma unidade de extração e beneficiamento do mel, possibilitando maior qualidade de mel com o selo de inspeção sanitária.
A certificação e ampliação do mercado são iniciativas fundamentais das instituições, contando também com a colaboração do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Acre (Idaf), auxiliando produtores rurais a obterem o elo D’Colônia, agregando valor ao mel produzido e permitindo a comercialização em supermercados locais, ampliando as oportunidades de mercado.
*Com informações da Agência Acre