Nesta hipótese, a Inteligência Suprema poderia ter construído este mundo em uma única vez, mas como em um jogo de tabuleiro, estabeleceu que, para cada rodada, escolhas poderiam ser feitas por nós, os peões deste jogo.
A ideia de construirmos um mundo feliz, não apenas para alguns, mas para todos, é algo que ecoa em mim, não como uma utopia inatingível. Acredito na existência de uma Força Superior que criou e comanda grandes Leis do universo e que tem o propósito de construir este mundo ideal. É uma crença, caro leitor, como certamente você tem as suas. Nesta hipótese, a Inteligência Suprema poderia ter construído este mundo em uma única vez, mas como em um jogo de tabuleiro, estabeleceu que, para cada rodada, escolhas poderiam ser feitas por nós, os peões deste jogo. Estas escolhas fariam, a cada jogada, avançarmos ou recuarmos algumas casas do tabuleiro. Ao final, o objetivo da Criação Suprema seria alcançado, como não poderia deixar de ser.
O jogo da vida é divertido, não porque só exista alegria. Há choro e sofrimento também, mas da mesma maneira que o sucesso, são temporários. A graça do jogo está no avanço, no recuo e nos obstáculos colocados no meio do caminho pelo Criador Infinito, capaz de fazer inesperadas reviravoltas na história. Para a academia literária, com as suas regras limitadas, estes acontecimentos pareceriam inverossímeis e seriam evitados, a menos que se tratasse de uma história de ficção, que não é o caso. Como o Divino Artista possui estilo único e ilimitado, ele não se prende a pequenas regras. Como diz um amigo, “quem pode mais, pode menos”, e o jogo da vida torna-se apaixonante, no meio de avanços, recuos, quedas e subidas. Há, porém, uma importante regra no jogo: os peões precisam fazer as suas escolhas. Não fazer seria, em si, uma escolha, capaz de gerar avanços ou recuos de casas.
Quando criança costumava imaginar que o mundo feliz seria estabelecido por um acordo mundial entre as grandes nações. Eram os tempos da guerra fria e da mesma maneira que os EUA e a URSS poderiam destruir o mundo apertando um botão, também poderia ser criado um outro em que tudo pudesse se resolver e a paz ser estabelecida. Este acordo seria capitaneado pela ONU ou por uma organização do tipo, com poderes internacionais. Acreditava, inocentemente, que o mundo ideal seria estabelecido de cima para baixo, e que seria por aí que o Celestial Pacificador atuaria, comandando os líderes mundiais nesta direção.
Esta crença se mostrou utópica. Tal direção parece mais impossível do que nunca e tudo indica que não são estes os planos do Arquiteto Universal. Fiel às regras de seu próprio jogo, ele coloca em cada peão a responsabilidade das escolhas. O tabuleiro somente se tornará um palco feliz se cada peão avançar para uma esfera de valores elevados, onde predominem a harmonia, o altruísmo e a gratidão. Além disso, que estes valores se irradiem para outros peões. Sim, caro leitor, é uma crença. Serão sempre hipóteses até que confirmemos os fatos. Neste jogo temos que descobrir as instruções jogando, pois elas não estão publicadas.
Assumindo, então, uma suposição temporária que, sim, precisamos, como peões, irradiar felicidade para outras casas do tabuleiro, qual seria a primeira casa a receber esta irradiação? Penso que, indiscutivelmente, seria a nossa própria casa. É ali que precisamos concentrar os nossos primeiros esforços.
Não devemos nos iludir. Não é uma tarefa fácil. Em nossos lares, muitas vezes, como peões egocêntricos, descuidamos das pessoas que estão ao nosso lado. Não plantamos e nem colhemos felicidade. Ao construir os lares, acredito que o Engenheiro Superior os transformou em tijolos para a magnífica obra. Os alicerces da construção exigem importantes raízes no sentir, no pensar e no agir em nossos lares, ainda que de diferentes formatos. Com base nisso, caro leitor, convido você para conversarmos nos próximos artigos. O tema continuará a ser felicidade, aplicado agora aos nossos lares, para mim, para você e para todos os peões deste imenso tabuleiro em que vivemos. Tomara que você tope o convite. Até a próxima semana.
Sobre o autor
Julio Sampaio (PCC, ICF) é idealizador do MCI – Mentoring Coaching Institute, diretor da Resultado Consultoria, Mentoring e Coaching e autor do livro Felicidade, Pessoas e Empresas (Editora Ponto Vital). Texto publicado no Portal Amazônia e no https://mcinstitute.com.br/blog/.
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