Na construção consciente da felicidade em nosso lar, valeria desistir de tentar mudar o outro? O que você acha, caro leitor? Para isto precisamos mudar alguma coisa em nós mesmos? Vale o esforço da mudança?
“Posso dizer que Roger é um bom marido. Nos conhecemos desde que éramos adolescentes. Nos apaixonamos, compartilhamos nossos sonhos e nos casamos. Tivemos dois filhos e, no geral, vivemos bem. Digo no geral, porque no dia a dia, não é fácil. Roger é muito lento, custa a tomar decisões. Precisa ser empurrado. Foi sempre assim e, por mais que eu fale, reclame, me desespere, ele não muda”.
“Rose é uma grande mulher. É uma verdadeira guerreira. Sempre foi assim, desde que começamos a namorar, ainda muito jovens. Ela sempre tomou as iniciativas. Foi quem me pediu em namoro, o que não era comum na nossa época, e em casamento também. Por mim, deixaria passar mais tempo ,mas ela tinha pressa. Também foi ela quem decidiu sobre os filhos. Vivemos bem, mas brigamos mais do que eu gostaria. Brigamos não, ela briga. Sou uma pessoa de paz, porém, ela é muito mandona. Quando conversamos, mostro isso a ela, que até concorda. Na prática, ela não muda”.
Amamos as pessoas pelo que elas são e, no entanto, queremos mudaras pessoas que amamos. Numa trajetória, cada um de nós passará por transformações. Elas virão com a vida, queiramos ou não. Não somos os mesmos de dez anos atrás, ou quem éramos ontem. Nos transformamos a cada momento, não porque o outro quer, e no que o outro quer. Podemos mudar no que queremos, mas não é fácil. Se você já tentou mudar alguma coisa em você, caro leitor, sabe que não é fácil. Mudar o outro, então, impossível. Melhor nem tentar.
Sabemos disso, não é verdade? Nenhuma novidade. Mas por que insistimos em mudar os outros, ao invés de direcionar energia para mudar a nós mesmos, se é que queremos mudar em alguma coisa? Podemos nos empenhar para sermos diferentes em algo, mas também podemos estar felizes conosco e deixar as mudanças fluírem, num processo natural de evolução. Aceitar o que somos nos ajuda a aceitar os outros como são também, especialmente, o nosso companheiro ou companheira. Por estarem muito perto, são eles o nosso principal alvo de mudança, o que também ocorre com os nossos filhos. Neste caso, queremos moldá-los e eles a nós.
Um amigo, que vou chamar de Cláudio, diz que a sua ex-mulher, de quem está separado há mais de dez anos, reclama que ele melhorou. “Na minha época, você não era assim como hoje. Era uma pessoa egoísta e só pensava em si mesmo. Ficou bonzinho de uma hora para outra?” Neste caso, para ela, a mudança de Cláudio ocorreu não no tempo dela, e nem por ela.
Na construção consciente da felicidade em nosso lar, valeria desistir de tentar mudar o outro? O que você acha, caro leitor? Para isto precisamos mudar alguma coisa em nós mesmos? Vale o esforço da mudança?
Sobre o autor
JulioSampaio (PCC,ICF) é idealizador do MCI – Mentoring Coaching Institute, diretor da Resultado Consultoria, Mentoring e Coaching e autor do livro Felicidade, Pessoas e Empresas (Editora Ponto Vital). Texto publicado no Portal Amazônia e no https://mcinstitute.com.br/blog/.
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