Nesse artigo, vamos citar exemplos práticos do que não dizer, seguido das argumentações e possíveis interpretações causadas pelo que falamos.
Você já deve ter ouvido e lido muitas teorias sobre entrevistas de empregos, não é verdade? A verdade é que não há uma fórmula mágica de respostas prontas ou algo do tipo, pois elas parecem mecânicas e forçadas. Entrevistas são como qualquer processo de diálogo praticado, independente do contexto. Os pilares principais são: trabalhar a influência/indução com quem estiver nos entrevistando, criar expressões de impacto auditivo e imaginativo, possibilitando que a pessoa imagine tudo o que estamos falando.
Mas além disso, também temos pontos que jamais devem ser ditos em um momento como esse devido a possibilidade de interpretações negativas ou até mesmo equivocadas. Nesse artigo, vamos citar exemplos práticos do que não dizer, seguido das argumentações e possíveis interpretações causadas pelo que falamos.
“Eu acho”, “sei lá”, “não sei”
Expressões que não causam segurança têm tendências de desclassificações. Sempre que alguém é perguntando sobre algo e lança expressões como “Eu acho”, “sei lá” ou “não sei”, é interpretado/a alguém com insegurança, mesmo que não seja. O ponto chave desse quesito é que podemos falar a mesma coisa, com outras palavras que tenham impactos interessantes.
Essas expressões podem ser substituídas por “Sinto que sim”, “Provavelmente sim” ou “Penso que sim”. Dessa forma, estaremos lançando colocações positivas e que, de certa forma, geram segurança para quem ouve.
Vamos a um exemplo prático disso?
O/a recrutador/a pergunta:
– Você acha que consegue aguentar a intensidade da nossa operação?
O/a profissional responde:
Opção 1: Acho que sim.
Opção 2: Sinto que sim, é questão de adaptação em curto prazo.
Qual soou melhor?
Logo logo vou estar com a minha empresa
Normalmente quem pensa em ter o negócio próprio não vai passar muito tempo em um emprego formal. Essa é a interpretação que se cria após o/a profissional dizer que logo quer estar com uma empresa própria. Além disso, outra interpretação também pode ser criada: “se essa pessoa quer abrir uma empresa, pode não viver integralmente para a nossa empresa, pois estará correndo por fora com o outro projeto”.
Sendo assim, mesmo que o/a profissional tenha esse desejo, é interessante não expor durante o diálogo com o/a recrutador/a.
Se o desejo for abrir uma empresa no mesmo segmento da empresa que está concorrendo à vaga, o cenário fica pior pelo fato da interpretação provavelmente ser “Se essa pessoa quer abrir uma empresa no mesmo segmento que o nosso, pode trabalhar aqui e levar os nossos clientes”.
A mensagem que precisamos emitir durante um processo de diálogo é algo que inclua a empresa em nossos sonhos pessoais e profissionais, que mostre a atuação em médio e longo prazo, e não apenas por um tempo para depois atuar em outro projeto.
Preciso desse emprego para pagar um curso
Esse fator é motivo de 3 a cada 10 desclassificações num processo seletivo. Quando um/a profissional diz que quer um emprego apenas para pagar um curso, ou faculdade ou qualquer outro tipo similar, a interpretação que surge é algo como “Então ele/a vai passar apenas um tempo aqui conosco”. Além disso, o objetivo de concluir apenas um objetivo cria um cenário de algo raso.
Se essa mesma afirmação for realizada com a emissão de uma mensagem que mostre que a empresa está incluída nesse processo, é diferente. Vamos a alguns exemplos práticos?
– Quero esse emprego para poder fazer um curso de acordo com as demandas e gargalos que a empresa tiver.
– Quero esse emprego para poder me especializar e ajudar a empresa a criar novos projetos, produtos e serviços.
– Quero esse emprego para poder me aperfeiçoar e ser um/a profissional cada vez melhor para o dia-a-dia da empresa.
Essas três colocações acima soam de forma positiva para quem ouve, pois há um objetivo de médio e longo prazo. Qualquer coisa que fuja disso, há tendência de desclassificação já na primeira fase do processo seletivo.
Me disseram que vocês são uma empresa boa para trabalhar
O fato “me disseram” remete a uma interpretação de que a pessoa nem pesquisou sobre a empresa e que está agindo apenas por ouvir alguém falar. Vamos a dois exemplos sobre isso?
Exemplo 1: me disseram que é bom trabalhar com você.
Exemplo 2: ouvi falarem muito bem de vocês e pesquisei que possuem uma estrutura com X operações, X mercados atendidos, X funcionários. É uma empresa assim que tenho certeza que vou contribuir muito.
Qual soou melhor?
E então? Vamos para a prática?
Flávio Guimarães é diretor da Guimarães Consultoria, Administrador de Empresas, Especializado em Negócios, Comportamento e Recursos Humanos, Articulista de Carreira, Emprego e Oportunidade dos Jornais Bom Dia Amazônia e Jornal do Amazonas 1ª Edição, CBN Amazônia, Portal Amazônia e Consultor em Avaliação/Reelaboração Curricular.
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