Família rondoniense aposta em substituição de plantas originárias de cacau por clones

Dos 50 hectares da propriedade, 13 são reservados para a plantação de cacau. Clones ajudam na proteção das plantas contra a Vassoura de Bruxa.

Em Presidente Médici, interior de Rondônia, Célio Santana e sua família cultivam cacau há 20 anos. Dos 50 hectares da propriedade, 13 são reservados para a plantação de cacau.

No início, Célio lembra que a plantação era no sistema convencional, mas aos poucos o espaço foi dando lugar para o cacau clonal, que acontece através da enxertia. Utilizando a estrutura da planta antiga, é feita uma fenda através do broto basal, aproveitando o sistema radicular já existente. Esse processo acelera o crescimento dos enxertos, mas requer cuidados especiais.

Leia também: Kit Cupuaçu 5.0: reforço tecnológico de novos clones do fruto possui potencial na bioeconomia

“Os principais cuidados são a ‘desbrota”. Nessa etapa, o broto rouba em torno de 30, 40% da potência da planta de produção e a gente tem que estar atento a isso. O objetivo é, aos poucos, ir substituindo [as plantas] para que em um futuro não muito distante, a gente possa ter uma plantação padrão e possa ter um retorno melhor dos investimentos que a gente faz”, disse Célio.

Célio e família limpando cacau em Rondônia. Foto: Khauane Farias

Roberto Moacir Cella, técnico da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), aponta que a maior dificuldade dos produtores de Rondônia é a Vassoura de Bruxa.

“A maior dificuldade dos produtores aqui é a vassoura de bruxa. Ela é uma doença nativa aqui da região e é endêmica. Em todo local que tem cacau nativo, ela tá presente. Aqui, o produtor está fazendo a substituição dessas plantas, que tem mais vassoura de bruxa, através da clonagem. A gente selecionou as variedades dos clones, para que ele tenha maior resistência e tolerância a vassoura de bruxa”, explicou.

Foto: Khauane Farias

Célio, que está atento aos detalhes da nova forma de cultivo, ressalta a importância do cuidado com a doença: “[Quando] ela ainda tá verde, o cuidado é  maior. A partir do momento que ela seca, ela começa a se proliferar”.

Na hora da colheita, é necessário estar atento ao corte, de acordo com Célio, já que ele precisa ser feito próximo ao talo para que a almofada floral seja preservada, de onde nascem novos frutos.

Depois da colheita, acontece a quebra e a retirada das sementes. Esse processo é feito em família, que sentados em baixo da sombra dos pés de cacau, quebram em torno de 300 kg de sementes secas.

De acordo com o produtor, são colhidos aproximadamente 800 kg por mês. Anualmente, a colheita gira em torno de 10 toneladas, uma média satisfatória e que pode crescer ainda mais com as modificações genéticas.

Atualmente, o Brasil ocupa o 6° lugar na produção de cacau do mundo e Rondônia é o 3º estado de maior produção do país. A atividade envolve a agricultura familiar e tem uma produtividade média de 748 quilos por hectare. 

 *Por Khauane Farias, da Rede Amazônica Rondônia


Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

Esses rios ainda são nossas ruas? Estudo avalia condições dos terminais hidroviários paraenses

Por apresentar uma vasta rede de rios, a Amazônia é considerada uma das regiões com potencial elevado para o desenvolvimento do transporte hidroviário.

Leia também

Publicidade