Pesquisa revela espécies mais indicadas para reflorestamento em Mato Grosso

Fava barriguda, Peroba mica, Tatajuba, Bajão e Castanheira apresentam maior volume de madeira sem incidência de pragas e doenças

A Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer) divulgou dados das espécies florestais que obtiveram os melhores resultados no Estado para reflorestamento e produção de madeira. Foram avaliadas 30 espécies, sendo 23 nativas e sete exóticas. A pesquisa revelou que o maior volume de madeira sem incidência de pragas e doenças para reflorestamento foi obtido com as árvores Fava barriguda, Peroba mica, Tatajuba, Bajão e Castanheira. Ao todo foram plantadas 2.250 plantas.

Foto: Eliazel Rondon/Empaer

Segundo o pesquisador da Empaer, Eliazel Vieira Rondon, o objetivo do trabalho foi selecionar as espécies para reflorestamento a pleno sol que obtiveram maior crescimento em diâmetro, Altura do Peito da Planta (DAP), altura total, volume de madeira, índice de mortalidade e ocorrência de pragas e doenças.

A pesquisa foi realizada no Centro Regional de Pesquisa e Transferência de Tecnologia da Empaer, no município de Sinop (500 km ao Norte de Cuiabá).

De acordo com Rondon, o reflorestamento encontra-se em fase embrionária, cobrindo menos de 0,2% do território mato-grossense. Ele esclarece que os resultados alcançados pelos experimentos servem para direcionar os futuros reflorestamentos no Estado e indicar as espécies com maior retorno econômico.

“Fazer plantio de uma espécie que não é indicada pode ser investimento perdido devido sua fragilidade em doenças e pragas, caracterizando um ecossistema instável”, destaca.

Foram plantadas 75 árvores por espécie, com espaçamento de 4 metros entre linha e 3 metros entre planta. O cultivo foi realizado em solo de baixa fertilidade, e as plantas receberam adubação até o terceiro ano de idade. Caso o índice de mortalidade ultrapasse 30% é importante efetuar o corte raso em todo o plantio. Eliazel alerta que a necessidade de fazer uma supervisão do plantio a partir do quinto ano de idade.

Após 25 anos de pesquisa, a Empaer indicou as cinco melhores espécies florestais para o Estado. A Fava barriguda é a menos conhecida dentre as espécies, com potencial para a confecção de brinquedos, móveis, compensados e celulose. A Altura do Peito da Planta foi de 42,6 centímetros, índice de mortalidade de 20% e produção de 547 metros cúbicos por hectare.

Conforme Rondon, a árvore Bajão possui uma madeira indicada para compensados, móveis, caixotaria e brinquedo. A formação da copa ocorre com 8 metros de altura e resistente ao vento. A produção de madeira variou conforme a espécie de 547 a 240 metros cúbicos por hectare.

Já madeira Tatajuba é pesada, dura ao corte, indicada para construção civil como vigas, caibros, ripas, tábuas e tacos para assoalhos.

A Castanha do Brasil, por sua vez, tem um crescimento lento na fase inicial, suas folhas são muito apreciadas por formigas cortadeiras. Apresenta uma madeira densa, macia ao corte, sendo indicada para construção civil interna. Desde o ano de 1994 foi proibido o corte para comercialização de sua madeira, quando originadas de florestas nativas. Sua amêndoa é rica em proteína, vitamina e sais minerais.

E, por fim, a pesquisa constatou que a espécie Peroba-mica apresenta crescimento regular, madeira moderadamente pesada, própria para construção civil e naval, cabos de ferramentas, dormentes, marcenaria e carpintaria.

“Em plantio comercial, deve-se sempre ficar atento ao volume das espécies a serem plantadas visando o retorno financeiro do investimento”, comenta Rondon. 

Espécies com índice de mortalidade

Durante o estudo foram identificadas as espécies com maiores índices de mortalidade, tais como guapuruvu, teca, cinamomo, ipê roxo, pinho cuiabano, cerejeira, E. citriodora, E. grandis, pinus caribaea, mogno, freijó, mogno africano, parapará, gmelina, cedrinho, mandiocão e sumaúma.

O pesquisador constatou que espécies de eucalipto tiveram um comportamento excelente na fase inicial, porém foram severamente atacadas pelas principais doenças como gomose, pau-preto e outras.

A planta de mogno teve seu fuste (tronco) comprometido pelo ataque de praga. O mogno africano, a partir do quinto ano, sofreu ataque de fungos que causam lesões salientes na casca.

A seringueira, angelim saia, pau ferro, louro pardo, aroeira, marupá, amescla e champanhe apresentaram o tronco de 3 metros de comprimento, inviabilizando o seu corte para comercialização. Uma alternativa para essas espécies é a arborização de parques e recuperação de avenidas, áreas e outros.

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