Apesar de estarem cercadas por um dos maiores patrimônios ambientais do planeta, os estados da Amazônia Legal concentram os piores índices de arborização urbana do Brasil.
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As informações fazem parte do Censo Demográfico 2022: Características Urbanísticas do Entorno dos Domicílios, divulgado em abril de 2025. O levantamento analisou as características urbanísticas no entorno dos domicílios urbanos do país, com foco na presença de árvores nas vias públicas.
Segundo o IBGE, cerca de 58,7 milhões de brasileiros que vivem em áreas urbanas — quase um terço da população urbana do país — moravam em ruas sem ao menos uma árvore em 2022. E a maior parte dessas pessoas está concentrada na região Norte, como Acre, Amazonas, Pará e Roraima.
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Sede da COP é a 6ª capital menos arborizada
Apesar de estarem no centro da Floresta Amazônica, os números chamam a atenção. A capital do Pará, Belém, que sediará a COP30 — a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, em 2025 —, possui apenas 44,65% de sua população urbana vivendo em ruas com pelo menos uma árvore.

A situação é observada nas outras capitais, como Manaus (44,81%), Rio Branco (39,86%), Boa Vista (52,64%), Macapá (62,87%) e Porto Velho (64,86%).
Os números diminuem quando são consideradas apenas as ruas com mais de cinco árvores. Nesse critério, os piores desempenhos nacionais estão no Acre (10,7%), Amazonas (13,7%), Pará (16,9%) e Roraima (14,5%). Entre os 10 piores Estados do país nesse quesito, cinco pertencem à Amazônia.
De acordo com o IBGE, foram consideradas na pesquisa as árvores localizadas na face de quadra dos imóveis — em calçadas, vias públicas ou canteiros centrais — com no mínimo 1,70 metro de altura. O levantamento abrangeu 174 milhões de brasileiros, o equivalente a 85,75% da população total do país, distribuídos em mais de 63 milhões de domicílios em áreas urbanizadas.
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Centro-oeste lidera arborização
Por outro lado, os Estados do Centro-Oeste lideram os índices de arborização urbana. Mato Grosso do Sul é o destaque nacional, com 58,9% de sua população urbana vivendo em ruas com mais de cinco árvores. Em seguida aparecem o Distrito Federal (56,4%), Paraná (49%), Mato Grosso (40,3%), Goiás (40,2%) e São Paulo (38,4%).
Capitais como Campo Grande (MS) e Goiânia (GO) se sobressaem no cenário nacional. Campo Grande é a capital mais arborizada do Brasil, com 91,4% de seus moradores vivendo em ruas com ao menos uma árvore. Goiânia aparece logo atrás, com 89,6%. Essas cidades são apontadas como exemplos de planejamento urbano aliado à preservação ambiental.
No interior, municípios com forte presença do agronegócio também registram altos índices de arborização. Lucas do Rio Verde, Sinop e Rondonópolis, todos em Mato Grosso, têm mais de 93% de suas populações urbanas vivendo em ruas arborizadas. Cidades de médio porte do Sul e Sudeste, como Maringá (PR), Londrina (PR), Uberlândia (MG) e Campinas (SP), também demonstram que é possível conciliar urbanização e sustentabilidade. Maringá, por exemplo, impressiona com 98,6% dos moradores vivendo em ruas com mais de cinco árvores.
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Importância para saúde
Especialistas apontam que a presença de árvores nas cidades é essencial para melhorar a qualidade de vida urbana, ajudando a regular a temperatura, melhorar a qualidade do ar e até mesmo contribuir com a saúde mental da população.
A desigualdade na distribuição da arborização urbana, no entanto, revela desafios importantes para o planejamento e a gestão ambiental nas cidades brasileiras — especialmente na Amazônia, onde apesar da grande biodiversidade, quem vive nos grandes centros urbanos têm menos acesso à arborização.