Acesso à água potável influencia na saúde de comunidades ribeirinhas no Amazonas

Lugares como áreas de palafitas, becos e comunidades de difícil acesso, em geral, possuem deficiência de água tratada, gerando preocupação.

Recurso essencial, a água é o mais importante elemento para a sobrevivência da vida humana. Esse elemento compõe de 60 a 70% do peso corporal, regula a temperatura interna e é essencial para todas as funções orgânicas. Por isso, em média, o organismo humano precisa de 4 litros de água por dia. A Organização das Nações Unidas (ONU), escolheu o dia 22 de março como Dia Mundial da Água com o intuito de conscientizar a população sobre a importância dessa substância vital.

Contudo, nem todos os lugares possuem o acesso à água potável, tratada e adequada para o consumo humano. Isso pode contribuir para o aumento de doenças como diarreias, hepatite A, febres tifoides e pararifoides, cólera, parasitoses, dentre outras.

No Amazonas, por exemplo, lugares como áreas de palafitas, becos e comunidades de difícil acesso, em geral, sofrem com a deficiência de água tratada. Ainda assim, nos últimos 4 anos e meio, mais de 300 comunidades foram mapeadas e começaram a ter acesso à água tratada, de acordo com a Águas de Manaus.

A empresa que fornece água tratada informou também ao Portal Amazônia que foram implantados mais de 150 mil metros de novas tubulações de abastecimento para garantir água potável em locais de difícil acesso em Manaus, adaptando as estruturas à geografia de cada local. Somente nestas regiões, mais de 130 mil pessoas que não contavam com acesso a abastecimento passaram a ter acesso à água. 

Acesso à água potável previne de risco à doenças. Foto: Divulgação/Águas de Manaus

Como é identificada a falta de água nesses lugares?

Existem vários programas de relacionamento com a concessionária de águas da capital amazonense, como o ‘Vem Com a Gente’, que auxiliou na universalização do serviço de águas na cidade, com obras de extensão de rede.

Outro programa é o ‘Afluentes’, que por meio do relacionamento com as lideranças comunitárias, a concessionária conversa com os moradores, busca entender suas necessidades e ouvir as sugestões e opiniões. De acordo com a empresa, esse programa já tem a adesão de mais de 1.150 líderes comunitários em Manaus.

Esse relacionamento é essencial para identificar as reais necessidades da população. Como dito anteriormente, a ingestão de água contaminada e imprópria para consumo aumenta a probabilidade de adquirir doenças. Com a adequação do serviço e acesso da população, as doenças tem a tendência de diminuir. 

E os dados da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas – Drª Rosemary Costa Pinto (FVS-RCP) apontam que, com o acesso à água em 2022, foram registrados seis casos de hepatite A na capital amazonense. O dado representa 82,4% de queda em relação a 2019, quando foram confirmados 34 casos da doença.

O número de pacientes com leptospirose também diminuiu nos últimos anos, com 32 ocorrências em 2022, contra 43 em 2019 – ou seja, redução de 25,6%. Ainda de acordo com a FVS-AM, as ocorrências de diarreia aguda, uma das principais doenças causadas pela ingestão de água contaminada, caíram em mais de dois mil casos no período, saindo de 99.974 registros em 2019 para 97.735 casos em 2022. 

No Amazonas

Se em Manaus o acesso a água própria para consumo já tem suas dificuldades dependendo da região, o cenário no Estado é ainda mais preocupante. A nível estadual, há uma parceria entre a Companhia de Saneamento do Amazonas (Cosama), a Defesa Civil do Estado, Unicef e prefeituras municipais, denominado ‘Água Boa’.

O projeto já contemplou 33 comunidades e beneficiou cerca de 205 mil pessoas, sendo a maior parte da população atendida de origem indígena, como por exemplo no município de Atalaia do Norte, na região do Vale do Javari, onde habitam povos de várias etnias.

Em nota, a assessoria da Cosama informou que o objetivo do projeto é proporcionar “em primeiro lugar a qualidade de vida das pessoas, a saúde da população ribeirinha e, sobretudo, a saúde infantil com redução da mortalidade”. 

A gerente socioambiental da Companhia, Claudia Cruz, explicou que o trabalho realizado nas comunidades inicia, assim como a Águas de Manaus faz, por meio de entrevistas e conversas com os comunitários. 

“Trabalhamos o social dentro das comunidades através de entrevistas nas residências, fazendo o levantamento das maiores dificuldades enfrentadas pelos moradores, realizamos palestras educacionais nas escolas e aos comunitários sobre o uso correto do sistema. Para a implantação do projeto, é necessária a realização de análises físico-químicas para fazer o diagnóstico da qualidade da água e, assim, verificar se aquele local está apto para receber e levar o sistema em conjunto com outros órgãos, beneficiando as comunidades como um todo”,

relatou Cláudia.

Foto: Divulgação/Cosama

Em 2022, foram instalados três sistemas simplificados do projeto no município de Anamã, durante o período de enchente dos rios. A enchente, que chega a durar mais de cinco meses na cidade, obriga a população a se adaptar a uma nova rotina e hábitos, gerando também novos problemas, principalmente relacionados ao consumo de água potável.

Para uma das moradoras do município, Cláudia Souza, de 46 anos, ter acesso à água tem sido importante para a saúde da população: “A água tratada que chegou aqui é muito boa, nesse tempo da cheia dos rios. A água do poço, que a gente pegava antes, estava ruim para beber e causando doenças nas nossas crianças”.

Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

Amapaense vence prêmios internacionais por geração de energia a partir de óleo residual

Estudante de 14 anos buscou alternativa por conta do acesso limitado de energia elétrica nas comunidades locais e devido ao descarte incorreto de óleo já usado.

Leia também

Publicidade