HQ acreana entra para lista de programa nacional de incentivo à leitura

A história se passa no Seringal Santo Antônio, no interior do Acre, onde seringueiros são assediados por negociantes de terras da empresa onde o protagonista, José, trabalha na capital Rio Branco.

O livro Mapinguari, que conta a história e a realidade de como as comunidades da Amazônia vivem, é uma obra feita no formato de história quadrinhos (HQ) e foi aprovada para compor a lista do Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD). O programa atende escolas públicas de todo o país. O Mapinguari, segundo as crenças amazônicas, é um gigante peludo com olho na testa que guarda as florestas contra caçadores e exploradores.

A publicação é uma criação de André Miranda e Gabriel Góes, foi coeditada pela FTD Educação e pelo WWF-Brasil. A história se passa no Seringal Santo Antônio, no interior do Acre, onde seringueiros são assediados por negociantes de terras da empresa onde o protagonista, José, trabalha na capital acreana, Rio Branco.

A diretora de Engajamento do WWF-Brasil, Gabriela Yamaguchi, explica que a história de Mapinguari nasceu como um projeto educacional do WWF Brasil que distribuiu, inicialmente, para escolas e jovens no Acre, com parceria de organizações como o Comitê Chico Mendes e o Conselho Nacional de Comunidades Extrativistas (CNS).

HQ Mapinguari conta histórias de comunidades do Acre. Foto: Divulgação

“A jornada da obra, que foi lançada e selecionada pelo PNLD, nasceu em novembro de 2021, quando, em uma parceria inédita entre a editora FTD Educação e o WWF Brasil, foi lançada uma nova edição. Dessa vez colorizada, a obra foi acolhida cuidadosamente pela equipe e direção da FTD Educação que, ao realizar a colorização, aumentou ainda mais a contribuição de uma obra que combina cultura cinematográfica e leitura em referências audiovisuais que os autores vivenciaram ao visitar as comunidades extrativistas no Acre”, comenta Gabriela.

A diretora afirma que a HQ tem uma linguagem de imagens que reproduz uma sensação visual e uma movimentação que fica semelhante a de um roteiro de cinema, semelhante a que um material produzido em vídeo traz para os expectadores.

“Isso tem um motivo, André Miranda [autor] é um roteirista de cinema, e Gabriel Góes [roteirista] tem uma experiência gigante na linguagem das histórias em quadrinhos. A combinação da experiência desses dois autores em retratarem o que eles vivenciaram ao visitar as comunidades no Acre e entender a origem, a cultura, o modo de vida, desafios das comunidades extrativistas estão retratadas nessa obra”, 

acrescenta.

José, o personagem principal, vive um dilema que é o emprego que arrumou, pois ameaça a comunidade onde ele e a família vivem, no interior do Acre. Foto: Divulgação

Os avaliadores do Ministério da Educação (MEC) analisaram Mapinguari como uma obra com potencial que amplia o repertório linguístico e cultural dos estudantes e, ao mesmo tempo, promovendo o pluralismo de ideias e a leitura crítica de mundo: “Essa contribuição de linguagem literária de roteiro visual tem uma percepção de uma nova história em quadrinho, a gente tem, em primeiro lugar, uma contribuição artística cultural que marca o momento imprescindível da nossa sociedade, que é a necessidade da valorização da produção cultural, literária e artística do Brasil”.

Gabriela Yamaguchi lembra que o reconhecimento é importante também, pois a proteção das florestas, do Cerrado, da mata atlântica são cruciais para que os estudantes conheçam aspectos, soluções e desafios dos povos da floresta para a conservação do meio ambiente.

“As comunidades extrativistas e os seringais no Acre são exemplos de que é possível viver bem e estar em harmonia com a natureza, sem destruição, sem exagero, desperdício, ou perda de tantos recursos que foram, ao longo das últimas décadas, dos últimos séculos, trazendo a crise climática para a nossa realidade. É um tema muito atual falar e retratar sobre o desafio e soluções que as comunidades extrativistas, representadas pelos seringueiros na Amazônia, trazem como exemplo”, complementa. 

Seleção

Sobre o livro ter sido selecionado, Gabriela afirma que é importante o PNLD ter selecionado Mapinguari porque vai ser possível fortalecer as contribuições do conhecimento da arte, cultura e conhecimento de um tema tão atual no Brasil, que é a convivência em harmonia com a natureza pelas comunidades extrativistas para as escolas, estudantes e suas famílias.

“Assim, mais pessoas podem conhecer essa obra e se inspirar a conhecer a diversidade e complexidade que o Brasil tem. Mapinguari é uma obra que já está à disposição do público em livrarias em todo o Brasil e também no site da editora FTD. Comprar o livro e conhecer a obra ajuda as pessoas a contribuírem nos projetos de conservação e restauração dos ecossistemas”, declara

Sobre o livro

José, o personagem principal, vive um dilema: o emprego que conseguiu na capital acreana ameaça a comunidade onde ele e a família vivem, em um seringal no interior do Acre. Quando ele volta para casa, após ter ficado anos fora, José faz uma imersão na história de sua família e dos valores locais. Entre realidade, mito e sonho, a HQ Mapinguari representa os mistérios que permeiam o progresso que destrói as florestas e a conservação delas.

O livro aborda as desigualdades sociais entre a cidade e o campo e as diferentes formas de vida entre a devastação da Amazônia e a relação do país com os povos indígenas. José e os demais personagens acabam por encarar os desafios que os jovens enfrentam entre escolher o que desejam e suas consequências para a vida e o meio ambiente.

*Por Janine Brasil

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