Efeitos das mudanças climáticas. Foto: divulgação
O projeto Restaura+ (Restauração Ambiental: integrando bioeconomia e projetos de REDD+ como estratégia de mitigação das mudanças climáticas e geração de renda em comunidades tradicionais da Amazônia) é uma iniciativa da Universidade Federal do Oeste do Pará que envolve diversas unidades acadêmicas, incluindo dois campi regionais.
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Entre seus objetivos estão: estimar os fluxos de carbono, metano, parâmetros biofísicos, balanço de energia, estoques de CO2 no solo, evapotranspiração e produtividade de monoculturas de interesse bioeconômico na região do Baixo Amazonas, como mandioca, abacaxi, milho e cumaru.
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Sobre o projeto
O Restaura+ conta com financiamento da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e dispõe de ferramentas que possibilitam conhecer o impacto da mudança de disponibilidade hídrica para as culturas e seu potencial de captura de CO2 na atmosfera. Esse conhecimento pode ajudar na elaboração de ações de enfrentamento ao aquecimento global.
Os equipamentos adquiridos no projeto atuarão em conjunto com a rede de sensores do projeto “Categoria – Centro de Agricultura, Tecnologias, Estudos Geoambientais Observacionais e Referência em Inovação da Amazônia”, também ligado ao Ibef.

Com o Observatório Atmosférico da Amazônia, instalado na Fazenda Experimental da Ufopa, já é possível obter informações relacionadas ao clima da região. A partir do trabalho coordenado com os equipamentos específicos do Restaura+ e parcerias, será possível caracterizar a interação biosfera-atmosfera de culturas de interesse bioeconômico e seu papel no balanço de carbono local e regional.
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De acordo com o coordenador, o projeto prevê geração de produtos e informações com potencial de aumentar a geração de emprego e renda. “O Restaura+ apresenta produtos e ferramentas com potencial elevado de mitigar os efeitos adversos das mudanças climáticas e, ao mesmo tempo, aumentar o bem-estar da população do Oeste do Pará e região”, disse professor Gabriel Costa.
Segundo ele, a cooperação entre grupos de pesquisa que estudam a interface água-solo-planta-atmosfera irá promover a formação de recursos humanos e aumentar a qualidade da produção científica a partir dos programas de pós-graduação envolvidos na ação.
Parcerias
O projeto conta com a parceria do Instituto Federal do Pará (IFPA), da Universidade Federal do Pará (UFPA) e da Universidade Federal do Amazonas (Ufam). Os sítios experimentais do Restaura+ abastecem com dados a Sala de Situação Meteorológica do Tapajós, localizada na Unidade Tapajós da Ufopa, em Santarém; o sítio experimental do IFPA fornece dados para a sala de situação meteorológica da UFPA e, na Ufam, o sítio experimental fornece dados para a sala de situação meteorológica da própria universidade. “O compartilhamento de dados, informações e expertises é fundamental para a construção de boletins agroclimáticos mais precisos para as regiões de estudo”, destacou Costa.
Benefícios
Com esse conjunto de infraestrutura que envolve o projeto, empresas de base tecnológica poderão ter acesso a mais serviços agrometeorológicos (aplicação de dados meteorológicos e climáticos para otimizar as atividades agrícolas), assim como também será possível melhor gestão dos recursos naturais.
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A perspectiva da coordenação é que os resultados do projeto sirvam de subsídio para políticas públicas e tomadas de decisão quanto a diretrizes em projetos de Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação florestal (REDD+). Os projetos REDD+ são iniciativas que incentivam financeiramente países em desenvolvimento a reduzir as emissões de gases de efeito estufa provenientes do desmatamento e da degradação florestal.
Comunidades envolvidas
Na dimensão extensionista, o projeto visa a aproximar-se de comunidades tradicionais que possuem cooperativas em acordos de cooperação com a Ufopa, realizando palestras sobre: ciclo do carbono; mudanças climáticas e comunidades tradicionais, com foco em adaptação e mitigação; o que é REDD+; mercado de carbono, entre outras temáticas.

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A Ufopa já possui acordos de cooperação técnica com cooperativas e associações agrícolas, como as comunidades ribeirinhas de Surucuá e Parauá, localizadas às margens do rio Tapajós, em Santarém.
O projeto também prevê mutirões de elaboração do Cadastro Ambiental Rural (CAR) para pequenos produtores que se comprometam com práticas sustentáveis em suas lavouras. “Outras comunidades da região de Santarém e Juruti poderão ser visitadas à medida que suas cooperativas estabeleçam acordo de cooperação técnica com a Universidade”, enfatizou o coordenador.
Apresentação na COP 30
O projeto Restaura+ foi apresentado durante a Conferência das Partes (COP30), em Belém (PA), no período de 10 e 21 de novembro de 2025. A iniciativa foi classificada em 15.° lugar entre 340 projetos de todo o Brasil na chamada pública para a seleção dos projetos desenvolvidos pela Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (RFEPCT). Participou da exposição em colaboração com o Instituto Federal do Pará (IFPA).
