Produção de mel se torna fonte de renda para famílias de apicultores no Acre

De acordo com a Secretaria de Agricultura do Estado (Seagri), existem mais de 200 produtores de mel nas regiões do Alto e Baixo Acre.

Foto: Reprodução/Rede Amazônica AC

O apicultor Gildemar dos Santos trabalha com a produção de mel há seis anos, no município de Senador Guiomard, no Acre. Com a ajuda do filho, ele se prepara para mais um dia de coleta do mel, checa as roupas de proteção e abastece o fumegador.

“A arma do apicultor hoje é o fumegador. Ou então a gente coloca fumaça, não com essa, com muito cuidado pra não usar muito fumaça, pra não dar problema no mel, né? Porque a fumaça, o mel, ele é muito fácil de contaminar com o cheiro e com o sabor. Se você colocar muita fumaça, ela vai pegar o cheiro do mel sabor. Então, tem o sistema certinho de colocar a fumaça pra não chegar contaminar o mel”, explica.

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Foto: Reprodução/Amazônia Agro

Os equipamentos são necessários para verificar as cerca de oitenta colmeias de abelhas conhecidas por aqui como italianas, espécie que é resultado do cruzamento de abelhas africanas com europeias.

Gildemar é apicultor há 30 anos, mas desenvolve a produção de mel na região há seis e trabalha em parceria com fazendas de gado. Ele usa áreas das propriedades para instalar os apiários, caixas onde ficam as colmeias. Em troca, o produtor fornece mel para os fazendeiros.

“A gente usa um lugar que a fazenda não usa. Você vê que é estratégico e é um lugar, um buraco , entendeu? Então, a fazenda não usa esse espaço. A gente destinou para a apicultura. Daqui mais uns 50, 60 metros tem água que é muito importante para as abelhas. Elas refrigeram muito a casa com água, muita água, entendeu? Então, tem que ter água próxima e a gente usa na fazenda com parcerias com os donos das fazendas em lugares estratégicos e não atrapalha o ritmo de trabalho da fazenda. É que a gente se beneficia com isso também”, afirma Gildemar.

A reportagem da Rede Amazônica acompanhou algumas das mais de 80 colmeias que o seu Gildemar possui nas propriedades da região. É dali que eles vão tirar as melgueiras, que são estruturas que possuem os favos da onde eles extraem o mel. Para fazer a retirada dessas melgueiras, eles jogam a fumaça com o fumegador pra afastar as abelhas e assim poderem tirar as melgueiras com segurança.

Depois da coleta, ele retorna para a casa, no ramal da Bonal. Lá, as melgueiras são levadas para um galpão, onde o mel é extraído por meio de uma centrífuga. Após os processos de extração e filtragem, o mel é envasado em uma sala e depois rotulado. O produto é encaminhado para redes de supermercados e pequenos comércios da capital.

“Hoje a gente está com esse mel nas duas maiores redes de supermercados e outros mercadinhos que se envolvem já trabalhando com o nosso produto também. É um ponto principal de renda que eu tenho, entendeu? Hoje, a apicultura realmente me mantém, então é nela que eu foco. Ela é o meu ponto principal, minha atividade principal, o meu trabalho para minha sobrevivência”, garante.

E Gildemar quer expandir o catálogo de produtos resultantes da criação das abelhas.

“Na verdade, o produto que a abelha trabalha, que é mais barato para o consumidor, é o mel e o mel é um dos produtos mais barato que tem. A gente tem a possibilidade de tirar agora a cera, a possibilidade de tirar o própolis e o pólen. Esses três a gente vai entrar com um recurso agora no Idaf Para legalizar o produto, para mandar no mercado. A gente trabalhou com uns derivados do mel, que foi produtos cosméticos, entendeu? E do própolis também que a gente trabalhou com pomada de própolis, sabonete e tudo feito derivado do mel e alguns esfoliantes. E alguns cremes, assim também, foram os quatro itens produzidos do mel”.

Fonte de renda para famílias

A produção de mel no Acre é importante para muitas famílias. Segundo a Secretaria de Agricultura do Estado (Seagri), existem mais de 200 produtores de mel nas regiões do Alto e Baixo Acre.

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Mas a produção ainda é pequena se comparada com o restante do país. Em 2023, o Acre foi o menor produtor com pouco mais de nove toneladas em todo o ano. Pra se ter uma ideia, o maior produtor, o Rio Grande do Sul, teve uma produção mil vezes maior que o Acre no mesmo período.

O estado possui ainda o segundo menor valor de produção do mel de abelha, com R$ 557 mil, superando apenas o Amapá.

“Cada um quilo dá um litro, digamos, de mel das abelhas sem ferrão é algo de R$ 120. Já o mel de abelhas com ferrão, é algo de R$ 75, então é um valor, o preço é diferenciado, mas cada um tem o seu valor, tanto para o medicinal e outras finalidades,” explica Zandra Pilar, técnica da Seagri-AC. Para quem trabalha com a criação de abelhas, a satisfação vai muito além da renda.

“É gratificante. Você vai em um supermercado e chega lá, está o mel. Eu pensei muito tempo atrás em ver isso e hoje está sendo uma realização de muito tempo, de uma coisa que eu pensava que ia chegar lá. Que esse é o mel da minha indústria, da indústria onde a gente processa, a gente que está colocando e isso é muito gratificante pra gente”, diz Gildemar.

*Por Murilo Lima, da Rede Amazônica AC

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