Se Rasgum: festival completa 20 anos e amplia compromissos ambientais na Amazônia

Às vésperas da Conferência da ONU sobre o Clima, o festival mais longevo de Belém reforça compromissos ambientais, une cultura e inovação e faz da Amazônia um palco de soluções sustentáveis.

Foto: Mariana Almeida

O Festival Se Rasgum completa duas décadas em 2025 reafirmando um princípio que já faz parte de sua identidade: celebrar a música e a cultura amazônica com responsabilidade climática. O evento, que se tornou referência em inovação cultural no Norte do Brasil, expande este ano sua Plataforma de Sustentabilidade com novas metas, parcerias internacionais e ações de impacto que dialogam diretamente com a COP 30, que será realizada em Belém em novembro.

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As iniciativas seguem os parâmetros da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) e buscam elevar o patamar de atuação do festival. A meta é desviar 90% dos resíduos do aterro sanitário e garantir 100% de destinação correta.

Isso inclui a separação integrada entre recicláveis e orgânicos, a logística reversa e o reaproveitamento criativo de materiais, como banners e lonas, transformados em novos produtos.

A compostagem é um dos destaques, com estações que tratarão os resíduos orgânicos produzidos no evento, reduzindo emissões de gases de efeito estufa e gerando insumos que podem retornar como adubo para a cidade. O público encontrará sinalizações claras para descarte, além de ativações lúdicas que transformam a experiência em aprendizado coletivo.

Além disso, um inventário detalhado medirá todas as emissões geradas pelo festival, desde o transporte de público e artistas até o consumo de energia. A neutralização será feita com créditos de carbono certificados.

O festival realizará ainda ações de plantio de mudas em áreas estratégicas, ampliando a biodiversidade, combatendo as mudanças climáticas e deixando marcas positivas para as próximas gerações.

Inovação e circularidade

A Plataforma ganha novo fôlego com a entrada do Regenera Project, iniciativa que une tecnologia, economia circular e design regenerativo para transformar resíduos em oportunidades. A parceria aproxima ciência, inovação e arte, mostrando que grandes eventos podem ser laboratórios vivos de práticas sustentáveis.

Todas essas ações são coordenadas pela Composta Belém, startup socioambiental reconhecida por sua expertise em transformar grandes eventos em experiências sustentáveis. A integração de cooperativas de catadores formalizados garante não apenas eficiência na gestão de resíduos, mas também inclusão social e geração de renda, valorizando trabalhadores que estão na linha de frente da reciclagem.

Cultura e clima em diálogo global

O Se Rasgum também reforça sua dimensão internacional ao receber o projeto Earth Sonic, da ONG britânica In Place of War (IPOW), em colaboração com a British Council. A iniciativa conecta artistas amazônidas e britânicos em criações musicais que traduzem os impactos da crise climática em linguagem artística.

O resultado será um EP colaborativo, performances ao vivo em Belém e apresentações durante a COP30 e em Londres, projetando a Amazônia para o mundo como fonte de inovação cultural e ativismo climático.

Esse intercâmbio ocorre dentro da Conferência ALMA (Amazônia Legal Música & Arte), realizada de 3 a 5 de setembro, que antecede o festival e se consolida como espaço de diálogo e formação. A ALMA propõe mesas, oficinas e encontros gratuitos que conectam artistas, pesquisadores, lideranças comunitárias e o público em debates sobre meio ambiente, economia criativa e o papel da cultura como ferramenta de transformação social.

Amazônia no centro das soluções

Com a COP 30 se aproximando, Belém se prepara para receber chefes de Estado, cientistas e organizações de todo o planeta. O Se Rasgum, que nasceu e cresceu na cidade, entende esse momento como oportunidade única para mostrar que a região não é apenas palco de discussões, mas produtora de soluções concretas.

Ao completar vinte anos, o festival reafirma que promover música na Amazônia é também afirmar compromissos ambientais. Sua Plataforma de Sustentabilidade conecta economia circular, neutralização de carbono, inovação social e diálogo cultural, mostrando que o futuro pode ser desenhado a partir da floresta.

Em 2025, o Se Rasgum celebra a música, mas também planta sementes, literais e simbólicas, de um amanhã mais justo, consciente e sustentável para Belém, para a Amazônia e para o mundo.

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