Filme inspirado na cosmologia do povo Yanomami estreia em mostra no Festival de Cannes

‘A Queda do Céu’ será exibida na ‘Quinzena de Cineastas’, uma mostra paralela ao festival francês, que ocorre de 14 a 25 de maio. Filme conta a história da festa Reahu, ritual funerário e a mais importante cerimônia dos Yanomami.

O filme brasileiro ‘A Queda do Céu’, que leva o mesmo nome do livro escrito pelo xamã Yanomami Davi Kopenawa e o antropólogo francês Bruce Albert, foi selecionado para estrear na ‘Quinzaine des Cineàstes’ (Quinzena de Cineastas), mostra paralela ao Festival de Cannes, na França, que ocorre de de 14 a 25 de maio neste ano.

Criado em 1946, o Festival de Cannes é um dos mais famosos e prestigiados festivais de cinema do mundo e chega a 77ª edição este ano. A data para primeira exibição de ‘A Queda do Céu’ ainda deve ser anunciada.

Filme ‘A Queda do Céu’, gravado com o povo Yanomami, é selecionado para participar da Quinzena de Cineastas de Cannes. Foto: Divulgação

Produzido pela produtora Aruac Filmes e dirigido por Eryk Rocha e Gabriela Carneiro da Cunha, ‘A Queda do Céu’ conta a história da festa Reahu, ritual funerário e a mais importante cerimônia dos Yanomami, que reúne centenas de parentes dos indígenas falecidos com a finalidade de apagar todos os rastros daquele que se foi e assim colocá-lo em esquecimento.

“É um filme onde a câmera não olha só para os Yanomami, mas para nós não indígenas também. E isso sempre foi um fundamento do filme tanto para mim quanto para Eryk. Trabalhamos para fazer um filme que expressasse a materialidade onírica de uma relação”,

explica Gabriela.

Maior território indígena do Brasil, a Terra Indígena Yanomami tem quase 10 milhões de hectares. Atualmente, tem uma população aproximada de 30.400 mil indígenas que vivem em 386 comunidades.

A partir de três eixos fundamentais do livro (Convite, Diagnóstico e Alerta), o filme apresenta a cosmologia do povo Yanomami, o mundo dos espíritos Xapiri pë, o trabalho dos xamãs para segurar o céu e curar o mundo das doenças produzidas pelos não- indígenas, o garimpo ilegal, o cerco promovido pelo povo da mercadoria e a vingança da Terra.

Lançado em 2010, originalmente em francês, ‘A Queda do Céu: Palavras de um Xamã Yanomami’ reúne reflexões de Davi Kopenawa, contadas ao seu amigo Bruce Albert, sobre o contato de seu povo com os não indígenas desde os anos 1960.

“O filme é um diálogo com o livro homônimo de Davi Kopenawa, xamã Yanomami e um dos maiores líderes indígenas do mundo, e Bruce Albert, antropólogo francês. A obra é considerada por muitos especialistas como uma das mais importantes da contemporaneidade”,

explica a Aruac Filmes.

Além da produção da Aruac Filmes, o filme conta com apoio do Instituto Socioambiental (ISA), co-produção da Hutukara Associação Yanomami (HAY) e Stemal Entertainment com Rai Cinema e produção associada de Les Films d’ici.

Sobre os diretores

Eryck Rocha, é natural de Brasília e já disputou a Palma de Ouro de melhor curta-metragem por “Quimera” em 2004. Além disso, recebeu o L’Œil d’or (Olho de Ouro) de melhor documentário no Festival de Cannes por ‘Cinema Novo’ em 2016.

Gabriela Carneiro da Cunha, nasceu no Rio de Janeiro e faz sua estreia em direção de cinema com “A Queda do Céu”. A artista também é atriz e idealizadora do projeto Margens – sobre Rios, Buiúnas e Vagalumes por meio do qual desenvolveu as peças “Guerrilha” e “Altamira 2042”.

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