Castanha-da-amazônia sofre ação de fungos em contato com o solo ou no transporte que compromete qualidade do fruto. Foto: Robervaldo Rocha/CBA
Pesquisadores do Centro de Bionegócios da Amazônia (CBA), com apoio da Finep, estão utilizando inteligência artificial para combater a contaminação por Aspergillus flavus, fungo causador de aflatoxinas na castanha-da-amazônia. A iniciativa visa tornar o produto mais seguro e competitivo, reduzindo os riscos à saúde e perdas econômicas na cadeia produtiva.
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A tecnologia envolve processos de inativação de microrganismos e validação com luz UV, em parceria com a startup Getter S.A e a agroindústria Abufari. O Amazonas, maior produtor nacional, é referência na qualidade das sementes, e o projeto busca beneficiar as comunidades extrativistas com inovação e rastreabilidade do produto.
O Centro de Bionegócios da Amazônia (CBA), em parceria com a Finep, está conduzindo um projeto inovador que utiliza inteligência artificial para identificar e combater o fungo Aspergillus flavus, responsável pela produção de aflatoxinas – toxinas com efeitos cancerígenos que afetam a qualidade da castanha-do-brasil. O problema, que compromete diretamente a segurança alimentar, também causa prejuízos econômicos significativos a todos os envolvidos na cadeia produtiva, desde extrativistas até processadores e exportadores.
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A contaminação ocorre frequentemente logo após a queda do ouriço, quando as amêndoas entram em contato com o solo úmido, favorecendo a proliferação do fungo. Mercados nacionais e internacionais possuem regulamentações rigorosas quanto aos limites de aflatoxinas permitidos nos alimentos, o que inviabiliza a comercialização de lotes contaminados e afeta a renda de pequenos produtores e outros atores da cadeia.
Para enfrentar esse desafio, o CBA está desenvolvendo uma solução tecnológica que vai além da detecção de amêndoas contaminadas. Os estudos buscam não apenas identificar a presença do fungo de forma rápida e precisa, mas também reduzir os níveis de toxinas em sementes contaminadas por meio de métodos de inativação de microrganismos ou de quebra molecular para neutralizar as aflatoxinas. Essa abordagem promete salvar parte da produção que seria descartada, ampliando a segurança alimentar e o potencial de mercado do produto.
A iniciativa conta com o apoio da startup Getter S.A., que atua na aplicação de inteligência artificial para gestão de processos e controle de qualidade. Esta é a primeira experiência da Getter no setor de bioeconomia, marcando sua contribuição para o fortalecimento de cadeias produtivas sustentáveis. A empresa destaca que a tecnologia pode ser uma aliada importante na redução de perdas e na melhoria dos processos logísticos e de armazenamento, áreas críticas para a qualidade final da castanha.
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Os pesquisadores envolvidos no projeto acreditam que essa solução inovadora poderá transformar a realidade da cadeia produtiva da castanha-do-brasil, beneficiando diretamente as comunidades extrativistas. Ao mesmo tempo, a tecnologia reforça o papel da ciência e da inovação na promoção da sustentabilidade econômica e ambiental da Amazônia, aumentando a competitividade da castanha em mercados globais e garantindo melhores condições de vida para os povos da floresta.
Atualmente, o projeto está na fase 1 em que os pesquisadores estão atuando na caracterização do produto, ajuste das metodologias e na construção do equipamento que vai auxiliar na redução da atuação do fungo.
*Informações extraídas no site da Finep: