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Encantos e Resistência: lendas afro-amazônicas são valorizadas em projeto realizado em Tefé, no Amazonas

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Foto: Ronildo Cavalcante da Silva

Histórias passadas de geração em geração em comunidades quilombolas e ribeirinhas estão ganhando novos registros por meio do projeto ‘Encantos e Resistência – Lendas Afro-Amazônicas‘, em andamento no município de Tefé, no Amazonas. Idealizada por Oseas Pereira Sena, a iniciativa está em fase de pesquisa de campo, com entrevistas e encontros junto a moradores locais.

A proposta do projeto é reunir relatos, saberes e lendas de matriz africana que, por muito tempo, permaneceram invisibilizados nos registros oficiais da cultura amazônica. O material coletado será transformado em um livro digital multimídia de acesso público, ampliando o alcance das narrativas e garantindo sua preservação para futuras gerações.

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O projeto foi contemplado pela Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura, com apoio do Fundo Estadual de Cultura (FEC), Conselho Estadual de Cultura do Amazonas (Conec), Ministério da Cultura e Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa, bem como do Governo Federal.

Trabalho com lendas afro-amazônicas é inédito
Foto: Ronildo Cavalcante da Silva

Trabalho com lendas afro-amazônicas é inédito

O ‘Encantos e Resistência – Lendas Afro-Amazônicas’ é uma iniciativa autoral e inédita, criada com o propósito de registrar, preservar e divulgar as histórias e lendas afro-amazônicas, que refletem a ancestralidade, resistência e magia do povo negro no interior da Amazônia.

Por meio da criação de um livro digital, o projeto resgata narrativas transmitidas oralmente, compondo um legado cultural que fortalece as identidades negras e promove a inclusão social.

Leia também: Conheça 10 afrodescendentes símbolos de resistência no Amazonas

Composto por dez capítulos, cada um dedicado a uma lenda afro-amazônica, o livro é fruto de uma profunda pesquisa histórica e da coleta de depoimentos diretamente das comunidades. Elementos como músicas tradicionais, histórias de resistência quilombola e representações artísticas enriquecem a obra, conferindo-lhe autenticidade e profundidade. O evento de lançamento comunitário e a disponibilização gratuita do material digital reforçam seu caráter inclusivo e transformador.

Segundo os organizadores Oseas Pereira Sena, mais do que resgatar histórias, a proposta se apresenta como um movimento de resistência e memória, reconhecendo o papel fundamental da população negra na formação da identidade amazônica.

“As lendas afro-amazônicas carregam fé, luta e resiliência. Dar voz a essas memórias é também um ato de justiça histórica”, destacou Sena.

As ações abrangem não apenas Tefé, mas também na comunidade de São Sebastião do Embaú, pertencente ao município de Alvarães, envolvendo os moradores em atividades de coleta de depoimentos, registro de músicas tradicionais e celebrações comunitárias.

O objetivo é dialogar com diferentes públicos, valorizando a diversidade cultural e assegurando a continuidade dessas tradições. Assim, o projeto reafirma a riqueza cultural afro-amazônica, transformando a memória em patrimônio e fortalecendo o sentimento de pertencimento coletivo na região.

*Com informações da Agência Amazonas

Projeto de voo direto fortalece cooperação internacional entre Amapá e Guiana Francesa

Projeto investe em voo direto entre Macapá e Caiena. Foto: Israel Cardoso/GEA

A viabilidade e as condições para implantação de uma linha aérea regular entre Macapá, no Amapá, e Caiena, na Guiana Francesa, foram tema de um encontro entre o governador Clécio Luís, a Câmara de Turismo da Guiana Francesa (CTG) e a empresa Guyane Express Fly. A reunião, que aconteceu no dia 3 de setembro, integra a estratégia de aproximação econômica, turística e cultural entre os dois territórios, fortalecendo o eixo de conectividade amazônica.

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Segundo o governador, assim como a coletividade territorial da Guiana Francesa ajudou a viabilizar o voo, o Amapá também fará a sua parte no que estiver sob governabilidade direta do Estado, adotando medidas para viabilizar a operação. Como exemplo, Clécio mencionou a possibilidade de reduzir o ICMS do combustível da aviação para baixar os custos.

“Retomamos essa cooperação há dois anos e todas as pautas caminharam, mas nós ansiávamos muito por ter novamente essas linhas aéreas ligando os dois povos. Eu vejo que é um momento muito importante, no qual cada vez mais guianenses estão vindo para o Amapá e amapaenses estão indo conhecer a Guiana Francesa. Essa linha vai estreitar ainda mais as relações comerciais, as relações diplomáticas, as relações turísticas entre os dois povos irmãos”, destacou o governador.

A operação de voo direto entre as cidades está prevista para iniciar até o final de 2025 e evitará o deslocamento via Belém ou conexões mais longas, o que atualmente encarece e aumenta o tempo das viagens. O modelo da aeronave destinado à rota Macapá–Caiena será o Let L-410 Turbolet, com capacidade para 19 passageiros, em operação com duas unidades. Trata-se de uma aeronave bimotora leve, adequada para curtas distâncias e pistas regionais.

“Apresentamos esse projeto para a CTG, que entrou como investidor. Quando recebermos as aeronaves, estaremos prontos para operar”, afirmou Frank Louidom, CEO da Guyane Express Fly.

Leia também: Portal Amazônia responde: a maior fronteira da França é com o Brasil?

voo direto entre macapa e caiena é negociado. Aeronave Let L-410 Turbolet.
Foto: Israel Cardoso/GEA

Voo direto fortalece relações transfronteiriças

A abertura da rota representa o fortalecimento das relações transfronteiriças, em alinhamento com as diretrizes estratégicas do Acordo de Cooperação Brasil–França. A proposta busca incentivar o turismo regional, de eventos e negócios, ao reduzir barreiras logísticas para investidores e empresários, especialmente nos setores de comércio exterior, mineração, agronegócio e serviços, integrando o Platô das Guianas como um corredor econômico internacional.

“O assunto que nos reúne hoje é o restabelecimento de uma linha entre Macapá e Caiena. A abertura dessa linha fortalece o turismo, economia e interação cultural entre as nações. Nossa vontade é unir o espaço aéreo da Guiana e do Amapá seguindo todas as etapas e regras necessárias”, ressaltou Jean-Lu Le West, presidente da CTG, responsável pelo Desenvolvimento Econômico e Turismo e também presidente do Comitê de Turismo da Guiana Francesa.

Leia também: 3 lugares diferentes para conhecer na Guiana Francesa

Também estiveram presentes no encontro os secretários de Estado da Casa Civil, Lucas Abrahao; das Relações Internacionais e Comércio Exterior, Fabrício Pernafort; da Comunicação, Ana Girlene; além do diretor-presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico do Amapá (Agência Amapá), Wandenberg Pitaluga.

*Com informações da Agência Amapá

Ex-instrumentista do Carrapicho, Rosivaldo Cordeiro conquista a França com sua musicalidade

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Produzindo dois novos álbuns, Rosivaldo Cordeiro, ex-integrante da banda Carrapicho, é embaixador oficial da Amazônia na Europa. Foto: Divulgação

O som amazônico ecoa além das fronteiras brasileiras pelas mãos de um instrumentista nascido em Manaus (AM). Rosivaldo Cordeiro, que integrou a banda Carrapicho nos anos 1990, vive há nove anos na França e vem se destacando por projetos culturais que unem tradição regional e inovação musical.

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Entre os instrumentos que carrega como identidade estão o bandolim, o cavaquinho e o violão de sete cordas. Cordeiro é pioneiro em iniciativas que divulgam ritmos amazônicos, como a guitarrada, em território europeu. Em 2018, recebeu o título de embaixador oficial da Amazônia na França, concedido pela Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (Aleam), reconhecimento que consolidou sua trajetória internacional.

“Quando se fala de Amazônia, todo mundo se remete diretamente à floresta, mas a nossa cultura é muito ímpar, principalmente quando se fala da música também, porque nós temos a tríplice fronteira. Então, são encontros de muitas vertentes através do rio. Eu trago isso na minha musicalidade. Não só do lado mais clássico, mas também na música de salão”, declarou o músico.

Viral nas redes sociais

o instrumentista fez parte de uma das fases mais marcantes da música amazonense, ao integrar a banda Carrapicho. O grupo ganhou projeção internacional com a música “Tic, Tic, Tac”, lançada na década de 1990 e regravada em diferentes países.

Leia também: Confira 10 versões do hit ‘Tic Tic Tac’, da banda Carrapicho

O sucesso atravessou décadas e voltou a ganhar força nas redes sociais. O single foi remixado e lançado na França em 1996, alcançando posições de destaque nas paradas musicais da Bélgica, Suíça e outros países. Mais de 2 milhões de cópias foram vendidas, consolidando a canção como um marco da música popular.

“É uma música que levou tanta alegria e leva até hoje para as pessoas. Na época, eu trabalhava com músicos como Klinger Araújo e nosso saudoso Zezinho Corrêa, que marcaram gerações”, relembrou o instrumentista.

Imagem colorida mostra o instrumentista Rosivaldo Cordeiro tocando um banjo e olhando para pessoas que estão a sua frente aprendendo sobre o instrumento
Foto: Divulgação

Meio século de vida e quase quatro décadas de carreira

No dia 3 de setembro, Rosivaldo comemora 50 anos de idade, sendo 39 deles dedicados à música. A trajetória inclui momentos importantes no Amazonas, como a atuação no Liceu de Artes e Ofícios Claudio Santoro, onde foi responsável pela criação do primeiro curso público de choro no Brasil.

Além das apresentações internacionais, ele mantém a dedicação ao ensino. Na França, ministra aulas utilizando instrumentos típicos brasileiros, aproximando estudantes europeus da sonoridade amazônica.

“O reconhecimento de ser um músico brasileiro, de Manaus, na Europa, eu acho que é o grande presente que eu trago nesse meio século de vida”, ressaltou.

Novos projetos musicais

Atualmente, o instrumentista está em fase de produção de dois novos álbuns. O primeiro, “Coração Latino”, reúne ritmos como cumbia, merengue, salsa, forró e carimbó. O lançamento está previsto até o fim de setembro e conta com a colaboração de familiares, que participaram das composições e gravações.

“Vai ter cumbia, merengue, salsa, forró e carimbó nesse álbum. Uma obra feita com a minha família, no período de férias, e cada um deu seu toque especial, com uma composição inclusive em francês”, revelou o artista.

Já o segundo álbum, intitulado “Alma Instrumental”, tem previsão de lançamento em novembro. O trabalho trará releituras de grandes sucessos e também composições próprias, reforçando a versatilidade do músico e sua proposta de valorizar a música amazônica em diálogo com o público europeu.

“Com a idade, vem a maturidade, uma extensa bagagem, e eu tenho certeza de que daqui pra frente o que vem é cada vez mais a representatividade e alegria amazonense para o público europeu”, finalizou.

Legado musical

Com uma carreira marcada por experiências no Brasil e no exterior, Rosivaldo Cordeiro se consolida como um dos principais representantes da cultura regional fora do país. O trabalho do instrumentista reafirma o papel da música como ponte cultural, capaz de conectar diferentes povos por meio de ritmos, melodias e histórias da Amazônia.

Estados da Amazônia Legal se articulam para acelerar regularização ambiental na região

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Foto: Rafaelle Silva/SECOM CAL

O Governo do Pará participou da primeira reunião do Grupo de Trabalho (GT) Interfederativo de Regularização Ambiental, realizada em Brasília (DF) esta semana. O encontro marca o início de uma articulação entre estados da Amazônia Legal e o governo federal para acelerar a implementação do Código Florestal e ampliar as ações de regularização ambiental na região.

Leia também: Portal Amazônia responde: o que é o Código Florestal?

O GT foi instituído no âmbito do Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável da Amazônia Legal e reúne representantes do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), da Casa Civil da Presidência da República, do Serviço Florestal Brasileiro e do Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos (MGI).

Representando o Estado do Pará, o secretário de Meio Ambiente, Clima e Sustentabilidade, Raul Protazio Romão, destacou o potencial da iniciativa para gerar resultados concretos.

“Essa é a nossa primeira reunião, marcando o reforço dessa atuação concreta voltada para entregas e resultados rápidos na agenda da regularização ambiental e da aplicação do Código Florestal”, afirmou Romão, que também é Diretor para assuntos de Cadastro Ambiental Rural (CAR) no Fórum dos Secretários de Meio Ambiente da Amazônia.

Com uma coordenação compartilhada e definição de responsabilidades técnicas, o grupo busca alinhar diretrizes e acelerar soluções conjuntas que contribuam para a redução dos passivos ambientais e a consolidação dos instrumentos de gestão territorial na Amazônia Legal.

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regularização ambiental estados da amazonia legal

Pará lidera avanços na regularização ambiental

Durante o encontro, foi citado como exemplo positivo a atuação conjunta do Pará e de outros estados amazônicos na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 473, junto ao Supremo Tribunal Federal (STF), na defesa de medidas voltadas ao combate ao desmatamento, às queimadas e à ampliação do Cadastro Ambiental Rural (CAR).

Sede da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), que será realizada em Belém em novembro de 2025, o Pará já contabiliza importantes resultados no tema. Até o momento, o Estado concluiu a análise de 9,5 milhões de hectares de CAR — área superior ao território de países como Portugal, Hungria, Áustria, República Tcheca, Irlanda e Eslováquia.

Por meio do programa Regulariza Pará, mais de 50,5 mil proprietários ou possuidores de imóveis rurais já se encontram em processo de regularização ambiental. A iniciativa fortalece a preservação ambiental, ao mesmo tempo em que garante segurança jurídica e sustentabilidade à produção rural no estado.

*Com informações da Semas PA

Você sabe o que são as populares ‘aparelhagens’ da Amazônia?

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As aparelhagens, fenômeno cultural que nasceu no Pará e rapidamente se expandiu pelo Amapá, são conjuntos de som, luz, efeitos visuais e pirotecnia que animam as festas populares. O fenômeno, ligado a ritmos regionais como brega, tecnobrega e melody, transformou-se em atração cultural que reúne multidões.

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Com sistemas de som potentes, jogos de luz, lasers, painéis de LED e efeitos pirotécnicos, cada aparelhagem carrega nome e identidade própria.

No Amapá, o Festival das Aparelhagens reúne DJs e grupos locais em apresentações que misturam tecnologia, música e dança. Na 54ª edição da Expofeira do Amapá, elas são uma atração a parte, que conquista o público:

Expofeira na Rede

A Expofeira na Rede tem o objetivo de valorizar e ampliar o impacto social, cultural, econômico e turístico da tradicional ExpoFeira do Amapá. É uma realização da Fundação Rede Amazônica (FRAM), com apoio do Grupo Equatorial, Tratalyx e Governo do Amapá.

Cientista indígena enviada especial à COP 30 propõe demarcação de terras como política climática global

Cientista indígena e liderança do povo Wapichana, Sineia do Vale é referência mundial nas discussões sobre o tema. Foto: Valéria Oliveira/Rede Amazônica RR

A cientista indígena e liderança do povo Wapichana, Sineia do Vale, foi nomeada enviada especial do Brasil para a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP 30). Sineia do Vale pretende atuar para que a demarcação de terras indígenas seja reconhecida globalmente como política climática. O encontro, que reúne líderes de várias nações, ocorre em novembro, em Belém, no Pará..

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Referência nas discussões climáticas no país e no cenário internacional, Sineia do Vale também é co-presidente do Fórum Internacional dos Povos Indígenas sobre Mudanças Climáticas (IIPFCC), o Caucus Indígena, onde trabalha para garantir a participação e os direitos dos povos indígenas nas negociações.

“O que se espera é que seja feita uma política de clima reconhecendo a demarcação das terras indígenas. Que eles [líderes dos países] reconheçam que demarcando as terras indígenas se trata é uma política de clima. A gente precisa que isso seja garantido para que os indígenas possam continuar fazendo seu papel [de proteção ambiental]”, destacou.

A defesa de Sineia pela demarcação de territórios dos povos originários está ligada à estabilidade climática proporcionada pelas florestas: áreas preservadas regulam a temperatura, conservam a biodiversidade e absorvem gases de efeito estufa, o que garante maior proteção ambiental.

Para se ter ideia, em três décadas, as TIs perderam apenas 1% da floresta nativa, contra 20% em áreas privadas. Esses territórios armazenam 12 bilhões de toneladas de carbono, que ajudam a regular o clima e evitam a emissão anual de mais de 31 milhões de toneladas de gases de efeito estufa, responsáveis pelo aquecimento global e pelas mudanças climáticas.

Sineia frisou que a expectativa é que a demarcação de terras seja incluída oficialmente nas metas firmadas entre os países e a ONU durante a COP30, especialmente por ser a primeira vez que a conferência será realizada na Amazônia, onde o Brasil terá papel central no debate sobre financiamento climático. Essas metas são conhecidas como NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas).

“Que realmente possamos ter os recursos para as comunidades indígenas, pois, neste momento, estamos vivendo perdas e danos irreparáveis”, destacou, sobre o os recursos para financiamento climático global que estão em discussão em Belém.

Leia também: Entenda as etapas de demarcação de terras indígenas

Cientista indígena sineia do vale
Sineia do Vale, líder indígena do povo Wapichana referência em estudo sobre mudanças climáticas. Foto: Divulgação/CIR

‘Transformações do tempo’

Sob a coordenação de Sineia, indígenas de Roraima elaboraram o “Plano de Adaptação Indígena”, que detalha como as comunidades percebem a crise climática a partir do conhecimento tradicional. O estudo, inédito no país, será levado à COP para orientar negociações internacionais sobre os povos originários.

O plano inclui as chamadas “transformações do tempo“, expressão que usam para descrever a crise do clima. O documento detalha alterações nos padrões climáticos que têm afetado diretamente os modos de vida tradicionais – tudo com depoimentos e desenhos feitos pelos próprios indígenas.

“Plantas, canto de pássaros. Tudo isso é indicador [de alterações no clima] para os povos indígenas na sua vida cultural, nas plantações, nas criações”, frisou.

Como resultado do trabalho de Sineia e com o apoio do Ministério dos Povos Indígenas, uma comitiva de 28 indígenas de Roraima se prepara para participar da COP30. Os representantes, escolhidos em todas as regiões indígenas do estado, foram definidos durante o evento “Ciclo CoParente“, uma série de encontros preparatórios para a conferência que tem ocorrido em todo o país.

Todos os membros da comitiva serão credenciados e participarão da chamada Zona Azul (Blue Zone), espaço onde ocorrem as negociações oficiais da cúpula de líderes globais e de onde devem sair as decisões sobre as futuras políticas climáticas internacionais.

Em Roraima, o ciclo CoParente foi realizado no Lago do Caracaranã e teve a participação da ministra Sônia Guajajara, do Ministério dos Povos Indígenas.

A cientista indígena Sineia do Vale

Sineia do Vale é gestora ambiental de formação e mestre em desenvolvimento sustentável junto aos povos tradicionais pela Universidade de Brasília (UnB). Ela participa da COP desde 2011. Junto com outras lideranças indígenas, promove a avaliação climática a partir do conhecimento ancestral.

Foi dela o primeiro estudo ambiental sobre as transformações do clima ao longo dos anos na vida dos povos tradicionais em Roraima. A publicação é considerada referência mundial quando se trata da emergência climática e povos tradicionais.

Em 2024, recebeu o prêmio de “Cientista Indígena do Brasil” pela atuação sobre crise climática. Ao receber o título das mãos de Carlos Nobre, destacou que quando se trata da crise climática, a ciência também precisa levar em conta a experiência de vida que os indígenas vivenciam no dia a dia – discurso que ela sempre defende nos debates sobre o assunto.

Há mais de 30 anos, Sineia do Vale integra o Conselho Indígena de Roraima (CIR) e foi responsável pela criação do Departamento de Gestão Territorial e Ambiental da instituição. O setor elabora planos para enfrentar a crise climática no estado, que afeta diretamente os modos de vida dos povos indígenas devido à imprevisibilidade do clima causada pelas mudanças climáticas.

Em 2021, Sineia foi a única brasileira a participar da Cúpula dos Líderes sobre o Clima. Ainda em 2024 recebeu o “Troféu Romy – Mulheres do Ano”, honraria concedida a mulheres que se destacaram em suas áreas de atuação em 2023.

Sinéia do Vale, liderança indígena wapichana, participou da cúpula em transmissão desde Boa Vista (RR), em 22 de abril de 2021. Foto: Reprodução/Leaders Summit On Climate

*Por João Gabriel Leitão e Valéria Oliveira, da Rede Amazônica RR

Pesquisador do Acre ganha reconhecimento internacional por estudo sobre a Doença de Chagas na Amazônia

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Foto: Dionatas Meneguetti/Acervo pessoal

Com o reconhecimento da comunidade científica internacional, o professor e pesquisador da Universidade Federal do Acre (Ufac), Dr. Dionatas Meneguetti, se destacou com a recente publicação de um artigo científico na revista da editora Elsevier da Holanda, com o estudo sobre a doença de Chagas na Amazônia.

Leia também: Mudanças climáticas podem ampliar área de risco da Doença de Chagas na Amazônia

Para desenvolver a pesquisa, Meneguetti se inscreveu com o projeto em execução pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Acre (Fapac), intitulado “Amazônia +10 no contexto das doenças negligenciadas: caracterização entomoepidemiológica da doença de Chagas em regiões amazônicas de fronteira (Brasil-Bolívia e Brasil-Peru)”.

Um dos resultados do projeto foi a publicação do artigo na revista eletrônica Acta Tropica, da editora Elsevier. O artigo, com o título “Rhodnius montenegrensis Rosa et al., 2012 (Hemiptera, Triatominae) in Peru: a warning for the transmission of Trypanosoma cruzi (Chagas, 1909) (Kinetoplastida, Trypanosomatidae) in periurban areas“, está disponível AQUI.

O estudo foi realizado na região da tríplice fronteira (Brasil, Peru e Bolívia) e registrou, pela primeira vez, a presença do Rhodnius montenegrensis no Peru. Com essa descoberta, o número de espécies de triatomíneos no país aumentou de 18 para 19, e o número de países com a presença do R. montenegrensis passou de 2 para 3 (Brasil, Bolívia e Peru).

A notificação do R. montenegrensis, assim como a taxa de infecção por T. cruzi e a presença de sangue humano como fonte de alimento para este inseto vetor, ressaltam a necessidade de atenção por parte dos programas de controle de vetores de ambos os países.

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“Esse achado é importante não apenas por relatar uma nova ocorrência de triatomíneos para o Peru, mas também por comprovar que esses insetos estão se alimentando de sangue humano em uma região de divisa com o Brasil, o que demonstra a necessidade de intensificação da Vigilância Epidemiológica na região”, afirmou Dionatas Meneguetti.

pesquisa doença de chagas acre
Foto: Dionatas Meneguetti/Acervo pessoal

Mais estudos sobre a doença de Chagas

O pesquisador também destaca que “esse é apenas o primeiro artigo publicado desse projeto. Outros já estão submetidos e em fase de escrita, e em breve serão publicados novos dados relevantes para o conhecimento e a profilaxia da doença de Chagas nas regiões pesquisadas”.

Meneguetti também ressalta que o financiamento do projeto por meio da Iniciativa Amazônia +10 foi fundamental para a realização do estudo, devido aos altos custos com deslocamento e insumos laboratoriais, tornando a pesquisa inviável sem esse auxílio.

O presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Acre (Fapac), Moisés Diniz, enfatizou que a publicação em uma revista de alto impacto como a Acta Tropica é a prova de que o investimento em ciência e tecnologia na Amazônia é um pilar estratégico para o desenvolvimento da região.

Leia também: Mudanças climáticas podem ampliar área de risco da Doença de Chagas na Amazônia

O projeto do pesquisador está sendo executado em consórcio com a Universidade Federal do Acre (Ufac), a Universidade Estadual Paulista (Unesp) e a Fundação Oswaldo Cruz (RJ), pois se trata de um projeto em rede liderado pelo estado da Região Norte participante, neste caso, o Acre.

O projeto conta com o apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Acre (Fapac), da Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (Fapesp) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio de Janeiro (Faperj), além do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), totalizando R$ 1.073.732,70 em investimento em pesquisa.

*Com informações da Agência Acre

54ª Expofeira do Amapá: Quem é Antônio Roberto Ferreira da Silva, o nome oficial do Parque de Exposições da Fazendinha?

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O engenheiro agrônomo Antônio Roberto Ferreira da Silva. Foto: Acervo da família

O Governo do Amapá promove a 54ª Expofeira em sua tradicional locação, o Parque de Exposições da Fazendinha, na Zona Sul de Macapá. Cenário de evento desde os primórdios, seu nome oficial é ‘Parque de Exposições Engenheiro Agrônomo Antônio Roberto Ferreira da Silva’, uma homenagem para uma figura que marcou a história da agronomia no estado. 

Antônio Roberto Ferreira da Silva nasceu no município de Amapá em 1945, de onde saiu em busca da sua formação. Se formou engenheiro agrônomo pela Faculdade de Ciências Agrárias do Pará, instituição que frequentou de 1971 a 1974. Retornou ao estado, na época Território Federal do Amapá, no qual fez história como pioneiro na sua profissão.

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Como servidor público atuou pela Prefeitura de Macapá, pelo território e pela Aster Amapá, órgão que antecedeu o Instituto Estadual de Extensão, Assistência e Desenvolvimento Rural do Amapá (Rurap). Foi um dos primeiros pesquisadores e colaboradores da Embrapa no estado, além de ter sido contratado para desenvolver o Projeto Rondon na região, na época do Ministério do Interior. Junto de seu conterrâneo Iraçu Colares, fundou em 1977 a Associação dos Engenheiros Agrônomos do Amapá.

Uma perda prematura

A perda de Roberto ainda jovem, aos 36 anos de idade, abalou profundamente todos que o conheciam, porém, ele jamais foi esquecido. A proposta de homenagear Roberto veio do coração de um amigo de longa data, colega de profissão e compadre. 

Dois anos após o falecimento do amigo, Iraçu Colares atuava como Secretário da Agricultura em 1983, na gestão do governador Comandante Aníbal Barcellos. Em consenso à comunidade, solicitou a mudança do nome do Parque de Exposições, que passou a carregar o nome de Roberto naquele mesmo ano. 

Iraçu, que atualmente é presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Amapá (Faeap) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Administração Regional do Amapá (Senar-AR/AP), afirma que Roberto era mais que um profissional, mas alguém que conquistou o carinho e o respeito de todos ao seu redor.

“Roberto e eu nos conhecemos lá atrás, no município de Amapá, depois fizemos o mesmo curso ao mesmo tempo, no Pará.  Em 1974, quando ele voltou para trabalhar em Macapá, foi um reencontro e a nossa relação só foi se fortalecendo. Quando ele se foi tão cedo houve uma comoção geral, porque ele era muito conhecido, muito querido, brincalhão, afável com as pessoas. Isso levou a ideia de a gente colocar o nome dele no Parque de Exposições, um ponto tão importante para a agricultura do estado, que ele tanto contribuiu em vida”, compartilhou Iraçu. 

Iraçu Colares sugeriu a homenagem ao amigo Antônio Roberto Ferreira da Silva. Foto: Ruan Alves/GEA

O legado de Antônio

“Antônio Roberto tinha uma habilidade ímpar em lidar com as pessoas. Sua educação e sua simpatia eram notáveis. Ele conseguia transformar qualquer conversa, por mais difícil que fosse, em algo leve e agradável”, relembrou com carinho Iraçu Colares. 

A amizade, o profissionalismo e a empatia são elementos que, juntos, compõem o retrato de um homem que fez história e deixou um legado de amor para a esposa Francisca Goés e os filhos Franck Roberto, Keity Uana e Fred José. 

Os filhos de Antônio Roberto enxergam a homenagem como um gesto de grande carinho e respeito, que trouxe conforto para a família e reafirmou a importância da memória do pai para a agronomia do estado. 

“Nosso pai nos deixou uma herança de valores, caráter e exemplos. Sua dedicação como um dos pesquisadores pioneiros daqui continua a inspirar até os dias atuais. Ter esse reconhecimento é também reafirmar que sua presença se mantém entre nós através do que construiu”, compartilhou Fred José. 

Expofeira na Rede

A Expofeira na Rede tem o objetivo de valorizar e ampliar o impacto social, cultural, econômico e turístico da tradicional ExpoFeira do Amapá. É uma realização da Fundação Rede Amazônica (FRAM), com apoio do Grupo Equatorial, Tratalyx e Governo do Amapá.

Mesmo na seca, Rio Negro está 7 metros acima do nível de 2024 em Manaus

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Rio Negro está sete metros acima do nível registrado no mesmo período de 2024 em Manaus, aponta porto. Foto: Matheus Castro/Rede Amazônica AM

Mesmo em período de seca, o Rio Negro marcou 26,58 metros na terça-feira (2) em Manaus (AM) e está 7,05 metros acima do registrado no mesmo dia de 2024, quando o rio media 19,53 metros. Em agosto, a diferença entre as medições de 2025 e 2024 era de quatro metros. Os dados são do Porto de Manaus, responsável pelo monitoramento oficial das águas na capital amazonense.

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A diferença chama atenção, sobretudo porque, em setembro de 2024, o rio chegou a baixar mais de 21 centímetros em um único dia. Atualmente, a descida ocorre de forma mais lenta: nesta segunda (1º), o nível caiu 9 centímetros e, na terça (2), a redução foi de 10 centímetros.

O volume de água registrado em 2025 é reflexo de uma inundação severa. Neste ano, o Negro alcançou 29,05 metros, superando em cinco centímetros a cota de inundação, fixada em 29 metros.

A cheia teve início em 13 de outubro do ano passado, logo após a maior seca em um século no Amazonas. Após um período de oscilações, em 7 de novembro as águas passaram a subir de forma constante, até atingirem o pico em 8 de junho.

Leia também: Pescadores relatam escassez de peixes mesmo com cheia do Rio Negro, em Manaus

rio negro
Foto: Delmy Ruiz

Seca do Rio Negro é diferente de 2024

Foram oito meses de enchente, que deixaram 42 dos 62 municípios do estado em situação de emergência. A Defesa Civil estima que mais de 500 mil pessoas foram afetadas, com prejuízos na agricultura, dificuldades de transporte e alagamentos em comunidades ribeirinhas.

A partir de julho, a vazante começou a se consolidar. O nível subiu apenas três centímetros no início do mês e estagnou no dia 8. Já em processo de descida, o rio caiu apenas 50 centímetros.

Em agosto, o Rio Negro desceu 1,72 metro, numa média de 5,5 centímetros por dia — cenário bem diferente do registrado no ano passado.

*Por Matheus Castro, da Rede Amazônica AM

Aplicativo ‘Eu Amazônia’, do Grupo Rede Amazônica, é finalista do prêmio IBC 2025

Rede Amazônica lança nova ferramenta de interação com telespectadores. Foto: Reprodução/Grupo Rede Amazônica AM

O aplicativo ‘Eu Amazônia’, desenvolvido pelo Grupo Rede Amazônica, é finalista do prêmio da International Broadcasting Convention (IBC) 2025. O app funciona como uma grande rede social de notícias da Região Norte e conta com a participação dos telespectadores como fonte ativa de conteúdos jornalísticos.

O aplicativo ‘Eu Amazônia’ está disponível para Android e iOS.

A plataforma chega à final na categoria Impacto Social, que reconhece iniciativas com efeitos positivos no setor midiático e na sociedade. O aplicativo ‘Eu Amazônia’ se destaca por dar voz e visibilidade às populações amazônicas e fortalecer a inclusão digital, além de conectar informações de usuários em toda a região diretamente às redações do Grupo Rede Amazônica.

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Idealização do aplicativo

O app ‘Eu Amazônia’, idealizado em parceria com a plataforma SOUV, tecnologia da SNEWS Broadcast Solutions, permite que o usuário envie textos, fotos, vídeos, mensagens de saudações e até denúncias anônimas. Todas as informações são analisadas pela equipe de jornalismo do Grupo Rede Amazônica antes de serem disponibilizadas na plataforma e em pautas para os telejornais e portais de notícia.

Eu Amazônia
Foto: Reprodução/Google

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O diretor de Tecnologia da Rede Amazônica, Eduardo Lopes conta que a tecnologia ajuda a vencer o desafio de ter repórteres em todos os lugares em uma região tão grande quanto a Amazônia.

“Enquanto os moradores das áreas urbanas lidam com certos tipos de problemas, as comunidades ribeirinhas e mais isoladas vivenciam outras dificuldades. O aplicativo ‘Eu Amazônia’, surge justamente como uma ponte, permitindo que essas populações tenham voz direta na redação. Oferecer a oportunidade de relatar, em tempo real, o que acontece em suas localidades é o que torna essa ferramenta tão inovadora e valiosa”, destaca Lopes.

Disponível gratuitamente para Android, o aplicativo ‘Eu Amazônia’ reforça o princípio de que o jornalismo é a presença que faz a diferença.

A cerimônia de premiação de inovação do IBC 2025 vai acontecer no dia 14 de setembro, às 18h, em Amsterdã. O Grupo Rede Amazônica será representado no evento pelo CEO Phelippe Daou Junior, o vice-presidente Alexandre Caxias, o diretor de Mercado Eduardo Fiore e o diretor de Tecnologia Eduardo Lopes.

Sobre o International Broadcasting Convention (IBC)

O International Broadcasting Convention (IBC) 2025 é uma das maiores feiras e conferências globais voltadas para o setor de mídia, entretenimento e tecnologia. O espaço ajuda a definir o futuro da indústria global no setor ao movimentar o mercado, oferecer conteúdo em múltiplas plataformas e incentivar novas discussões. O evento conecta as comunidades criativa, tecnológica e empresarial para trocar conhecimento, formar parcerias e explorar novas oportunidades.

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Foto: Marianne Ottemann

Na edição de 2025, expositores e especialistas de diversos países apresentarão inovações de impacto e tratarão das principais tendências e desafios do setor. O evento é voltado às emissoras, produtores de conteúdo, detentores de direitos, prestadores de serviços e outros profissionais.

Comprometida com a indústria, a IBC promove transformações através de liderança intelectual, debates relevantes, estímulo à criatividade e geração de resultados concretos para o mercado.