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Indígenas recebem 8,3 mil filtros para acesso à água potável

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Indígenas com acesso à água potável. Foto: divulgação

Uma iniciativa do Ministério da Saúde deve ampliar o acesso à água potável para mais de 33 mil indígenas que vivem em 23 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI) da Amazônia Legal e da região Centro-Oeste.

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Em parceria com a ONG Água é Vida e o Instituto Alok, a pasta distribuiu mais de 8,3 mil filtros com nanotecnologia a famílias indígenas que enfrentam escassez de água de qualidade, sobretudo durante períodos de seca severa. A tecnologia permite remover agentes causadores de doenças de veiculação hídrica, como a diarreia e a giardíase.

Indígenas recebem 8,3 mil filtros para acesso à água potável. Foto: Felipe Aleixo Baré/DSEI Manaus

O secretário de Saúde Indígena, Weibe Tapeba, afirmou que a ação reforça o compromisso do governo federal com a segurança hídrica e a proteção da população indígena. Segundo ele, a iniciativa reúne esforços para assegurar o acesso à água potável mesmo em situações críticas, prevenindo doenças e garantindo condições básicas de cuidado.

Tecnologias adequadas

Tapeba destacou ainda a importância do uso de tecnologias adequadas e do monitoramento contínuo para orientar intervenções rápidas e alinhadas às necessidades reais das comunidades.

O filtro distribuído é um dispositivo de fácil instalação, que pode ser acoplado a baldes ou garrafas PET. Ele é capaz de filtrar até 800 mililitros por minuto e entre 60 e 100 litros por dia. A tecnologia utiliza membranas com poros de 0,1 micrômetro, permitindo a remoção de microrganismos que causam diarreia, disenteria, giardíase, infecções intestinais e vírus como rotavírus e norovírus. As famílias também receberam orientação para instalação e manutenção do equipamento.

Indígenas da Aldeia Murutinga, da etnia Mura
Indígenas da Aldeia Murutinga, da etnia Mura, recebem capacitação para uso filtro com nanotecnologia. Foto: Felipe Aleixo Baré/DSEI Manaus

O desempenho de cada filtro será acompanhado por meio de um aplicativo de celular que utiliza leitura de QR code para gerar relatórios georreferenciados. As informações coletadas incluem dados de qualidade da água, impactos na saúde e indicadores socioambientais das famílias atendidas.

As primeiras unidades foram entregues às famílias da Aldeia Muritinga, da etnia Mura, no DSEI Manaus (AM). O conselheiro Wallace Mura, representante do Conselho Distrital de Saúde Indígena (Condise), afirmou que a chegada dos filtros ocorre em um momento oportuno.

Surto de doenças

“Recentemente, tivemos um surto de diarreia e vômito em crianças e idosos. Com a chegada desses filtros, nossa expectativa é que casos como esses diminuam. É um projeto muito importante para os nossos parentes e para as nossas famílias aqui da aldeia”, afirmou. 

Para o diretor de Projetos e Determinantes Ambientais da Saúde Indígena, Bruno Cantarella, os filtros devem oferecer mais segurança para a coleta de água em igarapés, rios e lagoas, especialmente durante a seca, reduzindo o risco de contaminação por agentes relacionados à qualidade da água.

Segundo o Ministério da Saúde, os equipamentos ajudarão a garantir água adequada para consumo nos períodos de maior restrição hídrica.

*Conteúdo publicado originalmente pela Agência Brasil

Brasil tem grande potencial para minerais críticos, aponta Ipea

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Brasil tem cerca de 23% das reservas mundiais de terras raras. Foto: Gil Leonardi/Agência Minas

O estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) indica que o Brasil tem grande potencial geológico para os minerais críticos, mas, até recentemente, não havia conseguido materializar esse potencial em produção econômica robusta e esteve distante do patamar de países como Austrália, China, África do Sul e Chile entre outros.

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Os minerais críticos são recursos essenciais para setores estratégicos, como tecnologia, defesa e transição energética, cuja oferta está sujeita a riscos de escassez ou dependência de poucos fornecedores. Eles incluem elementos como lítio, cobalto, níquel e terras raras, fundamentais para baterias de veículos elétricos, turbinas eólicas, painéis solares e semicondutores.

Saiba mais: Brasil tem cerca de 23% das reservas mundiais de terras raras; veja onde estão na Amazônia

Brasil tem grande potencial para minerais
Terras raras são minerais que compõem um grupo de 17 elementos químicos encontrados na natureza. Foto: Yara Ramalho/Rede Amazônica RR

Saiba mais: Pesquisadores identificam alta concentração de terras raras no interior de Roraima

O país, por exemplo, detém cerca de 10% das reservas mundiais desses minerais, de acordo com dados do Instituto Brasileiro da Mineração (Ibram), entidade que representa o setor privado.

A pesquisa Qual a importância do Brasil na cadeia global de minerais críticos da transição energética? Uma análise sobre reservas, produção, comércio exterior e investimentos, dos pesquisadores Rafael da Silveira Soares Leão, Mariano Laio de Oliveira e Danúbia Rodrigues da Cunha foi divulgada no dia 4 de dezembro. O estudo é fruto de acordo de cooperação técnica com a Agência Nacional de Mineração (ANM).

A atuação do Brasil

De acordo com o levantamento, a atuação do Brasil no comércio internacional nas últimas duas décadas foi tímida, refletindo as dificuldades internas de uma produção mineral incerta. “Entretanto, a expansão dos investimentos em capital físico e a retomada dos dispêndios em pesquisa geológica, nos últimos anos, em linha com as tendências mundiais, parecem preparar o país para um ciclo virtuoso de expansão da produção”, dizem os pesquisadores.

Amostra de rocha com terras raras Caracaraí, Roraima. Foto: Yara Ramalho/g1 RR

A pesquisa

A pesquisa conclui que um novo ciclo de investimentos, “aparentemente em curso”, pode impulsionar a mineração brasileira a operar em outro patamar de competitividade, “mas é importante que as expectativas sobre o impacto do setor na economia brasileira sejam realistas”.

Conforme os autores do estudo, a cadeia produtiva da mineração brasileira, entre 2000 e 2019 oscilou entre 0,75% e 2% do Produto Interno Bruto (PIB), dependendo dos ciclos de expansão e retração das cotações das commodities minerais, especialmente do minério de ferro, que representa mais de dois terços do setor.

*Com informação de Ana Cristina Campos, da Agência Brasil

Indígenas celebram remarcação de julgamento do marco temporal

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Organizações que representam os povos indígenas comemoraram a decisão do STF de remarcar o julgamento do marco temporal. Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil

Organizações que representam os povos indígenas comemoraram a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de remarcar o início do julgamento do marco temporal para a próxima quarta-feira (10), de forma presencial. A previsão anterior era de que a Corte iniciasse o processo nesta sexta-feira (5), no plenário virtual.

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A tese do marco temporal, defendida por setores do agronegócio, da mineração e de partidos de direita, defende que indígenas só podem reivindicar territórios que ocupavam em 5 de outubro de 1988, data de promulgação da Constituição.

Indígenas celebram remarcação de julgamento do marco temporal
A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) considerou a decisão do SFT uma vitória. Foto: divulgação

Leia também: Marco temporal: entenda porquê a tese é inconstitucional e viola os direitos dos povos indígenas

A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) considerou a decisão do SFT uma vitória, resultado da pressão feita pelo movimento. A organização havia protocolado, ao lado de suas entidades regionais e outras parceiras, um pedido de mudança à Corte, como forma de garantir a participação dos indígenas.

A APIB entende, porém, que é um primeiro passo e outras reivindicações precisam ser atendidas:

  • Julgamento com ampla participação indígena;
  • Declarar a inconstitucionalidade integral da Lei 14.701/2023 (em que Congresso buscou regulamentar tese do marco temporal);
  • Restabelecer plenamente o rito constitucional de demarcação previsto no art. 231;
  • Reafirmar a proteção das terras indígenas como pilar para a vida, a cultura e o clima.
Foto: Lula Marques/Agência Brasil

Leia também: Portal Amazônia responde: Entenda o que é o ‘marco temporal’ para terras indígenas

A Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) adotou tom ainda mais crítico, por entender que “o STF garantiu apenas a realização presencial da leitura do relatório e das sustentações orais no dia 10/12, etapa importante, mas ainda insuficiente diante da gravidade do tema”.

A manifestação se baseia na informação de que na sessão do dia 10 não haverá votação dos ministros sobre a questão. A Corte vai ouvir as sustentações orais das partes envolvidas, e a data da votação será marcada posteriormente.

Indígenas. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A Coiab diz que o processo virtual “reduz a transparência em um tema que define o futuro das Terras Indígenas no Brasil”. A instituição defende a participação plena dos indígenas, o respeito aos direitos constitucionais e à Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), tratado internacional sobre os direitos dos povos indígenas em vigor no Brasil desde 2003.

Lideranças indígenas do Conselho Indígena de Roraima (CIR) – organização representativa dos povos Wapichana, Taurepang, Macuxi, Yanomami, Yekuana, Sapará, Pirititi, Patamona, Ingarikó e Wai Wai – reafirmaram a exigência para que todo o julgamento seja de maneira presencial.

A instituição diz que a vigência da lei tem produzido efeitos graves: paralisação de processos de demarcação, fortalecimento de invasores e aumento do risco à vida de indígenas que lutam pela retomada dos territórios.

Marco temporal

O STF considerou que o marco temporal para a demarcação de terras indígenas é inconstitucional em setembro de 2023. Na sequência, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vetou o projeto de lei que validou o marco.

Foto: Joédson Alves/Agência Brasil

Em dezembro de 2023, porém, o Congresso Nacional derrubou o veto do presidente e retomou a validade do marco. Depois da votação do veto presidencial, o PL, o PP e o Republicanos protocolaram no STF as ações para manter a validade do projeto de lei que reconheceu a tese do marco temporal.

Organizações que representam os indígenas e partidos governistas recorreram ao Supremo para contestar novamente a constitucionalidade da tese.

*Com informação da Agência Brasil. Escrito por Rafael Cardoso.

Casos de HIV caem no Acre e Saúde alerta para importância do tratamento contínuo

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Avanços refletem a ampliação da prevenção contra o HIV combinada, com maior oferta de medicamentos e expansão da testagem rápida e do autoteste. Foto: Reprodução/Agência de notícias do Acre.

A Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre) iniciou, nesta segunda-feira, 1º, as ações do Dezembro Vermelho, campanha nacional dedicada à prevenção, ao diagnóstico e ao enfrentamento do HIV, da aids e das infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). Durante todo o mês, serão intensificadas atividades educativas, haverá oferta de testagem rápida, bem como mobilizações comunitárias e estratégias de prevenção combinada em todo o estado.

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Dados divulgados pelo Departamento de Vigilância em Saúde mostram que o Acre apresentou tendência de queda nas notificações de HIV em 2025. Após 317 casos registrados em 2023 e 353 em 2024, o estado contabilizou 283 novos casos este ano. A redução também é observada entre gestantes: foram 23 casos em 2023, 14 em 2024 e 13 em 2025, resultado que reforça a possibilidade de certificação do Acre para eliminação da transmissão vertical do HIV.

Leia também: Médicos alertam para o perigo da “Doença do Beijo”

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 Pacientes que utilizam a PrEP realizam exames de rotina e acompanhamento médico. Foto: Izabelle Farias/Sesacre

Segundo o chefe do Núcleo de Infecções Sexualmente Transmissíveis da Sesacre, Jozadaque Beserra, os avanços refletem a ampliação da prevenção combinada, com maior oferta de profilaxia pré-exposição (PrEP), medicamento tomado todos os dias por pessoas que não têm HIV, mas querem reduzir o risco de infecção, e profilaxia pós-exposição (PEP), tratamento de emergência para quem pode ter sido exposto ao HIV, além da expansão da testagem rápida e do autoteste, e do fortalecimento dos Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA) e dos Serviços de Assistência Especializada (SAE) no interior.

“Os dados deste ano mostram que estamos avançando na prevenção e no cuidado das pessoas que vivem com HIV no Acre. A queda nas notificações e a redução dos casos entre gestantes refletem o fortalecimento da nossa rede de testagem, do acesso à PrEP e da ampliação dos serviços especializados. O Dezembro Vermelho é um momento estratégico para reforçar que o diagnóstico precoce e o tratamento contínuo salvam vidas e interrompem cadeias de transmissão”, destaca Beserra.

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Durante todo o mês, serão intensificadas atividades educativas, haverá oferta de testagem rápida, bem como mobilizações comunitárias e estratégias de prevenção combinada em todo o estado Foto: Luan Martins/Sesacre

Leia também: Sífilis pode provocar aborto espontâneo ou deformidades em bebês, diz infectologista

Apesar dos avanços, a Sesacre alerta para outro desafio: o abandono do tratamento. Muitas pessoas iniciam a terapia antirretroviral, mas interrompem o acompanhamento, comprometendo o controle da carga viral e aumentando o risco de evolução da doença e de transmissão.

“Temos motivos para celebrar, mas também precisamos reforçar que o cuidado não pode parar. Muitas pessoas começam o tratamento e, por diversos motivos, acabam abandonando. Nosso papel é acolher, orientar e garantir que ninguém enfrente isso sozinho. Procurar o CTA ou o SAE é o primeiro passo, todos os serviços do SUS estão prontos para apoiar, com respeito e sigilo”, completa Jozadaque.

Onde buscar atendimento e apoio

A rede pública de saúde do Acre oferece testagem rápida para HIV, sífilis e hepatites em todas as unidades. Já os CTA e os SAE, instalados em Rio Branco, Cruzeiro do Sul, Sena Madureira e outros municípios, disponibilizam testagem e aconselhamento; início e manutenção da terapia antirretroviral (Tarv); acompanhamento clínico especializado; acesso à PrEP e PEP; e apoio para pessoas que desejam retomar o tratamento. Todos os serviços são gratuitos, sigilosos e garantidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

*O conteúdo foi originalmente publicado na Agência de Notícias do Acre.

Revolução no conhecimento sobre a antiga Amazônia pode ajudar a proteger a floresta atual

Amazônia. Foto: Reprodução/Agência Brasil

Ocupado por humanos há pelo menos 13 mil anos, o território amazônico abrigou uma população da ordem de 10 milhões de pessoas, que construíram cidades, domesticaram plantas e produziram biodiversidade

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A arqueologia da Amazônia vive um processo absolutamente revolucionário. A ideia de um ‘inferno verde’, que teria sido habitado por uma população escassa, mal alimentada e culturalmente atrasada, foi inteiramente desmentida pela pesquisa arqueológica. As descobertas realizadas nas últimas décadas mostraram que o território amazônico foi povoado por nada menos do que 8 a 10 milhões de pessoas.

O que mais se sabe sobre a Amazônia?

“De maneira muito resumida, sabemos hoje que a presença humana na Amazônia remonta há pelo menos 13 mil anos; que a região foi um centro independente de domesticação de plantas; que plantas muito importantes foram cultivadas pela primeira vez lá; que as primeiras cerâmicas das Américas também foram produzidas lá.

Eduardo Góes Neves. Foto: Erika de Faria

Além disso, há evidências de formas de urbanismo de baixa densidade; de grande diversidade cultural, expressa nas línguas, estilos cerâmicos, sistemas de manejo e formas de ocupação do território; e de algo que chamo, talvez de maneira ainda um pouco tímida, de produção de abundância, ou seja, de sistemas que não apenas sustentavam populações numerosas, mas criavam paisagens altamente produtivas e biodiversas”, responde o antropólogo Eduardo Góes Neves, professor titular e diretor do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo (MAE-USP).

Leia também: Portal Amazônia responde: qual a diferença entre a Amazônia e a Mata Atlântica?

Um dos mais importantes pesquisadores sobre o passado da região amazônica, autor de Sob os Tempos do Equinócio: 8.000 anos de história na Amazônia Central e Arqueologia da Amazônia e coeditor de Unknown Amazon: Culture in Nature in Ancient Brazil, dentre cerca de 130 publicações, entre livros, artigos, capítulos de livro e textos de divulgação, Neves apresentou, na terça-feira (02/12), a conferência ‘A produção social da natureza por povos indígenas’ na Escola Interdisciplinar FAPESP 2025: Humanidades, Ciências Sociais e Artes.

Segundo o pesquisador, a arqueologia vem demonstrando que a Amazônia, tal como a conhecemos hoje, foi profundamente moldada por povos que habitaram a região ao longo de milênios. “Não é apenas um território ‘natural’, mas também cultural e histórico”, disse. E acrescentou que essa revolução científica vem acompanhada de uma urgência política: compreender a história profunda da Amazônia é uma das chaves para protegê-la no presente.

“Aprendemos muito sobre o passado nestes últimos 40 anos. Mas, ao mesmo tempo, perdemos cerca de 20% da Floresta Amazônica brasileira no período. Ser testemunha, de um lado, de um desenvolvimento científico incrível e, de outro, da crise ecológica e social que vivemos hoje é algo muito forte e desafiador. Isso me levou ao lugar em que estou agora: tentar fazer boa pesquisa científica, mas usar esse conhecimento como ferramenta para me envolver com o mundo real e ajudar a prevenir mais destruição na Amazônia”, enfatizou.

Floresta Nacional do Amapá. Foto: Rafael Aleixo/Rede Amazônica AP
Floresta Nacional do Amapá. Foto: Rafael Aleixo/Rede Amazônica AP

Segundo Neves, a arqueologia é uma ferramenta poderosa para entender como chegamos à crise ecológica e social de agora. E para pensar caminhos de saída. “Admitir que a Amazônia foi, de fato, profundamente transformada pela atividade humana ao longo de milênios nos faz pensar que, se quisermos proteger a Amazônia atual, é indispensável levar em conta a ação indígena. Não há outro caminho.”

O pesquisador demonstrou seu ponto explorando vários subtemas. Em primeiro lugar o da domesticação de plantas e da agroecologia amazônica.

“Se buscarmos a origem de diferentes plantas hoje importantes, localizamos vários centros de domesticação na Amazônia. A mandioca, provavelmente originária do sudoeste amazônico [Rondônia, Mato Grosso, sul da Bolívia], hoje é cultivada em praticamente todo o cinturão tropical do planeta, na América, na África e na Ásia. O cacau, cujas primeiras evidências microbotânicas em sítios arqueológicos foram encontradas no Equador, com cerca de 5 mil anos, deve ter sido domesticado ali, levado depois para a Mesoamérica [México, Guatemala] e hoje é cultivado também na África e em outras regiões. O tabaco, cultivado do norte da Argentina ao Canadá quando os europeus chegaram às Américas, também teve sua região de origem no sudoeste amazônico“, explicou.

Leia também: Preservação da Amazônia requer pesquisa, transparência de dados e nova economia baseada na biodiversidade

Mais exemplos importantes: o açaí, provavelmente domesticado pela primeira vez na região da foz amazônica; o guaraná, originário da região de Maués e Parintins; o bacuri e o cupuaçu, também de origem amazônica. “Ou seja, a Amazônia foi um centro de biodiversidade agrícola. Muitas plantas importantes globalmente foram domesticadas ali. Quando pensamos em agricultura, logo nos vem à mente as monoculturas de grãos: arroz, trigo, milho, soja.

Amazônia
Amazônia. Foto: Reprodução/G1

Mas, na Amazônia, grande parte das plantas manejadas eram árvores frutíferas; raízes e tubérculos [mandioca, batata-doce, inhame etc.]; e, mais tarde, grãos como o milho, que veio da Mesoamérica e chegou à Amazônia há cerca de 6 mil anos”, informou Neves.

Outro aspecto relevante apontado pelo pesquisador: muitas dessas espécies foram de fato domesticadas, isto é, modificadas geneticamente ao longo do tempo; porém, outras permaneceram silvestres, embora manejadas intensamente. O açaí é um exemplo: hoje fruto central na economia e na alimentação amazônica, permanece uma espécie silvestre. O que obriga a repensar o conceito de domesticação.

“Na arqueologia, o termo ‘Neolítico’ costuma designar o momento em que deixamos de ser caçadores-coletores e nos tornamos agricultores. A domesticação de plantas e animais, segundo esse modelo, seria um passo fundamental, uma forma de impor uma ordem cultural à natureza.

Porém, quando começamos a olhar os dados amazônicos, vimos algo diferente: sistemas agroecológicos em que plantas domesticadas convivem com plantas silvestres manejadas. Houve um momento em que alguns de nós pensaram: ‘Nem Neolítico a gente ‘produziu’ aqui direito. Que fracasso!’. Mas, reinterpretando, percebemos que se trata de outro modelo: um gradiente entre o doméstico e o silvestre, em sistemas altamente diversos e resilientes, que funcionam há pelo menos 6 mil anos e ajudaram a produzir a Amazônia que conhecemos hoje”, explicou.

E lembrou um texto da antropóloga Manuela Carneiro da Cunha sobre a diversidade de plantas em roças e quintais indígenas.

“Se você entra em um jardim indígena ou em um quintal tradicional amazônico, a quantidade de espécies cultivadas é impressionante. Isso não se explica apenas por uma necessidade ecológica de produzir comida. Há um valor estético, um prazer em cultivar um espaço exuberante, cheio de vida. Se há alguma lição que podemos trazer da arqueologia para o presente, talvez seja essa: pensar sistemas produtivos que incorporam a natureza, em vez de tentar impor uma ordem cultural totalmente rígida, que elimina a diversidade”, sublinhou Neves.

O pesquisador explorou também o subtema das terras pretas de índio: solos antropogênicos construídos ao longo de milênios.

Floresta amazônica. Foto: Governo do Peru

“Essas terras cobrem entre 2% e 3% da Amazônia, uma área enorme, equivalente à do Estado do Rio de Janeiro. Em escavações, vemos perfis com camadas de solo muito escuro, repletas de fragmentos de cerâmica, carvão, restos orgânicos. São solos extremamente produtivos e estáveis. Solos tropicais, em geral, sofrem lixiviação intensa, perdem nutrientes rapidamente e precisam ser adubados a cada dois ou três anos. As terras pretas, ao contrário, mantêm sua fertilidade por séculos, até milênios. Sabemos que as terras pretas foram produzidas por povos indígenas, com acúmulo de restos de comida, resíduos orgânicos, cerâmica quebrada, estruturas de combustão etc. E hoje elas são muito importantes para comunidades contemporâneas, afirmou”

Leia também: Portal Amazônia responde: o que é a Bacia Amazônica?

Um exemplo: a terra preta existente na Terra Indígena Tenharim. “A Terra Indígena Tenharim é uma das poucas áreas de floresta preservada no que chamamos de arco do desmatamento. Trabalhamos diretamente com eles. Os Tenharim passaram por um processo muito difícil: com a abertura da rodovia Transamazônica, nos anos 1970, houve muita violência, doenças, mortes. Alguns grupos se refugiaram na floresta e permaneceram em isolamento; outros foram pressionados para viver próximos à estrada. Uma prática central para os Tenharim é a produção de um certo tipo de pamonha de milho, explicou.

Eles plantam grandes roças de milho e fazem esse alimento, que é parte essencial de sua identidade. Dizem que, enquanto puderem plantar milho e produzir sua pamonha, resistirão como grupo autônomo na Amazônia. Onde eles plantam esse milho? Em sítios arqueológicos com terras pretas. Eles sabem que não foram eles que produziram aquele solo tão fértil, que outras pessoas viveram ali no passado, e aproveitam essa herança para sustentar sua vida hoje. Então, vemos uma ligação direta entre transformações indígenas da natureza no passado e o uso contemporâneo desses mesmos lugares”, relatou.

Durante muito tempo, estruturas amazônicas de origem antrópica foram confundidas com formações naturais: montículos, ilhas artificiais, plataformas e canais eram interpretados como relevos geológicos. A arqueologia recente mostrou o contrário. Um exemplo são as estruturas chamadas de tesos ou montículos artificiais, muitas vezes comparadas a sambaquis de terra. Neves relatou várias ocorrências desse tipo de formação, como o sítio Teso dos Bichos, na Ilha do Marajó, com cerca de 250 metros de extensão, todo ele construído por ação humana.

Floresta Amazônica. Foto: Adriano Gambarini

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No Acre, outros tipos de sítio, com geoglifos, vêm sendo descobertos. “Em fotos de satélite, eles aparecem como grandes figuras geométricas, quadrados, círculos e retângulos marcados no solo. Esses lugares estavam cobertos por floresta até a década de 1970. Com o desmatamento, as formas ficaram visíveis. O professor Alceu Ranzi, da Universidade Federal do Acre, foi um dos primeiros a registrar essas estruturas. Hoje conhecemos mais de mil geoglifos, graças a imagens de satélite, Google Earth e LIDAR [light detection and ranging, uma tecnologia óptica de detecção remota]. Na Bolívia deve haver tantos ou mais”, expôs Neves.

E disse que essas estruturas não são figuras isoladas. Há montículos residenciais, organizados em torno de praças centrais. As imagens mostram também estradas lineares retas, conectando diferentes sítios, em escala de quilômetros.

A tecnologia LIDAR, baseada em pulsos de laser emitidos de drones ou aviões, revolucionou o estudo de áreas florestadas. O método permite ultrapassar a copa das árvores e revelar o que estava escondido no solo. Estruturas impressionantes já foram descobertas por esse meio no Equador e na Bolívia. Algumas também no Brasil. Foi nesse contexto que surgiu o projeto “Amazônia Revelada” (Amazon Revealed), coordenado por Neves e financiado pela National Geographic Society.

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Foto: Rodolfo Pangelupe

Antes de começarem a sobrevoar a área, ele e sua equipe fizeram algo que consideram fundamental: “Fomos a campo conversar com as comunidades que vivem nesses territórios – povos indígenas, ribeirinhos, pequenos agricultores. Explicamos o que era o projeto, discutimos prós e contras e pedimos autorização. Isso é importante para não reproduzir um modelo colonial de pesquisadores, que “chegam com dinheiro, voam, produzem artigos e vão embora”, explicou.

Um dos resultados já obtidos foi descobrir uma grande estrutura geométrica totalmente coberta por floresta, do tamanho do estádio do Maracanã, mas de formato quadrado.

“Na região da Terra do Meio, no Pará, entre o rio Tapajós e a Transamazônica, sobrevoamos um tributário de um tributário do Amazonas, sem esperar grandes achados. Mas o LIDAR mostrou pequenas elevações circulares e marcas no relevo. Fomos a campo, escavamos e encontramos evidências de antigas aldeias: casas já desaparecidas, mas com montículos ao redor de praças centrais, solos escurecidos, cerâmica e carvão”, contou.

O pesquisador conseguiu, agora, apoio filantrópico para continuar e trabalhar, entre outras áreas, ao longo da BR-319, a estrada que liga Manaus a Porto Velho. Há fortes pressões para reabri-la completamente, o que pode ter impactos enormes.

“Nosso objetivo é usar a arqueologia como uma espécie de ativismo científico, orientando a pesquisa a partir de problemas políticos e ambientais concretos. É isso que pretendo fazer com o tempo que ainda tenho de carreira: usar minha experiência como arqueólogo e professor para tentar fazer da arqueologia uma alternativa para o futuro, não apenas um estudo do passado”, concluiu.

*O conteúdo foi originalmente publicado na Agência Fapesp.

Mais de 60% dos moradores das favelas e comunidades urbanas moravam em locais sem árvore

Mais de 10 milhões de pessoas viviam em trechos de vias sem árvores em favelas e comunidades urbanas. Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Em favelas e comunidades urbanas do país, 64,6% dos moradores (10,4 milhões de pessoas) viviam em trechos de vias sem árvores, enquanto 35,4% (5,7 milhões de pessoas) moravam em trechos de vias com arborização. Em locais fora de favelas e comunidades urbanas, 69,0% dos moradores viviam em trechos de vias com arborização.

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A diferença é grande também quando analisados trechos com 5 árvores ou mais: 10,5% dos moradores de favelas e comunidades urbanas viviam em vias com essa arborização, enquanto 33,5% dos moradores de fora de favelas e comunidades urbanas viviam em ambientes com essa característica.

Censo Demográfico 2022: Favelas e Comunidades Urbanas: Características urbanísticas do entorno dos domicílios divulgado. Fonte: IBGE

A pesquisa abrange 16,2 milhões de pessoas residentes em 12,3 mil favelas e comunidades urbanas em 656 municípios do país. As comparações são restritas a municípios com favelas e comunidades urbanas.

A divulgação ocorre no Centro de Direitos Humanos Franco Pellegrini (CEDHU), em Salvador (BA), com transmissão pelas redes sociais e Portal do IBGE. Os resultados são acessíveis via Sidra e Plataforma Geográfica Interativa (PGI).

A pesquisa trouxe, também, dados sobre a distribuição dos moradores em relação à arborização de acordo com cor ou raça da população que residia nas favelas e comunidades urbanas. Entre os moradores que se declaravam de cor ou raça preta, 68,0% viviam em trechos sem árvores, enquanto 9,4% dessa população viviam em trechos com 5 ou mais árvores.

Leia também: Desenvolvimento das favelas e comunidades ribeirinhas é tema no Glocal Amazônia

Já 64,4% das pessoas de cor ou raça parda moravam em trechos sem arborização e 10,4% em locais com 5 ou mais árvores. O percentual de moradores de cor ou raça branca que viviam em trechos sem árvores era de 63,2% e 11,4% residiam em locais com 5 ou mais árvores.

“Não há variações expressivas, mas vale destacar que o percentual de pessoas que se declararam de cor ou raça preta e residiam em trechos de vias sem árvores era 4,8 pontos mais alto que o percentual de pessoas que se declararam de cor ou raça branca e residiam em vias com essa característica. Em relação à presença de árvores, o IBGE classificou a informação em três categorias: ‘1 ou 2 árvores’, ‘3 ou 4 árvores’ e ‘5 ou mais árvores’. Em todas elas, o percentual foi ligeiramente mais baixo para a população preta, indicando possível desigualdade em relação a esse quesito no conjunto desses territórios”, pontua Larissa Catalá, Chefe do Setor de Suporte a Favelas e Comunidades Urbanas.

Considerando o tamanho populacional de favelas e comunidades urbanas, aquelas com menor número de moradores apresentaram maior percentual de residentes em trechos de vias com arborização. Em favelas e comunidades urbanas com até 250 moradores, 45,9% da população residia em trechos de vias com árvores. Esse percentual diminui gradativamente, até atingir os menores valores nas favelas e comunidades urbanas com 5.000 a 10.000 moradores (31,7%) e naquelas com mais de 10.000 moradores (31,8%).

Entre as 20 maiores favelas e comunidades urbanas do país em número de residentes, a Sol Nascente, em Brasília (DF), foi a única com mais de 70% dos moradores vivendo em trechos de vias com arborização (70,7%). Todas as outras apresentavam menos de 60%, sendo as com menor proporção de moradores vivendo em trechos de vias com árvores: Rio das Pedras – Rio de Janeiro (RJ), com 3,5%; Cidade de Deus/Alfredo Nascimento, em Manaus (AM), com 12,0%; Paraisópolis, em São Paulo (SP), com 12,0%; Rocinha, no Rio de Janeiro (RJ), com 12,3%; e Heliópolis, em São Paulo (SP), com 18,0%.

Comunidades Urbanas
Favela em Manaus. Foto: William Duarte/Rede Amazônica

Leia também: Vitória do Jari tem maior percentual de moradores em favelas do Brasil, mostra IBGE

Entre os estados, 13 apresentaram menos de 40,0% de seus moradores em favelas e comunidades urbanas residindo em trechos de vias com arborização. Entre eles: Santa Catarina (22,9%), Bahia (25,3%), Pernambuco (25,6%), Alagoas (26,4%) e Rio de Janeiro (28,4%).

Por outro lado, um estado da Região Norte e todos da Região Centro-Oeste, além do Distrito Federal, tinham mais de 60,0% de seus moradores em favelas e comunidades urbanas residindo em vias com a presença de árvores: Tocantins (80,1%), Mato Grosso do Sul (76,9%), Distrito Federal (69,1%), Mato Grosso (69,0%) e Goiás (64,3%). Em todos os estados havia um percentual menor de moradores em favelas e comunidades urbanas em trechos de vias com arborização em relação aos moradores que não viviam em favelas e comunidades urbanas.

Considerando as grandes concentrações urbanas em que havia baixo percentual de moradores em trechos de vias com arborização em favelas e comunidades urbanas, destacam-se Florianópolis/SC (17,5%), Salvador/BA (21,2%), Recife/PE (24,7%), Maceió/AL (25,3%), Belo Horizonte/MG (26,5%) e Rio de Janeiro/RJ (26,5%).

Quatro grandes concentrações urbanas apresentaram uma diferença entre o percentual de moradores em trechos de vias fora e dentro de favelas e comunidades urbanas com arborização maior que 40 pontos: Belo Horizonte/MG (76,1% contra 26,5%), Rio de Janeiro/RJ (70,0% contra 26,5%), Porto Alegre/RS (83,2% contra 40,8%) e São Paulo/SP (70,5% contra 29,9%).

Vias com calçada mostram disparidade entre dentro e fora das favelas

Enquanto fora das favelas e comunidades urbanas do país, 89,3% dos moradores viviam em trechos de vias com calçada ou passeio, o percentual cai para 53,9% dos moradores que viviam nesses territórios.

Roraima foi o único estado que apresentou percentual abaixo de 75% de moradores que residiam em trechos de vias com calçada ou passeio fora de favelas e comunidades urbanas: 63,6%. Dentro dessas áreas, somente três estados apresentaram percentual superior a 75% de moradores residindo em trechos de vias com calçada ou passeio: Maranhão (76,2%), Sergipe (83,2%) e Piauí (84,0%). Em todos os estados havia um percentual menor de moradores em favelas e comunidades urbanas em trechos de vias com calçadas ou passeio em relação aos moradores que não viviam nessas áreas.

Entre as 20 maiores favelas e comunidades urbanas em população residente, 3 apresentaram mais de 90% de seus moradores vivendo em vias com a presença de calçada ou passeio: Cidade Olímpica, em São Luís (MA), Zumbi dos Palmares/Nova Luz, em Manaus (AM), e Vila São Pedro, em São Bernardo do Campo (SP), com percentuais iguais a 99,3%, 94,1% e 90,3% respectivamente. Já Rocinha, no Rio de Janeiro (RJ), Pernambués, em Salvador (BA), e Paraisópolis, em São Paulo (SP), apresentaram os percentuais mais baixos para esse quesito, 12,1%, 16,8% e 22,7%, respectivamente.

Moradores em domicílios particulares permanentes ocupados nos setores censitários selecionados para a Pesquisa de Características Urbanísticas do Entorno dos Domicílios, em Favelas e Comunidades Urbanas, total e em trechos de vias com calçada ou passeio – 20 maiores Favelas e Comunidades Urbanas em relação ao número de moradores, 2022
20 maiores Favelas e Comunidades UrbanasEm Favelas e Comunidades Urbanas
TotalEm trechos de vias com calçada ou passeioEm trechos de vias com calçada ou passeio (%)
Total847 632522 76061,7
Sol Nascente (ARIS – Sol Nascente) – Brasília (DF)70 25151 78773,7
Rocinha – Rio de Janeiro (RJ)69 3278 36212,1
Paraisópolis – São Paulo (SP)57 61713 07022,7
Cidade de Deus/Alfredo Nascimento – Manaus (AM)55 74235 59763,9
Rio das Pedras – Rio de Janeiro (RJ)55 55521 01837,8
Heliópolis – São Paulo (SP)55 44734 52562,3
Comunidade São Lucas – Manaus (AM)53 53846 85187,5
Coroadinho – São Luís (MA)51 00443 75685,8
Baixadas da Estrada Nova Jurunas – Belém (PA)43 10330 83071,5
Beiru / Tancredo Neves – Salvador (BA)37 58615 01239,9
Zumbi dos Palmares/Nova Luz – Manaus (AM)34 67832 62194,1
Pernambués – Salvador (BA)34 6635 81516,8
Santa Etelvina – Manaus (AM)32 98824 56774,5
Baixadas da Condor – Belém (PA)31 28525 73382,3
Colônia Terra Nova – Manaus (AM)30 07322 47574,7
Vila São Pedro – São Bernardo do Campo (SP)28 12425 40690,3
Cidade Olímpica – São Luís (MA)27 31927 12699,3
Chafik / Macuco – Mauá (SP)26 66414 33753,8
Grande Vitória – Manaus (AM)26 63323 58988,6
Jardim Oratório – Mauá (SP)26 03520 28377,9

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As grandes concentrações urbanas que apresentaram as maiores diferenças entre os percentuais de moradores em vias com calçada e passeio para fora e dentro de favelas e comunidades urbanas foram Campo Grande/MS (80,0% contra 6,2%), Florianópolis/SC (84,1% contra 28,3%) e São José dos Campos/SP (95,4% contra 33,8%).

Quanto maior o tamanho da população das favelas e comunidades urbanas, o percentual de moradores que viviam em vias com calçada ou passeio aumenta. Em áreas com até 250 moradores, 47,3% viviam em vias com calçada. Esse percentual aumenta gradativamente até atingir 61,4% nas favelas e comunidades urbanas com mais de 10.000 moradores.

Maioria dos idosos em favelas e comunidades urbanas residia em vias com obstáculo em calçadas

A pesquisa revelou que dentro de favelas e comunidades urbanas, apenas 3,8% dos moradores viviam em trechos de vias com calçadas sem obstáculos no país. O número é quase 6 vezes menor que o percentual fora dessas áreas: 22,4%. Aproximadamente 15,5 milhões de pessoas residiam em domicílios localizados em trechos de vias sem calçada ou com calçada com obstáculo nas favelas e comunidades urbanas.

O levantamento também aponta que em todas as grandes regiões, o percentual de moradores com mais de 60 anos que viviam em trechos de vias com calçada sem obstáculos foi maior nas áreas fora de favelas e comunidades urbanas do que dentro dessas áreas.

“Nas cinco grandes regiões, menos de 15% dos moradores de favelas e comunidades urbanas com 60 anos ou mais viviam em trechos de vias com calçada sem obstáculo, revelando um cenário bastante desfavorável que impacta diretamente a mobilidade e a segurança da parcela mais envelhecida da população nessas áreas”, destaca Filipe Borsani, chefe do Setor de Pesquisas Territoriais.

Os estados com as maiores diferenças entre os percentuais de moradores em trechos de vias com calçadas sem obstáculos, comparando fora e dentro das favelas e comunidades urbanas, foram o Rio Grande do Sul (32,8% contra 5,0%) e o Mato Grosso do Sul (29,2% contra 1,4%). Já o estado com a menor diferença entre essas áreas foi o Acre (6,5% contra 3,2%). Ressalta-se que, neste caso, a diferença foi menor devido ao percentual encontrado ser baixo também para fora das Favelas e Comunidades Urbanas: 6,5%.

Rua na comunidade Nossa Senhora de Fátima, Zona Norte de Manaus. Foto: Leandro Guedes/Rede Amazônica

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Em relação às grandes concentrações urbanas, a pesquisa mostra que essa qualidade urbanística não está relacionada à grande região na qual elas estão localizadas. Os maiores percentuais de moradores em favelas e comunidades urbanas residindo em trechos de vias com calçadas sem obstáculos, entre as grandes concentrações urbanas, foram encontrados em todas as regiões do país: Curitiba/PR (9,6%), Sorocaba/SP (8,7%), Natal/RN (7,8%), Goiânia/GO (6,0%) e Belém/PA (5,3%). A Baixada Santista (SP) foi a concentração urbana com a maior diferença entre os percentuais para fora e dentro das favelas e comunidades urbanas, com 45,9% contra 6,0%.

Nas favelas e comunidades urbanas com até 250 pessoas, o percentual de moradores em trechos de vias com calçadas sem obstáculos atingiu o maior valor (4,4%) e, conforme aumenta a população nesses locais, o percentual diminuiu ou se manteve, até alcançar o menor valor nas favelas e comunidades urbanas com 10.000 moradores ou mais (3,5%), com exceção daquelas com mais de 5.000 a 10.000 moradores, com 3,9%.

A análise das 20 maiores favelas e comunidades urbanas em 2022 em população mostrou que 5 delas apresentaram o percentual de moradores vivendo em trechos de vias com calçadas sem obstáculos superior ao observado para o conjunto de favelas e comunidades urbanas do país (3,8%). O destaque foi a Baixadas do Condor, em Belém (PA), com o maior valor (11%). Por outro lado, Rocinha e Rio das Pedras, no Rio de Janeiro (RJ), foram as que tiveram os percentuais mais baixos (0,1% e 0,3%, respectivamente).

Mais de 95% dos moradores de favelas vivem em vias sem rampa para cadeirantes

Cerca de 15,7 milhões de moradores de favelas e comunidades urbanas viviam em trechos de vias sem rampa para cadeirantes na calçada, um percentual de 97,6%. Os moradores que viviam em trechos de vias com a presença da estrutura representavam 2,4% do total (391.024 pessoas). Já nas áreas fora de favelas e comunidades urbanas, 18,5% dos moradores viviam em trechos de vias com existência de rampa para cadeirantes na calçada.

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Entre os estados, o destaque foi o Mato Grosso do Sul, onde apenas 2,0% dos moradores de favelas e comunidades urbanas residiam em trechos de vias com rampa para cadeirantes na calçada, enquanto fora desses locais o percentual chegava a 49,0%. Roraima tinha 14,7% de seus moradores em favelas e comunidades urbanas residindo em trechos de vias com rampa para cadeirantes na calçada, seguido por Paraná (10,8%), Mato Grosso (8,7%) e Tocantins (8,0%).

Por outro lado, os estados que apresentaram os menores percentuais referentes à existência dessa estrutura em favelas e comunidades urbanas foram Pernambuco (0,9%), Santa Catarina (1,0%), Amazonas (1,4%), Rio de Janeiro (1,4%) e Rondônia (1,4%).

Entre as grandes concentrações urbanas, havia baixo percentual de moradores em trechos de vias com rampa para cadeirantes na calçada em favelas e comunidades urbanas em Campo Grande/MS (0,8%), São José dos Campos/SP (0,9%), Recife/PE (1,0%), Sorocaba/SP (1,1%) e São Paulo/SP (1,2%).

O tamanho populacional das favelas e comunidades urbanas não mostrou uma relação com o percentual de moradores em trechos de vias com rampa para cadeirantes na calçada. Tanto em favelas e comunidades urbanas com até 250 moradores como aquelas com mais de 5.000 moradores e menos de 10.000 apresentaram percentuais próximos de moradores com essa estrutura em trechos de vias (3,0% e 3,2%, respectivamente). As favelas e comunidades urbanas com população entre 2.500 e 5.000 moradores foram as que apresentaram o menor percentual (2,1%).

A análise das 20 maiores favelas e comunidades urbanas mostra que todas apresentaram percentuais baixos de moradores em trechos de vias com rampa para cadeirantes na calçada. Vila São Pedro, em São Bernardo do Campo (SP), tinha o maior percentual (7,4%), seguida por Coroadinho, em São Luís (MA), com 4,2%, e Sol Nascente, em Brasília (DF), com 3,9%. Por outro lado, aquelas que apresentaram os menores percentuais foram Rocinha, no Rio de Janeiro (RJ), com 0,0%, Grande Vitória, em Manaus (AM), com 0,0%, Paraisópolis, em São Paulo (SP), com 0,1%, e Pernambués, em Salvador (BA), com 0,1%.

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Foto:  Fernando Frazão/Agência Brasil

A pesquisa também fez um levantamento do percentual de estabelecimentos de ensino e de saúde, dentro e fora de favelas e comunidades urbanas, situados em trechos de vias com presença de calçada com rampa para cadeirantes.

Os estabelecimentos de ensino em favelas e comunidades urbanas possuíam baixa presença desse elemento urbanístico nos trechos de vias em que estavam localizados, enquanto fora dessas áreas os percentuais observados foram superiores. Destaque para três regiões: Nordeste (8,8% contra 24,8%), Sul (22,7% contra 50,6%) e Centro-Oeste (30,8% contra 52,4%).

Os estabelecimentos de saúde apresentaram também grandes desigualdades quanto à presença do quesito nos trechos de vias em que estavam situados, comparando dentro e fora das favelas e comunidades urbanas. Destaque para Sul (27,6% contra 69,0%) e Centro-Oeste (15,6% contra 66,8%).

Menos de 1% dos moradores de favelas vive em vias sinalizadas para bicicletas

Em 2022, 0,9% dos moradores de favelas e comunidades urbanas vivia em trechos de vias sinalizados para bicicleta, totalizando 150.810 pessoas no país. Mais de 16 milhões residiam em trechos de vias sem essa característica nesses locais. Fora de favelas e comunidades urbanas, o percentual também era baixo, com 2,7% dos moradores encontrando essa infraestrutura urbana.

Entre as unidades da federação, todas apresentaram uma maior proporção de moradores em trechos de vias sinalizados para bicicleta fora das favelas e comunidades urbanas em comparação com moradores dessas áreas. As maiores discrepâncias estavam em Santa Catarina (7,2% contra 0,5%), no Amapá (4,6% contra 0,5%) e no Distrito Federal (4,4% contra 0,5%). Ceará e Pará apresentaram a maior proporção de moradores em trechos de vias sinalizados para bicicletas em favelas e comunidades urbanas, ambos com 2,2%. Roraima e Mato Grosso do Sul marcaram ambos 0,0% dentro das favelas e comunidades urbanas, mas fora tinham 1,6% e 1,4%, respectivamente, de moradores em trechos de vias sinalizados para bicicleta.

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Foto: William Duarte/Rede Amazônica

Entre as 20 maiores favelas e comunidades urbanas em população residente, Rio das Pedras, no Rio de Janeiro (RJ), e Colônia Terra Nova, em Manaus (AM), não apresentavam, em 2022, nenhum morador residindo em vias sinalizadas para bicicleta. Outras duas favelas e comunidades urbanas tinham mais de 4,0% dos moradores em trechos com essa infraestrutura urbana: Baixadas da Condor (6,6%) e Baixadas da Estrada Nova Jurunas (4,5%), ambas em Belém (PA).

Entre as grandes concentrações urbanas, os menores percentuais de moradores em trechos de vias sinalizadas para bicicleta nas favelas e comunidades urbanas foram observados em Campo Grande/MS (0,0%), São José dos Campos/SP (0,1%), Cuiabá/MT (0,1%) e Natal/RN (0,4%). As grandes concentrações urbanas com maiores discrepâncias foram Florianópolis/SC (7,9% contra 0,6%), Baixada Santista/SP (5,5% contra 1,2%) e Fortaleza/CE (6,3% contra 2,5%).

Considerando o tamanho populacional, o maior percentual de moradores em trechos de vias sinalizadas para bicicleta foi observado na menor e na maior classe de tamanho das favelas e comunidades urbanas (até 250 moradores e mais de 10.000 moradores, respectivamente) – ambas com 1,3%. O menor percentual (0,8%) esteve presente nas classes de 500 a 1.000 moradores e 5.000 a 10.000 moradores.

*O conteúdo foi originalmente publicado na Agência de Notícias do IBGE.

Solo da Amazônia estoca mais da metade do carbono orgânico presente no Brasil

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Amazônia concentra 52% de toda massa total de carbono orgânico presente no solo brasileiro. Foto: Acervo/MMA

No Dia Mundial do Solo, celebrado nesta sexta-feira, 5 de dezembro, a rede MapBiomas revelou que o solo da Amazônia concentra 52% da massa total de carbono orgânico presente em território brasileiro. Os dados revelados pela plataforma detalham que o Brasil possui uma massa total de 37,5 gigatoneladas (Gt) de carbono orgânico do solo (COS), onde mais da metade se encontra na região amazônica.

O estudo, que será publicado no site oficial da plataforma, integra dados da nova Coleção 3 (beta) de mapas anuais do estoque de carbono orgânico do solo entre 1985 e 2024, além de mapas de granulometria, textura e profundidade de camadas pedregosas dentro de 100 centímetros do solo em todo o território brasileiro. O professor Alessandro Samuel-Rosa, um dos coordenadores do MapBiomas Solo, explica sobre os novos dados.

Brasil possui massa total de 37,5 gigatoneladas de carbono orgânico, onde mais da metade está na Amazônia. Foto: Cecília Bastos/USP

“O solo é um arquivo do tempo: nele se acumulam sinais de clima, vegetação e relevo que moldaram o território ao longo da história. A distribuição do carbono orgânico é um exemplo disso. Compreender esses padrões é olhar para o país também pelo que se conserva abaixo da superfície”, destacou o professor.

Leia Mais: A Amazônia pode se tornar uma grande emissora de carbono?

Os dados revelam que 35,9% do solo brasileiro estoca entre 40 e 50 t/ha de carbono. A Mata Atlântica supera a média nacional de armazenamento por hectare, com 53,4 t/ha, onde se encontram as regiões de clima mais frio (como campos de altitude e florestas de araucária) e úmidas (como restingas e mangues) que favorecem o acúmulo de carbono abaixo da superfície. Em segundo lugar, está a Amazônia, com 46,3 t/ha, e depois o Pampa, com 43,7 t/ha. Nos dois biomas, os maiores estoques de carbono orgânico do solo estão em florestas de várzea, como aquelas próximas do Rio Negro na Amazônia, e na zona costeira.

Relação composição do solo x uso da terra

Para fins práticos, a composição do solo é usualmente agrupada em classes de textura, que refletem a relação entre areia, silte e argila. Os novos dados mostram que, na camada superficial de 0–30 cm, a textura média predomina em 63,4% do território brasileiro, seguida pelos solos argilosos (29,6%), enquanto as classes arenosa, siltosa e muito argilosa somadas representam apenas 7% da área nacional. Além das diferenças na superfície, os mapas permitem observar de maneira explícita como a textura do solo pode mudar em profundidade: entre 60 e 100 cm, o país se torna majoritariamente argiloso (63,6%). 

A textura do solo brasileiro revela contrastes marcantes entre os biomas brasileiros. Na Mata Atlântica, predominam solos com teores de argila superiores a 60%, o que confere maior capacidade de armazenamento de água e de retenção de nutrientes e também contaminantes, além de permitir que o carbono orgânico permaneça estocado por longos períodos.

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Em contraste, Cerrado, Caatinga e Pantanal concentram áreas com teores de areia acima de 60%, ou seja, em solos nos quais a capacidade de retenção de nutrientes e carbono são menores e a infiltração e evaporação da água ocorrem de forma mais rápida, refletindo em menor quantidade de água disponível no solo. Ao mesmo tempo, a facilidade de infiltração  contribui para a recarga dos aquíferos durante o período chuvoso.

Textura do solo brasileiro revela contrastes marcantes entre os biomas brasileiros. Foto: Divulgação/ Ministério da Agricultura e Pecuária

Já os maiores teores de silte, geralmente inferiores a 30%, ocorrem sobretudo nas várzeas da Amazônia, associados a sedimentos transportados dos Andes pelos grandes rios que alimentam o sistema amazônico, onde também se acumulam grandes quantidades de carbono.

“Os dados ajudam a explicar por que diferentes ambientes respondem de maneiras distintas ao uso do solo e às condições climáticas. Por exemplo, a mudança da textura em profundidade pode ter efeitos distintos dependendo da cobertura ou uso da terra. Quando sob vegetação natural, cultivo perene ou com cobertura do solo abundante, ela pode aumentar a disponibilidade de água da chuva que infiltra lentamente no solo. Por outro lado, em solos descobertos, revolvidos ou com vegetação rala, a mudança textural tende a dificultar a infiltração e aumentar o risco de erosão do solo. Esse efeito aumenta, com eventos de precipitação extrema”, explica o professor Alessandro.

A análise conjunta desses mapas de solo e da série histórica de uso e cobertura da terra evidencia padrões de ocupação do território relacionados às características físicas do solo. Entre 1985 e 2024, a pastagem se expandiu principalmente sobre solos de textura média e arenosa, perdendo área nas regiões muito argilosas. Essas áreas foram majoritariamente ocupadas pela agricultura, que também cresceu preferencialmente sobre áreas com baixa pedregosidade nos primeiros 90 cmJá a silvicultura teve expansão mais expressiva em locais onde a pedregosidade aparece nas camadas superficiais (<50 cm).

Os novos dados mostram que 9% do território brasileiro (77 milhões de hectares) possuem solo com mais de 50% de seu volume ocupado por pedregosidade dominante nos primeiros 100 cm. Destes, em 27,6 milhões de hectares (3,2% do território), o solo tem, no máximo, cerca de 90 cm de profundidade.

Abaixo dessa profundidade, o solo encontra a rocha ou tem mais de 90% de seu volume ocupado por fragmentos de rocha, cascalho, nódulos ou concreções (pedregosidade extrema). Na Caatinga, em particular, o solo se torna progressivamente mais pedregoso a profundidades entre 10 e 50 cm. Quanto maior a pedregosidade do solo, menor tende a ser o espaço disponível para o crescimento das raízes e o armazenamento de água, além de dificultar a mecanização agrícola e obras urbanas de saneamento.

Relação textura do solo x estoque de carbono

As diferenças nos estoques de carbono orgânico do solo tornam-se ainda mais evidentes quando analisadas por textura. Em média, solos argilosos, muito argilosos e siltosos possuem os maiores estoques, frequentemente acima de 50 t/ha em todos os biomas, enquanto os solos arenosos têm estoque médio de 32 t/ha no país. Na Caatinga, por exemplo, solos muito argilosos têm em média o dobro do estoque de carbono de solos arenosos, chegando a 35 t/ha de diferença.

“No Brasil, a distribuição do estoque de carbono orgânico do solo é marcadamente heterogênea, refletindo a diversidade climática, hidrológica, geológica e ecológica do território. Essa heterogeneidade reforça a importância de compreender cada bioma em sua totalidade, considerando tanto o que ocorre acima quanto abaixo da superfície”, destaca o professor.

Repositório público de amostras de solo

Além do lançamento de novos mapas de propriedades do solo, o MapBiomas Solo também lançou uma plataforma inédita de visualização espacial de dados de amostras de solo. A plataforma (https://plataforma.soildata.mapbiomas.org/) permite ao usuário navegar pelo território brasileiro, identificar onde há amostras de solo coletadas por pesquisadores e técnicos no passado e descarregar esses dados para uso em suas atividades. O usuário encontra dados de textura do solo (argila, silte e areia), carbono orgânico, densidade do solo e volume de fragmentos grossos de mais de 45 mil amostras de 15 mil pontos de coleta.

Plataforma do MapBiomas Solo é o maior repositório público dos dados de pesquisa em solos realizados no Brasil. Foto: Reprodução MapBiomas

A plataforma faz parte do SoilData (https://soildata.mapbiomas.org/), o maior repositório público e de acesso aberto de dados de pesquisa em solos realizados no país.

“Trata-se de um recurso único para pesquisadores, gestores públicos, consultores e produtores rurais, que agora podem localizar rapidamente dados de referência, verificar lacunas de monitoramento e comparar resultados de diferentes regiões”, explica o professor Alessandro, coordenador do repositório.

Energisa leva energia limpa para comunidades remotas da Amazônia

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Vila Restauração é a prova de que energia limpa e sustentabilidade geram desenvolvimento social e promovem qualidade de vida para comunidades ribeirinhas da Amazônia. Foto: Divulgação

O Brasil está sediando a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), aqui na região Norte do país, em Belém. O encontro reúne líderes mundiais, cientistas, organizações não governamentais e representantes da sociedade civil que discutem ações para combater as mudanças do clima.

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A Energisa também está presente na COP30 com o compromisso de contribuir para a descarbonização do Brasil, com atenção especial à Amazônia Legal.

Nosso propósito é mostrar como o ecossistema de soluções do Grupo pode acelerar a transformação energética de forma sustentável, inclusiva e conectada às necessidades locais, unindo inovação, fontes renováveis e desenvolvimento regional.

Grandes obras foram realizadas para interligar municípios do Acre ao Sistema Interligado Nacional (SIN). Foto: Divulgação

A sustentabilidade não é um pilar isolado no Grupo Energisa: está integrada à estratégia, por meio da chamada Energia 5D. Cada D traduz umvetor de transformação que orienta as decisões da companhia: descarbonização, digitalização, descentralização, democratização e diversificação.

No Acre, a Energisa vem colocando esses princípios em prática com o programa de descarbonização, que já desligou seis termelétricas movidas a diesel e evitou a emissão de mais de 166 mil de toneladas de CO₂.

A conexão de Cruzeiro do Sul ao Sistema Interligado Nacional (SIN) encerrou o ciclo de integração de sistemas isolados conduzido pela Energisa na região. Antes da interligação, o município era o segundo maior sistema isolado do país e dependia de uma usina a diesel com capacidade de 20 MW, consumindo cerca de 54 milhões de litros de combustível por ano.

O início da operação da Linha de Transmissão que conecta Rio Branco a Cruzeiro do Sul marcou a conclusão, no fim de 2024, da primeira parte do Programa de Descarbonização da Amazônia Legal. A integração do município ao SIN, que também conectou Feijó e Tarauacá, possibilitou a desativação da usina termelétrica da cidade que era uma das maiores da Região Norte.

Quando se fala em atuação ambiental, o projeto que leva energia para a Vila Restauração é sempre referência. Durante décadas, as famílias da comunidade, distante sete horas de barco do município de Marechal Thaumaturgo, era sinônimo de escuridão.

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A energia usada pelas cerca de 200 famílias que moram lá vinha de um gerador a diesel que funcionava apenas três horas por dia. À noite, era impossível estudar, conservar alimentos ou manter atendimentos médicos básicos.

Cerca de quatro anos depois da chegada da eletricidade permanente, a realidade mudou. Hoje, as famílias que vivem no meio da floresta têm luz 24 horas, internet, comércio fortalecido e novos serviços, como açougue, sorveteria e salão de beleza.

Os 580 painéis solares geram e as baterias de lítio armazenam a energia que a comunidade precisa. Uma verdadeira operação de guerra foi feita para transportar os equipamentos em caminhões, balsas e barcos até um dos pontos mais remotos da Amazônia. O objetivo era provar que era possível substituir o diesel por uma solução limpa e replicável em comunidades isoladas da região.

Nova realidade de energia

A escola passou a ter ventiladores, projetor e internet para as aulas, o que tornou a rotina mais produtiva e abriu novas possibilidades de aprendizado. O posto de saúde, que antes mal acionava a bomba d’água, hoje mantém vacinas armazenadas com segurança. As famílias conseguem conservar alimentos por mais tempo, muitos moradores passaram a assistir televisão à noite e o comércio local cresceu. A comunicação também avançou com a instalação de uma torre de telefonia celular, o que facilitou o uso de máquinas de cartão, o contato com fornecedores e os pagamentos sem necessidade de ir até a cidade.

Reconhecimento internacional

Energisa tem o compromisso de promover maior qualidade de energia alinhada com a sustentabilidade no Acre. Foto: Divulgação

O pioneirismo do modelo de energia na Vila Restauração ganhou destaque fora do Brasil. Em junho de 2023, o projeto venceu o “The Smarter E Award”, em Munique, na Alemanha, um dos prêmios mais importantes do setor de renováveis. Entre os sete finalistas, o trabalho brasileiro foi o único realizado no hemisfério sul, superando iniciativas da Europa, Estados Unidos e Ásia.

O diretor presidente da Energisa Acre, Ricardo Xavier, destaca que o compromisso real da empresa é com o futuro e com o desenvolvimento das comunidades onde está inserida.

“Na Energisa, acreditamos que a energia tem o poder de transformar. Quando investimos em fontes mais limpas, eficiência, inovação e educação ambiental, estamos cuidando das pessoas — das que estão aqui agora e das que virão depois de nós. Estamos olhando para a floresta em pé, para o desenvolvimento que respeita o território e para oportunidades que não sacrificam o amanhã”.

O Grupo Energisa acredita que o futuro da energia será construído por meio de uma matriz diversa e complementar, que combina diferentes tecnologias e fontes renováveis. Por isso, aposta na multipotencialidade como diferencial estratégico para ampliar o acesso à energia limpa, apoiar comunidades em áreas remotas e impulsionar um futuro energético mais justo, acessível e sustentável para todos.

*Com informações da assessoria

Dia Mundial do Solo: alerta sobre a degradação dos Solos e seus impactos na produção global de alimentos

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Alerta sobre a degradação dos Solos. Foto: divulgação

Um estudo produzido pela Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO) mostrou que 33% dos solos do mundo estão degradados. Apenas a erosão extingue de 25 a 40 bilhões de toneladas de solo por ano, diminuindo bastante a produtividade.

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Estima-se uma perda de produção de cereais, por causa da erosão, na ordem de 253 milhões de toneladas, em 2050. Aproximadamente 50% dos solos latino-americanos sofrem atualmente com algum tipo de degradação.

Dia Nacional da Conservação do Solo. Foto: Sepror

A data 5 de dezembro foi criada pela Sociedade Internacional de Ciência do Solo (IUSS), durante o XXVII Congresso Mundial de Ciência do Solo, em Bangkog, na Tailândia, em 2002, e oficializada pela Assembleia Geral das Nações Unidas, por meio da Resolução n.º 68/232 de 20/12/2013, tendo como base os seguintes princípios:

  • Os solos são fundamentais para a sustentação da vida na Terra, pois constituem a base para o desenvolvimento agrícola, para as funções dos ecossistemas essenciais e segurança alimentar;
  • A sustentabilidade dos solos é fundamental para enfrentar as pressões de uma população em crescimento e, assim, a gestão sustentável pode contribuir para solos saudáveis para a segurança da produção de alimento a nível mundial e para os ecossistemas estáveis e sua utilização de forma sustentável;
Museu de Solos da Amazônia
Museu criado com apoio do Governo do Estado em Itacoatiara. Foto: Samuel: Rodrigues Barbosa
  • A boa gestão dos solos têm importância econômica e social determinante para a biodiversidade, agricultura sustentável e segurança alimentar, erradicação da pobreza, capacitação das mulheres, combate às alterações climáticas, melhoria da disponibilidade de água, salientando que a desertificação, a degradação dos solos e as secas são desafios de dimensão mundial, que continuam a representar sérios entraves para o desenvolvimento sustentável de todos os países, em especial, os países em desenvolvimento;
  • A necessidade urgente, em todos os níveis, de aumentar a consciencialização e promoção da sustentabilidade dos recursos limitados de solo, utilizando a melhor informação científica disponível e tomando como base todas as dimensões do desenvolvimento sustentável.

Para os agricultores, o solo é o ponto de partida para garantir a produtividade do cultivo. Neste contexto, o DNOCS não poderia deixar de memorar essa data. A reflexão fica para podermos nos conscientizar da importância de buscarmos ações para usar o solo de maneira responsável, sem ameaçar a segurança alimentar do mundo, a produção alimentar e a vida na Terra, de uma maneira geral. Neste Dia Mundial do Solo, propague a mensagem: “cuidar do solo é preservar a vida”.

Museu de Solos da Amazônia

Um espaço que promove o acesso a informações sobre a temática do solo, permite a troca de experiências, desperta responsabilidades socioambientais, e ideias e ações inovadoras, além da conscientização da preservação e conservação do solo: esse é o Museu de Solos da Amazônia (Musoam), que está localizado em Itacoatiara (176 KM distante de Manaus), no Amazonas.

Museu criado com apoio do Governo do Estado em Itacoatiara. Foto: Samuel: Rodrigues Barbosa

O projeto levado adiante por pesquisadores da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) do município visa a integração da ciência, educação e da natureza, por meio da disseminação do conteúdo sobre solos na região, com maior acessibilidade, interação e metodologias de fácil compreensão.

O acervo dispõe de mais de 50 monolitos de solos, que são perfis de solos preservados de interesse pedológico, de ambientes representativos da região amazônica, e que não tiveram a intervenção do homem no ambiente natural. No espaço também é possível conhecer a coleção de cores de solos, por meio de oficinas que demonstram as diferentes cores, sendo possível discutir e explicar sua origem.

O projeto é apoiado pelo Governo do Estado, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam). Sob a coordenação do doutor em Ciência do Solo, Luís Antônio Coutrim dos Santos, do Centro de Estudos Superiores de Itacoatiara (Cesit/UEA), o projeto foi fomentado pelo ‘Programa Biodiversa/Fapeam: CT&I para Ambiência e Biodiversidade no Estado do Amazonas’.

Prefeitura de Boa Vista inaugura parque infantil na Escola Emília Rios Peixoto

A entrega ocorreu na Escola Municipal Emília Rios Peixoto. Foto: PMBV

A semana iniciou de forma especial na Escola Municipal Emília Rios Peixoto, no bairro Cidade Satélite. Nesta última segunda, 1º, alunos participaram da inauguração do novo parque infantil da unidade, em um evento especial que contou até com piquenique. A entrega faz parte da parceria entre a Prefeitura de Boa Vista e a Fundação Abrinq, que está beneficiando cinco escolas da rede municipal com estruturas voltadas ao desenvolvimento infantil.

Além da Emília Rios, também recebem parques infantis o Núcleo de Creche Senador Hélio Campos, a Escola Antonio Airton Oliveira Dias, o anexo da Escola Newton Tavares e a Escola Pedro Ferreira Monteiro — juntas, essas unidades atendem mais de 2 mil crianças.

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Parceria que amplia oportunidades para a primeira infância

Para Consuêlo Sales, a iniciativa reforça o compromisso com a educação infantil. Foto: PMBV

Para Consuêlo Sales, secretária-executiva de Primeira Infância, a iniciativa reforça o compromisso do município em buscar aliados para ampliar investimentos na educação infantil. “Sabemos o quanto um espaço como esse contribui para o desenvolvimento das crianças e para a prática pedagógica dos professores. E nos deixa muito felizes ver a cidade avançando com excelência na educação”, destacou.

A alegria das crianças

Os estudantes foram os primeiros a testar o novo parque e aprovaram a novidade. A pequena Emanuelle Oliveira, 6 anos, não escondeu a empolgação. “Eu adorei o parquinho. Vou brincar muito aqui. Gostei principalmente do escorregador. Eu amo a minha escola, a merenda, os amigos”, disse.

Para Zion Mendes, 5 anos, o balanço foi o brinquedo preferido. “O parquinho é lindo. O balanço é bem legal. Vou brincar muito aqui”, contou.

Formação garante uso pedagógico do parquinho

Irlis Luiz reforçou que os professores estão preparados para utilizar o espaço. Foto: PMBV

A Fundação Abrinq também ofereceu formação aos profissionais das escolas contempladas. Os encontros o ocorreram on-line e abordaram temas como o papel do brincar no desenvolvimento infantil, práticas pedagógicas inclusivas e o brincar como ferramenta de aprendizagem.

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A gerente de Educação Infantil da Rede Municipal, Irlis Luiz, reforçou que os professores estão preparados para utilizar o espaço de forma intencional e educativa.

Espaço contempla toda a comunidade escolar. Foto: PMBV

“Os professores participaram de uma formação que tratou de forma aprofundada a relação entre brincar, desenvolvimento infantil e aprendizagem. O parque garante novas possibilidades para o desenvolvimento psicomotor, cognitivo e social das crianças”, explicou.

Ela acrescenta ainda, que o equipamento atende todas as turmas da unidade. “Aqui na Emília Rios, o parque beneficia desde as crianças da creche, com dois anos, até os alunos da pré-escola, com cinco anos. É um espaço que contempla toda a comunidade escolar”, destacou.