Foto: Reprodução/Livro ‘Cuyabá, um Show de Bola’, de José Augusto Tenuta
Pelé é considerado o maior jogador de futebol de todos os tempos e marcou a história do esporte mundial. Em sua trajetória, o craque deixou memórias por onde passou, incluindo visitas a cidades brasileiras distantes dos grandes centros esportivos.
Cuiabá (MT) foi uma dessas cidades que receberam a presença do Rei do Futebol. Sua passagem pela capital mato-grossense ficou registrada na memória de torcedores, jornalistas e admiradores que acompanharam de perto os momentos em que Pelé esteve presente.
A visita ocorreu em um período em que o futebol se expandia para diferentes regiões do país e buscava se consolidar também no Centro-Oeste. A presença de Pelé em Cuiabá reforçou esse movimento e atraiu olhares para a prática esportiva local.
Além da participação em eventos esportivos, Pelé também cumpriu compromissos institucionais e sociais. Sua ida á cidade foi cercada de homenagens e simbolizou um marco para a história do futebol em Mato Grosso.
O ídolo mundial esteve em Cuiabá em ocasiões que marcaram diferentes décadas, sempre recebendo grande atenção da população. O principal registro aconteceu em 1973, quando Pelé, ainda jogador do Santos Futebol Clube, participou de uma partida amistosa na cidade.
O jogo foi disputado no antigo Estádio Presidente Dutra, conhecido como Dutrinha. O espaço, que já era tradicional no futebol mato-grossense, viveu uma de suas maiores lotações. Milhares de torcedores se reuniram para ver de perto o camisa 10 da Seleção Brasileira.
Pelé chegou acompanhado de seus companheiros de equipe e mobilizou a imprensa local. O desembarque foi cercado por curiosos que queriam registrar fotos e autógrafos.
Pelé pousando para foto em jogo de Santos em Cuiabá, em 1965. Foto: Acervo de Glauco Marcello de Almeida
A partida em que Pelé atuou em Cuiabá reuniu o Santos, clube que dominava o futebol brasileiro na época, contra uma seleção local formada por jogadores de destaque do estado. O encontro despertou enorme expectativa entre torcedores que raramente tinham a chance de assistir a ídolos do futebol nacional em campo.
Durante o jogo, Pelé mostrou a mesma habilidade que o consagrou mundialmente. Mesmo sendo um amistoso, sua movimentação, dribles e passes chamaram a atenção. O Santos venceu a partida, mas o resultado ficou em segundo plano diante da oportunidade única de assistir ao Rei do Futebol de perto.
Relatos da época registram que os torcedores vibraram a cada toque de bola de Pelé. O estádio se tornou palco de uma celebração esportiva e a presença do craque em campo elevou o prestígio do futebol local.
A repercussão em Mato Grosso
A passagem de Pelé por Cuiabá também repercutiu de forma intensa na imprensa regional. Jornais locais noticiaram a visita com destaque, reforçando a importância do momento para o esporte do estado. Para muitos atletas mato-grossenses, a presença do craque serviu como inspiração para seguir carreira no futebol.
Além do aspecto esportivo, a visita de Pelé gerou visibilidade nacional para Cuiabá. A cidade, que ainda buscava consolidar-se como polo esportivo, ganhou espaço em veículos de comunicação de outros estados, o que fortaleceu a imagem do futebol mato-grossense.
Durante sua passagem por Cuiabá, Pelé também participou de compromissos fora do campo. O jogador foi recebido por autoridades locais e participou de eventos sociais que reforçaram seu papel como embaixador do futebol brasileiro.
A postura de Pelé, sempre atencioso com torcedores e admiradores, consolidou a imagem de um atleta acessível. Mesmo cercado por multidões, o craque dedicou tempo a autógrafos, cumprimentos e entrevistas, que ficaram registradas em fotos e arquivos da imprensa mato-grossense.
Essas interações ajudaram a fortalecer o vínculo entre o ídolo e a população cuiabana, que passou a ter o episódio como parte de sua memória cultural e esportiva.
Até os dias atuais, a memória da passagem de Pelé pela capital mato-grossense é lembrada em reportagens e registros históricos. O episódio reforça a dimensão do Rei do Futebol, cuja carreira ultrapassou fronteiras e levou emoção a diferentes partes do país.
Comboio de 30 barcaças navega o rio Madeira, em Porto Velho. Foto: Reprodução/Transportes Bertolini
Depois que o governo federal incluiu a Hidrovia do Rio Madeira no programa de concessões, surgiram muitas dúvidas sobre a possível cobrança de tarifas para navegação no trecho entre Porto Velho (RO) e Itacoatiara (AM). Afinal, será cobrado pedágio para poder navegar pelo rio?
Segundo a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ), a empresa que vencer o leilão da concessão e assumir a operação e manutenção da hidrovia poderá sim cobrar tarifas das embarcações comerciais que transportam cargas.
Mas essa cobrança só vai acontecer conforme as melhorias forem sendo entregues pela concessionária, e não são todos que vão precisar pagar.
A proposta de concessão já foi aprovada pela Antaq e está em análise pelo Ministério de Portos e Aeroportos. O próximo passo será uma audiência pública, aberta à população, para discutir o projeto, esclarecer dúvidas e receber sugestões. Ainda não há data definida para esse encontro.
O Grupo Rede Amazônica conversou com a Antaq para entender o que vai acontecer no trecho, como será feita essa cobrança e quem poderá ficar isento. Entenda os principais pontos:
Quanto custará o pedágio?
A empresa que vencer o leilão da concessão poderá cobrar uma tarifa inicial de R$ 0,80 por tonelada de carga transportada. Esse valor está previsto na proposta como referência, mas durante o leilão vence quem oferecer o menor preço, ou seja, o valor final pode ser mais barato que R$ 0,80.
A cobrança será feita de forma gradual, conforme as melhorias forem sendo entregues pela concessionária, por exemplo:
Até o 2º ano de contrato a empresa poderá cobrar até 70% da tarifa.
Até o 5º ano, poderá cobrar 100% do valor, desde que todas as obras estejam concluídas.
Se a empresa entregar todas as melhorias antes do prazo, poderá antecipar a cobrança total. Esse modelo é chamado de “degrau tarifário” e tem como objetivo garantir que os usuários só paguem o valor cheio quando os serviços estiverem funcionando plenamente.
Foto: Leandro Morais/Secom RO
O que a empresa precisa fazer antes de cobrar?
A concessionária que vencer o leilão terá que cumprir uma série de exigências. Primeiro, será necessário conseguir licenças ambientais para operar na região e colocar em funcionamento equipamentos de dragagem para limpar e aprofundar o leito do rio para melhorar a navegação.
Além disso, a empresa deverá instalar sistemas de monitoramento do clima e do rio, realizar obras de manutenção ao longo da hidrovia e colocar sinalização adequada para controlar o tráfego das embarcações.
Entre o 3º e o 4º ano, também será necessário fazer obras mais complexas, como a retirada de pedras do fundo do rio (derrocamento). Tudo isso precisa estar em andamento ou concluído antes que a cobrança total da tarifa seja autorizada.
Quem não vai pagar tarifa?
Nem todas as embarcações que circulam pela hidrovia do Rio Madeira terão que pagar o pedágio, como o caso dos chamados barcos mistos, que transportam tanto passageiros quanto cargas.
Além deles, pequenas embarcações que não têm finalidade comercial também não precisarão pagar. Isso inclui, por exemplo, lanchas e canoas usadas para passeios e deslocamento de ribeirinhos.
A tarifa muda conforme o tipo de carga?
De acordo com a Antaq, por enquanto, a tarifa não muda. Mas o contrato permite que a empresa peça autorização para cobrar valores diferentes, dependendo do tipo de carga ou cliente. Isso só pode acontecer com aprovação da agência e seguindo regras justas.
Onde ficarão os pontos de pedágio?
Não haverá pedágios físicos. A cobrança será digital, com controle do tráfego e identificação das embarcações. Esse sistema é chamado de “Free Flow”.
Ainda não há datas definidas para os próximos passos do processo de concessão. A audiência pública, que será aberta à população para discutir o projeto e esclarecer dúvidas, ainda está em fase de preparação.
Também não há previsão para a análise do Tribunal de Contas da União (TCU), que precisa avaliar os estudos técnicos e jurídicos envolvidos. A publicação do edital e o leilão da concessão — que vai definir qual empresa será responsável pela operação e manutenção da hidrovia — também seguem sem data marcada.
Se todas as etapas forem aprovadas, será realizada uma consulta pública e, em seguida, o leilão para escolher oficialmente a concessionária que vai assumir a hidrovia do rio Madeira.
Fornecimento estável de energia reduz custos e impulsiona oportunidades em setores como saúde, turismo e tecnologiaem Roraima. Foto: Divulgação/MIDR
Com a energização do Linhão Manaus–Boa Vista, Roraimapassa a integrar o Sistema Interligado Nacional (SIN) e se projeta como novo polo estratégico de energia, além de atrair investimentos em setores como irrigação, datacenters, agroindústrias, saúde, hotelaria e turismo.
A integração elétrica de Roraima se concretiza com financiamentos do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR). Por meio do Fundo Constitucional de Financiamento do Norte (FNO)e do Fundo de Desenvolvimento da Amazônia (FDA) serão investidos um total de R$ 2,5 bilhões na linha de transmissão. O valor total do projeto é de R$ 3,3 bilhões, segundo o Ministério de Minas e Energia (MME).
Roraima se torna polo estratégico de energia. Foto: Divulgação
No dia 21 de setembro, Roraima exportou 27 MegaWatts (MW) para o SIN, indicando que a geração de energia do estado já superou a demanda local. Para o secretário Extraordinário de Atração de Investimentos do Governo do Estado de Roraima, Aluízio Nascimento da Silva, esse é apenas o começo de um movimento maior.
“O grande negócio do linhão não é só Roraima estar no sistema nacional, mas criar condições para atrair investimentos e, no futuro, disponibilizar energia ao SIN. Queremos transformar essa capacidade em uma regra e fazer dela o grande negócio do estado”, afirmou Nascimento.
A linha em circuito duplo de 500 kV liga as subestações Lechuga, Equador e Boa Vista, e vai operar inicialmente com cerca de 55% da carga, enquanto o restante continuará sendo suprido pelas usinas locais até o fim dos contratos vigentes. Além de ampliar a matriz, o acesso ao SIN garante acesso ao mercado livre de energia e cria condições para atender futuras indústrias, projetos de irrigação e o agronegócio, setor que vem crescendo de forma acelerada nos últimos anos em Roraima.
O secretário extraordinário de Atração de Investimentos, destaca que esse novo cenário já desperta o interesse de segmentos estratégicos.
“Um setor que me deixa muito animado é o de data centers. Já estamos recebendo propostas nesse sentido, assim como de agroindústrias finalísticas, como frigoríficos de frango, visando o consumo local e do Amazonas, que juntos somam quase 5 milhões de consumidores, mas também para atender a vizinhos como Venezuela, Colômbia, Guiana e até os países do Caribe, um mercado de mais de 60 milhões de pessoas. Tudo isso só é possível com energia de confiança”, ressaltou Nascimento.
No dia 21 de setembro, Roraimaexportou 27 MegaWatts (MW) para o SIN. Foto: Divulgação
A localização estratégica de Roraima pode ser aproveitada também no campo da conectividade. “A Guiana já recebe quatro cabos de fibra ótica internacionais, com backbones em Georgetown. Como nossa rede já chega à divisa, podemos trazer essa estrutura e gerar redundância para todo o Norte do Brasil”, completou.
Além do potencial energético, Roraima intensifica a atração de investimentos por meio do programa Roraima Day, lançado em 2019. Segundo Nascimento, a iniciativa tem como objetivo “vender” o estado para investidores, abordando temas como energia, regularização fundiária e meio ambiente. Desde seu lançamento, o programa já percorreu nove estados e recebeu centenas de empresas em eventos como os de São Paulo (110 empresas) e Curitiba (163 empresas). O segundo ocorreu nesta segunda-feira (22), e já trouxe resultados. “Tenho 34 visitas marcadas in loco de pessoas que estavam em Curitiba”, destacou o secretário.
Início da energização do Linhão Manaus-Boa Vista
O estado de Roraimafoi incluído ao Sistema Interligado Nacional (SIN) no dia 10 de setembro deste ano. A operação de início da energização do Linhão Manaus-Boa Vista foi conduzida a partir da sede do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), em Brasília, com presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ministro do MIDR, Waldez Góes.
O ministro ressaltou que a iniciativa representa um marco histórico para o desenvolvimento sustentável da Amazônia. “O presidente Lula segue firme garantindo à Amazônia aquilo que é condicionante para o processo de desenvolvimento e agregar valor às nossas vocações produtivas, que é inovação, tecnologia, infraestrutura, energia de qualidade e logística”, observou.
Impactos ambientais e fiscais
Estado de Roraima. Foto: Richard Messias/PMBV
De acordo com o gerente de Energia da Confederação Nacional das Indústrias (CNI), Roberto Wagner Lima, até 2026 o linhão de Tucuruí deve atender cerca de 70% da demanda energética de Roraima. A substituição das usinas termelétricas a óleo diesel pode gerar uma redução anual de mais de R$ 500 milhões na Conta deConsumo de Combustíveis (CCC) — subsídio pago por todos os brasileiros para bancar a geração de energia em áreas isoladas.
Em 2023, a CCC custou R$ 13 bilhões ao país, sendo Roraimaum dos estados que mais pressionava esse gasto. Segundo Lima, essa conta representa hoje entre 4% e 4,5% do valor final da tarifa de energia elétrica. “O Linhão, além de garantir segurança energética para Roraima, vai aliviar o bolso de todos os consumidores do país, reduzindo a necessidade desse subsídio aos combustíveis fósseis”, ressaltou.
O Amazonas registrou uma redução de 86,31% dos focos de calor em setembro, comparado com o mesmo período de 2024. Com menos de mil focos, o estado registrou o menor número de notificações em 23 anos. Os dados são do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), monitorados pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema) e pelo Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam).
Em setembro de 2025, foram identificados 942 focos de calor no Amazonas, contra 6.879 focos notificados no mesmo período de 2024. Este foi o menor número de focos de calor registrados em setembro desde 2002, quando iniciou-se o monitoramento com o atual satélite de referência do Inpe, sendo a primeira vez que o total mensal fica abaixo de mil registros.
“Em 23 anos de monitoramento, é a primeira vez que alcançamos esse resultado, que é fruto da intensificação das ações de fiscalização e da presença constante das equipes do Governo do Amazonas em campo, somados ao impacto das chuvas, que também tiveram um papel relevante nas áreas que historicamente mais queimam”, disse o secretário de Estado do Meio Ambiente, Eduardo Taveira.
Com o resultado, o Amazonas ficou em 5º lugar no ranking de focos de calor, entre os estados da Amazônia Legal. Do total de registros, as áreas de gestão direta do Estado acumularam 144 focos – 15,27% do total. Os demais ocorreram em áreas federais e vazios cartográficos.
“O Governo do Amazonas vem atuando de forma firme, com planejamento e presença efetiva. O Ipaam intensificou a fiscalização e o monitoramento das áreas críticas, em parceria com a Sema. E o combate direto às queimadas está sob a responsabilidade do Corpo de Bombeiros Militar do Amazonas, que atua com apoio da Defesa Civil e das prefeituras. Esse é um esforço conjunto e contínuo para proteger nossas florestas, nossa biodiversidade e a vida da população”, afirmou o diretor-presidente do Ipaam, Gustavo Picanço.
Análise anual
Conforme dados analisados pelo Sistema Estadual de Meio Ambiente, a redução também foi significativa no acumulado do ano. De 1º de janeiro a 30 de setembro de 2025 foram identificados 3.282 focos de calor no Amazonas – 18.832 a menos que no mesmo período em 2024, quando 22.114 focos foram registrados.
No ranking geral anual, o estado também ficou na 5ª posição, em comparação com os demais estados da Amazônia Legal. Do total de focos para o período, apenas 13,34% ocorreram em áreas estaduais, como glebas e Unidades de Conservação (438 focos).
A Comissão de Agricultura (CRA) do Senado aprovou, nesta quarta-feira (1º), o reconhecimento da castanha-do-pará como manifestação da cultura nacional. A proposta, do senador Zequinha Marinho (Podemos-PA), recebeu parecer favorável do senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS), que foi lido pelo senador Jaime Bagattoli (PL-RO). Agora o texto segue para decisão final na Comissão de Educação e Cultura (CE).
O PL 2.093/2025 a reconhece, bem como os saberes, práticas e tradições associados à sua coleta e uso, como patrimônio cultural imaterial do Brasil.
O projeto destaca seu papel cultural, social, econômico e ecológico para os povos da Amazônia, e também determina que o poder público adote medidas para sua preservação.
Para Mourão, a proposta “reconhece e valoriza o papel dos povos da Amazônia na conservação da floresta e na manutenção da sociobiodiversidade. Além disso, proporciona segurança jurídica às comunidades extrativistas e à cadeia da castanha-do-pará, reforçando seu valor econômico e cultural”.
O texto original a reconhecia como patrimônio cultural brasileiro. Contudo, o relator propôs emenda recomendando qualificá-la como manifestação da cultura nacional. Conforme salientou, a competência para o reconhecimento de bens como patrimônio cultural é atribuída ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Bagattoli acrescentou que a cultura tem grande expressão em Rondônia e cumprimentou a Embrapa pelas experiências de reflorestamento usando a espécie.
“Esse fruto da castanha, além de tudo, gera emprego e renda porque ele vem com a industrialização. (…) Ela tem que ser, realmente, considerada nacional”.
Cuidadores de animais aguardam funcionamento de hospital veterinário do Amazonas. Foto:
O primeiro Hospital Veterinário Público do Amazonas será inaugurado no dia 4 de outubro em Manaus, data em que se celebra o Dia Mundial dos Animais. O investimento total do espaço foi de R$ 3,7 milhões e agora passa pelos últimos ajustes de adaptação, instalação de equipamentos e identidade visual.
O anúncio ocorreu após vistoria do governador Wilson Lima na terça-feira (30), na reta final das obras do Hospital. O local inclui serviços de consultas de urgência e emergência, consultas especializadas em cardiologia, oftalmologia, ortopedia e oncologia, além de cirurgias diversas, anestesia, diagnóstico por imagem (raio-X, ultrassom e eletrocardiografia) e exames laboratoriais.
O governador do Amazonas reforçou, ainda, que a iniciativa contribui para a inclusão social e também reflete na saúde das pessoas, ao oferecer mais condições de cuidado com os pets.
“Esse é o primeiro hospital veterinário público do estado, com o objetivo de atender aquelas famílias que não têm condições de levar o seu pet para uma clínica particular. Essa é uma estrutura de ponta, construída do zero, com consultórios, centro cirúrgico, baias e toda a infraestrutura necessária para dar bem-estar e conforto aos animais. Isso é um marco para o bem-estar animal e também para a saúde das pessoas”, afirmou Wilson Lima.
Hospital em Manaus será entregue no Dia Mundial dos Animais, 4 de outubro. Foto: Reprodução/Rede Amazônica AM
O novo hospital, localizado na Avenida Mário Ypiranga, bairro Parque 10, zona Centro-Sul de Manaus, dispõe de nove consultórios, centro cirúrgico completo, sala de raio-X, sala de ultrassom, internação com mais de 100 baias, espaço específico para animais com doenças infectocontagiosas e necrotério.
Já o segundo andar inclui enfermaria, salas administrativas, auditório para mais de 50 pessoas e áreas de descanso para veterinários plantonistas.
A unidade vai contar com 66 profissionais, entre médicos veterinários, técnicos e equipe de apoio, além de funcionar como polo de formação, estágio e residência em Medicina Veterinária.
Os atendimentos serão realizados de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, e aos sábados, das 8h às 12h. Diariamente, serão distribuídas 300 senhas para serviços como consultas, vacinação, castração e exames.
A unidade de saúde oferecerá os seguintes serviços:
Consultas em clínica geral, ortopedia, cardiologia e oftalmologia
Exames laboratoriais (hemograma, testes rápidos para cinomose, parvovirose, FIV e FeLV)
Diagnósticos por imagem (raio-X, ultrassonografia e eletrocardiograma)
Espécies de ipês. Foto: Reprodução/Prefeitura de Palmas, Prefeitura de Boa Vista e Lud Araújo
De julho a setembro, as paisagens amazônicas ganham tons vibrantes de roxo, amarelo, rosa e branco. Nesse período, os ipês florescem e transformam ruas, praças, margens de rios e áreas de floresta em belezas naturais, além de desempenharem um papel fundamental na manutenção da biodiversidade.
Embora a floração do Ipês seja rápida, durando em média 15 dias, ela atrai polinizadores e contribui para a regeneração natural das matas. A doutora em ciências agrárias Joze Melisa, explica no quadro ‘Bora entender?’ do canal do Youtube da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), que os ipês são árvores nativas do Brasil, presentes em três grandes biomas: Amazônia, Cerrado e Mata Atlântica.
“Temos características especiais, principalmente para os ipês do Cerrado, que tem um porte menor, a copa menos densa e também tem as folhas com uma certa presença de pelos, que a gente chama de pilosa”, pontuou a professora.
Conhecido por suas flores vibrantes, que podem ser amarelas, roxas, rosas ou brancas, o ipê é considerado a flor nacional do Brasil e, embora pertença à família Bignoniaceae, o ipê engloba espécies agrupadas principalmente dos gêneros Handroanthus e Tabebuia. Seu nome tem origem no tupi e significa ‘árvore cascuda’, fazendo referência à textura do tronco.
Espécies encontradas na Amazônia
Foto: rick3439 por biodiversity
Na região Amazônica, a espécie mais comum é a Tabebuia aurea, que pode alcançar de 12 a 20 metros de altura, e floresce entre os meses de julho e setembro, quando há menor incidência de chuvas. No entanto, as variações climáticas influenciam na floração, já que quando o período seco chega mais cedo, as flores desabrocham antes, e se as chuvas duram muito, a flora se atrasa.
A floração não acontece de forma simultânea entre as espécies. Segundo a professora, o ipê-roxo é o primeiro a florescer, seguido do amarelo, do rosa e, por último, do branco.
Após os 15 dias da floração, as árvores perdem as folhas, entrando em um período de frutificação. Cada espécie apresenta diferenças marcantes, como o ipê-roxo que costuma ter flores de tons mais escuros e intensos, enquanto o ipê-rosa exibe flores delicadas e claras.
Essa perda de folhas em pleno auge do calor, no fim do período seco, é um desafio para a arborização urbana.
“O ipê ajuda na qualidade ambiental porque melhora a biodiversidade do local, porém ele não traz tanto conforto térmico, porque ele perde as folhas na época mais quente do ano, que é setembro. Então, para a arborização urbana, a gente não recomenda plantar uma via somente com ipês, e a gente compensa essa falta de conforto térmico que o ipê não tem com árvores que tenham a copa mais densa”, explicou a professora.
De acordo com Melisa, o florescimento dos ipês é muito importante e benéfico para o ecossistema local porque atrai polinizadores, como as abelhas, os beija-flores e também as borboletas. Além disso, as árvores também servem de abrigo e alimento para a fauna.
O ipê é considerado uma espécie de fácil reprodução, já que suas sementes, chamadas de ‘aladas’, possuem uma estrutura membranosa que lhes permite serem carregadas pelo vento a longas distâncias. Esse mecanismo evita a competição entre as árvores da mesma espécie, garantindo uma maior dispersão.
Essa estratégia é parte de uma ‘sabedoria natural’ que favorece a propagação e a sobrevivência da espécie. Durante o período chuvoso, a planta concentra energia no crescimento e manutenção do tronco e das raízes, aguardando o próximo ciclo de reprodução.
Assista:
O ipê na gastronomia
Foto: Jhon Pacheco
Além de ser um ótimo elemento paisagístico e ecológico, os ipês, especialmente os de flores amarelas, fazem parte do grupo das Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC), que reúne espécies com potencial culinário pouco explorado
As flores amarelas do ipê podem ser utilizadas cruas, cozidas, refogadas, salteadas ou empanadas, e combinadas com legumes, como batata e abóbora. No entanto, o uso culinário ainda é restrito e carece de estudos, por isso especialistas recomendam colher as flores diretamente das árvores ou aproveitar recém-caídas em locais limpos.
Importância ecológica e conservação
Na Amazônia, a florada dos ipês simboliza a transição para a estação seca, e com a crescente urbanização e mudanças climáticas, a preservação dos ipês e de outras árvores nativas se torna muito importante, já que essas espécies não apenas embelezam a paisagem, como também desempenham funções ecológicas.
Equipes do Prev atuam em várias cidades do Amapá. Foto: Divulgação/Ibama
O número de incêndios florestais no Amapá cresceu 161% em uma semana, segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). O aumento foi registrado entre os dias 15 e 28 de setembro e está ligado à estiagem. O Estado está em alerta amarelo.
Mesmo com o crescimento recente, o Amapá teve uma redução de 52% nos focos de incêndio em 2025, comparado a 2024. O resultado é atribuído à Operação Amapá Verde, que reforçou ações de prevenção e combate.
Segundo Bernardino Nogueira, superintendente do Ibama, Macapá entrou no radar dos alertas nesta última semana, junto com Tartarugalzinho.
“Todos os anos há incêndios em áreas como Tartarugalzinho, Amapá e Calçoene. Mas nesta semana, Macapá também registrou muitos focos”, afirmou Nogueira.
Equipes do Prevfogo e do Corpo de Bombeiros atuam juntas em áreas vulneráveis de Macapá, Tartarugalzinho, Amapá, Calçoene, Serra do Navio e Mazagão. Os bombeiros combatem o fogo nas cidades e rodovias. O Prevfogo atua nas zonas rurais e em áreas de floresta.
Neste ano, o Ibama capacitou também agentes da Defesa Civil de Mazagão. Eles reforçam a base do Prevfogo na região metropolitana.
O Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) emitiu alerta amarelo para risco de queimadas em várias regiões do país. O aviso ajuda no planejamento das equipes de combate.
“O alerta mostra que precisamos ficar atentos. O aumento foi grande de uma semana para outra. Com isso, conseguimos nos organizar melhor e unir forças para combater os incêndios”, disse Bernardino.
A baixa umidade e a vegetação seca elevam o risco de fogo em regiões como Oiapoque, Serra do Navio e Tartarugalzinho.
⚠️ Recomendações:
Não faça queimadas, mesmo em áreas pequenas
Evite jogar bitucas em locais com vegetação
Beba água e proteja-se do sol
Ações de combate as queimadas no Amapá. Foto: Divulgação/Ibama
Operação Amapá Verde
A Operação Amapá Verde começou com 8 bases e foi ampliada para 13 desde 21 de setembro. Novas unidades foram abertas em Vitória do Jari, Serra do Navio, Porto Grande, Oiapoque e Calçoene.
O número de militares subiu de 40 para cerca de 70, com viaturas preparadas para combater incêndios florestais. Cada base tem cinco bombeiros e equipamentos próprios para atuação em campo. A força-tarefa já fez mais de 70 ações de combate direto ao fogo. Tartarugalzinho é o município mais afetado.
Não são apenas as árvores que mantêm a Amazônia de pé. A floresta e seus rios são o lar de povos cuja existência se entrelaça com a natureza, em um modo de vida que defende o coletivo acima do individual. Para esses povos, a terra não é apenas um pedaço de solo a ser explorado, mas um território que abriga a vida em sua plenitude.
Andirobeiros, extrativistas e caboclos compartilham uma visão de mundo onde o conhecimento ancestral e a sabedoria da oralidade são o alicerce de sua cultura. Para apresentar a luta e vida desses povos, o Ministério Público Federal (MPF) tem produzido e divulgado ao longo do ano uma série de matérias especiais sobre as comunidades tradicionais brasileiras. Em setembro falaremos dos povos da Amazônia.
As andirobeiras e o óleo que salva vidas
Foto: Sheila Bernardes/Arquivo Pessoal
Andirobeiras. Assim se autodefinem as mulheres cujo trabalho de coleta e beneficiamento da andiroba (de origem tupi, “óleo amargo”) é o cerne das tradições comunitárias. É nas mãos dessas mulheres, com um conhecimento transmitido de geração em geração, que o fruto da andiroba se transforma em um óleo com múltiplas aplicações: repelente, combustível para lamparinas e fins medicinais, especialmente contra a artrite e infecções de garganta.
No Baixo Tapajós, no oeste do Pará, a voz de Sheila Cristina Bernardes dos Santos, filha e neta de andirobeiros, ecoa com a sabedoria ancestral. Ela é guardiã de um conhecimento milenar, um saber que não está nos livros, mas nas mãos e na memória de sua comunidade.
O aproveitamento da Carapa guianensis, nome científico da árvore, que é da mesma família do mogno, é um trabalho artesanal transmitido entre gerações, com forte protagonismo e liderança feminina. A extração do óleo de andiroba é um ritual demorado e minucioso, que Sheila aprendeu com sua avó.
Aos 51 anos, a moradora da comunidade de Alter do Chão é coordenadora do Instituto EcoVida Pará e trabalha com outras comunidades tradicionais de andirobeiras, como a comunidade da Ilha do Macaco, localizada em Ponta de Pedra.
“Meu objetivo é garantir os costumes tradicionais na extração do óleo de andiroba”, afirma.
O processo começa com a colheita dos frutos que caem no chão.Eles são cozidos em grandes tachos e, após um tempo de descanso, as sementes são socadas para extrair a pasta. O óleo, então, é coado por fios de algodão em um cocho inclinado. “Minha avó fazia uns fios de algodão que o óleo, quando ia saindo, ia escorrendo, e deixava uma cuia embaixo para esperar essa andiroba”, recorda, com um sorriso na voz.
Para os andirobeiros, o óleo é um verdadeiro tesouro medicinal. “Ele é cicatrizante, anti-inflamatório, e é altamente produtivo para a questão da saúde”, diz Sheila. Durante a pandemia de covid-19, o óleo foi essencial para salvar vidas em sua comunidade. A polpa que sobra da extração também é aproveitada para fazer repelente natural e velas, mostrando que, para essas comunidades, a natureza é uma fonte de vida completa, onde nada se perde.
Apesar de sua importância cultural e medicinal, os andirobeiros enfrentam sérias dificuldades. A falta de valorização do seu trabalho, a ausência de políticas públicas eficazes e a exploração por grandes empresas que lucram com o óleo sem beneficiar a comunidade local são alguns dos desafios. O clima também se tornou um inimigo, afetando a época de frutificação da andiroba e tornando a colheita cada vez mais escassa.
“A questão climática, ela não é nem que seja emergencial, ela existe, ela é agora”, alerta Sheila.
Historicamente, o termo “caboclo” designa a mistura de brancos e indígenas, frequentemente englobando também a miscigenação com negros. Ser caboclo significa reconhecer uma origem indígena e um modo de ser, estar e interagir com o mundo em profunda harmonia com a natureza. Distribuídos principalmente na Amazônia, são pequenos produtores familiares que vivem em coletividades, dedicando-se à pluriatividade rural — pesca, extrativismo e agricultura — em um ciclo de domínio dos conhecimentos tradicionais.
Joaquim Belo, caboclo nascido e criado em um assentamento extrativista no Amapá, conta a sua história com a convicção de quem vive e respira a luta pela Amazônia.
“A minha identidade é uma mistura muito forte da população negra, e do outro lado também tem o sangue indígena”, compartilha.
Para Joaquim, sua trajetória é inseparável da história de resistência de seu povo. Em 1993, ele entrou para a “Escola da Luta”, o Conselho Nacional dos Seringueiros, fundado nos anos 80 por Chico Mendes. Esse movimento foi pioneiro na defesa de um novo modo de vida na Amazônia, uma visão que se opunha à ideia de que a terra é apenas um bem a ser apropriado e especulado. A luta, segundo ele, não era por um pedaço de terra individual, mas por um espaço territorial que coubesse o modo de vida coletivo de comunidades extrativistas e ribeirinhas.
Para as comunidades tradicionais, a floresta não é apenas um lugar, é um ser vivo que forma as pessoas e a sua cultura. A economia local gira em torno dos produtos da sociobiodiversidade, como o açaí, o peixe, o camarão, a castanha e o mel de abelha nativa. “A maior ameaça para uma comunidade tradicional é a destruição da natureza”, conta Joaquim.
A vida dessas comunidades, que se dedicam à preservação da floresta e à produção sustentável, está sob constante ameaça. Além da luta histórica contra a grilagem de terras, o avanço do agronegócio e a falta de apoio governamental, a mudança climática, assim como para os andirobeiros, é um inimigo que tem impactado diretamente a sobrevivência do povo extrativista. A principal mensagem que Joaquim deixa é sobre a urgente necessidade de reconectar o mundo urbano com a vida rural.
Extrativistas: a fábrica do manguezal e a tríade da maré
A extração, conhecida como a atividade humana mais antiga, baseia-se na coleta de produtos naturais. No contexto da Amazônia, é exercida por povos que mantêm seus modos de vida em sintonia com o ecossistema, desenvolvendo tecnologias simples e de baixo impacto. Também chamados de “povos da floresta”, se organizaram como movimento social em torno do extrativismo de seringa e hoje possuem o Conselho Nacional dos Extrativistas (CNS).
Diretamente do litoral do Pará, Célia Nunes, uma extrativista costeira e marinha, compartilha a profunda conexão de sua comunidade com o mar e o manguezal, ecossistemas que ela chama de “fábrica”. Sua história se entrelaça com a tradição de um povo que vive em um dos maiores cinturões contínuos de manguezais da Amazônia.
O modo de vida extrativista de sua comunidade é ancestral, e o trabalho é sinalizado pelo tempo da maré. A vazante marca o início da jornada de trabalho, enquanto a preamar, a maré cheia, indica o momento de descanso.
“A vazante da maré, que é a sineta que diz, olha, começou o trabalho, e a maré, cada dia ela muda o seu horário”, conta.
A pesca é o coração do sustento de sua comunidade, e a modalidade mais forte é a pesca de curral. Célia descreve a armadilha de forma poética: uma cerca feita de bambu e madeira, trançada com paciência, que forma um grande coração. A maré cheia guia os cardumes para dentro do curral, e a maré baixa permite que os pescadores coletem os peixes.
Além da pesca, a comunidade se dedica à mariscagem e ao manejo dos frutos da mata de transição. Célia compartilha um segredo de sua comunidade sobre o manejo da matéria-prima: “a madeira para o curral, se cortada com facão, brota novamente, mas se cortada com motosserra, queima e morre para sempre”.
Célia relata que os extrativistas costeiros e marinhos enfrentam ameaças graves, como a exploração de petróleo e gás na foz do rio Amazonas. Para ela, é preciso que a sociedade entenda que o modo de vida tradicional é a base de um “bem viver” que deve ser respeitado. Apesar das dificuldades, Célia se orgulha da nova geração de sua comunidade que está acessando as universidades e se tornando médicos, engenheiros e fisioterapeutas, uma “melhor safra” para levar adiante a luta de seu povo.
A força da lei: como o MPF defende os povos tradicionais?
Além da resistência diária e da sabedoria ancestral, os Povos e Comunidades Tradicionais (PCTs) contam com um importante aliado institucional: o Ministério Público Federal.
O trabalho de proteção é centralizado na Câmara de Populações Indígenas e Comunidades Tradicionais (6CCR). Seu objetivo é garantir que a pluralidade étnica e cultural do Brasil, prevista na Constituição, seja respeitada e promovida para grupos como andirobeiros, caboclos e extrativistas.
A atuação do MPF se concentra em áreas vitais, buscando assegurar a demarcação, titulação e posse das terras tradicionalmente ocupadas, além de garantir a saúde, a educação, o registro civil e a autossustentação dessas comunidades. O órgão se orienta por estudos antropológicos e pela regra constitucional da pluralidade de culturas.
Para isso, o MPF utiliza um conjunto de ferramentas jurídicas e extrajudiciais, como as ações judiciais, termos de ajustamento de conduta e recomendações, além do diálogo e da escuta.
O Ministério Público Federal tem reforçado a importância de garantir a escuta efetiva dos povos indígenas e tribais em decisões que impactam diretamente seus modos de vida, territórios e culturas. Essa defesa se fundamenta na Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que assegura o direito à consulta livre, prévia e informada, sempre que medidas legislativas ou administrativas possam afetar essas comunidades.
Segundo o MPF, ouvir as populações tradicionais não é apenas um gesto de inclusão, mas uma obrigação jurídica que garante a participação real desses povos na formulação de políticas públicas e na condução de projetos que incidem sobre seus direitos fundamentais.
Nesse sentido, a atuação do órgão busca coibir práticas de imposição de decisões sem diálogo, que historicamente têm levado à violação de direitos e ao agravamento de conflitos. Ao exigir o cumprimento da Convenção 169, o MPF sustenta que a consulta deve ser realizada de forma transparente, em linguagem acessível e respeitando os protocolos próprios de cada povo, de modo que a manifestação das comunidades seja efetivamente considerada nos processos decisórios.
O MPF também investe em projetos inovadores para dar visibilidade e fortalecer as comunidades. É o caso da Catrapovos Brasil, que visa transformar a alimentação nas escolas indígenas, ribeirinhas e quilombolas, oferecendo alimentos tradicionais produzidos pelas próprias comunidades. Outra iniciativa é a Plataforma de Territórios Tradicionais, que reúne informações sobre territórios autodeclarados para identificar necessidades e aumentar sua visibilidade na agenda pública.
Um dos principais expoentes em defesa da floresta foi Francisco Alves Mendes Filho, um seringueiro, sindicalista e ativista ambiental brasileiro, conhecido mundialmente por sua luta em defesa da Amazônia e dos direitos dos povos da floresta. Nascido em 1944 no Acre, Chico Mendes dedicou sua vida à preservação da floresta e à melhoria das condições de vida dos seringueiros.
Ele foi um dos fundadores do Conselho Nacional dos Seringueiros e promoveu a criação das Reservas Extrativistas (Resex), áreas protegidas onde as comunidades locais podem viver e trabalhar de forma sustentável. Sua atuação e seu legado chamaram a atenção internacional, mas também o colocaram sob ameaças. Em 1988, Chico Mendes foi assassinado.
O impacto da sua luta continua reverberando. O Brasil o incluiu na Lista de Heróis da Pátria Brasileira (Lei 10.952 de 2004) e o declarou Patrono do Meio Ambiente Brasileiro (Lei 12.892 de 2013). O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) busca manter seu legado vivo desde 2007.
“No começo pensei que estivesse lutando para salvar seringueiras, depois pensei que estava lutando para salvar a Floresta Amazônica. Agora, percebo que estou lutando pela humanidade”. – Chico Mendes, Herói da Pátria e Patrono Nacional do Meio Ambiente
O legado das reservas extrativistas (Resex)
As Reservas Extrativistas (Resex) são um dos grandes legados de Chico Mendes e dos povos da floresta para o Brasil e para o mundo. O modelo foi inspirado nas reservas indígenas, onde as terras são da União e o usufruto é das comunidades. A proposta foi apresentada por Chico Mendes como uma espécie de reforma agrária para a Amazônia em 1985.
Alter do Chão. Foto: Divulgação
As Resex passaram a integrar o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Snuc), que define Reserva Extrativista como uma área utilizada por populações locais cuja subsistência baseia-se no extrativismo e, complementarmente, na agricultura de subsistência e na criação de animais de pequeno porte. Os objetivos são proteger os meios de vida e a cultura dessas populações, e assegurar o uso sustentável dos recursos naturais.
Hoje, na Amazônia, as Resex e as Reservas de Desenvolvimento Sustentável (RDS) federais e estaduais totalizam 92 unidades, cobrindo uma área de 24,9 milhões de hectares e beneficiando milhares de famílias que seguem lutando para manter seus modos de vida em sintonia com o meio ambiente, numa relação intrínseca e viva.
A luta de cada um desses povos não é apenas por si, mas pela garantia da sobrevivência de um ecossistema que é a base de sua existência e do equilíbrio climático de todo planeta. Suas histórias, embora únicas, revelam uma mesma essência: a de que a preservação da floresta e de seus recursos naturais é a única forma de assegurar o futuro das próximas gerações.
A Secretaria de Estado de Meio Ambiente de Mato Grosso (Sema-MT) analisou a qualidade da água em 41 pontos utilizados por banhistas para fins recreativos em rios e córregos localizados em 15 municípios do Estado. Do total de análise, em apenas sete locais a água foi considerada imprópria para banho.
De acordo com o boletim de balneabilidade, foram verificadas concentrações acima do permitido da bactéria Escherichia coli, que pode causar infecções, nas praias:
Bonsucesso, em Várzea Grande;
Comunidade de São Gonçalo, em Cuiabá;
Cachoeirinha, em Chapada dos Guimarães;
Vereda e Santo Antonio do Leverger;
Estação Astyanax Xavante, em Barra do Garças;
e Rio Paraguai, em Barra do Bugres.
A verificação da balneabilidade nas praias fluviais de Mato Grosso foi realizada por meio da coleta de dados em campo e análises laboratoriais, no período de 30 de junho a 4 de setembro de 2025.
Foram contemplados com a análise os municípios de Várzea Grande, Cuiabá, Chapada dos Guimarães, Nobres, Santo Antônio Leverger, Barra do Bugres, Jaciara, Barra do Garças, Nova Marilândia, Nortelândia, Diamantino, Colíder, Guarantã do Norte, Matupá e Peixoto de Azevedo.
A classificação foi realizada conforme os padrões e critérios de balneabilidade determinados pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). O estudo serve como subsídio para a atuação das prefeituras e dos órgãos de fiscalização.
Foto: Divulgação/Sema-MT
Praias próprias para banho
Em Cuiabá, a Sema realizou coletas de amostras em nove pontos: Comunidade Aguaçú, Ponte de Ferro da Guia, Ponte de Ferro no Rio Coxipó, Mutuca, Rio Claro, Balneário Soberbo (Coxipó Açú), Coxipó do Ouro, Comunidade São Gonçalo e Salgadeira. Com exceção da praia da Comunidade de São Gonçalo, as demais foram consideradas próprias para banho.
Já em Várzea Grande, foram realizadas amostras em dois locais: Bonsucesso (imprópria) e Passagem da Conceição (própria). Em Chapada dos Guimarães, foram realizadas coletas na Cachoeirinha, Cachoeira dos Namorados e Lago de Manso (marinas). Somente a praia da Cachoeirinha foi considerada imprópria.
Em Barra do Garças, ponto turístico de Mato Grosso, das quatro praias analisadas, estão próprias para banho a Praia da Primavera/Rio Araguaia – do Pontal do Araguaia, do Bosque Rio Garças e a Cachoeira Pé da Serra.
Na cidade de Nobres, foram analisadas coletas do Rio Estivado (Bom Jardim) e Aquário Encantado, ambas classificadas como própria. Em Jaciara, também foram avaliadas positivamente as águas da Cachoeira da Mulata e Rio Tenente Amaral (Água Jaciara).
Nos municípios de Nova Marilândia, Nortelândia, Diamantino, Colíder, Guarantã do Norte, Matupá e Peixoto de Azevedo, todas as coletas analisadas foram classificadas como própria para banho.
Colíder: Balneário Rancho Baixadão, Cachoeira Mercúrio e Cachoeira da Família;
Guarantã do Norte: Balneário Cachoeirinha, Balneário do Cláudio e Balneário Stregue;
Matupá: Cachoeirinha E-60, Ponte Peixotinho, Captação Rio Peixoto de Azevedo e Lago 1;
Peixoto de Azevedo: Cachoeira da Onze.
Orientações da Sema
A Sema orienta a população a sempre evitar a recreação de contato primário (balneabilidade) nos locais classificados como impróprios, evitar o banho depois da ocorrência de chuvas de maior intensidade, evitar ingestão de água destes locais sem o devido tratamento e redobrar atenção com crianças e idosos.
A população também pode comunicar à Sema eventos ou circunstâncias que possam levar a dúvidas quanto à manutenção da condição de balneabilidade de qualquer recurso hídrico utilizado para recreação de contato primário, para que a pasta, se necessário, adote providências de novas avaliações.
Como é feita a análise da água
A coleta da balneabilidade consiste na coleta de amostras, durante 5 semanas consecutivas, em locais utilizados por banhistas para recreação de contato primário (balneabilidade), no trecho onde é possível atingir a isóbata de 1 metro.
São coletadas amostras para análise microbiológica e medido o pH. As amostras são acondicionadas em caixas térmicas e enviadas para análise no Laboratório da Sema, em Cuiabá, onde são processadas. Esse processo vai se repetir uma vez por semana, durante 5 semanas.
Ao final, técnicos da Sema emitem um boletim informando se a praia está própria (excelente, muito boa ou satisfatória) e imprópria para banho.
Tanto a análise como a classificação de balneabilidade são importantes. Ao verificar a existência de lançamentos de esgoto sanitário, fezes de animais ou presença de microrganismos patogênicos próximos aos rios, é possível evitar doenças como poliomielite, cólera, hepatite, febre tifóide, gastroenterite, doenças da pele, entre outras. Portanto, é possível garantir a conservação dos recursos hídricos e proteger a saúde da população.