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Associação de mulheres extrativistas lança protocolo biocultural no Amapá

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Fruto de andiroba matéria prima usada para fabricação de biocosméticos. Foto: Márcia do Carmo/GEA

O ‘Protocolo Comunitário: Biocultural Mulheres Sementes do Rio Araguari’, um marco na valorização dos conhecimentos tradicionais e na defesa dos territórios extrativistas da Amazônia amapaense, produzido com apoio do Governo do Amapá e do Instituto de Pesquisa e Formação Indígena (Iepé), será lançado dia 21 de outubro no Museu Sacaca, em Macapá.

O evento conta com a parceria da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) e vai reunir lideranças comunitárias, pesquisadores, representantes de órgãos públicos e organizações da sociedade civil, promovendo o diálogo entre conhecimento tradicional e científico como ferramenta essencial para a conservação da biodiversidade e o fortalecimento da cultura extrativista.

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Associação de mulheres extrativistas lança protocolo biocultural no Amapá
Arlete Pantoja, presidente da Associação Mulheres Extrativistas: Sementes do Rio Araguari. Foto: Márcia do Carmo/GEA

Para Arlete Pantoja, presidente da Associação Mulheres Extrativistas Sementes do Araguari, o lançamento do protocolo marca um novo momento de fortalecimento e valorização. 

“Para nós é um momento muito importante chegarmos até aqui, é o reconhecimento dos saberes e valores de nossos ancestrais. Com muito trabalho e dedicação de cada uma de nós que fazemos parte da Associação, hoje os nossos produtos da floresta estão no mercado”, declarou Arlete.

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O protocolo estabelece diretrizes próprias para a gestão dos recursos naturais e reafirma os direitos dessas mulheres sobre seus territórios, traduzindo em linguagem institucional os modos de vida e os saberes que há gerações garantem a preservação da floresta e a continuidade de cadeias produtivas sustentáveis.

“O trabalho valoroso e inovador dessas mulheres demonstram a coragem e uma dedicação gigantesca, são o exemplo de inovação para a geração de  renda com a prática de seus conhecimentos tradicionais”, ressaltou Taisa Mendonça, secretária de Estado de Meio Ambiente.

Fruto de um processo coletivo de construção protagonizado por mulheres das comunidades do rio Araguari, o documento reconhece e formaliza práticas tradicionais ligadas à coleta de sementes, frutos e óleos vegetais, como andiroba e pracaxi, atividades que sustentam não apenas a economia local, mas também a identidade cultural dessas populações.

Produtos biocosméticos produzidos pelas Mulheres Extrativistas Sementes do Araguari. Foto: Márcia do Carmo/GEA

Protagonismo das mulheres

As Mulheres Extrativistas do Rio Araguari não apenas produzem, elas lideram. Organizadas pela associação, elas têm sido protagonistas em processos de formação, organização comunitária e participação em espaços de decisão sobre o uso dos territórios e recursos naturais.

Por meio de feiras, como a 54ª Expofeira, encontros e projetos de capacitação, elas compartilham suas experiências e fortalecem redes de economia solidária, inspirando outras mulheres da Amazônia amapaense a se organizarem e a assumirem papel de liderança em suas comunidades.

*Com informações da Agência Amapá

Estudo aponta avanço da salinização no Rio Amazonas no Arquipélago do Bailique

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Comunidades do Bailique sofrem com problemas de erosão causados pelo avanço da salinização no Rio Amazonas. Foto: Divulgação/Orleano Marques

Pesquisadores do Observatório Popular do Mar (Omara) apresentam, na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), os resultados de estudos feitos desde 2023 sobre a costa do Amapá. O evento ocorre no Sebrae, em Macapá.

A pesquisa feita por especialistas do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Amapá (Iepa) e da Universidade do Estado do Amapá (Ueap) mostra que o mar está avançando sobre o Rio Amazonas e impactando diretamente comunidades ribeirinhas.

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A produção de água potável no arquipélago do Bailique é uma das principais preocupações. Uma maquete com as 52 comunidades da região mostra aos visitantes como a água doce está sendo contaminada pela salinização e se tornando imprópria para consumo.

A comunidade de Freguesia é uma das mais atingidas. De acordo com o pesquisador Nataliel Rangel, os moradores dependem de poços e da água do rio para tarefas do dia a dia.

“Essa maquete mostra onde estão as comunidades. O Rio Amazonas é a principal fonte de vida para esses moradores, mas muitos já sentem os efeitos das mudanças climáticas. Antes, a água potável estava na porta de casa. Agora, tudo mudou”, disse Nataliel.

O objetivo do projeto Omara é usar os dados para orientar decisões que ajudem a reduzir os impactos das mudanças climáticas na costa amazônica.

Maquete apresenta o avanço do mar e salinização no Rio Amazonas. Foto: Mariana Ferreira/g1 amapá
Maquete apresenta o avanço do mar e a salinização no Rio Amazonas. Foto: Mariana Ferreira/Rede Amazônica AP

Medidas para minimizar os problemas causados pela salinização no Rio Amazonas

Como resposta ao problema da salinização, o governo do Amapá instalou uma máquina de dessalinização. Segundo a Caesa, ela produz entre 2,5 mil e 3 mil litros de água por dia, com capacidade de 250 a 300 litros por hora, funcionando por 10 horas diárias.

Nataliel explica que o mapeamento feito pelo Omara ajuda a identificar as áreas mais críticas. “Não é só levantar dados. É mostrar resultados práticos. Estudar o mar do Rio de Janeiro é bem diferente do Rio Amazonas. Precisamos de informações precisas”, disse.

Hoje, o projeto conta com 11 estações de monitoramento. Elas cobrem a Beira Amazonas, o arquipélago do Bailique e a costa da ilha do Marajó, incluindo comunidades de Chaves, no Pará.

O projeto usa uma versão adaptada do sistema australiano CoastSnap para monitorar a costa. Também são usados instrumentos como refratômetro, disco de Secchi e cone de Imhoff para medir a qualidade da água.

A coordenadora do projeto destaca que o Omara também busca aproximar a população dos temas ligados ao mar e à preservação ambiental.

“Aqui no Amapá temos influência muito forte do mar pois estamos na foz do Rio Amazonas e o mar tem uma influência direta com nossa dinâmica dos rios. O mar determina o nosso clima, a quantidade de chuva, ele determina uma série de coisas”, afirmou Janaina Calado.

A salinização acontece naturalmente com o avanço do Oceano Atlântico sobre o Rio Amazonas. Antes, o problema se agravava apenas na seca. Agora, segundo os pesquisadores, o fenômeno se intensificou por causa do desmatamento.

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Semana da Ciência e Tecnologia

A Semana Nacional de Ciência e Tecnologia tem como tema “Planeta Água: cultura oceânica para enfrentar as mudanças climáticas no meu território”. A programação inclui palestras, oficinas, exposições e painéis sobre ciência, inovação e sustentabilidade.

O evento busca unir ciência, cultura e saberes regionais, destacando o papel dos oceanos na vida das pessoas e na preservação do meio ambiente. A organização é do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), com apoio do Ministério do Meio Ambiente, da Setec e da Ueap.

*Por Mariana Ferreira, da Rede Amazônica AP

Nova bactéria que pode gerar impactos na segurança alimentar é descoberta por estudantes no Maranhão

Na estufa da universidade são analisados os desenvolvimentos das plantas com e sem o biofertilizante inoculado pela bactéria. Foto: Divulgação/UEMASUL

A bactéria denominada de Mycobacterium agroflorensis foi isolada a partir da interação simbiótica entre fungos e resíduos industriais. O processo da descoberta ocorreu de forma não planejada durante um ensaio de biofertilizante de base orgânica. A mistura dos materiais gerou um ambiente no qual microrganismos interagiram e durante a análise foi isolada uma cepa com características morfológicas e fisiológicas inéditas. 

O projeto “Descoberta e aplicação da Mycobacterium Agroflorensis na agricultura sustentável e em sistemas de cultivo controlados”, da Universidade Estadual Tocantina do Maranhão (UEMASUL), tem a coordenação do professor Zilmar Timóteo Soares e a participação dos estudantes Luis Gustavo Neres, Carlos Fonseca Sampaio e Marinete Neres Ferreira, que fazem parte do Programa de extensão Cientista Aprendiz.

A bactéria inoculada em biofertilizantes projeta impactos significativos na segurança alimentar, agricultura sustentável e biotecnologia aplicada às ciências planetárias. A cepa demonstrou características únicas, não patogênicas, com elevado poder de fixação biológica de nutrientes essenciais para o crescimento vegetal.  

Leia também: Bactéria descoberta na Amazônia é do mesmo gênero de causadora da bartonelose humana

Nova bactéria que pode gerar impactos na segurança alimentar é descoberta por estudantes no Maranhão
Foto: Divulgação/UEMASUL

A descoberta de novos microrganismos simbióticos à agricultura sustentável representa um marco na redução de fertilizantes químicos e no fortalecimento da bioeconomia, possibilitando a produção de alimentos em maior escala, com menores custos e de forma sustentável, beneficiando principalmente a agricultura familiar. O agronegócio também se beneficia de sistemas regenerativos de grande escala, ampliando a produtividade e a qualidade nutricional dos alimentos.

Como funciona a ação da bactéria?

A bactéria atua como biofertilizante natural, disponibilizando os nutrientes necessários para o crescimento vegetal: nitrogênio, fósforo, potássio, ferro, potássio e vitaminas essenciais. A validação da cepa passou por várias etapas de caracterização microbiológica e agronômica: isolamento e cultivo; teste bioquímicos e fisiológicos; sequenciamento genético; ensaios em vasos e estufa agrícola; testes em estufa controlada com IoT e experimentos em simulação espacial.

“A pesquisa começou em 2023, e ela é contínua. No momento, a bactéria está em estágio experimental em estufas. E a partir de agora nós iremos trabalhar ela em solo, acompanhando todo o desenvolvimento com os agricultores e depois iremos patentear o projeto. São vários benefícios, o principal deles é para o meio ambiente, diminuindo a fertilização química; o outro é o crescimento radicular bem mais rápido, o que impacta em uma produção mais rápida também. Já fizemos experimentos com milho, feijão e mandioca. O nosso projeto tem três vertentes: a grande indústria, o pequeno agricultor e trabalho em solos extremos como cerrados e desertos. Nosso objetivo é doar para o pequeno produtor, com orientações de como trabalhar, depois que a bactéria for sintetizada em laboratório”, explicou o professor Zilmar.

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O estudante do 3º ano do Ensino Médio da escola Santa Teresinha, Luis Gustavo Neres, participa do programa Cientista Aprendiz e é um dos autores da descoberta.

“A descoberta foi feita aqui no laboratório Magno Urbano da UEMASUL. Os estudos estão sendo muito positivos, já que durante as análises, as plantas tiveram um desenvolvimento maior do que o esperado. Essa experiência está sendo incrível e todas as demais que já tive aqui são importantes para minha vida como estudante e futuramente para minha vida acadêmica e profissional, como um grande pesquisador, fazendo descobertas e contribuindo com a humanidade”.

Luis Gustavo Neres irá apresentar a pesquisa de descoberta na nova bactéria no maior evento científico da América Latina, a Mostra Internacional de Ciência e Tecnologia (MOSTRATEC), que será realizada de 27 a 31 de outubro, em Novo Hamburgo, Rio Grande do Sul.

O programa de extensão Cientista Aprendiz, coordenado pelo professor Zilmar Timóteo, proporciona atividades de pré-iniciação científica para alunos do 8º ano do Ensino Fundamental ao 3º ano do Ensino Médio. O programa nasceu do interesse dos alunos pelas atividades de laboratório e pelas diferentes áreas da pesquisa científica.

Focado em aprimorar as habilidades científicas dos participantes, e em propiciar a vivência real dentro da área de pesquisa e desenvolvimento, o Cientista aprendiz é uma oportunidade para o desenvolvimento de projetos de investigação com o uso de metodologia científica. Desenvolvido desde 2017, cerca de 450 estudantes já participaram do programa nos laboratórios de ensino e de saúde do Centro de Ciências Exatas, Naturais e Tecnológicas (CCENT).

*Com informações da UEMASUL

Resgate de animais silvestres mobiliza população de Manaus; veja os casos

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Periquito-de-asa-branca. Foto: Anselmo D’Affonseca/Reproducão

Um total de sete animais silvestres foram resgatados em diferentes bairros de Manaus (AM) no dia 14 de outubro, pelo Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam). Dentre os animais estavam um filhote de ave ainda não identificado, uma iguana, um urubu, um gavião-carijó, um periquito-de-asa-branca, um pariri e uma corujinha-do-mato.

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A ação foi coordenada pela Gerência de Fauna (Gfau) do órgão, após o recebimento de chamados da população. As ocorrências foram registradas nos bairros: Flores (zona centro-sul), Santo Antônio (zona oeste), Aleixo (zona centro-sul), São José Operário (zona leste), Colônia Antônio Aleixo (zona leste), Crespo (zona sul) e Santa Etelvina (zona norte). Em todos os casos, os animais estavam feridos ou em situação de risco.

Saiba mais: “É preciso tipificar o tráfico de vida silvestre na lei”, diz especialista da WCS Brasil

Resgates registrados

No bairro Flores, a estudante de Enfermagem Maria Antonieta encontrou um filhote de ave no sítio da família, em Presidente Figueiredo (a 117 quilômetros de Manaus), e acreditava se tratar de um sanhaço.

“Nós estávamos cuidando dele. Fizemos um ninho improvisado para ele passar o dia e, à noite, o levávamos para casa. O alimentamos com uma papinha de ração de cachorro e água morna. Ele estava com muita fome”, relatou.

Resgate de animais silvestres
No Aleixo, o técnico de segurança do trabalho Hellyton Rodrigues localizou um filhote de urubu durante uma inspeção em uma empresa de sucatas. — Foto: José Narbaes/Ipaam

Leia também: Áreas de soltura são fundamentais para reabilitação e devolução de animais silvestres à natureza no Mato Grosso

O assessor ambiental da Gfau, Gilson Tavernard, explicou que a identificação de filhotes de aves é uma tarefa difícil. “Nessa fase, ainda sem penas formadas e olhos fechados, é quase impossível confirmar 100% a espécie apenas pela aparência. Outras aves onívoras urbanas, como o bem-te-vi (Pitangus sulphuratus) ou o suiriri (Tyrannus melancholicus), podem ter aparência semelhante nos primeiros dias”, destacou.

No bairro Santo Antônio, as amigas militares Daniele Alencar e Cibelly Lopes acionaram a equipe após encontrarem uma iguana ferida em um condomínio. “Minha amiga passou de carro e viu que a iguana havia sido atropelada e estava com o rabo ferido. Nós cuidamos dela até o resgate, dando água e observando o estado de saúde”, relataram.

No Aleixo, o técnico de segurança do trabalho Hellyton Rodrigues localizou um filhote de urubu durante uma inspeção em uma empresa de sucatas. “Assim que vi o filhote, acionei o setor de gestão ambiental e, depois, entrei em contato com a Polícia Militar, que indicou o contato com a Gfau do Ipaam para o resgate”, explicou.

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Filhote de gavião-carijó é resgatado na árvore.de um quintal em Manaus. — Foto: José Narbaes/Ipaam

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No São José, Célia Melo solicitou o resgate de um gavião-carijó que estava ferido e sem conseguir voar. “O gavião estava na árvore do meu quintal. Outros pássaros o atacaram e machucaram a cabeça. Tentamos colocá-lo de volta, mas ele caía. Então chamamos o Ipaam”, contou.

Na Colônia Antônio Aleixo, o técnico de segurança do trabalho Jardison Oliveira encontrou um periquito-de-asa-branca ferido no jardim de uma empresa. “O periquito foi encontrado após rolar a ribanceira do local, com a patinha sangrando. Demos água e bolachinha molhada e acionamos o Ipaam”, disse.

No Crespo, o empacotador Dime França acionou o órgão após uma ave se chocar contra o vidro de um supermercado. “Encontramos o pariri hoje de manhã, depois que ele bateu no vidro e machucou o bico. Entramos em contato com a Gfau para o resgate”, relatou.

Saiba mais: Conheça os periquitos-de-asa-branca

Já no bairro Santa Etelvina, Ana Oliveira encontrou uma corujinha-do-mato debilitada debaixo da caixa do ar-condicionado de sua casa. “Nós não demos nada para ela beber nem comer. Ela já estava assim quando a encontramos, logo pela manhã. Moramos em uma área com muito mato ao redor e não sabemos o que aconteceu. Pedi para o meu filho pegá-la e colocamos no sofá até o resgate chegar”, contou.

Para onde foram

Todos os animais silvestres foram encaminhados ao Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), localizado no Distrito Industrial, zona sul de Manaus, onde passarão por avaliação veterinária. Após o período de reabilitação, serão devolvidos ao habitat natural.

Resgate de animais silvestres. Foto: Dênio Simões/Agência Brasil

Contato

O Ipaam reforça que o resgate de animais silvestres pode ser solicitado à Gerência de Fauna pelo WhatsApp (92) 98438-7964, de segunda a sexta-feira, das 8h às 14h.

*Por g1 AM

Apaixonado por abelhas, apicultor transforma tradição do pai em fonte de renda em Rondônia

Apicultor transforma tradição do pai em fonte de renda em Rondônia. Foto: JMF Camargo

O som das abelhas é parte da rotina de Lucas da Rocha Ribeiro, produtor rural de Cacoal (RO). Aos 30 anos, ele mantém 27 colmeias e transformou o que era um aprendizado de infância em seu principal meio de vida.

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Lucas contou que o trabalho com as abelhas começou como uma herança familiar. Desde criança, ele acompanhava o pai nas primeiras colmeias do quintal.

“Meu início na atividade apícola começou aos seis anos ajudando o meu pai, que tinha algumas colmeias. Peguei o gosto e continuei até hoje”, lembra.

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Apicultor transforma tradição do pai em fonte de renda em Rondônia
Apicultor Lucas Ribeiro realiza o manejo das colmeias em Cacoal, Rondônia. Foto: Lucas Ribeiro/Acervo pessoal

O que começou como uma tradição familiar virou a principal fonte de renda da casa. A virada aconteceu quando ele decidiu se associar à Cooperativa dos Produtores e Agricultores Familiares de Cacoal (Cooper Cacoal), entidade que reúne produtores de mel e outros alimentos da agricultura familiar.

A mudança trouxe resultados imediatos. O contato diário com outros produtores e o apoio técnico transformaram a forma como Lucas via a apicultura. “Minha safra foi praticamente toda vendida por meio da cooperativa. Chegou um momento em que eu não podia nem anunciar mais que trabalhava com o mel, por não ter mais o produto”, conta.

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Proteção e cuidado no manejo

Hoje, Lucas trabalha com abelhas Apis mellifera, conhecidas popularmente como abelhas europeias, espécie mais comum na produção de mel no Brasil. No sítio dele, o resultado é o mel silvestre, típico da região, feito a partir do néctar de diferentes flores nativas de Rondônia.

Equipado com macacão e proteção facial, o apicultor Lucas Ribeiro realiza o manejo das colmeias em Cacoal, Rondônia. Foto: Lucas Ribeiro/Acervo pessoal

Ele e a esposa dividem o cuidado com as colmeias. O casal segue o ritmo natural das abelhas, que passa por três fases ao longo do ano: a pré-safra, quando preparam as caixas e alimentam os enxames; a safra, período mais intenso de coleta; e a entressafra, quando fazem a manutenção e cuidam da saúde das colônias.

“O que eu mais gosto de ver é a organização que as colmeias têm, onde todos os indivíduos têm seu trabalho, e nem mesmo a rainha foge das suas obrigações”, disse.

No apiário, Lucas veste o macacão branco de apicultor, luvas grossas e um chapéu com tela de proteção que cobre o rosto e o pescoço. Os equipamentos são essenciais para evitar picadas durante o manejo das colmeias.

Durante o trabalho, Lucas manuseia cuidadosamente as molduras de cera onde o mel é armazenado e acompanha o comportamento das abelhas para garantir uma coleta segura. O processo exige paciência e tranquilidade, pois qualquer movimento brusco pode agitar as abelhas e comprometer o trabalho. “É preciso respeitar o ritmo delas”, explica Lucas.

Após a coleta, o mel é vendido de diversas formas. O produtor rural aproveita os programas institucionais da cooperativa, mas também usa outros meios. “Na cooperativa normalmente é por meio de programas institucionais e eu também tenho a venda porta a porta e entrega em mercados”, explicou.

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Como funciona a cooperativa?

Equipado com macacão e proteção facial, o apicultor Lucas Ribeiro realiza o manejo das colmeias em Cacoal, Rondônia. Foto: Lucas Ribeiro/Acervo pessoal

No coração de Cacoal, município de Rondônia, a Cooper Cacoal reúne pequenos produtores que apostam na força coletiva para valorizar o que produzem no campo.

O presidente, Valdemir de Oliveira Bastos, explica que a entidade é composta por dez apicultores associados, embora apenas um deles comercialize o mel diretamente pela cooperativa — no caso, o próprio Lucas.

“Temos dez sócios apicultores. A cooperativa dá apoio na comercialização do mel industrializado, que passa pela associação do mel, e fazemos a venda aqui pela Cooper Cacoal”, detalha Valdemir.

Além do mel, a cooperativa também atua com hortifruti, atendendo escolas municipais, estaduais e o Instituto Federal por meio de programas de alimentação escolar.

Segundo Valdemir, essa diversificação fortalece os produtores familiares e mantém a cooperativa ativa durante todo o ano.

*Por Amanda Oliveira, da Rede Amazônica RO

Licença para pesquisa da Petrobras na Bacia da Foz do Amazonas é aprovada pelo Ibama

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Petrobras recebeu licença do Ibama para perfurar bacia da Foz do Amazonas. Navio-sonda NS-42, afretado pela Petrobras. Foto: Divulgação/Petrobras

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) autorizou nesta segunda-feira (20) a Petrobras a iniciar a perfuração de um poço exploratório em águas profundas na Bacia da Foz do Amazonas, na costa do Amapá. A decisão foi celebrada por autoridades locais como um marco histórico para o estado.

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O governador Clécio Luís (Solidariedade) afirmou que a licença inaugura “um novo período na história econômica e social do Amapá”. Ele destacou que o navio sonda NS 42 já está pronto para se deslocar ao campo Morfo, onde será feita a pesquisa.

“Uma nova era se inicia para o nosso estado e também para o Brasil. Mais uma grande vitória do povo amapaense, fruto do empenho incansável de todos que vestem a camisa do Amapá”, disse.

Leia também: Litoral do Amapá: como é a bacia da foz do Rio Amazonas, alvo de disputa entre Ibama e Petrobras

O senador Randolfe Rodrigues (PT-AP) também comemorou a autorização. “Hoje é um dia histórico para o Amapá e para a transição energética do Brasil. As pesquisas serão decisivas para o nosso presente e futuro”, afirmou.

expansão de combustíveis fósseis é discutida na foz do amazonas - licença concedida pelo Ibama ocorreu em outubro
Foto: Oton Barros/DPI INPE

Licença

A licença concedida pelo Ibama permite a perfuração de um poço no bloco FZA-M-059, localizado a cerca de 500 km da foz do Rio Amazonas e 175 km da costa. A operação deve durar cinco meses e tem como objetivo avaliar se há petróleo e gás em escala comercial.

Segundo o Ibama, a autorização foi dada após uma série de ajustes no projeto da Petrobras, que havia sido negado em maio de 2023. Entre as exigências, estão a construção de um novo Centro de Reabilitação e Despetrolização em Oiapoque (AP), o reforço da estrutura já existente em Belém (PA), além da inclusão de embarcações especializadas para atendimento à fauna e apoio à operação.

O instituto afirmou que essas medidas foram fundamentais para garantir a viabilidade ambiental do projeto, devido às características únicas da região da Foz do Amazonas.

Leia também: A foz do rio Amazonas é um delta ou estuário?

Nesta fase, não há produção de petróleo — trata-se apenas de pesquisa exploratória. A licença encerra um processo que começou há mais de uma década: o bloco foi concedido em 2013 e o pedido de licenciamento ambiental teve início em 2014.

Em agosto, a Petrobras realizou um simulado de emergência supervisionado pelo Ibama, etapa final para comprovar a segurança da operação.

Antes de iniciar a produção, a estatal ainda precisa:

  • Confirmar que há petróleo em volume comercial;
  • Declarar a comercialidade da área, iniciando o desenvolvimento do campo;
  • Obter nova licença ambiental específica para a produção.

*Por Rafael Aleixo, da Rede Amazônica AP

COP 30: Leia a Carta de Belém na íntegra; documento reúne contribuições para a agenda climática

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A Carta de Belém reúne contribuições para a agenda climática. Foto: Reprodução

A Carta de Belém, lançada durante o evento Conexões Amazônicas: Ciência em Rede para a COP30, realizado entre 22 e 26 de setembro de 2025, na Universidade Federal do Pará (UFPA). O documento reúne as principais contribuições técnico-científicas, sociais e políticas das redes amazônicas para enfrentar a crise climática e orientar a atuação do Brasil na Conferência das Partes (COP30), que ocorrerá em Belém em 2025.

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A Carta de Belém foi lançada durante o evento Conexões Amazônicas
A Carta de Belém foi lançada durante o evento Conexões Amazônicas: Ciência em Rede para a COP30. Foto: Divulgação

Saiba mais: Universidades e instituições de pesquisa amazônicas apresentam a “Carta de Belém”; veja o que diz

Elaborada de forma colaborativa por universidades, redes de pesquisa, comunidades tradicionais, gestores públicos e parceiros internacionais, a Carta apresenta uma narrativa potente que reafirma a Amazônia como sujeito ativo da transformação climática global, propondo caminhos concretos para políticas públicas e compromissos nacionais e internacionais.

A construção da Carta

O reitor da Unifesspa, Prof. Dr. Francisco Ribeiro, participou ativamente do processo de elaboração da Carta, representando a rede ANDIFES Norte, que reúne as 11 universidades federais da Amazônia. Francisco ressalta a importância estratégica das instituições de ensino superior da região na produção de conhecimento e na formulação de políticas públicas climáticas.

Saiba mais: Portal Amazônia responde: o que é a COP 30?

Unifesspa participou ativamente do processo de construção do documento, que será referência para políticas públicas e compromissos nacionais e internacionais. Foto: Unifesspa

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“De Manaus a Belém, vimos nascer uma narrativa que é, ao mesmo tempo, científica e política, técnica e social. Uma narrativa que reafirma a Amazônia como sujeito ativo da transformação climática global”, afirmou o reitor.

A professora Ananza Mara Rabello, da Faculdade de Educação do Campo (Fecampo), também esteve presente no evento, representando a Unifesspa como pesquisadora integrante da rede por meio do Programa de Pesquisa em Biodiversidade da Amazônia Oriental (PPBio-AmOr) e do Programa de Pesquisas Ecológicas de Longa Duração da Amazônia Oriental (PELD-AmOr).

Ela integrou o grupo de cerca de 120 pesquisadores de diferentes instituições que contribuíram para a elaboração da Carta, reforçando o papel coletivo e colaborativo do processo.

Leia também: Universidade Federal de Mato Grosso assina Carta de Belém pela Amazônia; leia na íntegra

A Carta de Belém representa um posicionamento coletivo da ciência amazônica frente à crise climática e propõe caminhos para transformar conhecimento em ação. Foto: Divulgação

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Segundo Ananza, o evento foi fundamental para conectar ações de pesquisa em sociobiodiversidade desenvolvidas em todos os estados da região Norte, fortalecendo vínculos e estimulando o engajamento científico na Amazônia Legal.

“Fico muito feliz por ter representado a Unifesspa em uma rede colaborativa de pesquisa em sociobiodiversidade que busca superar desafios e garantir parcerias, consolidação e continuidade dessas pesquisas na Amazônia”, destacou a professora.

Um marco para a COP30

A Carta de Belém representa um posicionamento coletivo da ciência amazônica frente à crise climática e propõe caminhos para transformar conhecimento em ação. O documento está estruturado em eixos temáticos que incluem sociobiodiversidade, transição energética, governança climática, valorização dos saberes locais e financiamento contínuo para pesquisas, entre outros temas fundamentais.

Carta de Belém

Sua leitura integral é essencial para compreender a dimensão técnica, política e simbólica da contribuição amazônica para a COP30. A Carta será um instrumento estratégico para universidades, governos e organizações da sociedade civil na defesa de uma agenda climática justa, participativa e baseada em ciência. Leia a carta completa abaixo:

*Com informação da Unifesspa

Não parece, mas é: conheça 5 pragas que ocorrem na Amazônia

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Soldadinhos podem ser considerados pragas por causarem dano às plantações. Foto: Daniel Flores/Behance

Sabe aqueles insetos bem pequenos e aparentemente inofensivos no meio de uma plantação ou andando pela sua casa? É bom ficar em alerta, pois esses bichinhos podem até não ter tamanho, mas quando estão em grande quantidade, são capazes de causar problemas enormes como a destruição de plantas e a proliferação de doenças, além de prejuízos econômicos sem precedentes. São as chamadas pragas.

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Praga é o termo que denomina qualquer espécie, raça ou biótipo de planta, animal ou agente patogênico que cause dano ambiental, provocando perdas econômicas tanto no meio rural quanto urbano.

Esses organismos, inclusive, são motivos de preocupação das autoridades de saúde pública do país, devido à essa capacidade destrutiva.

Leia também: Fungos combatem pragas e doenças em lavouras de soja em RR

O Portal Amazônia encontrou algumas pragas que parecem inocentes, mas na verdade são perigosas. A conversa foi com a entomóloga Beatriz Ronchi Teles, bióloga com mestrado e doutorado em Ciências Biológicas (Entomologia) pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia. Atualmente, é Pesquisadora Titular III do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia e docente permanente nos Programas de Pós-graduação Ciências Biológicas (Entomologia) e Agricultura no Trópico Úmido, ambos do INPA.

Soldadinhos

Tão encantadores na infância (pelo menos na atual geração 30+), os soldadinhos ou viuvinhas, como são conhecidos popularmente no Brasil, são espécies da ordem Hemiptera e constituintes da família Membracidae. Apesar da aparência inofensiva, quando em grande quantidade, esses insetos podem ser considerados pragas agrícolas porque causam prejuízos significativos nas plantações ao se alimentarem da seiva das plantas.

“Os soldadinhos possuem aparelho bucal sugador que perfuram os tecidos das plantas para sugar a seiva, causando o enfraquecimento da planta. A perda de seiva reduz o vigor, atrapalha o crescimento e a fotossíntese, deixando as folhas murchas e amareladas por conta da perda de nutrientes e as toxinas injetadas durante a alimentação”, explica Beatriz Teles, bióloga e doutora em Ciências Biológicas pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA).

Leia Mais: Os famosos ‘Soldadinhos’ podem ser uma praga; entenda por que:

Ao se alimentarem dos caules e folhas, os soldadinhos podem causar o enfraquecimento da seiva das plantas. Foto: Reprodução/Diário da Biologia

Carrapatos

Considerados vetores de doenças tanto para animais quanto para humanos, os carrapatos são considerados pragas, especialmente na pecuária, por conta dos prejuízos à saúde dos animais e à produção agropecuária, além de transmitirem doenças graves como a babesione e anaplasmose em bois e a febre maculosa, que atinge humanos.

“Os carrapatos são parasitas externos que se alimentam do sangue de animais como bois, cavalos, cães e até humanos. Enquanto se alimentam, eles causam feridas e irritações na pele, que provocam coceira, perda de pelos e infecções. São pragas porque vivem sugando o sangue dos animais, deixam feridas, transmitem doenças e causam prejuízos econômicos nas criações de animais”, explica a entomóloga.

Carrapatos. Foto: Ministério da Saúde
Carrapatos são grandes vetores da proliferação de doenças, tanto em animais quanto em humanos. Foto: Reprodução/Ministério da Saúde

Cupim

Os cupins são insetos sociais conhecidos principalmente pelo seu hábito de se alimentar de madeira e materiais que contêm celulose como papel, papelão e plantas em decomposição. São considerados pragas por causarem prejuízos materiais e econômicos significativos em estruturas como casas de madeira, móveis e cercas, bem como plantações de cana-de-açúcar, café e milho, conforme algumas espécies.

Segundo Beatriz, os cupins vivem de forma organizada e são difíceis de serem controlados devido a sua reprodução intensa e rápida multiplicação. O crescimento rápido das colônias também torna o controle difícil.

“Eles se alimentam de dentro para fora, deixando a superfície aparentemente intacta até que a estrutura esteja comprometida. Constroem túneis e galerias de barro ou madeira, os cupins subterrâneos constroem túneis desde o solo até estruturas de madeira dentro de casas, muitas vezes o dano só é percebido quando é extenso, pois eles se alimentam escondidos dentro da madeira ou solo”, frisa a pesquisadora.

insetos - cupins amazonas
Cupins da ordem Blattodea. Foto: Tiago Carrijo/@bio_insecta

Monilíase

Chamada de “praga do cacaueiro”, a monilíase é uma doença causada por um fungo chamado Moniliophthora roreri que afeta vegetais como cacau e cupuaçu, e do mesmo gênero da famosa vassoura-de-bruxa, outra praga do cacau.

Tem sido uma das pragas mais devastadores da Amazônia, afetando 70% a 100% de perdas na produção desses frutos e causando impactos econômicos e ambientais na região amazônica.

“O fungo penetra através da casca do fruto jovem, muitas vezes por ferimentos ou poros naturais. O período de incubação é longo, de 3 a 7 semanas, significando que o fruto pode parecer saudável enquanto o fungo já se desenvolve internamente. O controle é difícil e caro, pois envolve manejo constante, seleção de frutos e eliminação de focos”, explica Beatriz.

Leia Mais: Conheça a monilíase, doença fúngica que atinge o cupuaçu e o cacau

Chamado Moniliophthora roreri, fundo causador da praga monilíase afeta frutos amazônicos como cacau e cupuaçu. Foto: Reprodução/Adaf

Moscas-das-frutas

As moscas-das-frutas são consideradas pragas aos danos causados na produção agrícola. Elas atacam as frutas durante a sua maturação, através das fêmeas que colocam ovos dentro dos frutos e as larvas se alimentam da polpa, estragando a produção e causando prejuízos aos produtores. Frutas como manga, goiaba, laranja, pêssego, acerola, entre outras, são exemplos das que são comumente atacadas pelas moscas-das-frutas.

“Elas afetam a exportação e comercialização de frutas, especialmente em países tropicais como o Brasil. Para reduzir prejuízos, é necessário investir em monitoramento, armadilhas, controle biológico e manejo integrado de pragas, o que aumenta os custos de produção”, finalizou.

Espécie de mosca-da-fruta. Foto: Paulo Lanzetta/Embrapa

Livro finalista do Jabuti apoia construção de escola Yanomami na Amazônia

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O livro Os Últimos Filhos da Floresta, do fotógrafo e documentarista Ricardo Martins, é finalista do Prêmio Jabuti 2025 na categoria Não Ficção – Artes, que reconhece obras de relevância cultural e artística no país.

A publicação retrata a vida e a resistência do povo Yanomami, destacando também uma ação concreta de retorno à comunidade: parte da renda do projeto está sendo revertida para a doação de materiais para a construção de uma escola indígena na aldeia Hemare Pi Wei, no território Yanomami, na Amazônia.

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O principal objetivo da escola é valorizar a cultura indígena, preservando seus saberes e tradições, e ao mesmo tempo proporcionar o aprendizado da cultura da cidade — pois, como disse Maciel, uma das lideranças da aldeia, “esse será o nosso escudo, a nossa defesa”.

Saiba mais: Quem são os Yanomami? Conheça um dos maiores povos indígenas da Amazônia Internacional

Terra Indígena Yanomami. Foto: Leonardo Prado/PGR

Para Ricardo Martins, chegar à final do Jabuti representa mais do que um reconhecimento artístico. “Esse livro é resultado de uma forma de ampliar o alcance da voz Yanomami. A escola simboliza o futuro desse povo”, afirma.

Fotógrafo premiado e autor de 15 livros, Martins já recebeu o Prêmio Jabuti em 2012, na categoria Melhor Fotografia, e tem obras em instituições como a UNESCO, em Paris, e a Galeria Tretyakov, em Moscou.

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O livro

O livro Os Últimos Filhos da Floresta nasceu de uma imersão de Ricardo Martins na aldeia Yanomami, após mais de um ano e meio de negociações para garantir o acesso e o consentimento da comunidade.

O livro reúne imagens e relatos do cotidiano indígena, acompanhados de QR codes que conduzem a vídeos exclusivos sobre os bastidores das fotos. A obra faz parte de um projeto maior que inclui o documentário “Yanomami, Os Últimos Filhos da Floresta”

Sobre o povo Yanomami

Mortes de indígenas na Terra Yanomami caem
Terra Indígena Yanomami. Foto: Divulgação

Os Yanomami são um dos maiores povos indígenas relativamente isolados do mundo. Vivem há mais de mil anos na floresta amazônica, entre as terras altas da atual Venezuela e o território brasileiro, distribuídos entre a Terra Indígena Yanomami, no Brasil, e a Reserva da Biosfera Alto Orinoco-Casiquiare, na Venezuela. Tradicionalmente, são caçadores, agricultores e coletores, vivendo em comunidades profundamente integradas à floresta.

Para os Yanomami, a floresta não é apenas um ambiente natural ou recurso econômico. É uma entidade viva, sagrada. A “urihi” (como chamam a terra-floresta) é um ser com o qual humanos e não-humanos mantêm uma relação espiritual contínua. Essa visão se aproxima da chamada Hipótese de Gaia, proposta nos anos 1970 pelo cientista britânico James Lovelock, que entende a Terra como um organismo vivo e autorregulador.

Terra Indígena Yanomami. Foto: Divulgação

Desde a década de 1980, o modo de vida Yanomami vem sendo ameaçado por fatores externos, como o avanço do garimpo ilegal, o desmatamento, a propagação de doenças trazidas de fora e a violência. Essa pressão coloca em risco não apenas a sobrevivência física do povo, mas também sua cultura, cosmovisão e relação com o território.

Proteger os Yanomami é, em última instância, proteger a floresta. E enquanto seus territórios e modos de vida forem respeitados, a floresta ainda terá chances de se manter em pé.

Sobre Ricardo Martins

Ricardo Martins é um dos principais nomes da fotografia de natureza do Brasil. Jornalista, apresentador e sócio-fundador da RM Produções. Martins tem suas imagens exibidas em espaços  de prestígio internacional, como a sede da UNESCO, em Paris, e a Galeria Tretyakov, em Moscou. Seu trabalho reforça seu papel como verdadeiro embaixador das belezas naturais brasileiras. 

Livro finalista do Jabuti apoia construção de escola Yanomami na Amazônia
O livro Os Últimos Filhos da Floresta, do fotógrafo e documentarista Ricardo Martins. Imagem: reprodução/site

É autor e editor de 15 livros, entre eles A Riqueza de um Vale, obra reconhecida com o Prêmio Jabuti em 2012, na categoria Melhor Fotografia — um dos mais importantes reconhecimentos da literatura nacional.

Em Os Últimos Filhos da Floresta, Ricardo mergulha ainda mais fundo: não apenas em paisagens amplas e grandiosas, mas também nas texturas e detalhes delicados da selva e de seus habitantes. Um mundo oculto, isolado e vibrante, retratado com a sensibilidade de quem sabe que preservar é, antes de tudo, enxergar.

Exposição do peixe-serra marca reabertura do Aquário do Museu Goeldi

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Aquário do Museu Goeldi. Foto: Divulgação

A exposição do aquário tem curadoria compartilhada entre os pesquisadores Patricia Charvet, Maria Ivaneide Assunção e Horácio Higuchi e Suzana Primo Karipuna, os três últimos do Museu Goeldi, no Pará. De acordo com os curadores, devido ao tamanho do peixe-serra (um adulto pode chegar a sete metros), que demandaria um aquário gigante, e ao contrassenso de tirar o animal da natureza para mantê-lo em cativeiro, optou-se por uma exposição ilustrada pelo artista brasileiro Alexandre Huber, conhecido por trabalhar com educação ambiental.

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A mostra também conta com quatro réplicas, sendo uma a imitação de um animal  jovem, e outras de materiais recicláveis, de Jackson Alves, de Fortaleza-CE, e também uma obra imagética de Yermollay Caripune. A parte da narrativa da exposição que faz alusão à importância da espécie para o povo karipuna foi construída a partir de informações da curadora Suzana Primo Karipuna, servidora da instituição e uma das responsáveis técnicas pela coleção de Etnografia do Museu Goeldi. Também há menção à confusão que se tem no Brasil em relação ao nome regional “espadarte”, que, em outras partes do país, é atribuído a outras espécies, como o agulhão. 

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Acará-disco é espécie amazônica e pode ser observado no aquário. — Foto: Aguinaldo Matos/TG

Ainda para a concepção da exposição, a curadoria considerou que a espécie tem uma importância cultural muito grande para vários grupos indígenas, no Brasil e pelo mundo, pois está associada à proteção, à boa sorte, ao cuidado, sendo um sinal de boa sorte quando a pessoa encontra um peixe-serra na natureza. Mais uma curiosidade sobre o peixe.

“O peixe-serra é, na realidade, uma raia com um focinho prolongado e com dentes nesse focinho, que é um prolongamento do crânio. Por ser uma espécie magnífica e tão icônica, vários artistas gostam de trabalhar com ela”, destaca a curadora Patrícia Charvet.

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Aspectos ambientais

A bióloga Patricia Charvet (integrante externa da curadoria) é coordenadora de dois projetos envolvendo a espécie de peixe-serra da costa amazônica.

“Os projetos levantam dados históricos e mais recentes sobre as espécies, para ajudar na fiscalização, para que elas não sofram o tráfico ilegal, e também para sensibilizar a população em relação às espécies. O peixe-serra era uma espécie muito comum na região e, devido à pesca, às perdas de habitats, ao tráfico de partes dela, tornou-se uma espécie criticamente ameaçada de extinção. Todas as espécies de peixe-serra ou espadarte, que é o nome regional, são criticamente ameaçadas. Está nas listas vermelhas do Brasil, do Pará e de outros Estados; é uma espécie totalmente protegida a nível global, na lista da União Internacional para a Conservação da Natureza (ICN)”, afirma.

Além dos peixes o aquario conta com uma área para répteis. — Foto: Divulgação MPEG/Dicas da Gente

A pesquisadora explica que, na costa amazônica, há duas espécies de peixe-serra, uma mais comum, com dentes maiores, chamada de peixe-serra-de-dentes-grandes, e outra que tem os dentes um pouco menores e é um pouco menor também, que é o peixe-serra-de-dentes-pequenos.

“A primeira espécie também pode ser achada na Austrália, elas estão geograficamente separadas e é uma das últimas populações que sobrou no mundo dessa espécie. É uma espécie que ainda é protegida por manguezais, por bancos de areia e de lama e tem um refúgio nessa região. O nosso trabalho é uma forma de sensibilizar as pessoas e aumentar o conhecimento sobre as espécies e sobre todos os desafios que nós temos em relação à conservação do peixe-serra”.

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A entidade Ahetxiê

De acordo com o pesquisador, Horácio Higuchi, parte da importância do peixe-serra para os karipuna é representada por meio”é representada por meio das narrativas orais ligadas à figura do Ahetxiê.

Ele conta um pouco da história desse encantado: “Após a cabanagem (guerra civil ocorrida por volta de 1835, na província do Grão-Pará formada por Amazonas, Pará, Amapá, Roraima e Rondônia), um grupo de karipuna, que estava sendo perseguido, fugiu em busca de refúgio. Eles saíram de barco e a Ahetxiê, que é o peixe-serra, indicou o caminho até o Rio Oiapoque, na fronteira do Amapá com a Guiana. À noite, os karipuna se guiavam pela estrela Dalva, o planeta Vênus; durante o dia, o peixe-serra os guiava até o lugar onde estão hoje”. 

O coordenador da Museologia do Museu Goeldi, Emanoel Fernandes de Oliveira Júnior, destaca a importância da exposição enquanto instrumento de divulgação científica, histórica e cultural. “Sabemos que o desaparecimento de uma espécie gera impactos em toda a cadeia ecológica, podendo causar um desequilíbrio e afetar o meio ambiente.

A exposição fala disso, mas também da interseção entre o conhecimento científico e as percepções culturais que alguns grupos, como no caso dos karipuna, têm sobre a espécie. Para eles, o peixe-serra não é só um peixe, mas uma entidade karuãna ligada às narrativas de origem desse grupo indígen origem desse grupo indígena, da história de sua migração em direção ao Oiapoque”, reafirma. 

O aquário

Aquário do Museu Goeldi
Aquário do Museu Goeldi. Foto: Divulgação

O Aquário Jacques Huber foi fundado em 1911, pelo botânico e então diretor do Museu Goeldi que, posteriormente, deu nome ao espaço, Jacques Huber (1867-1914), com o apoio do desenhista Ernst Lohse (1873-1930). O objetivo foi que o aquário integrasse o complexo de pesquisa do Parque Zoobotânico.

O aquário possui cerca de 50 peixes de várias espécies, como tambaqui, tucunaré e piramboia. Além disso, com o tempo, foi anexado ao espaço o serpentário, que tem cobras como sucuri, jiboia e periquitamboia. Assim, os visitantes podem ver indivíduos vivos representantes da fauna amazônica.