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Dengue afeta mais negros e periféricos no Amapá, aponta pesquisa

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Pessoas negras e moradores de áreas periféricas são os mais afetados pelas doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, como dengue. Foto: Crystofher Andrade/Rede Amazônica AP

Um projeto realizado por estudantes do curso de enfermagem, com a participação de discentes de medicina e ciências biológicas da Universidade Federal do Amapá (Unifap) revela que pessoas negras e moradores de áreas periféricas são os mais afetados pelas doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, como dengue, zika e chikungunya.

O projeto “Vigiaedes”, apresentado na Semana Nacional da Ciência e Tecnologia no Amapá, que acontece no Sebrae em Macapá até esta quarta-feira (22), analisou dados entre 2021 e 2022 e identificou desigualdades raciais nos casos de internações e mortes causadas pela doença.

Leia também: 1 mosquito e 4 doenças: conheça o Aedes aegypti, o “maldito do Egito”

Lyanna Barroso, de 20 anos, é pesquisadora do projeto. Ela explicou que a situação está diretamente ligada às comunidades historicamente marginalizadas.

“A dengue não atinge a todos da mesma forma. Os dados mostram que a população negra é a mais afetada, e isso está diretamente ligado às condições sociais em que vivem. Nosso objetivo é levar educação e saúde para escolas e comunidades, explicando como o mosquito se desenvolve e como podemos evitar sua proliferação”, disse.

Dengue afeta mais negros e periféricos no Amapá, aponta pesquisa
Foto: Crystofher Andrade/Rede Amazônica AP

A pesquisadora também destaca que muitas pessoas negras, pardas, moradoras de periferia, enfrentam dificuldades para buscar atendimento médico.

“Não é que elas não se preocupem com a saúde, mas vivem em condições que dificultam esse acesso. Muitas vezes trabalham na informalidade, moram longe dos postos e, quando conseguem atendimento, não recebem o cuidado que deveriam”, conta.

Leia também: Como combater a dengue: 11 dicas práticas para evitar a proliferação do Aedes aegypti

Dados revelam desigualdade racial

A análise foi feita com base em dados oficiais do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde. Entre os 13.113 casos de dengue registrados no Amapá entre 2021 e 2022, 11.944 tinham informação sobre raça ou cor. Desse total, 81,4% atingiram pessoas autodeclaradas pardas.

Além disso, 88,8% das hospitalizações ocorreram entre pessoas negras (pretas e pardas). Entre a população branca, não houve evolução para óbito, seja por agravamento da doença ou por outras causas.

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“Essas pessoas vivem em áreas de ressaca, com água parada e pouca infraestrutura. São locais onde o mosquito se desenvolve com facilidade. Não é uma questão genética. O que causa esse impacto é o ambiente, o acesso à saúde e o racismo estrutural que ainda existe, além da falta de políticas públicas”, afirmou Lyanna.

Foto: Crystofher Andrade/Rede Amazônica AP

Tipos de Dengue

O estudo também identificou a presença dos quatro sorotipos do vírus da dengue no estado: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4.

A circulação simultânea desses sorotipos aumenta o risco de casos graves e reforça a necessidade de ações preventivas. O projeto atua em escolas e comunidades com campanhas educativas.

“Quando ensinamos sobre o ciclo do mosquito, as crianças levam esse conhecimento para casa. Queremos que a população seja protagonista na luta contra essas doenças”, diz a pesquisadora.

*Por Isadora Pereira, da Rede Amazônica AP

Uma das menores espécies de sapo venenoso é descoberta no Parque Nacional Alto Purús, no Peru

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A “Ranitomeya hwata” vive exclusivamente em florestas de bambu nativo do gênero “Guadua”. Foto: Divulgação/Sernanp

Uma nova espécie de sapo venenoso do gênero Ranitomeya foi descoberta no Parque Nacional Alto Purús, que ocupa as regiões de Madre de Dios e Ucayali, no Peru, após anos de pesquisa na bacia do Rio Purús, na Amazônia brasileira e peruana, informou o Serviço Nacional de Áreas Naturais Protegidas (Sernanp) no início de outubro.

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A descoberta, feita por uma equipe internacional de cientistas e publicada na revista científica Zootaxa, destaca a riqueza biológica das áreas naturais protegidas e o papel fundamental que desempenham na conservação de espécies ainda desconhecidas pela ciência.

A nova espécie de sapo, chamada Ranitomeya hwata, mede cerca de 15 milímetros de comprimento e é uma das menores espécies do gênero Ranitomeya, conhecida por suas cores brilhantes e comportamento reprodutivo único, de acordo com a agência especializada do Ministério do Meio Ambiente.

Ele também tem listras dorsais amarelas brilhantes, um padrão ventral finamente manchado e uma faixa preta separando a região gular da barriga.

Leia também: Nova espécie de marsupial é descoberta em Parque Nacional na Amazônia peruana

Nova espécie de sapo foi encontrada em florestas nativas de bambu

A espécie Ranitomeya hwata vive exclusivamente em florestas de bambu nativo do gênero Guadua, onde utiliza as câmaras naturais das plantas para se reproduzir. Ao contrário de seus parentes próximos, os machos desta espécie exibem comportamento polígamo, recrutando várias fêmeas por local de reprodução.

nova especie de sapo venenoso Ranitomeya hwata no peru 2 Foto Sernanp
Nova espécie de sapo venenoso é do gênero Ranitomeya. Foto: Divulgação/Sernanp

A pesquisa foi conduzida por Evan Twomey (Goethe University Frankfurt, Alemanha), Paulo R. Melo-Sampaio (Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil), Jason L. Brown (Southern Illinois University, Estados Unidos), Santiago Castroviejo-Fisher (Universidade de Sevilha, Espanha), Giussepe Gagliardi-Urrutia (Instituto Peruano de Pesquisa da Amazônia).

Também por José M. Padial (Universidade de Granada e Museu Americano de História Natural), Juan C. Chaparro (Museu da Biodiversidade do Peru) e Roberto Gutiérrez Poblete (pesquisador do Museu de História Natural da Universidade Nacional de San Agustín de Arequipa e especialista em Sernanp).

Segundo o Sernanp, a descoberta da nova espécie de sapo destaca o valor das áreas naturais protegidas como refúgios para a biodiversidade e espécies únicas e também amplia o conhecimento sobre a diversidade de anfíbios amazônicos, reforçando a necessidade de continuar conservando habitats como o Parque Nacional Alto Purús.

*Com informações da Agência Andina

Festival de Cirandas é aprovado como manifestação da cultura nacional

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Foto: Aguilar Abecassis/Secretaria de Estado de uçtura e Economia Criativa

A Comissão de Educação (CE) do Senado Federal aprovou, nesta terça-feira (21), em decisão terminativa, o substitutivo do projeto que reconhece o Festival de Cirandas do município de Manacapuru (AM) como manifestação da cultura nacional.

O substitutivo ao PL 4.354/2025 foi sugerido pelo senador Astronauta Marcos Pontes (PL-SP), relator da matéria, e será apreciado em turno suplementar antes de seguir para a análise da Câmara dos Deputados. O relatório foi lido pelo senador Flávio Arns (PSB-PR).

Leia também: Flor Matizada, Tradicional e Guerreiros Mura: conheça o Festival de Cirandas de Manacapuru

Ciranda Guerreiros Mura. Foto: Aguilar Abecassis/Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa
Ciranda Tradicional. Foto: Aguilar Abecassis/Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa
Ciranda Flor Matizada. Foto: Aguilar Abecassis/Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa

Leia também: Saiba quais são os 14 itens avaliados no Festival de Cirandas de Manacapuru

O Festival de Cirandas de Manacapuru

O festival acontece anualmente no mês de agosto, no município de Manacapuru, localizado na região metropolitana de Manaus, no Amazonas. Conforme explica o senador Plínio Valério (PSDB-AM), autor da proposta, o evento é realizado ao longo de três noites, sendo cada uma delas destinada à apresentação de uma ciranda diferente:

  • a Ciranda Tradicional, que representa o bairro da Terra Preta;
  • a Flor Matizada, que representa o Centro;
  • e a Guerreiros Muras, que homenageia o povo indígena mura, resgatando elementos da ancestralidade amazônica.

“Com quase três décadas de existência, o festival consolidou-se como expressão profundamente enraizada na memória coletiva e na vivência comunitária da população manacapuruense. A ciranda, nesse contexto, não se limita a uma prática artística: é, sobretudo, um instrumento de afirmação cultural, de transmissão de saberes tradicionais e de fortalecimento dos laços sociais”, destaca Arns ao ler o relatório.

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O novo texto faz referência expressa ao Sistema Nacional de Cultura (SNC), criado pela Lei 14.835, de 2024, que visa garantir os direitos culturais por meio de um regime de colaboração entre os entes federativos.

Dessa forma, o substitutivo estabelece que é dever do Estado proteger e promover o festival, nos termos da lei que criou o SNC.

“Os deveres do Estado previstos no sistema são mais amplos e protetores, beneficiando, consequentemente, a manifestação que se busca homenagear com este projeto de lei”, explica o relatório.

*Com informações da Agência Senado

Brasil pode suprir demanda por bioenergia sem desmatar, aponta estudo

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Foto: Reprodução/Greenpeace

O estudo Biocombustíveis no Brasil: Alinhando Transição Energética e Uso da Terra para um País Carbono Negativo‘, lançado dia 8 de outubro, aponta caminhos para o Brasil atender ao crescimento da demanda por bioenergia reduzindo 92% das emissões de gases do efeito estufa e sem desmatar. A pesquisa foi realizada pelo Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema), com apoio do Observatório do Clima (OC).

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O estudo aponta que o Brasil pode dobrar a atual produção e consumo de biocombustíveis como etanol, biodiesel e bioquerosene até 2050, aproveitando apenas um quarto dos 100 milhões de hectares (ha) de pastos degradados existentes.

Segundo Felipe Barcellos, pesquisador do Iema, partindo de dados do Mapbiomas que apontam a existência de 100 milhões de ha de pasto degradado, sem considerar os pastos de alto vigor, o estudo considerou o que seria necessário ser recuperado em áreas naturais para cumprir as salvaguardas ambientais, além da expansão da agricultura e da pecuária para garantir segurança alimentar.

“O grande achado do estudo é que a gente tem cerca de 56 milhões de hectares de pastagens degradadas que, podem ser recuperadas para a agricultura. E dentro dessas 56 milhões de hectares, a gente poderia usar cerca de 35 a 20 milhões de hectares para biocombustíveis”, diz.

De acordo com o pesquisador, o estudo é uma continuidade de dois trabalhos anteriores: a Proposta de NDC (Contribuições Nacionalmente Determinadas) do Observatório do Clima, apresentada em agosto de 2024, e uma análise sobre o futuro da energia no Brasil.

“Então, combinou esses dois cenários, tanto de energia quanto de uso da terra, para avaliar se seria possível o aumento dos biocombustíveis e os cenários serem compatíveis com não aumentar as emissões por desmatamento, não competir com alimentos, mas também reduzir as emissões de energia produzindo biocombustíveis”, explica.

Leia também: Portal Amazônia responde: o que é o diesel verde?

Segurança alimentar

De acordo com o estudo, essa resposta foi positiva, de forma que o Brasil pode aumentar a produção de matéria-prima para biocombustíveis considerando a demanda necessária para uma economia negativa em carbono, até 2050, e ocupando apenas pastos degradados sem avançar sobre áreas naturais ou de produção de alimento.

Segundo Felipe Barcellos, a transição energética exige estratégias de curto, médio e longo prazo e, para o Brasil, o uso de biocombustíveis está entre um dos cenários mais imediatos e viáveis para reduzir as emissões de gases do efeito estufa, especialmente no setor de transporte.

“Esses 35 milhões de hectares seriam adicionados, porque a produção de biocombustíveis já faz uso de áreas da agricultura, mas tem que aumentar cerca de 35 a 20 milhões de hectares para atender esse período. Não é uma demanda de uso da terra pequena e precisa ser controlada da melhor maneira”, diz.

Investimento

Na avaliação dos pesquisadores, é necessário ampliar políticas públicas de incentivo à recuperação de pastagens, tanto para regeneração de vegetação nativa quanto para o setor produtivo, além de melhorar o monitoramento das áreas e o rastreamento da cadeia produtiva do biocombustível.

“Um exemplo é o programa Caminhos Verde Brasil hoje, que é de incentivo de recuperação de pastagens e produção de biocombustíveis ou de pastagens de alto vigor”, cita Barcellos.

O setor privado também precisa fazer sua parte, aumentando a produtividade em espaços menores e diversificando o uso de matéria prima.

“O etanol hoje, por exemplo, que é comercialmente difundido no Brasil, é chamado de primeira geração e utiliza o álcool da cana-de-açúcar. Mas a gente poderia aumentar a produtividade desse etanol produzindo também o etanol de segunda geração, que é o etanol produzido a partir do bagaço”, diz.

Para intensificar e ainda evitar a degradação do uso do solo, o estudo também sugere ir além das monoculturas mais usadas na produção de biodiesel, como a soja e o milho.

“A ideia é entender outros métodos produtivos que também possam ser utilizados e que sejam menos degradantes do solo, com menos impactos negativos, como é o caso da monocultura. E aí a macaúba, é um exemplo, por ser uma espécie brasileira, do continente americano, ela pode ser utilizada em outros modelos, como agrofloresta e ser plantada em menores espaços”, diz.

Área desmatada da Floresta Amazônica
Foto: Mayke Toscano/ Gcom-MT

Debate

Segundo a coordenadora de políticas públicas do Observatório do Clima, Suely Araújo, com a proximidade da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), em novembro no Brasil, o estudo é uma ferramenta que vai reforçar um amplo debate sobre os possíveis modelos de transição e como eles atendem a cada país.

“Esse estudo faz parte de um processo que tem a ver com a consolidação do Grupo de Trabalho Clima e Energia do Observatório do Clima. Temos 30 organizações que tem se especializado em energia para contribuir e ampliar o olhar sobre o tema”, diz.

Para os pesquisadores, o importante é subsidiar o debate com soluções que possibilitem uma transições justas conforme a realidade de cada território.

No caso do Brasil, a eletrificação de frotas responsáveis pelo transporte de alimentos ainda não será possível em um curto prazo, mas o uso difundido de biocombustível pode preencher essa lacuna.

“A ideia é intensificação, mas com um olhar focado em pastagens degradadas e um olhar muito atento às salvaguardas ambientais, muito mais do que se faz hoje”, conclui Suely Araújo.

*O conteúdo foi originalmente publicado pela Agência Brasil, escrito por Fabíola Sinimbú

90 dos 144 municípios paraenses estão no Mapa do Turismo Brasileiro em 2025

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Foto: Roni Moreira/Agência Pará

A Secretaria de Estado de Turismo (Setur) do Pará celebra avanços no Programa de Regionalização do Turismo, alcançando a marca da inclusão de 90 municípios paraenses no Mapa do Turismo Brasileiro, ferramenta estratégica do Ministério do Turismo (MTur) que orienta a formulação e a execução de políticas públicas voltadas ao desenvolvimento da atividade turística em todo o país.

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Entre os municípios que renovaram sua permanência no Mapa estão:

  • Barcarena,
  • Conceição do Araguaia,
  • Limoeiro do Ajuru,
  • Marituba,
  • Ourém,
  • Paragominas,
  • Santarém,
  • São Caetano de Odivelas,
  • São João do Araguaia
  • e Xinguara.

Já as cidades que ingressaram pela primeira vez no instrumento são Acará, Baião, Bujaru, Concórdia do Pará, Curionópolis, Igarapé-Miri, Placas, Rurópolis, São Domingos do Araguaia e Terra Santa, resultado de um trabalho articulado entre o Estado e os municípios para fortalecer o turismo de forma descentralizada.

Leia também: Roraima amplia presença no Mapa do Turismo Brasileiro com seis municípios cadastrados

Segundo o secretário de Turismo do Pará, Eduardo Costa, a conquista reflete o compromisso do Governo do Estado com o fortalecimento da gestão turística nos municípios.

“O Mapa do Turismo é um instrumento essencial para orientar investimentos e ações que promovem o desenvolvimento sustentável do setor. Essa ampliação demonstra que o Pará está no caminho certo, com uma política sólida de regionalização e com municípios cada vez mais preparados para receber o turista, gerar emprego e renda e fortalecer a economia local”, destacou o titular da Setur.

municípios paraenses entram no mapa do turismo brasileiro
Foto: Bruno Cecim/Agência Pará

O que é necessário para ser inserido no Mapa do Turismo Brasileiro?

O Mapa do Turismo Brasileiro faz parte do Programa de Regionalização do Turismo (PRT) e define o recorte territorial a ser trabalhado prioritariamente pelo Ministério do Turismo no desenvolvimento de políticas públicas. A presença no Mapa demonstra que os municípios possuem estrutura mínima de gestão turística e, portanto, estão aptos a captar recursos federais para investimentos em infraestrutura urbana, eventos culturais, promoção do destino, capacitação profissional e ações estratégicas de fomento ao setor.

Para integrar o Mapa, os municípios devem atender a critérios definidos pela Portaria MTur nº 9, de 24 de abril de 2025, como a existência de um órgão ou entidade municipal responsável pelo turismo, dotação orçamentária específica para o setor, prestadores de serviços cadastrados no Cadastur, e a comprovação de que possuem Conselho Municipal de Turismo ativo. O registro, realizado por meio do Sistema de Informações do Mapa do Turismo Brasileiro (Sismapa), tem validade anual e pode ser renovado a partir de 30 dias antes do fim do período vigente.

Imagem: Reprodução/Mapa do Turismo Brasileiro

De acordo com Hugo Almeida, gerente de Estruturação dos Destinos Turísticos da Setur-PA e interlocutor estadual do PRT, o resultado é fruto de uma ação integrada entre diferentes esferas.

“O sucesso da inclusão dos municípios no Mapa do Turismo Brasileiro é um reflexo direto da atuação conjunta entre a Setur, o Ministério do Turismo, as secretarias municipais de turismo, a rede de interlocutores regionais e os conselheiros municipais. O reconhecimento desses esforços é fundamental para o avanço e consolidação do turismo no Estado através do engajamento de todos na promoção do setor”, ressaltou.

A Setur oferece assessoria técnica por meio do Programa Estadual de Apoio à Gestão Municipal do Turismo, acompanhando todas as etapas do processo e garantindo que os municípios atendam aos critérios estabelecidos. O órgão também é responsável pela análise e aprovação dos registros, que são posteriormente encaminhados ao Ministério do Turismo para publicação. O registro tem validade de um ano, podendo ser solicitado a qualquer momento, o que amplia as oportunidades de inserção e atualização dos destinos paraenses no cenário turístico nacional.

*Com informações da Setur-PA

O mito da fundação de Oriximiná: quem foi o “padre indígena”?

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Foto: Eduardo Monteiro/Prefeitura de Oriximiná

Oriximiná é um município do estado do Pará, pertence ao bioma amazônico. Sua extensão territorial equivale a 107.560,161 km² e possui 68.294 de habitantes, segundo o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O nome Oriximiná é de origem indígena, de procedência tupi, que significa “o macho da abelha”, o zangão. No entanto, de acordo com dados da prefeitura do município, Protásio Frikel, conhecedor da região e de seus diversos núcleos, inclina-se pela derivação de ‘Eruzu-M’Na’ que significa “muitas praias”.

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Mas a origem do município é cercada por um mito, além das histórias sobre como foi fundada. O mito envolve um indígena que se tornou padre e sua relação com a região: José Nicolino de Souza.

A história do “padre indígena”, considerado o fundador da cidade, foi explorada por Márcio Couto Henrique, no artigo ‘Entre o mito e a história: o padre que nasceu índio e a história de Oriximiná‘, publicado pelo Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi, na SciELO Brasil.

Quem foi Padre José Nicolino de Souza?

Imagem representativa do padre indígena. Imagem: Márcio Couto Henrique/artigo ‘Entre o mito e a história: o padre que nasceu índio e a história de Oriximiná

José Nicolino de Souza é um indígena e considerado um padre civilizador, sendo sua identidade indigena quase nunca mencionada ou lembrada, segundo informações do artigo. Sua etnia é um mistério entre Macuxi e Wapixana.

Em matéria publicada no Diário Oficial do Pará, de 2 de dezembro de 1894, Gonçalves Tocantins afirmava que “O Padre Nicolino era filho de uma índia e, pois, descendente dessas pujantes tribos que em remotas eras dominaram como soberanas o rico vale do Trombetas”. 

Sua descrição, feita por um de seus alunos do seminário, o padre Hosannah de Oliveira, que dizia que José tinha cabelos escuros e lisos, pele morena e um ser muito simpático, inteligente e humilde.

O padre era considerado muito inteligente. Estudou na França, assumindo o papel de vigário de, pelo menos, duas paróquias na Amazônia. Ao ler o livro “As Três Viagens”, de Nicolino, é notório que se identificava como um “civilizado” e não citava sua ascendência indigena, e os nomeava como “gentios” e tinha sua missão, de acordo com seus discursos, de catequizar os indígenas por onde viajava. 

Foi considerado o fundador de Uruá-Tapera, povoado que deu origem ao município de Oriximiná. Mas pesquisas documentais revelam que o lugar chamado Uruá-Tapera existia muito antes de o padre José Nicolino pensar em fazer suas viagens pelo rio Cuminá.

Imagem: Reprodução/Facebook-Brazil Imperial

Em Oriximiná, continua a imagem do padre desbravador, mito fundador da cidade, com ares de santidade. Seus restos mortais encontram-se na igreja matriz do município. Segundo consta no diário, ele foi enterrado às margens de um igarapé, a caminho do rio Cuminá.

Oriximiná e suas histórias

No artigo, o autor destaca assim, que apesar da associação do padre com a origem de Oriximiná, que era um povoado de Uruá-Tapera, na Baixa Amazônia, ele não foi o responsável por sua fundação. “A principal evidência de que Uruá-Tapera não foi fundado por José Nicolino de Sousa é o próprio diário que ele escreveu”, aponta Henrique.

Diz-se que José Nicolino teria fundado o povoado de Uruá-Tapera aos 13 de junho de 1877, depois de ter celebrado missa no local. A matéria publicada no jornal Treze de Maio, no entanto, indica a existência do povoado 23 anos antes de o padre realizar sua primeira viagem de exploração do rio Cuminá. 

Baseando‑se em fontes do século XIX — jornais, manuscritos e o diário de viagem deixado por Nicolino — o artigo confronta as narrativas míticas do padre com o que os documentos realmente revelam, inclusive o apagamento de sua origem nos povos indígenas da região.

“Independentemente de ter sido ou não o fundador do município de Oriximiná, sua trajetória histórica pode nos dar muitas lições. Nesse sentido, José Nicolino de Sousa é sinônimo de inteligência e poder de adaptação, conforme observou Rondon. Nascido índio, educado no meio civilizado, foi capaz de enfrentar os desafios de seu tempo, superando os limites da infância pobre no interior da Amazônia. Aprendeu latim e francês, estudou na capital da província e na Europa, concluindo com sucesso os estudos eclesiásticos, em um período em que muitos diziam que os índios eram incivilizáveis, capazes apenas de imitar o modo de vida civilizado”, pontua o autor. O termo ‘índio’ utilizado no artigo ocorre em virtude de ter sido escrito em 2013, antes das modificação de uso do termo para ‘indígena’.

Leia também: Portal Amazônia responde: qual a diferença entre os termos índio, indígena e indigenista?

Por outro lado, segue Henrique, “não só a trajetória de José Nicolino de Sousa, mas também o diário de suas três viagens constituem ferramentas fundamentais para se repensar ou ampliar a memória histórica da cidade de Oriximiná, no sentido de se incluir outros sujeitos na narrativa histórica do lugar. A destituição simbólica do posto de herói-fundador da cidade pode ser compensada por aquilo que ela permite em termos da construção de uma história mais inclusiva”.

Ou seja, Henrique propõe que, baseado no fato de que a povoação que veio a dar origem a Oriximiná já existia antes, formada por um complexo de sujeitos até então “silenciados” (indígenas, ribeirinhos, etc), deve-se rever os registros históricos de forma mais inclusiva, sem desconsiderar, claro, a contribuição do “padre-indígena”.

oriximiná
Foto: Agência Pará

O Amapá entra na era do petróleo — e do protagonismo

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Sonda de perfuração NS-42. Foto: Divulgação/Foresea

Por Olímpio Guarany*

A liberação para a Petrobras iniciar as pesquisas na costa do Amapá é mais que uma vitória técnica: é um passo decisivo para transformar o potencial natural do estado em desenvolvimento humano, com liderança firme e responsabilidade ambiental.

A vez do Amapá

Durante décadas, o Amapá assistiu de longe ao ciclo de desenvolvimento que moldou outras regiões do país. Com o PIB entre os menores do Brasil, o estado convive com uma contradição gritante: tem 97% de cobertura florestal preservada, mas ainda luta para garantir infraestrutura e oportunidades para sua população.

A exploração de petróleo na Margem Equatorial não é, portanto, uma aventura. É uma estratégia de soberania e inclusão econômica — desde que conduzida com responsabilidade, transparência e planejamento.

Antes da Petrobras, duas empresas estrangeiras tentaram explorar a mesma área e fracassaram, sem comprovar capacidade técnica e ambiental. A diferença agora é que a estatal brasileira chega com um histórico de excelência e uma das maiores simulações de vazamento já realizadas no país, aprovadas pelo próprio Ibama.

O rigor do licenciamento e o preparo técnico da Petrobras asseguram que a operação aconteça com os mais altos padrões de segurança ambiental.

O papel de Clécio Luís: liderança com propósito

O governador Clécio Luís tem motivos de sobra para celebrar. Desde o início, ele foi o batonier dessa pauta — articulando com o governo federal, o Ibama e a direção da Petrobras para que o Amapá fosse ouvido e respeitado.

Clécio compreendeu algo fundamental: defender o desenvolvimento sustentável não é negar o progresso, é integrá-lo à realidade amazônica. Seu discurso é claro e pragmático: “O Amapá precisa transformar seu patrimônio natural em desenvolvimento humano”.

O governador já anunciou a criação de um Fundo Soberano, que garantirá a aplicação responsável dos futuros recursos da exploração — destinando parte para pesquisa científica, meio ambiente, povos indígenas, educação e inovação.

Essa visão estratégica coloca o Amapá na vanguarda de uma nova economia amazônica — aquela que cresce sem abrir mão da floresta, mas também não condena seu povo à pobreza.

Desenvolvimento com responsabilidade

O início das perfurações exploratórias representa o primeiro passo de uma longa jornada. Ainda não se fala em produção de petróleo, mas em pesquisa técnica — um processo que dura cerca de cinco meses e envolve logística complexa, geração de empregos, movimentação portuária e contratação de serviços locais.

Essa fase já cria impactos econômicos diretos:

  • empregos temporários e qualificação técnica;
  • demanda por transporte, hospedagem, alimentação e serviços de apoio;
  • melhorias logísticas e portuárias, preparando o estado para novos investimentos.

O Amapá, enfim, começa a ser inserido no mapa das grandes operações energéticas do Brasil, com potencial de atrair empresas, universidades e centros de pesquisa interessados em energia e sustentabilidade.

Foz do Amazonas. Foto: Marcus Cunha/ICMBio

O desafio: transformar recurso em legado

O petróleo não pode ser visto como um fim, mas como um meio. O grande desafio será garantir que os recursos oriundos dessa nova fronteira energética se convertam em legado duradouro: educação, ciência, infraestrutura, inovação e oportunidades.

Com transparência e governança, o Amapá pode evitar os erros de outras regiões produtoras.
Com planejamento, pode investir na bioeconomia, no turismo sustentável e nas energias renováveis, transformando a renda do petróleo em ponte para o futuro.

E com consciência ambiental, pode mostrar ao mundo que é possível produzir energia sem agredir a Amazônia.

Um novo ciclo de esperança

Há quem tema o petróleo. Há quem o veja apenas como ameaça. Mas para o Amapá — onde o desafio é conciliar natureza e dignidade — o petróleo pode ser o instrumento da virada histórica.

Se bem conduzido, o projeto da Petrobras poderá ser lembrado como o momento em que o Amapá deixou de ser apenas um território preservado e passou a ser um estado protagonista, dono do próprio destino.

O Amapá tem o direito — e agora a chance — de crescer com responsabilidade, gerar riqueza sem destruir o que o faz único e mostrar ao Brasil que a Amazônia também pode ser sinônimo de prosperidade.

Sobre o autor

Olimpio Guarany é jornalista, documentarista e professor universitário. Realizou expedição histórica, navegando o rio Amazonas, desde a foz até o rio Napo (Peru), por onde atingiu o sopé da cordilheira dos Andes (Equador) no período 2020-2022 refazendo a saga de Pedro Teixeira, o conquistador da Amazônia (1637-1639). Atualmente é apresentador do programa Amazônia em Pauta no canal Amazon Sat.

*O conteúdo é responsabilidade do colunista

Sete dicas do Corpo de Bombeiros de Rondônia para evitar afogamentos em rios, lagos e balneários

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Balneário de Porto Velho, em 2023. Foto: Esio Mendes

Durante o período de estiagem, quando o volume dos rios diminui e aumenta a concentração de banhistas nos balneários, também aumentam os riscos de afogamentos em rios, lagos e igarapés. Com isso o governo de Rondônia intensifica as ações de prevenção e conscientização sobre os cuidados para evitar os afogamentos.

As ações coordenadas pelo Corpo de Bombeiros Militar de Rondônia (CBMRO) tem o objetivo de reduzir o número de ocorrências.

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No mês de setembro deste ano, foram registradas quatro ocorrências de afogamento. No mesmo período de 2024, foram oito casos, enquanto em 2023 foram contabilizadas cinco ocorrências entre setembro e outubro, segundo dados do Sistema Integrado de Segurança (SISEG-2025). A incidência costuma crescer em feriados nacionais, quando há maior fluxo de pessoas em áreas de lazer aquático.

O Corpo de Bombeiros atua em pontos estratégicos, com reforço nas equipes de salvamento e patrulhamento nos locais de banho. Além disso, as equipes realizam ações educativas, orientando a população sobre práticas seguras em ambientes de risco. Os meses de maior incidência de afogamentos correspondem ao período de estiagem, entre junho e setembro.

dicas para evitar afogamentos servem para todos os ambientes aquáticos, como balneários
Dicas para evitar afogamentos servem para todos os ambientes aquáticos, como balneários e piscinas. Foto: Reprodução/Secom RO

Causas de afogamentos

Entre as principais causas de afogamentos estão a ausência do uso de coletes salva-vidas em embarcações, a prática de natação em locais desconhecidos, o consumo de bebidas alcoólicas e a ocorrência de mal súbito. A maioria das vítimas é do sexo masculino, com maior incidência entre jovens e adultos.

O comandante-geral do Corpo de Bombeiros Militar, Nivaldo de Azevedo Ferreira destacou que “é importante que as pessoas evitem nadar em locais desconhecidos, não consumam bebidas alcoólicas durante o banho e utilizem coletes salva-vidas em embarcações. A prevenção ainda é o melhor caminho para evitar tragédias”.

Dicas:

  • Crianças e jovens não devem nadar desacompanhados;
  • Evitar o consumo de bebidas alcoólicas durante o lazer em rios, lagos e piscinas;
  • Conhecer a profundidade do local e atentar-se às correntezas;
  • Tomar cuidado com objetos submersos, como troncos, galhos e pedras;
  • Utilizar coletes salva-vidas em barcos, lanchas, canoas ou motos aquáticas;
  • Respeitar as sinalizações de segurança quando houver;
  • Evitar entrar na água logo após as refeições.

O Corpo de Bombeiros reforça o alerta à população para que siga as orientações de segurança, contribuindo com o trabalho preventivo e ajudando a preservar vidas.

*Com informações do Governo de Rondônia

Associação de mulheres extrativistas lança protocolo biocultural no Amapá

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Fruto de andiroba matéria prima usada para fabricação de biocosméticos. Foto: Márcia do Carmo/GEA

O ‘Protocolo Comunitário: Biocultural Mulheres Sementes do Rio Araguari’, um marco na valorização dos conhecimentos tradicionais e na defesa dos territórios extrativistas da Amazônia amapaense, produzido com apoio do Governo do Amapá e do Instituto de Pesquisa e Formação Indígena (Iepé), será lançado dia 21 de outubro no Museu Sacaca, em Macapá.

O evento conta com a parceria da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) e vai reunir lideranças comunitárias, pesquisadores, representantes de órgãos públicos e organizações da sociedade civil, promovendo o diálogo entre conhecimento tradicional e científico como ferramenta essencial para a conservação da biodiversidade e o fortalecimento da cultura extrativista.

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Associação de mulheres extrativistas lança protocolo biocultural no Amapá
Arlete Pantoja, presidente da Associação Mulheres Extrativistas: Sementes do Rio Araguari. Foto: Márcia do Carmo/GEA

Para Arlete Pantoja, presidente da Associação Mulheres Extrativistas Sementes do Araguari, o lançamento do protocolo marca um novo momento de fortalecimento e valorização. 

“Para nós é um momento muito importante chegarmos até aqui, é o reconhecimento dos saberes e valores de nossos ancestrais. Com muito trabalho e dedicação de cada uma de nós que fazemos parte da Associação, hoje os nossos produtos da floresta estão no mercado”, declarou Arlete.

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O protocolo estabelece diretrizes próprias para a gestão dos recursos naturais e reafirma os direitos dessas mulheres sobre seus territórios, traduzindo em linguagem institucional os modos de vida e os saberes que há gerações garantem a preservação da floresta e a continuidade de cadeias produtivas sustentáveis.

“O trabalho valoroso e inovador dessas mulheres demonstram a coragem e uma dedicação gigantesca, são o exemplo de inovação para a geração de  renda com a prática de seus conhecimentos tradicionais”, ressaltou Taisa Mendonça, secretária de Estado de Meio Ambiente.

Fruto de um processo coletivo de construção protagonizado por mulheres das comunidades do rio Araguari, o documento reconhece e formaliza práticas tradicionais ligadas à coleta de sementes, frutos e óleos vegetais, como andiroba e pracaxi, atividades que sustentam não apenas a economia local, mas também a identidade cultural dessas populações.

Produtos biocosméticos produzidos pelas Mulheres Extrativistas Sementes do Araguari. Foto: Márcia do Carmo/GEA

Protagonismo das mulheres

As Mulheres Extrativistas do Rio Araguari não apenas produzem, elas lideram. Organizadas pela associação, elas têm sido protagonistas em processos de formação, organização comunitária e participação em espaços de decisão sobre o uso dos territórios e recursos naturais.

Por meio de feiras, como a 54ª Expofeira, encontros e projetos de capacitação, elas compartilham suas experiências e fortalecem redes de economia solidária, inspirando outras mulheres da Amazônia amapaense a se organizarem e a assumirem papel de liderança em suas comunidades.

*Com informações da Agência Amapá

Estudo aponta avanço da salinização no Rio Amazonas no Arquipélago do Bailique

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Comunidades do Bailique sofrem com problemas de erosão causados pelo avanço da salinização no Rio Amazonas. Foto: Divulgação/Orleano Marques

Pesquisadores do Observatório Popular do Mar (Omara) apresentam, na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), os resultados de estudos feitos desde 2023 sobre a costa do Amapá. O evento ocorre no Sebrae, em Macapá.

A pesquisa feita por especialistas do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Amapá (Iepa) e da Universidade do Estado do Amapá (Ueap) mostra que o mar está avançando sobre o Rio Amazonas e impactando diretamente comunidades ribeirinhas.

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A produção de água potável no arquipélago do Bailique é uma das principais preocupações. Uma maquete com as 52 comunidades da região mostra aos visitantes como a água doce está sendo contaminada pela salinização e se tornando imprópria para consumo.

A comunidade de Freguesia é uma das mais atingidas. De acordo com o pesquisador Nataliel Rangel, os moradores dependem de poços e da água do rio para tarefas do dia a dia.

“Essa maquete mostra onde estão as comunidades. O Rio Amazonas é a principal fonte de vida para esses moradores, mas muitos já sentem os efeitos das mudanças climáticas. Antes, a água potável estava na porta de casa. Agora, tudo mudou”, disse Nataliel.

O objetivo do projeto Omara é usar os dados para orientar decisões que ajudem a reduzir os impactos das mudanças climáticas na costa amazônica.

Maquete apresenta o avanço do mar e salinização no Rio Amazonas. Foto: Mariana Ferreira/g1 amapá
Maquete apresenta o avanço do mar e a salinização no Rio Amazonas. Foto: Mariana Ferreira/Rede Amazônica AP

Medidas para minimizar os problemas causados pela salinização no Rio Amazonas

Como resposta ao problema da salinização, o governo do Amapá instalou uma máquina de dessalinização. Segundo a Caesa, ela produz entre 2,5 mil e 3 mil litros de água por dia, com capacidade de 250 a 300 litros por hora, funcionando por 10 horas diárias.

Nataliel explica que o mapeamento feito pelo Omara ajuda a identificar as áreas mais críticas. “Não é só levantar dados. É mostrar resultados práticos. Estudar o mar do Rio de Janeiro é bem diferente do Rio Amazonas. Precisamos de informações precisas”, disse.

Hoje, o projeto conta com 11 estações de monitoramento. Elas cobrem a Beira Amazonas, o arquipélago do Bailique e a costa da ilha do Marajó, incluindo comunidades de Chaves, no Pará.

O projeto usa uma versão adaptada do sistema australiano CoastSnap para monitorar a costa. Também são usados instrumentos como refratômetro, disco de Secchi e cone de Imhoff para medir a qualidade da água.

A coordenadora do projeto destaca que o Omara também busca aproximar a população dos temas ligados ao mar e à preservação ambiental.

“Aqui no Amapá temos influência muito forte do mar pois estamos na foz do Rio Amazonas e o mar tem uma influência direta com nossa dinâmica dos rios. O mar determina o nosso clima, a quantidade de chuva, ele determina uma série de coisas”, afirmou Janaina Calado.

A salinização acontece naturalmente com o avanço do Oceano Atlântico sobre o Rio Amazonas. Antes, o problema se agravava apenas na seca. Agora, segundo os pesquisadores, o fenômeno se intensificou por causa do desmatamento.

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Semana da Ciência e Tecnologia

A Semana Nacional de Ciência e Tecnologia tem como tema “Planeta Água: cultura oceânica para enfrentar as mudanças climáticas no meu território”. A programação inclui palestras, oficinas, exposições e painéis sobre ciência, inovação e sustentabilidade.

O evento busca unir ciência, cultura e saberes regionais, destacando o papel dos oceanos na vida das pessoas e na preservação do meio ambiente. A organização é do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), com apoio do Ministério do Meio Ambiente, da Setec e da Ueap.

*Por Mariana Ferreira, da Rede Amazônica AP